Numa análise política e econômica, é necessário estudar vários fatores históricos, culturais, ideológicos, não se prendendo em determinadas vertentes. Assim, expressar uma opinião baseada em determinada ótica, seja ela liberal ou marxista, é correr o risco de ignorar vários aspectos da realidade.
Um exercício desafiador é tentar entender as motivações por trás das atitudes de Donald Trump. Não é tarefa para amadores, e até mesmo os economistas e analistas políticos mais experimentados sentem dificuldade para entender as idas e vindas das decisões do poderoso presidente americano.
Uma das premissas é estimular a indústria dos Estados Unidos, agora seriamente ameaçada, principalmente pela China. Mesmo boa parte dos insumos das empresas sediadas na América provém do gigante asiático, e as tarifas gigantescas impostas por Trump - 145% - têm o potencial de encarecer o custo dos produtos aos consumidores e desencadear uma crise. Há outras razões por trás disso.
De qualquer forma, é simplesmente errado atribuir as decisões de Trump à sua impulsividade ou suposta estupidez ou loucura. Como já foi abordado aqui, a tática trumpista é ser agressivo e encurralar o oponente para forçá-lo a negociar. Isso deu certo com boa parte do mundo, inclusive aliados como a União Européia, o Japão, a Coréia do Sul e Israel, que se apressaram em conversar visando diminuir ou suspender a taxação, o que realmente aconteceu. Com a China, um pais bem mais duro, o porrete precisaria ser bem maior.
Também é simplista acusar o "homem laranja" de aspirar a uma ditadura, sendo que ele ainda não violou nenhuma lei, seja a Constituição ou o direito internacional. Mas muitos imaginem uma trama para ele ser digno de comparação com Napoleão ou Genghis Khan. Os detratores gostam de falar daquele austríaco com bigodinho ridículo.
Atingindo a China, afeta-se o mundo todo, e não faltam profetas de fim do mundo proclamando, por exemplo, o fim do sistema econômico global, para destruir seus maiores beneficiários, ou para impor uma nova ordem econômica e política. Hà quem se aventure em fazer análises sem ter uma formação especifica para isso, apenas para falar sobre o tal novus ordo seclorum impresso na cédula de um dólar. Trump seria a favor ou contra toda uma real ou imaginária ideologia por trás disso?
O homem mais poderoso do mundo, de fato e por direito, vai ainda queimar muitos neurônios ao longo de seu mandato. E aí, levanta-se outra questão, sobre um hipótetico novo mandato a partir de 2029, algo atualmente vetado pela Constituição. Mas isso não é uma cláusula pétrea, podendo ser discutido no Capitólio...
Realmente, vamos continuar tentando estudar todos esses acontecimentos enquanto ainda podemos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário