segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Oscar bissexto

Neste dia a mais do ano, o Oscar reuniu alguns aspectos incomuns, como: 

1. Um diretor ganhar o Oscar por duas vezes seguidas: Alejandro Gonzales Iñarritu, premiado pela comédia Birdman e agora pelo drama O Regresso

2. Por falar neste filme, ele decepcionou um pouco, pois das 12 indicações, só ganhou três, e uma delas é de fotografia. O terceiro prêmio será comentado depois, e não é de melhor filme: perdeu para Spotlight, que aborda o trabalho da imprensa e os casos de pedofilia na Igreja Católica. 

3. Uma animação brasileira concorreu ao Oscar, o que não deixa de ser inusitado. Porém, como era de se esperar, perdeu para o favorito: Divertida Mente, da Pixar/Disney, era imbatível. 

4. Ennio Morricone finalmente ganhou um Oscar. O italiano era conhecido pelos seus grandes trabalhos como compositor de trilhas sonoras, e agora levou a estatueta, aos 87 anos, por musicar Os Oito Odiados, de Tarantino. 

5. O mais comentado aspecto do Oscar foi a premiação de Leonardo di Caprio, em sua performance no filme O Regresso. Ele concorria pela quinta vez e foi alvo de gozações desde a sua não indicação a melhor ator por Titanic (1997). Depois, fez, entre outros, o excêntrico milionário Howard Hughes e o manipulador do mercado de ações Jordan Belfort, o "Lobo de Wall Street". Não conseguiu, e ficou estigmatizado. Mas ele não desistiu e finalmente ganhou a tão almejada estatueta. Virou alvo de memes e, no Brasil, foi comparado até ao Corinthians, que só ganhou a Libertadores em 2012. 

Num dos memes, sobrou para Steve Harvey, que apresentou o concurso de Miss Universo de 2015 e anunciou a vencedora por engano

Outros aspectos não foram tão incomuns, como a tão criticada "supremacia branca", deixando de lado os atores e atrizes negros, fato satirizado pelo apresentador (negro) Chris Brown. Também mais uma produção sobre o Holocausto foi premiada, o húngaro O Filho de Saul, de forma merecida, aliás. Também muito se comentou sobre a elegância (ou não) dos participantes da grande festa do cinema, pois o requinte e a sofisticação fazem parte da cerimônia. E também as gafes, como as cometidas pela Glória Pires em seus comentários durante a exibição do evento pela TV.


N. do A.: Esta cerimônia tratou de refutar as acusações de racismo ao dar um dos Oscar honorários a Spike Lee. A veterana Gena Rowlands também ganhou este prêmio, pelo conjunto de sua obra. 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A era Blatter chega ao fim

Com as eleições de hoje para presidente da Fifa, terminou um período marcado por escândalos, corrupção, abuso de poder e escolhas fraudulentas como sedes de Copas do Mundo, como foi o caso de 2014 (Brasil), 2018 (Rússia) e 2022 (Catar). 

Em lugar de Sepp Blatter, o dirigente que fortaleceu a Fifa e a tornou uma das empresas mais bem sucedidas do mundo, virá Gianni Infantino, outro suíço, nascido no mesmo cantão (Valais) há muito menos tempo (45 anos, contra alguém de quase 80), mas de origem italiana e fluente em várias línguas, como é comum naquele país (além de italiano, fala também francês, alemão, inglês e espanhol). Infantino foi colocado no lugar de Michel Platini como representante da Uefa, a poderosa associação do futebol europeu. 

O novo dirigente de 45 anos quer calar a boca dos críticos da Fifa (Ogo Sylla/Gazzetta World)

Como Platini também foi acusado de corrupção e suspenso por seis anos, assim como Blatter, Infantino não será visto como revolucionário. Será mais um a manter o poderio da entidade de Zurique. Teme-se que o novo dirigente passe a beneficiar mais o Velho Continente em detrimento das federações africanas e asiáticas, muito beneficiadas na era Blatter, que continuou a política - vista como populista e demagógica - de expansão do futebol iniciada por João Havelange. O ex-mandatário era um discípulo do brasileiro, cuja imagem há anos está arruinada por acusações de corrupção. 

A CBF e outras federações ligadas à Conmebol votaram no jovem e calvo aliado de Platini. Os africanos e asiáticos tentaram emplacar o xeque bahrenita Salman bin Ebrahim al-Khalifa, presidente da confederação de futebol da Ásia (AFC), outro nome detestado pela opinião pública por acusações graves de ser filiado ao tirânico rei de seu país e colaborar na repressão a manifestantes que lutam pela democracia. Chegava-se ao cúmulo de apontá-lo como torturador de jogadores bahrenitas que se atreveram a apoiar a Primavera Árabe.  

Outros candidatos também não se encaixaram num (utópico) perfil moralizador, como o príncipe jordaniano Ali bin al-Hussein, ex-vice presidente da Fifa e também candidato no pleito de 2015, vencido por Blatter antes do escândalo ocorrido em maio daquele ano, quando vários dirigentes foram presos pelo FBI por corrupção e o suíço foi obrigado a renunciar. Ainda há o antigo executivo da Fifa, o francês Jerôme Champagne, acusado de ser o candidato chapa-branca do ex-dirigente e apoiado por futebolistas como Pelé. 

Ainda é muito cedo para dizer se Gianni Infantino irá pelo menos fazer a Fifa deixar de estar sob a mira do FBI e promover o futebol no mundo sem tanta corrupção, mas para Joseph Blatter a única saída foi aceitar o resultado do pleito e curtir a sua aposentadoria, enquanto os seus defensores e desafetos escrevem sobre ele. Histórias não faltarão. 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Adeus, grau de investimento

Com a deterioração econômica do Brasil, a Moody's teve de rebaixar a nota do rating soberano do país. A única agência classificadora de risco que ainda dava grau de investimento ajustou-se à realidade sentida pelos brasileiros e rebaixou a nota em dois degraus, para Ba2, com perspectiva negativa. Igualou-se à Standard & Poor's, cuja nota, BB, é equivalente à Ba2 da Moody's. A Fitch, no momento, passou a ser a mais generosa, com nota BB+. Porém, logo ela vai rever este conceito. 

Foi o fim de uma época iniciada com o grau de investimento dado pela Standard & Poor's, em 2008. O governo Lula, do PT, comemorou. Menos de sete anos depois, o mesmo partido continuou no poder, agora com Dilma, e não demonstra preocupação, mesmo sendo o responsável direto. Ao invés de sanear as contas e tornar o governo mais eficiente e enxuto, Lula e depois Dilma preferiram continuar gastando com apadrinhados políticos, tomando recursos públicos como se fossem propriedade petista e não como patrimônio de todos. Com a revelação de tudo o que eles tentaram esconder e a queda da popularidade, o governo, ao invés de se retratar, preferiu o confronto, ao mesmo tempo que pareceu se distanciar dos fatos. 

Até o ministério da Fazenda, que tem o dever de manter os pés no chão nos assuntos econômicos, preferiu dizer, mais uma vez, que o rebaixamento é "temporário". A aparente "alienação" do governo contrasta com a dinâmica dos países que passaram por uma situação parecida, como a Colômbia e o Uruguai, que levaram vários anos para voltarem a ser considerados confiáveis para os investidores. A Colômbia, por exemplo, perdeu o grau de investimento em 1999, numa época de incertezas políticas, acusações de corrupção e a ação da narcoguerrilha das FARC. Só voltou a receber novamente o selo de bom pagador em 2011. O Uruguai ficou nove anos no grau especulativo depois de uma crise financeira severa, com a quebra de bancos. Teve de fazer um ajuste econômico para diminuir a dívida pública e controlar a inflação, sem deixar de combater a pobreza, até voltar a ser bem visto pelos mercados estrangeiros. 

Para o Brasil seguir o mesmo caminho de seus vizinhos, deve cuidar com mais zelo da sua altíssima dívida pública, um assunto já abordado neste blog (e, pelo visto, será recorrente neste ano) e voltar a domar a inflação, além de aproveitar a desvalorização da moeda para estimular as exportações. Não é uma tarefa fácil, ainda mais com o governo atual, que deixou de ser um mero empecilho ao desenvolvimento para vir a ser um perigo à nação, ao continuar suas alianças com facínoras e corruptos, ávidos consumidores do NOSSO DINHEIRO. 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Começa mais uma semana

2016 mal começou e já nos reserva emoções fortes, em decorrência de assuntos não resolvidos nos anos anteriores, principalmente 2014 e 2015, anos nefastos.

Só nesta semana, o "marqueteiro" da campanha de Dilma Roussef para a reeleição, João Santana, está para ser preso. Não o prenderam porque ele ainda está na República Dominicana, até há pouco fazendo campanha para a reeleição do presidente Danilo Medina. Ele foi acusado de receber propina da Odebrecht. Este novo episódio da Operação Lava Jato complica ainda mais a situação da empreiteira e também da presidente Dilma, que pode sofrer novos ataques da oposição em meio à sua já minguada popularidade. 

No mercado financeiro, os preços das commodities como minério de ferro e petróleo estão sofrendo forte oscilação, e agora estão aumentando, devido à influência da economia chinesa, favorecida pela medida do governo do gigante asiático de substituir a chefia da agência reguladora para o mercado de capitais. As ações da Petrobras e da Vale, mesmo com a péssima situação financeira de ambas, sofreram alta fortíssima, entre 8,17% (ações preferenciais da Vale) e 16,04% (ações ordinárias da Petrobras). Isso fez a Bovespa praticamente recuperar todas as perdas acumuladas neste ano. 

Ontem, o presidente da Bolívia Evo Morales conseguiu um plebiscito para tentar conquistar o "direito" de tentar mais uma reeleição, mas apesar de ainda ser bastante popular em boa parte da nação, os bolivianos disseram "não" às pretensões do líder cocalero. Ele já está em seu terceiro mandato. 

Por fim, temos a campanha presidencial nos Estados Unidos. Jeb Bush, irmão e filho de ex-presidentes, desistiu de concorrer pelo Partido Republicano. Houve uma série de caucuses em Nevada e uma convenção dos republicanos na Carolina do Norte, e ambas dão vantagem para Donald Trump, a cada dia mais perto de ser o representante dos "vermelhos" (a cor dos republicanos) contra os "azuis", ainda divididos entre Hillary Clinton e Bernie Sanders. Isto reserva aos americanos e ao resto do mundo uma boa dose de emoção ao tentar acompanhar o processo eleitoral no país que (ainda) determina o destino do mundo. 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Duas perdas para a literatura mundial

2016 já é um ano repleto de celebridades falecidas, mas nesta sexta-feira foi a vez de dois escritores famosos no mundo inteiro.

 Umberto Eco (1932-2016) e Harper Lee (1926-2016)

A americana Harper Lee ficou famosa por apenas um livro, To Kill a Mockingbird, conhecido no Brasil como O Sol é Para Todos. É uma história comovente da vida num povoado do Alabama, marcado pelo preconceito racial contra os negros. A autora ganhou o Prêmio Pulitzer em 1961, graças a este livro, que foi em seguida adaptado para o cinema. Gregory Peck ganhou o Oscar em 1963 por interpretar o protagonista Atticus Finch, advogado que defendeu um negro acusado de estuprar uma jovem branca. 

Umberto Eco, italiano, também fez um livro cuja adaptação para o cinema ficou muito conhecido. O Nome da Rosa trata de uma época de intolerância e fundamentalismo, durante os duros tempos da Inquisição. A narrativa é, aparentemente, um romance policial, onde um padre franciscano, Guglielmo da Baskerville (o sobrenome é uma homenagem explícita a Sherlock Holmes), investigava uma série de crimes cometidos dentro de uma abadia, no século XIV. Sean Connery interpretou o investigador, em atuação bastante memorável. 

No entanto, Eco, ao contrário de Lee, produziu muitos livros. principalmente ensaios, como Kant e o Ornitorrinco e Ensaio sobre a Feiúra. Seus romances são principalmente históricos, mistura de fatos e ficção, com suspense e teorias conspiratórias, como O Pêndulo de Foucault e O Cemitério de Praga

São dois nomes da literatura contemporânea que tiveram a estranha coincidência de terem morrido no mesmo dia, 19 de fevereiro de 2016.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Da série 'Mondo Cane', parte 41

No Brasil, denúncias contra Lula e seu suposto triplex, Fernando Henrique Cardoso e sua amante Míriam Dutra, Renan Calheiros e a Lava Jato, Eduardo Cunha e a sua fama de ser um liberticida corrupto... isso não é coisa de Monde Cane, mas de... Brasil, mesmo. 

Mondo Cane é o que aconteceu na Argentina. Nuestro vecino deu motivos para falatório não só por aqui, o eterno rival no futebol e otras cositas más, como também no resto do mundo. 

É detestável o que fizeram com o filhote de golfinho encalhado numa praia daquele país. O cetáceo era de uma espécie encontrada apenas em águas do Atlântico Sul, e fazia parte da lista vermelha de animais ameaçados de extinção. Ao invés de ajudá-lo, foram fazer uma selfie com ele. Como resultado, o animalzinho ficou muito tempo fora d'água e morreu. 
 
Golfinho é vítima de uma multidão de animais (ir)racionais (Facebook/Divulgação)

Leonardo da Vinci disse que o homem não passava de um "rei das bestas", se comparado aos outros animais, questionando a pretensa superioridade intelectual da nossa espécie. Mais uma vez, alguns pobres de espírito dão razão ao famoso autor da Mona Lisa.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Flor no pântano

Estamos no meio de um turbilhão de más notícias!

Uma delas é o não depoimento do ex-presidente Lula, beneficiado por uma decisão do Conselho Nacional do Ministério Público que o "impediu" de comparecer ao Fórum Criminal e explicar os episódios envolvendo o triplex no Guarujá e o sítio em Atibaia, além de outras acusações gravíssimas que praticamente aniquilam a sua imagem de benfeitor do país. Não está nem em questão o Petrolão e o Mensalão, dos quais ele é considerado o grande beneficiado. 

Os manifestantes pró e contra Lula estavam ansiosos para ver o ex-presidente, e acabaram brigando. Lulistas provocaram a briga, e os anti-Lula reagiram. A polícia precisou intervir, e a avenida Doutor Abraão Ribeiro, importante via da Zona Oeste da capital paulista onde fica o Fórum, ficou interditada. 

Mais um fato auspicioso para o PT, mas não para o Brasil, é a eleição para presidente do PMDB, dividido entre os defensores do governo e os partidários de Eduardo Cunha. Até o ministro da Saúde, filiado ao partido, licenciou-se temporariamente para votar, mesmo com os imensos problemas de sua pasta, como o Aedes, que irei abordar nesta postagem, e a falência do SUS. Por 37 votos a 30, Leonardo Picciani, apoiado por Renan Calheiros e pela ala situacionista, foi reeleito. 

Outro fato amargo de se engolir é o novo rebaixamento da agência Standard&Poor's, a primeira das três grandes classificadoras de risco a retirar o selo de bom pagador. O país recebe agora a nota BB, a mesma de países como a Bolívia. E ainda há o risco de novos rebaixamentos, diante da piora do cenário econômico.

Não bastasse isso, o governador paulista Geraldo Alckmin teve a "brilhante" ideia de decretar sigilo de 50 anos nos boletins de ocorrência, um verdadeiro atentado à transparência, mas perfeitamente dentro da tradição de nossos governantes brasileiros agirem na surdina.

Mas agora chega de más notícias.

A Inovio Pharmaceuticals, empresa americana que desenvolve vacinas, testou uma delas em ratos e conseguiu resultados favoráveis na imunização contra a zika. Ainda não é garantia de imunização para estes animais, quanto mais para os humanos, mas é um belo passo adiante. Estamos, portanto, mais próximos de uma solução para uma das várias doenças transmitidas pelo Aedes

Enquanto esta vacina não é desenvolvida, ainda teremos de conviver com a negligência, nossa e dos governos, que faz multiplicar os criadouros do mosquito, permitindo que ele se multiplique e ameace nossas vidas. 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

A máfia da merenda

É lamentável que o governo do PSDB também seja acusado de envolvimento em escândalos graves. Não basta a máfia do metrô, ainda há uma outra organização criminosa, afetando a educação pública, ou mais especificamente, a alimentação dos estudantes.

Fernando Capez, presidente da Assembleia Legislativa paulista e acusado de desviar dinheiro da merenda escolar (Divulgação)

A quebra de sigilo bancário de Fernando Capez, presidente da Assembleia Legislativa, e do chefe de gabinete da Secretaria da Educação Fernando Padula, entre outros, pode elucidar um pouco mais este caso grave de roubalheira. Pode provar a inocência ou a culpa dos envolvidos no episódio, e apontar os verdadeiros culpados.

Capez complicou-se em seu depoimento, ao dizer que não respondia pelos atos dos assessores, seus subordinados, acusados de atuarem diretamente nos esquemas de propina. Parecia um atestado de omissão.

A descoberta do escândalo foi por causa de desvios cometidos por Cássio Chebabi, dono da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar, um dos fornecedores de alimentos às escolas. Só os desfalques efetuados por Chebabi foram avaliados em R$ 13 milhões.

Cabe à Justiça esclarecer mais este ato contra o NOSSO DINHEIRO. Pode não parecer nada, diante dos bilhões desviados por vários membros do governo federal contra a Petrobras, o BNDES e a Caixa, entre outras empresas públicas, mas não é pouco. Foi um montante de dezenas de milhões de reais, roubado do patrimônio do Estado de São Paulo.



N. do A.: Fernando Capez é odiado pela Gaviões da Fiel, a torcida organizada do Corinthians, que aproveitou o jogo contra o São Paulo para erguer faixas contra ele; não é devido à máfia da merenda, mas porque Capez apresentou projetos de lei contra as torcidas organizadas, consideradas uma ameaça à segurança pública. Neste caso, e só neste, o parlamentar merece apoio, por não compactuar com a violência nos estádios.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O debate político no Brasil é profundo

É curioso o debate político no Brasil, oscilando entre uma briga de torcidas organizadas e uma mistificação psicótica. 

O PT chegou a dizer que a oposição utiliza táticas nazistas para tentar ocupar o poder. Lembrando sempre que representam o partido atualmente no poder, os petistas se comparam aos judeus. Agora, Jacques Wagner, ministro-chefe da Casa Civil, ao defender Lula usa termos como "ataques sistemáticos" e "caça constante", como se Lula estivesse num país selvagem movido pelo ódio e fosse uma entidade superior, acima do bem e do mal. Esta é a parte da mistificação psicótica. 

Por outro lado, defensores do PT, do PSDB, dos liberais, dos conservadores e dos comunistas chegam a parecer torcidas organizadas, quando um rival é investigado ou perde uma ação na Justiça. Comemoram como uma vitória de seu "time". Isto é reflexo da indigência intelectual imposta pelo estabilishment e por séculos de má educação (no mais amplo sentido da palavra) e desconhecimento das normas democráticas. 

Aqui neste país o debate é, pois, bastante profundo, pois desceu às profundezas abissais. A imagem que um debatedor tem de seu oponente é algo parecido com um peixe desses lugares: grotesco, voraz, aparentemente maligno e desprovido de qualquer qualidade apreciável.

O pior de tudo é se ter facilidade em apontar os defeitos e apresentar dificuldade em propor medidas para fazer o país sair de uma mistura inflação + recessão + juros altos + desindustrialização + desinvestimento + analfabetismo funcional + Aedes capaz de fazer o Brasil se afastar dos outros emergentes e se aproximar do grupo de países com eterno potencial mas tecnicamente insustentáveis como Paquistão e Nigéria. 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Dilma limita gastos do Orçamento

Para tentar mostrar aos críticos que o governo está preocupado com a responsabilidade fiscal, embora ainda estejam para definir os cortes do Orçamento para este ano, a presidente Dilma limitou os gastos públicos com custeio e investimento entre janeiro e março.

Eles terão de gastar, no máximo, a bagatela de R$ 146 bilhões. É realmente uma grande soma, custeada pelo NOSSO DINHEIRO, mas é pouco se comparado ao Orçamento total previsto. Para se ter uma ideia do montante administrado, eis embaixo um gráfico de todas as despesas, inclusive a dívida públicas, previstas para 2015 e elaboradas em 2014:


A maior parte dos gastos do governo é destinada a amortizar a dívida pública, reflexo, em boa parte, da negligência de todos os governos anteriores, incluindo os militares, Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique e Lula. Reflexo de uma administração má pagadora, e não exatamente vítima de banqueiros gananciosos. A segunda maior parte é a despesa com a Previdência, dilapidada com os desvios por corrupção, gastos excessivos com aposentadorias precoces ou acima dos limites estabelecidos pelos setores, vínculo com o salário mínimo e, novamente, falta de rigor na gestão dos recursos. Os gastos com pessoal, inclusive com os comissionados, somam "apenas" 8,3%, longe de ser pouco, pois embora bem menores do que os dois grandes ralos citados ainda são maiores do que os gastos diretos com juros e mesmo com os repasses aos estados e municípios.

Estes dados já estão defasados, mas, com todas as alterações, não são muito diferentes do Orçamento de 2016. Para maiores informações, pode-se consultar o site orcamentofederal.gov.br, que possui a Lei das Diretrizes Orçamentárias, a Lei Orçamentária Anual e projetos de lei, além do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), como é de se esperar de um governo muito dado a autopromoção.


N. do A.: Estranhamente, ao abrir a página, nota-se alguns "mosquitos" voando. Isto foi ideia da Secretaria da Comunicação Social, para lembrar dos perigos do Aedes aegyptii, uma iniciativa estranha, mais do que útil. 

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Físicos confirmam existência de ondas gravitacionais

Albert Einstein, em sua teoria da relatividade geral, afirmou que os corpos em movimento, principalmente grandes massas aceleradas, emitem as ondas gravitacionais, perturbações no espaço-tempo que propagam energia e alteram o conceito clássico da gravidade (a chamada lei da gravitação universal, que depende diretamente das massas envolvidas e é inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas). 

Essa parte da famosa teoria do físico alemão ainda não fora provada até agora, quando pesquisadores do projeto LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory), distribuído em duas sedes nos estados de Washington e da Lousiania, conseguiram detectar perturbações no espaço-tempo, isto é, as três dimensões espaciais e o tempo, considerado uma dimensão que varia com a velocidade (essa variação só é notada em velocidades próximas à luz), entre dois buracos negros situados a 1,3 bilhão de anos-luz da Terra. 

Esquema da emissão de ondas gravitacionais pela interação dos buracos negros detectada pela LIGO (K. Thorne/Caltech e T. Carnaham/Nasa)

Eles esperam encontrar mais evidências das ondas gravitacionais, que certamente são emitidas em grandes explosões de estrelas gigantes e colisões entre corpos celestes massivos. 

A descoberta, feita por físicos provenientes de vários países (brasileiros não estão incluídos, embora existam pesquisadores especializados estudando o assunto no INPE), é um passo gigantesco para o conhecimento dos fenômenos astronômicos e reforça a Teoria da Relatividade Geral einsteiniana.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

O Carnaval ofuscado pelo mosquito

Com a epidemia de zika que assola o Brasil e está se espalhando para o exterior, provocando pânico, os dias de folia pareceram diferentes dos outros anos. O Aedes não chegou a estragar a diversão, mas boa parte da atenção dada à imprensa foi dada a ele e não aos trios elétricos, blocos de rua e desfiles. 

A zika, a dengue e a chikungunya chegaram até a render algumas piadas entre os foliões. No Recife, disseram que o Galo da Madrugada foi picado pelo mosquito, antes de ser erguido na sexta-feira (e agora foi desmontado). No sábado, durante o desfile do Boi Tolo, um dos blocos cariocas, o mosquito apareceu em um cartaz com os dízeres "Xinga o Cunha", um trocadilho com uma das doenças que ele causa. O mosquito, no caso, foi usado para satirizar Eduardo Cunha, o presidente da Câmara. E houve em Olinda um bloco dedicado somente ao zumbidor inimigo do povo, o "Enterro do Mosquito".

 Cena vista no bloco "Enterro do mosquito", em Olinda (Danielle Carvalho/G1)

Por outro lado, a notícia sobre a presença do vírus da zika na saliva não impediu a beijação. E nem a grande população dos bichinhos voadores impediu que milhares de turistas viessem ao Brasil. Também não atrapalhou os desfiles na Sapucaí e no Anhembi, nem os percursos dos bonecos gigantes de Olinda (alguns representando políticos odiados como Cunha, Jair Bolsonaro, Lula e Dilma), e nem fez calar o samba e o axé. 

Mas, para a mídia e os portais da Internet, o Carnaval não teve a hegemonia de anos anteriores, precisando dividir espaço com as notícias do mundo real, principalmente as referentes sobre o nefasto insetinho. A celebração da vitória da Império da Casa Verde em São Paulo e da tradicional Mangueira no Rio e os "arrastões" de Salvador foram notícias ao lado do primeiro caso de zika na China e de um teste experimental que promete diagnosticar essa doença em cinco horas.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Tudo parece piorar mesmo

Os preços de tudo estão mais altos: tributos, alimentos, remédios, serviços, é até visto com naturalidade, mas eletro-eletrônicos, smartphones, tablets e produtos de informática, que normalmente sofrem obsolescência e diminuem de preço para dar lugar a congêneres mais modernos, também ficaram mais caros desde o Natal, mesmo com a demanda contida. Isso certamente é culpa do aumento do dólar e da incerteza econômica e política. 

Por isso, a agência Moody's está prestes a rebaixar a nota do rating soberano do Brasil, deixando de ser a única das três grandes avaliadoras de risco a dar grau de investimento ao país. O país vai custar a recuperar o grau de investimento, mesmo na hipótese do governo Dilma terminar antes de 2018 com o impeachment, a cassação pelo TSE ou a simples renúncia. Considerando o tempo médio necessário para um país voltar a ser atraente para os investidores após um rebaixamento ao grau especulativo, veremos o Brasil recuperado só depois de 2022.

Agora, até a velocidade da Internet ficou pior, pelo menos para a telefonia celular: com a expansão da rede, o 4G ficou 25% mais lento, deixando de ser tão vantajoso diante do 3G, que ainda é o mais usado no Brasil. Mesmo por aqui, nos últimos anos a velocidade da rede sempre aumentava, a tal ponto que, quatro anos atrás, 10 "megas" de velocidade eram vistos como uma conexão rápida, e agora é considerado lento. Mas a evolução na Internet para smartphones é bem mais lenta, principalmente após a Copa do Mundo, quando houve um salto de qualidade devido à implantação do 4G, e nos últimos tempos houve retrocesso.


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

A volta do panelaço

Dilma fez um pronunciamento na televisão, mais uma vez para pedir apoio, artigo raro de se encontrar, da população.

Não para fazer o povo engolir a CPMF, algo intragável e com chances reduzidas de passar no Congresso, e nem para se justificar diante de um processo de impeachment, perfeitamente amparado na lei mas atrapalhado pela falta de votos suficientes no Legislativo. O pronunciamento não teve a ver com política ou economia. 

Ela pediu aos brasileiros a colaboração na luta contra o mosquito da dengue, zika e chikungunya, tudo muito sensato e dentro das obrigações de uma presidente diante de um problema terrível que ameaça nossas vidas, mas como ela tem apenas 5% de popularidade, considerando os números de pessoas que consideram seu governo ótimo ou bom nas últimas pesquisas (20%, se computarmos o índice dos que acham o governo da presidente "regular"), as panelas começaram a tocar assim que ela apareceu nas telas. Também houve algumas buzinas e gritos "Fora, Dilma!". 

2016 não será fácil para ninguém. Dilma terá de aguentar muita resistência pela frente tentando governar o Brasil, e os brasileiros também precisam ter muito estômago, diante de um governo marcado pela desídia e conivência com o mal feito.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Corrida presidencial nos Estados Unidos acirra-se

Os favoritos para as eleições americanas: Donald Trump, Hillary Clinton, Ted Cruz e Bernie Sanders (Getty Images)

As prévias comunitárias (caucuses) no estado de Iowa, no meio-oeste americano, reservaram más notícias para os considerados favoritos na disputa presidencial, ou seja, para Donald Trump e Hillary Clinton. 

No lado republicano, o histriônico bilionário foi derrotado por Ted Cruz, igualmente conservador e muito menos exagerado. Cruz conseguiu 28% das intenções de votos, contra 24% de Trump. Ted Cruz é filho de um pastor cubano que fugiu da ditadura castrista, e prega a intensificação dos combates contra o Estado Islâmico, revogação do sistema de saúde conhecido como "Obamacare" e a redução dos impostos. Entre os republicanos há muitos outros, dos quais apenas Marco Rubio, também filho de cubanos, tem chances significativas de ser indicado pelo partido. 

Muito mais equilibrada foi a briga entre Hillary Clinton, a favorita (ainda) para ocupar a Casa Branca, e o radical Bernie Sanders. A mulher de Bill Clinton conseguiu 49,9% contra 49,6% do rival, considerado um "social-democrata", com ideias tão estranhas aos americanos que parecem ser de um candidato brasileiro ou até mesmo dos "bolivarianos" sul-americanos: derrotar os grandes bancos, reduzir os juros do cartão de crédito, criar um imposto sobre o capital especulativo e criar um sistema de saúde público e gratuito. Hillary é bem mais moderada e vai seguir, ao seu modo, a política de Obama, mas não dá muitos detalhes de seus planos de governo. 

Iowa é apenas o primeiro estado a escolher seus candidatos. Os próximos caucuses serão em New Hampshire. Ainda restam 48 estados, e mais os Estados associados, como Puerto Rico, que participam das prévias, mas não têm um Colégio Eleitoral, isto é, seus habitantes não votam nas eleições de novembro.



N. do A.: Enquanto isso, aqui no Brasil, a política por aqui continua bem mais rasteira, com novas manobras de Eduardo Cunha para arruinar os esforços de cassá-lo e também um novo discurso de Dilma, desta vez dentro do Congresso, a favor da CPMF, sendo vaiada por isso. 

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Estamos perto do Carnaval, mas parece quaresma

Anda se falando relativamente pouco da folia e muito dos desdobramentos da Operação Lava Jato, as investigações sobre o grau de relação do triplex no Guarujá com o ex-presidente Lula, o começo do ano para o Congresso Nacional, os debates sobre o processo de cassação de Eduardo Cunha e o impeachment da presidente Dilma, e as infindáveis discussões sobre o combate ao mosquito Aedes, sem falar no desemprego, inflação, pessimismo com o futuro do Brasil, movimentação na Bovespa e a escalada do dólar (que, pelo menos, voltou a ficar abaixo de R$ 4,00). 

Ou seja, 2016 promete ser um ano DAQUELES! Na pior das hipóteses, teremos saudade de 2015!