sábado, 30 de julho de 2011

Continua o impasse

O governo Obama está com sérias dificuldades em negociar uma proposta de aumento do limite de endividamento para administrar o problema da dívida pública. Só mesmo o homem mais poderoso do mundo para permitir uma dívida de US$ 14 trilhões. 

Os republicanos não querem que as grandes corporações aumentem sua contribuição para resolver a crise. Já os democratas, que apoiam o presidente americano, não abrem mão das obras sociais. Muito se especula se esta rixa na verdade é mera política. Eles estariam mais preocupados na campanha pela reeleição do Obama do que nos rumos do país, algo próximo do que se faz por aqui na América Latina, com mais sofisticação e respeito às regras democráticas. 

Por enquanto as agências de classificação de risco não abaixaram a nota dos títulos americanos, mas se os EUA derem um calote, a economia do mundo passará por uma turbulência talvez mais forte do que em 2008, e o dólar, uma moeda relativamente frágil, pode perder ainda mais força no exterior. Isso seria destruidor para países dependentes da exportação de commodities, isto é, matérias primas com pouca margem para negociação dos preços. Tais países, como o Brasil, terão de fazer ajustes mais fortes no câmbio ou nos gastos públicos, se não quiserem jogar dinheiro fora e agravar problemas como miséria e violência. 

Seria também, aliás, já é, uma mácula imensa na imagem dos EUA. Eles continuam a formar o país mais rico do mundo, mas deverão usar toda a sua experiência como superpotência mundial para não ficarem com fama de caloteiros diante do mercado financeiro. 

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Parceria estranha

Vale tudo para ganhar dinheiro. Até misturar misturar a Turma da Mônica com filmes proibidos para o seu público-alvo.

Tudo para prestigiar a Petrobrás, financiadora do cinema nacional. 

A campanha polêmica vai ser mostrada no Anima Mundi, e nos filmes de curtíssima duração - em média menos de um minuto - Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali e Chico Bento contracenam com o drogado Johnny (Selton Mello) de Meu Nome Não é Johnny, o traficante Zé Pequeno (Leandro Firmino) de Cidade de Deus e o impiedoso Capitão Nascimento (Wagner Moura), de Tropa de Elite

Muito que curtiam os personagens do Maurício na infância gostaram. É um tanto preocupante a empatia da criançada com este tipo de coisa. Muitos meninos e até meninas acham o Capitão Nascimento um herói, e alguns pimpolhos até já vibraram com a morte do Zé Pequeno quando o filme passou algumas vezes na Rede Globo.

Nada de usar o saco e a vassoura no Cebolinha, Capitão! (Foto: divulgação)

Tudo errado!

A ponte estaiada que liga a Av. do Estado à Marginal Tietê, inaugurada hoje pelo governador paulista Geraldo Alckmin, é mais um caso de obra destinada a agradar a uma minoria, e nada mais do que isso. 

Não resolverá os problemas dos congestionamentos, pois não desvia o trânsito da Marginal Tietê. Muito pelo contrário: contribuirá para colocar mais veículos nesta via, já saturada. 

Vai ser destinado somente ao transporte individual e ao transporte de cargas, pois o acesso é pela via expressa, onde não passam ônibus. Não contribuirá para estimular o transporte coletivo, ao contrário das obras do metrô, estas num ritmo bem mais lento. 

Será proibido andar de bicicleta ou a pé nesta ponte, o que é um paradoxo para um governo que se diz tão preocupado com o meio ambiente, como o paulista. 

Sua estética não é tão chamativa quanto a primeira ponte estaiada da cidade e do país, a Octávio Frias de Oliveira. Talvez por ser "apenas" a segunda ponte construída dessa forma na cidade. Críticos dizem que uma ponte assim tão "pavoneada" era desnecessária na região, e foi construída apenas para chamar a atenção e estimular a especulação imobiliária na região do Anhembi e Bom Retiro, prejudicando o acesso dos mais humildes à moradia. Ou seja, tipica obra faraônica. Custou a bagatela de R$ 85 milhões, em números oficiais. Bem menos da metade do custo da ponte Octávio Frias (R$ 184 milhões), mas um bocado caro, ainda. 

A ponte até que é bonita, mas custou R$ 85 milhões para ligar um ponto de congestionamento a outro (foto: Diogo Moreira/Futura Press, pelo portal Terra)

Aliás, ao contrário daquela ponte da Zona Sul, cujo nome homenageia uma grande figura do jornalismo brasileiro, ex-presidente do grupo Folha, falecido em 2006, a ponte da Zona Norte recebeu o nome de Orestes Quércia, o ex-governador paulista acusado de corrupção e enriquecimento ilícito. Por receber um nome desses, muita gente vai querer passar longe dessa ponte. Mas não pode, pois a Marginal Tietê, até a conclusão do trecho norte do Rodoanel, ainda é caminho obrigatório para muitas pessoas. 

Para piorar, entre os presentes na inauguração, estava o ex-rival de Quércia e também conhecido por seu apetite pelo NOSSO DINHEIRO: Paulo Maluf, com quem o atual prefeito, Gilberto Kassab, tem boas relações. O vice-presidente da República, Michel Temer, também estava lá. Houve cenas constrangedoras, como a tentativa de expulsar o ex-presidente da Fiesp, Paulo Skaf, da inauguração, por ele ter chegado atrasado e ninguém da segurança o conhecer. 

Faço votos que esta obra dure bastante tempo, não dê dores de cabeça para a manutenção (pontes estaiadas precisam de vistoria no concreto, nos mastros e nos cabos de sustentação, periodicamente), e nem haja muitos acidentes por lá. Muito menos tentativas de suicídio. 

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Amy Winehouse (1983-2011)

Morreu no sábado a cantora inglesa Amy Winehouse. Essa morte já era esperada, devido ao conhecido 'apetite' da super-estrela por drogas e álcool, mas aconteceu logo na idade considerada 'maldita' dos astros da música pop. Janis Joplin (1943-1970) é o maior exemplo disso, entre as cantoras. Ela também levantava multidões e usava drogas. 

A autopsia ainda não divulgou as causas da morte, mas tudo indica que foi mesmo overdose

Sem dúvida, a autora de Rehab vai ficar imortalizada, assim como outros ídolos que partiram em circunstâncias trágicas, como Michael Jackson e Jimmy Hendrix, este último também morto aos 27 anos. Seus discos ainda vão vender muito, e ela vai ficar lembrada para sempre como a doidona com uma pinta no lado da boca e um cabelo bizarro, arremedo das antigas cabeleiras das mulheres gregas: 

Pintura na atual Turquia representando mulheres na Grécia antiga, do site Visualphotos. 


Os humoristas também não vão esquecer tão cedo da cantora, assim como no caso do Michael Jackson. O site Charge On Line mostrou uma série de caricaturas dela: 










Charges de: Dálcio, Adnael, Cícero, Zope, Regi, Samuca, Marco Jacobsen e Mariano, todos do site Charge On Line


P.S.: A alusão às mulheres gregas lembra de outra notícia ruim: a agência Moody's rebaixou as notas dos títulos da Grécia para "Ca". É a nota mais baixa dada a um país soberano, e um sinal claríssimo que o mercado não está nada otimista com os rumos do país europeu, mesmo com o prometido ajuste nas contas públicas e a ajuda dada ao resto da União Européia. Se o governo grego não honrar seus compromissos, a economia do país vai ficar como a Amy Winehouse: morta. 

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O 'ataque' no Brooklin

Hoje realizaram uma simulação de um ataque terrorista em nossa cidade, mais precisamente no Brooklin, zona sul da capital.

Centenas de pessoas participaram do evento, com direito a sangue cinematográfico e explosões. A 'catástrofe' deixou várias 'vítimas', que foram socorridas segundo a gravidade dos ferimentos. 

Houve destruição real no atentado virtual, como no caso deste jipe (foto do portal Terra)

As vítimas verdadeiras estavam dentro dos carros que trafegavam na região. O trânsito ficou difícil na Marginal Pinheiros e no eixo da Av. Luís Carlos Berrini e Dr. Chucri Zaidan. 

O 'atentado terrorista' ocorreu no hotel Grand Hyatt, próximo à sucursal da Rede Globo. A dita cuja transmitiu o 'evento' pelo Jornal Hoje (e já disponibilizaram no Youtube).

Enquanto eles realizavam aqui um ataque de mentirinha, só para treinar o pessoal para agir durante a Copa do Mundo de 2014, em Oslo, capital da Noruega, várias pessoas, pelo menos 10, morreram em um ataque verdadeiro. O pretexto para a violência foi a presença de tropas norueguesas no Afeganistão.

domingo, 17 de julho de 2011

O dia das zebras

Duas zebronas surpreenderam no futebol, neste domingo.

Vou começar pelo futebol feminino. Hoje foi a grande final da Copa do Mundo na Alemanha, entre as favoritíssimas americanas, que eliminaram as tradicionais 'freguesas' brasileiras nas quartas-de-final, e as japonesas, das quais ninguém apostava nada. Pois estas últimas conseguiram eliminar até mesmo as anfitriãs, bicampeãs mundiais assim como as americanas. 

As americanas ficaram na frente do placar por duas vezes e parecia que estavam para conseguir o tricampeonato. Mas as japonesas também fizeram dois gols, um no tempo normal e outro na prorrogação, e a partida foi para os pênaltis. Foram nos penais que as americanas despacharam a turma da Marta. E foram nos penais que elas foram derrotadas. Fizeram apenas 1 tento, contra 3 das orientais. Parecia a versão feminina da história de Tsubasa, personagem de um mangá onde aconteciam lances inacreditáveis e inverossímeis. O Japão é campeão do mundo no futebol, pelo menos no feminino. As nipônicas ganharam o título, e com méritos, diga-se de passagem.

Foi a maior zebra desde a criação do Mundial feminino, em 1991. 

Agora, a outra grande zebra, e desta vez na Copa América, na Argentina. Foi um dia depois que os uruguaios fizeram estrago de novo fora de casa. O Brasil não esqueceu a perda do título para o Uruguai na Copa de 1950. E nem a Argentina vai esquecer tão cedo a eliminação pelo time vizinho. 

Mas isso não foi zebra. O quadrúpede listrado só foi aparecer agora, no jogo entre Brasil e Paraguai. 

O Golias verde-e-amarelo tentou se impor, mas o Davi vermelho-e-branco defendeu-se como podia. Neymar e Pato desperdiçaram chances demais de gol, isso quando o goleiro Justo Villar não aparecia para fechar o seu canto. 

Ficou no zero no tempo normal. Na prorrogação, o Brasil piorou de comportamento, e o placar continuou imaculado. E aconteceu a temida cobrança dos pênaltis. 

O fato de Júlio César não ter conseguido defender alguns penais foi normal. Desta vez ele não teve tanta culpa, após ter falhado no jogo contra o Equador. Pior foi Elano, Thiago Silva e André Santos terem desperdiçado suas chances de maneira mais tosca, sem dar trabalho ao Justo Villar. Fred ficou com a responsabilidade de salvar o Brasil da ruína. Cobrou tão mal que parecia até proposital. Resultado: QUATRO PENAIS DESPERDIÇADOS EM SEGUIDA e o Brasil deu adeus à Copa América. 

A zebra paraguaia fez da Seleção motivo de piada. Muitos torcedores ficaram com saudades do Dunga e, incrivelmente, até do Felipe Melo. Do jeito que ficou o clima por aqui, parecia que abriram os sete selos e tocaram as sete trombetas. 

Agora, só resta fazer uma pequena homenagem ao animal que representa esses dois resultados. Pelas fotos, parecem estar rindo. Dos brasileiros, ou das americanas. Ou de ambos. 





Esta última foto parece ter o mesmo topete de alguém que o Brasil conhece. 

sábado, 16 de julho de 2011

Um bom exemplo

Para quem acha que na USP tem só filho de papai, 'nerd' ou então desocupado que passa o tempo se drogando, é bom começar a se desacostumar com pensamentos pré-concebidos. 

Sou estudante de pós-graduação da USP, na Poli-Elétrica, e a realidade é bem mais complexa do que isso. Existe na comunidade uspiana muita gente bem diferente dos estereótipos citados. Inclusive pessoas que encarnam bem o espírito de quem quer mesmo progredir e enfrenta todo tipo de dificuldades. 

É o caso do Enedino Neres da Cruz Júnior, mostrado no portal UOL Educação na semana passada. Ele é um dos alunos abordados na reportagem e se destacava por conseguir aproveitar os seus R$ 11 diários, diante da necessidade de ter de ler muitos livros e se desdobrar na vida acadêmica. Recebe um auxílio educação de R$ 300,00 e veio de uma família de poucos recursos, na periferia da Zona Sul paulista. Não tem dinheiro para os livros: precisa consultá-los nas várias bibliotecas disponíveis no campus. É filho de uma empregada doméstica, e primeiro da família a conseguir cursar o ensino superior. Na USP, ainda por cima.

Detalhe: ele cursa ciências contábeis na FEA, a Faculdade de Economia e Administração. Para muitos, um reduto de jovens das classes A e B que passa os dias falando de dinheiro e ações na Bolsa enquanto saem de carro para namorar e ir nas baladas. Enedino desmente esse paradigma, pois tem de pegar três conduções para ir de sua casa até a USP.

A notícia repercutiu até no exterior. Nestes dias ele recebeu livros e até um notebook de um brasileiro que mora em Dubai e havia conversado com ele por meio de um chat. Enedino estava numa lan house, pois integra a maioria dos brasileiros sem recursos para comprar um computador. Outras pessoas se disponibilizaram para ajudá-lo a conseguir um estágio. 

Tudo isso é motivo para muita reflexão, e mostra um bom exemplo a ser seguido. Pessoas assim são dignas de respeito e admiração, pois não ficam reclamando da vida sem fazer nada e vão à luta. 

Fica a pergunta: o que nós estamos fazendo para melhorarmos nossas próprias vidas?

quinta-feira, 14 de julho de 2011

São Paulo campeão das Américas

Não estou falando do time do São Paulo, que neste ano nem chegou a disputar a taça Libertadores da América, e sim de nossa cidade em relação a outro tipo de campeonato.

O de ser a cidade mais cara do continente. Mais até do que Nova York!

Impostos altíssimos incidem sobre o preço dos serviços e, pior, não falta gente que aceita pagar o preço.

Comemorar isso é o mesmo que ficar feliz com as falhas da defesa e do goleiro Júlio César nos dois gols do Equador. Pelo menos Neymar e Alexandre Pato fizeram dois gols cada um, e o Brasil prossegue na Copa América...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A ressaca da segunda

Domingo, em termos esportivos, foi um porre. O Brasil foi mal em quase todas as competições internacionais que aconteceram no famigerado dia 10 de julho.

- 1. A Seleção Brasileira de futebol feminino sofreu com as americanas, mesmo com uma jogadora a mais, conseguiu empatar em 1 a 1 com pênalti polêmico, virou o jogo na prorrogação e permitiu o empate no último minuto; nos penais, Daiane, considerada a vilã do jogo por ter feito gol contra logo no começo do jogo, não converteu; Marta & Cia. não conseguiram vencer a triste fama de serem freguesas das norte-americanas.

- 2. No GP da Inglaterra, Felipe Massa chegou a ultrapassar Lewis Hamilton e tomar a quarta posição, mas errou feio na última volta, saiu da pista, e acabou somente no quinto lugar.

- 3. Na Copa do Mundo de futebol Sub-17, o Brasil, que já havia sido derrotado nas semifinais para o Uruguai, fazia 3 a 1 na Alemanha, mas permitiu a virada de forma incrível; o Brasil volta num triste quarto lugar, sem direito à medalha; o Uruguai parecia favorito para vencer o campeonato, mas sucumbiu frente aos donos da casa, os mexicanos.

- 4. No vôlei masculino, o Brasil foi derrotado para a Rússia (3 sets a 2) na final da Liga Mundial, e teve de se contentar com o vice. O Brasil já conquistou nove mundiais, e a Rússia só conseguiu o segundo título agora. Os russos mostraram muito nervosismo no jogo, devido à pouca idade de seus jogadores, mas souberam explorar as falhas do tarimbado time brasileiro, sobretudo no tié-break. Foram agressivos e audaciosos, também, enquanto os brasileiros estavam algo apáticos. 

- 5. Fabiana Murer ficou com a medalha de bronze no salto com vara, resultado esperado e nem de longe amargo como os itens anteriores. 

Se o Brasil quiser fazer bonito nas Olimpíadas de 2016, já deveria faz tempo investir mais no esporte em geral, e não se concentrar em apenas algumas categorias, como o futebol masculino, que é outra decepção. Enquanto se lava dinheiro aos borbotões no futebol, muitos outros esportistas precisam mendigar por patrocínio. Com o atual estado de coisas, seremos campeões em quê? Não adianta tentar incluir "arremesso de bueiros", como vem ocorrendo no Rio de Janeiro, futura cidade-sede dos jogos. 

sábado, 9 de julho de 2011

O mapa-mundi ficou ainda mais obsoleto

2011 não foi marcado apenas pelo terremoto e tsunami que mudou para sempre a geografia do Japão. Bem longe de lá, concretizou-se um processo de independência de um novo país, o Sudão do Sul. 

Este país fica no centro-leste do continente africano. Em 2005, foi iniciado acordo de separação, pois os habitantes do sul não aguentavam a opressão do norte, muçulmano. O governo sudanês, um dos mais tirânicos do mundo e responsável pelo massacre em Darfur, na região oeste do país e oficialmente ainda ligado a Khartum (capital do Sudão 'do norte'), curiosamente aceitou, após muita relutância, a dissolução do país. Em 2010, houve um plebiscito que confirmou o desejo de criar o novo país, que deve seguir, embora precariamente, os preceitos democráticos, algo desconhecido no Sudão. 

O novo país já nasce como um dos mais pobres do mundo, e depende essencialmente do petróleo. Sua capital é Juba, e é basicamente tomado por savanas, com um pequeno trecho de selva. Faz fronteira com vários países, entre os quais a Etiópia. Até agora, a Alemanha foi o único país a reconhecer o novo país. 

Não se sabe como esta nova nação vai se sustentar. Com certeza, terá de se alinhar a alguma potência ocidental, ou irá seguir o caminho de várias outras nações africanas, ou seja, a desgraça. Socialmente, não está muito longe disso: a miséria e a AIDS atacam boa parte de seus habitantes. 

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Mais uma página virada na história espacial

8 de julho de 2011 será lembrado com pesar e emoção por muitos americanos (foto do site International Business Times - www.ibtimes.com)

Hoje foi lançado o último foguete tripulado financiado pelo governo americano, por meio de sua agência espacial, a NASA. A aeronave STS-135 Atlantis, com 3 homens e 1 mulher, acaba de ser lançada em um voo orbital e, quando voltar, irá se juntar a outros veículos espaciais aposentados. 

Assista aqui

O governo americano deixará de financiar integralmente os lançamentos espaciais devido ao seu gigantesco déficit público. Para cortar gastos, fecharam as torneiras para o programa espacial, e agora muitos americanos, ironicamente, vão ter de voar em foguetes russos. Logo os maiores adversários de antigamente, quando os EUA e a antiga URSS disputavam quem ia explorar as vizinhanças do Sistema Solar, este pedaço minúsculo da Via Láctea. 

É o fim de uma etapa na Era Espacial. Porém, muita gente com dinheiro vai querer lançar seu próprio foguete, para tentar concretizar o sonho de, um dia, colonizar a Lua ou Marte. Isso se a humanidade conseguir se manter até lá. 

quinta-feira, 7 de julho de 2011

BRRRRRR!

O inverno ataca com tudo em São Paulo e no sul do Brasil.

Em vários anos, nunca foram registradas temperaturas tão baixas. Já faz algum tempo que não passa dos 15 graus, e isso no período da tarde. Nas madrugadas, não chega nem a 10 graus. 

São Paulo com cara de cidade norte-americana nestes tempos frios (foto: portal R7)

O que dizer de cidades como São Joaquim, que agora estão parecida com uma cidade européia? E Campos do Jordão, para onde vão milhares de pessoas nestas férias?

E o frio vai continuar, pelo menos até domingo. Preparemos os casacos e os cobertores. 

Dois escândalos em seis meses

Alfredo Nascimento, ex-ministro dos Transportes, filiado ao PR do Amazonas, protagonizou o segundo grande escândalo político em pouco mais de seis meses de governo Dilma. 

Ele foi acusado de participar de um esquema que enchia os bolsos de seus correligionários, exigindo propinas de empreiteiras. Com isso, as obras viárias ficam mais caras e com qualidade pior, e a sociedade é que arca com as consequências. 

Mais um ministro de uma pasta importante que deixa o governo pela porta dos fundos. Demitiu-se, voltou ao Senado e deixou um interino, também do PR, Sérgio Passos. Continuará a ter influência no Congresso e no governo, pois é um dos líderes da legenda. 

Nunca um governo começou desse modo. Este caso e o do ministro Palocci mostram a qualidade da base de sustentação do governo Dilma. Não se pode esperar nada diferente de um governo apoiado por mensaleiros, aloprados, PMDB, Collor, Sarney, Renan Calheiros e outros, exatamente como no governo anterior. Seria surpreendente se o governo Dilma adotasse medidas para melhorar os gastos públicos, mas aí teria de contrariar a vontade desse pessoal. Mas é preciso conter o apetite deles, para o Brasil não se tornar, como andam dizendo, uma kakistocracia, ou governo dos piores. 

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Trambolho perto do aeroporto

Faz três dias que uma carreta gigante com um transformador atravanca o trânsito na Av. Washington Luís, na nossa cidade. 

Ela era a última das três que passaram no meio de São Paulo, rumo ao porto de Santos. Quem dirige esse tipo de veículo realmente precisa ter muita perícia, e a carreta deve estar em perfeitas condições para rodar. Além disso, é imperativo que passe em baixa velocidade e na madrugada, pois caso contrário estaria cometendo um crime contra nossa cidade tão congestionada. 

Porém, algo saiu errado, e o dinossauro sobre rodas acabou quebrando e tomando uma das pistas da Av. Washington Luís. O resultado desse desastre foi um congestionamento na região do Aeroporto de Congonhas. 

Não ficou apenas no trânsito. Durante o acidente, o monstrengo destruiu postes e foi parar na garagem de um buffet infantil. Se fosse outro horário, e não de madrugada, ele teria causado um massacre. 

Assim começa a semana em São Paulo, que ainda tem de aguentar notícias como estas: 

1. A quase inimputabilidade de criminosos condenados a menos de 4 anos de prisão (ou seja, furtos, homicídios culposos e outros crimes considerados "não hediondos" na prática são puníveis com o pagamento de uma fiança, cujo valor fica a critério do responsável pela prisão). Isso vale para todo o Brasil. 

2. A aprovação pela Câmara Municipal de um aumento para o prefeito e seus secretários. R$ 24 000 para o prefeito, contra os R$ 20 000 anteriores, é até justificável, mas por que pagar R$ 19 000 por um secretário municipal? Antes, o cargo rendia R$ 6 000. 

3. The last but not the least. Aquele 0 a 0 da Seleção brasileira contra a Venezuela foi duro de engolir. Ninguém se salvou, nem mesmo Neymar. Pato e Ganso pareciam outro tipo de ave: duas galinhas chocas. Um domingo ruim para o futebol brasileiro, e podia ser pior se o Paraguai e o Equador, no mesmo grupo do Brasil, não tivessem empatado também em 0 a 0. Pelo menos Marta e cia. fizeram a alegria da torcida e fizeram 3 a 0 na Noruega, indo para as oitavas-de-final na Copa do Mundo de futebol feminino. 

sábado, 2 de julho de 2011

Itamar Franco (1930-2011)

Morreu hoje o polêmico ex-presidente Itamar Franco.

Vice de Fernando Collor de Mello, assumiu o poder em 1992, quando elle sofreu impeachment. A arrogância, o exibicionismo e atos como o confisco da poupança e o conluio com PC Farias e outros corruptos deu lugar a um estilo bem peculiar, apelidado de "Juiz de Fora", cidade onde Itamar projetou-se politicamente, apesar de ter nascido na capital baiana, de onde saiu na infância para se estabelecer em Minas. 

Itamar devolveu em parte a respeitabilidade do cargo de presidente da República, mas não deixou de cometer seus pecados. Talvez o mais lembrado seja o da Lílian Ramos, que apareceu junto com ele no Carnaval de 1994. 

Lilian Ramos muito a vontade e o ex-presidente aproveitou

Outro feito foi ressuscitar o Fusca, velho conhecido dos brasileiros entre 1959 e 1986. Ele voltou às linhas de produção em 1993, convivendo com carros bem mais modernos para a época, como Tempra, Omega, Vectra e Corsa. O velho Fusquinha não vendeu bem e saiu logo de linha, desta vez definitivamente, em 1996. 

Seu inconfundível e folclórico topete foi exibido galhardamente. Ele fez questão de mantê-lo bem "arrumado" durante seu governo. 
Ele teve topete para enfrentar a inflação e a opinião pública

Em seu governo, um punhado de deputados aproveitou-se do NOSSO DINHEIRO para enriquecer. Eram os "anões do Orçamento", denunciados pelo ex-chefe da Comissão do Orçamento do Congresso, João Carlos Alves dos Santos. Era o único, mas escandaloso, caso graúdo de corrupção, mas parece piada se comparado com o Mensalão do governo Lula. Ocorreu em 1993 e quase ninguém se lembra mais.

Mas nem só de esquisitices e escândalos foi feito o governo Itamar. Ele lançou o Plano Real, responsável pelo controle da inflação. Graças a Itamar e a sua equipe econômica, o Brasil não teve mais de conviver com taxas absurdas de 1% ao dia, ou até mais, considerando que 1% ao mês já é preocupante. 

Já fiz uma avaliação do governo Itamar quando terminou o governo Lula, durante o qual a quase totalidade da blogosfera atual foi criada. Dei nota 6 ao governo Itamar, e mantenho a nota. Entre gafes, polêmica e boas atitudes, Itamar Franco foi um dos responsáveis pelo Brasil ser um país forte, apesar dos graves e crônicos problemas.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Credibilidade em xeque?

Será motivo para ele chorar, diante do resultado no anti-doping? (foto do UOL em 2008, durante a conquista do ouro nos 50 m livres)

Enquanto o ex-chefão do FMI é inocentado e sai da cadeia, outra personalidade acima de qualquer suspeita passou a ser alvo de acusações. 

Esses dois personagens nada tem em comum além de serem conhecidos internacionalmente. Um comandou uma agência financeira internacional, e o outro é um campeão mundial de natação. É o Cesar Cielo, ídolo brasileiro, medalha de ouro em Pequim e ganhador de vários outros títulos. 

Ele foi pego no exame anti-doping feito durante o torneio Maria Lenk. Detectaram uma substância diurética chamada furosamida. Como a detecção ocorreu apenas neste exame, e os julgadores não viram intenção de melhorar artificialmente os resultados, Cielo foi somente advertido, e seus resultados no torneio Maria Lenk foram invalidados. 

Porém, muitos passaram a questionar por que o nadador consegue resultados tão bons, a ponto de ganhar tantos prêmios. Alguns movidos pelo velho "complexo de vira-lata" atribuído ao brasileiro, carente de bons exemplos. Não há razão para questionar a capacidade de Cielo, pois se ele estivesse sob efeito de doping já teriam detectado há muito tempo, e ele seria devidamente punido. 

Outros argumentariam que um ídolo é um ser humano e não é perfeito. Mas nadadores, como a maioria dos esportistas, precisam seguir regulamentos, e arcar com as consequências em caso de desobediência. Não são artistas pop como Amy Winehouse ou Michael Jackson, que podem se drogar e cometer loucuras. E a quebra das regras pode significar o ostracismo, como aconteceu com o velocista Ben Johnson, no mais escandaloso caso de doping da história do esporte, durante as Olimpíadas de Seul. Ou com a compatriota e também nadadora Rebeca Gusmão, banida do esporte por causa da testosterona. 

Cesar Cielo sabe o que pode acontecer com ele se não andar na linha. Por enquanto não há motivo para choro e ranger de dentes, mas espera-se que tudo isso seja só um "susto". Futuros flagras assim podem custar ao Brasil uma das poucas medalhas de ouro, três no total, ganhas em 2008, e desmistificar de forma bem dura um dos brasileiros mais conceituados no exterior. 

Reviravolta no caso Strauss-Kahn

Depois de passar alguns dias na cadeia em Nova York, o ex-presidente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, foi inocentado das acusações porque descobriram incoerências no testemunho da suposta vítima, uma camareira que o acusou de estupro. 
Segundo a Justiça, ele não é um estuprador (foto da Reuters)

Segundo o jornal The New York Times, a camareira teria falhado em dar detalhes do crime. Além disso, descobriram que ela falseou dados pessoais para receber benefícios do governo e escapar de ser deportada para a Guiné, seu país natal. 

Existem insinuações que ela seria parte de uma trama para desmoralizar Strauss-Kahn e impedí-lo de se candidatar à Presidência da França pelo Partido Socialista (muitos poderiam achar estranho um antigo alvo do ódio dos seguidores de Karl Marx ser candidato a um partido de passado marxista, mas isso é outra história). 

De toda forma, Strauss-Kahn já não pode voltar ao antigo cargo, e dificilmente irá se candidatar. E ele ainda não se livrou totalmente da Justiça norte-americana, porque as investigações não terminaram. A camareira ainda vai tentar explicar-se melhor sobre o que realmente aconteceu. 

Por enquanto ela está prestes a ter seu status jurídico invertido, de acusadora a ré, para desespero dos que vêem nela uma inocente representante da classe trabalhadora vítima da agressão de um membro da classe dominante e chefe de um órgão que "estupra" os países subdesenvolvidos com medidas econômicas opressoras. Muitas pessoas que pensam assim ainda choram a morte da União Soviética e do Che Guevara. 

Seis meses com a Dilma

Foto oficial da "presidenta"

Após seis meses de governo Dilma, é ainda cedo para dizer se ela vai fazer alguma coisa de notável ou não. 

Pelo menos, uma coisa é certa. Ela não acabou com o país. Ainda. 

Ela teve a sabedoria de impor um estilo diferente de governar, em relação ao governo Lula. O perfil do governo é, em geral, mais técnico, com menor intervenção política (embora o PMDB e o PT sejam muito fortes, ainda, neste governo). Porém, o aparelhamento do Estado ainda é muito forte. 

O número de ministérios é muito grande, para poder alojar os aliados do governo, isso já virou lugar comum desde 2003. Assim como o péssimo custo-benefício do governo: muitos impostos e pouco retorno. NOSSO DINHEIRO continua a ser gasto em "prioridades", como auxílio-combustível, passagens aéreas e carros. 

Isso sem falar nas obras para a Copa e as Olimpíadas, com os projetos polêmicos do Itaquerão e do trem-bala, que prometem consumir vorazmente o NOSSO DINHEIRO, sem perspectiva clara de retorno. 

O erário público foi utilizado de todas as formas, como é tradição neste país. Até para financiar uma fusão entre empresas privadas como o Carrefour e o Pão de Açúcar, assunto de um post recente. O BNDES foi usado para favorecer esta união (em outras palavras, NÓS VAMOS PAGAR A CONTA!), capaz de gerar um monstro no mercado. Em todos os sentidos.

Já houve um grande escândalo, envolvendo o ministro chefe da Casa Civil, Antônio Palocci. A nomeação dele para um ministério tão poderoso já era preocupante. Ficou pior quando foram revelados indícios de enriquecimento ilícito. Palocci participara do governo Lula como ministro da Fazenda e foi obrigado a sair por causa de outro escândalo político (o caso da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo). Em junho deste ano, após muita relutância, ele saiu pelos fundos novamente. 

Para piorar, o desequilíbrio nas contas públicas e o aquecimento da economia fizeram a inflação acordar. Com certeza, a meta de 2011 está arruinada. Se ficar em 7%, ou seja, acima do teto da meta (6,5%), podemos comemorar. 

Existem compensações para tudo isso? Sim. O Brasil agora não está mais tão sintonizado com os "amiguinhos" do Lula, como o ditador do Irã e o presidente da Bolívia. A presidentA não aceita a violação aos direitos humanos, sobretudo das mulheres, do governo iraniano, e nem as medidas esdrúxulas do governo boliviano, como legalizar carros sem documentação, alimentando o crônico problema do roubo de automóveis no Brasil e na Argentina.

Ela causou boa impressão a nada menos que Barack Obama, que visitou o nosso país quando o governo dela ainda estava engatinhando, em março. Por outro lado, as relações do governo brasileiro com o aliado-mor de Lula, Hugo Chávez, continuam bastante fortes. 

Por fim, não se apagou a incômoda impressão da tutela do ex-presidente, que interviu no caso Palocci. E promete intervir de novo, no próximo escândalo, quando houver. 

O que esperar do governo Dilma no segundo semestre? E em 2012, 2013 e 2014? Qualquer perspectiva ainda parece ser mero palpite.