Com as eleições de hoje para presidente da Fifa, terminou um período marcado por escândalos, corrupção, abuso de poder e escolhas fraudulentas como sedes de Copas do Mundo, como foi o caso de 2014 (Brasil), 2018 (Rússia) e 2022 (Catar).
Em lugar de Sepp Blatter, o dirigente que fortaleceu a Fifa e a tornou uma das empresas mais bem sucedidas do mundo, virá Gianni Infantino, outro suíço, nascido no mesmo cantão (Valais) há muito menos tempo (45 anos, contra alguém de quase 80), mas de origem italiana e fluente em várias línguas, como é comum naquele país (além de italiano, fala também francês, alemão, inglês e espanhol). Infantino foi colocado no lugar de Michel Platini como representante da Uefa, a poderosa associação do futebol europeu.
O novo dirigente de 45 anos quer calar a boca dos críticos da Fifa (Ogo Sylla/Gazzetta World)
Como Platini também foi acusado de corrupção e suspenso por seis anos, assim como Blatter, Infantino não será visto como revolucionário. Será mais um a manter o poderio da entidade de Zurique. Teme-se que o novo dirigente passe a beneficiar mais o Velho Continente em detrimento das federações africanas e asiáticas, muito beneficiadas na era Blatter, que continuou a política - vista como populista e demagógica - de expansão do futebol iniciada por João Havelange. O ex-mandatário era um discípulo do brasileiro, cuja imagem há anos está arruinada por acusações de corrupção.
A CBF e outras federações ligadas à Conmebol votaram no jovem e calvo aliado de Platini. Os africanos e asiáticos tentaram emplacar o xeque bahrenita Salman bin Ebrahim al-Khalifa, presidente da confederação de futebol da Ásia (AFC), outro nome detestado pela opinião pública por acusações graves de ser filiado ao tirânico rei de seu país e colaborar na repressão a manifestantes que lutam pela democracia. Chegava-se ao cúmulo de apontá-lo como torturador de jogadores bahrenitas que se atreveram a apoiar a Primavera Árabe.
Outros candidatos também não se encaixaram num (utópico) perfil moralizador, como o príncipe jordaniano Ali bin al-Hussein, ex-vice presidente da Fifa e também candidato no pleito de 2015, vencido por Blatter antes do escândalo ocorrido em maio daquele ano, quando vários dirigentes foram presos pelo FBI por corrupção e o suíço foi obrigado a renunciar. Ainda há o antigo executivo da Fifa, o francês Jerôme Champagne, acusado de ser o candidato chapa-branca do ex-dirigente e apoiado por futebolistas como Pelé.
Ainda é muito cedo para dizer se Gianni Infantino irá pelo menos fazer a Fifa deixar de estar sob a mira do FBI e promover o futebol no mundo sem tanta corrupção, mas para Joseph Blatter a única saída foi aceitar o resultado do pleito e curtir a sua aposentadoria, enquanto os seus defensores e desafetos escrevem sobre ele. Histórias não faltarão.
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