quinta-feira, 30 de abril de 2020

Orgulho e vergonha de abril

Este mês de abril foi realmente desafiador para o mundo inteiro devido à pandemia. Enquanto os países europeus como a Itália, a Espanha e a França estão prestes a saírem da pior fase da doença, no Brasil ela só está começando. 

Tudo poderia ser mais tranquilo se as disputas políticas fossem mais civilizadas por aqui. O presidente Jair Bolsonaro não está colaborando como deveria, sendo ainda visto por seus seguidores como um salvador contra a corrupção, a "velha política" (apesar das alianças políticas com o "Centrão" para aumentar a base parlamentar) e o comunismo, pintados como monstros a serem derrotados. Mesmo assim, nem ele pode estar acima do bem e do mal. 

Isso lembra o livro Além do Bem e do Mal, do filósofo alemão Friedrich Nietzsche. Em sua passagem número 146, lê-se: 

"Quem deve enfrentar monstros deve permanecer atento para não se tornar também um monstro."

E seu desdém com a pandemia e as mortes provocadas por ela, alegando que a responsabilidade pelo enfrentamento da doença é dos estados e municípios, repercutiu internacionalmente, fazendo piorar a sua imagem. E daí?, perguntou Bolsonaro. Daí que ele se comporta mais como um chefe de bando do que um chefe de governo, querendo colher os frutos de um eventual sucesso mas negando responsabilidades em caso de algum desastre. Sua aparente omissão virou assunto de crítica em todo o mundo. É bom relembrar: ele não pode ser considerado "vergonha nacional" por ser a mais alta autoridade do Brasil, sendo, portanto, hors concours neste quesito. E também não pode ser um "orgulho nacional" pelo mesmo motivo. 

Uma equipe médica em especial merece o selo de "Orgulho Nacional": a do hospital Norte d'Or, no Rio, que salvou a vida de uma mulher de 101 anos. Mesmo com COVID-19 e com um marcapasso implantado, a idosa conseguiu sobreviver, graças ao trabalho dedicado desses profissionais. 

Graças aos profissionais de saúde, como os do hospital Norte d'Or, a taxa de recuperação dos infectados pelo coronavírus é bastante expressiva
Já a "Vergonha" ficou para o apresentador Marcão do Povo, mais um que citou soluções simples mas erradas para resolver problemas complexos, como a pandemia. A "solução" dele: isolar os doentes em lugares específicos onde possam receber cuidados, enquanto o resto da população vive normalmente. Isso não é motivo para selá-lo, se ele não chamasse esses lugares de "campos de concentração", termo profundamente infeliz que novamente nos relembra o nazismo e o stalinismo, dois regimes totalitários nefastos. 

Ronaldinho Gaúcho escapou de ser apontado como "Vergonha Nacional" por causa do Carlos Bolsonaro, e escapou novamente em abril graças ao Marcão do Povo (foto com o selo). O ex-jogador é um "dibrador"

Os presidentes da Câmara Rodrigo Maia e do Senado David Alcolumbre, que querem se reeleger para os seus cargos, violando as regras do Congresso, não podem receber o selo por serem altas autoridades do país. Eventuais pessoas acusadas de desviarem verbas para o combate à COVID-19 ainda não são divulgadas pela imprensa e nem pelas redes sociais. E o ex-candidato a chefe da Polícia Federal Alexandre Ramagem, criticado por suas ligações com os filhos do presidente, não pode ser selado apenas por causa disso. 

Notícias boas em meio à pandemia

1. A porcentagem de brasileiros infectados pelo COVID-19 que se recuperaram é uma das maiores do mundo: 44%. Boa parte deste índice se deve aos esforços dos profissionais de saúde, apesar das limitações crônicas na infraestrutura do país. É necessário destacar este dado, pois a mídia está dando muita atenção ao número de casos totais (86.380) e às mortes (5.901). 

2. No refeitório do Hospital Estadual Alberto Rassi, em Goiânia, criaram uma barreira feita de PVC transparente que protege os usuários. Por enquanto, a barreira é viável para mesas com duas pessoas. 

Hospital de Goiânia desenvolve barreira transparente em seu refeitório como um paliativo contra a COVID-19 (HGG)


3. Nair Torres Santos recebeu alta do hospital Norte d'Or, no Rio, após contrair o coronavírus. Ela é uma das pessoas mais velhas a se recuperar da doença, com 101 anos de idade. Outro caso famoso é o de Angelina Friedman, americana também de 101 anos, que foi vitimada pela gripe espanhola quando era bebê e, na juventude, foi curada de um câncer. 

O caso de Angelina Friedman surpreendeu o mundo todo (Reprodução/Fox News)

4. O antiviral Remdesvir está apresentando resultados satisfatórios ao ser aplicado em pacientes com a COVID-19, diminuindo o tempo de recuperação de 15 para 11 dias; o medicamento deve ser liberado pelo FDA e, posteriormente, deverá ser adotado nos Estados Unidos e em outros países, junto com outros medicamentos como a polêmica hidroxicloroquina. 

5. Em Oxford, na Inglaterra, foram feitos testes com uma possível vacina, chamada de ChAdOx1, com macacos rhesus, e agora ela será aplicada em humanos. A substância realmente teria imunizado os animais, mas apenas os testes com pessoas poderão afirmar se ela virá a se tornar uma vacina. Os trabalhos estão adiantados e é possível que sejam concluídos até setembro. 

quarta-feira, 29 de abril de 2020

O caso do Moto G8 e a bagunça no mercado de celulares

Nunca o mercado de celulares oferece tantos modelos, cada um deles verdadeiras mesclas de computadores pessoais, consoles de videojogos e câmeras fotográficas, capazes inclusive de fazerem ligações, como seus antepassados "tijolões" de 30 anos atrás. Aliás, esses aparelhos há bastante tempo deixaram de ser pequenos e muitos já estão com o mesmo tamanho daquelas traquitanas antigas, sendo difíceis de segurar com apenas uma mão.

Isso complica bastante a escolha, principalmente na faixa de preço em torno dos R$ 1.000,00, onde se concentra boa parte desses aparelhos. Apesar do encarecimento do dólar provocado pela atual crise mundial, ainda é possível encontrar modelos interessantes. Mas são muitos.

Só na Motorola, empresa que já foi americana e é agora dominada pela chinesa Lenovo, há vários modelos chamados de Moto G8. São os herdeiros do antigo "bom e barato" de sete anos atrás, o Moto G, que saía por volta de R$ 700,00 em 2013. Agora são quatro: G8, G8 Plus, G8 Power e G8 Play, todos com características diferentes e preços semelhantes. O Play é o mais barato, mas o mais fraco, o G8 Power tem mais bateria (5.000 mAh, contra "apenas" 4.000 mAh do G8 comum e do G8 Plus) e mais câmeras (quatro!), o G8 Plus "só" tem três, mas uma delas é mais forte, com 48 megapixels, e aí vai. O preço nem é tão diferente, sendo o G8 comum na faixa dos mil reais, o G8 Play um pouquinho mais em conta (mas também custando mais de mil principalmente no varejo físico) e os outros dois custando mais, às vezes por menos de R$ 1.200,00, em algumas lojas virtuais. Com exceção do Play, todos são equipados com 4 Gb de memória RAM e espaço de 64 Gb, como a maioria dos concorrentes diretos.

Para que simplificar as escolhas do usuário se podemos complicar?

Para piorar tudo, a empresa do "M" ainda lança mais um celular da mesma família, o G8 Power Lite, versão mais barata do G8 Power, misturando características também dos outros modelos, como as câmeras do G8 normal e um processador semelhante ao do G8 Play (Mediatek, enquanto os outros usam o Snapdragon 667). Ela ainda vende os G7, mais antigos, que diferem na aparência, com uma traseira sem tantas câmeras, mas as especificações e os preços são parecidos.

Antes, reclamavam da coreana Samsung por lançar tantos celulares com siglas J, M, A, S... mas pelo menos, a nomenclatura é diferente: A20, A51, M30, S10, J7, etc., etc.

Sua concorrente, como se pode notar, fez pior ainda, e ainda tem no seu portfólio as linha E, de celulares "baratinhos" ou "budget", e One, de aparelhos mais caros. E ainda vai lançar a linha Edge, para competir com os tops de linha, conhecidos como "flagships".

A vida já é complicada sem o mercado de celulares...

terça-feira, 28 de abril de 2020

Música perturbadora lembra a tragédia da humanidade

Este blog vai tentar diversificar os assuntos, não se pautando apenas em A ou B ou C, ou não faria jus ao nome. Afinal, continua a ser conhecido como "Assuntos 1000". 

Nos últimos anos, o autor foi diversificando o gosto musical, ouvindo de tudo, até mesmo (de vez em quando, para não se aborrecer muito) os atuais hits de sertanejo e funk, apenas para manter-se atento às tendências. 

Já foi escrito aqui sobre uma canção do compositor austríaco Gustav Mahler (1860-1911), para comentar sobre a morte do pequeno Aylan Kurdi, filho de imigrantes curdos que se afogou no Mediterrâneo enquanto a família tentava fugir da Siria para a Europa. Isso pode ser lido AQUI

O mesmo músico, tido como um maestro brilhante, embora temperamental e excêntrico, e autor de obras pouco apreciadas em sua época, também escreveu dez sinfonias e a "Canção da Terra", sobre versos do poeta chinês Li T'ai Po. Isso lembra a pandemia que começou na China, mas não vou falar dessa "Canção", e sim de uma das sinfonias. 

A "Sexta Sinfonia em lá menor" é uma música angustiada e grandiosa ao mesmo tempo, principalmente no quarto movimento (movimento é a cada uma das partes de uma obra musical erudita). Este trecho é extremamente longo, com duração superior à meia hora, mais do que a maioria das sinfonias de Beethoven, considerado o maior mestre do gênero. Mahler não poupou recursos e colocou todo tipo de instrumento, até mesmo um gigantesco martelo de madeira. 

As três batidas secas desse "instrumento" já foram comparadas aos eventos infelizes na vida do compositor: a morre da filha, a descoberta de uma doença cardíaca e a morte em decorrência desta. Outros aludiram às guerras mundiais. Nos dois casos, o compositor é tratado como se fosse uma espécie de profeta. 

A maior parte dos maestros não autoriza o uso da terceira batida, que geralmente ocorre após uma passagem igualmente ruidosa, com instrumentos mais convencionais, como trombones, trompetes, tubas, bombo, pratos e uma celesta, instrumento de teclas parecido com um piano. Se fôssemos associar a música a um cenário, este trecho dramático poderia ser comparado à pandemia de coronavírus, com a orquestra representando a humanidade em pânico, os bombos e pratos fazendo o papel do destino e a celesta, cujo som é relativamente fraco e parecido com o de um xilofone, como o minúsculo vírus. Pouco depois, pode soar ou não o terceiro golpe, após o qual começa a trágica parte final, com direito a uma espécie de "grito coletivo" de agonia e alguns acordes finais tocados pelo tímpano como se tudo tivesse sido aniquilado.

Em algumas execuções, como as do maestro italiano Cláudio Abbado (1925-2013), não é possível ouvir nem os bombos e nem o terceiro golpe, mas sempre há o toque da celesta. Todo o resto é incluído, inclusive o final apocalíptico. 

Na interpretação do maestro americano Leonard Bernstein (1918-1990), pelo Canal Cantus 5 do Youtube, onde é possível ouvir (e ver) a "coisa" parecida com uma versão gigante da Mjölnir do Thor, as cenas desse pesadelo sinfônico ocorrem: 

1h03min49s: primeiro golpe do martelo

1h08min19s: segundo golpe do martelo

1h18min28s: gongo tocando, com a celesta logo depois

1h18min49s: terceiro golpe do martelo

1h21min19s: um fortíssimo final da orquestra


De preferência, é melhor ouvir a sinfonia inteira, para quem está acostumado à música erudita, e não fazer associações do martelo ou qualquer outro instrumento com cenário algum, mesmo porque, no fundo, não era essa a intenção do grande Mahler.


N. do A.: O número de mortes pela COVID-19, somente no Brasil, já supera os 5.000, mas muitos ficaram mais interessados em quem substitui Sérgio Moro na pasta da Justiça e da Segurança Pública. André Mendonça, antigo chefe da Advocacia Geral da União (AGU), vai ocupar o lugar. Ele não recebeu tantas críticas de véspera, sem ao menos ter começado a trabalhar na nova função, como o também recém nomeado diretor-geral da PF, Alexandre Ramagem, apontado como amigo dos Bolsonaros. Isso gerou algumas discussões políticas acaloradas

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Fracasso previsível de duas uniões

Duas uniões fracassaram, o que é compreensível no contexto atual. 

Primeiro, o caso da Boeing com a Embraer. Com a pandemia de COVID-19, a frequência dos voos  locais despencou 75% e, nos voos internacionais, a queda foi brutal: 95%, segundo dados da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas). Isso provocou forte redução nas receitas das companhias aéreas, e a Boeing, já no prejuízo (US$ 636 milhões em 2019), alegou violações contratuais da Embraer para não pagar os US$ 4,2 bilhões da união (a joint-venture Boeing Brasil-Commercial, com participação majoritária da gigante americana) e desfazer o negócio. A brasileira, que já teve de gastar R$ 485 milhões para se dividir em duas, vai recorrer na Justiça americana. Os militares brasileiros, inclusive o vice-presidente Hamilton Mourão, não escondem a satisfação com o fim do negócio, mas temem outro desfecho: a Embraer parar no controle da estatal chinesa Comac, que está interessada em expandir seus negócios. Mas isso, por ora, é especulação.

A joint-venture entre a Boeing e a Embraer nem aconteceu. O governo deve decidir o que fazer com a empresa pelo golden share mas por enquanto está preocupado com o fracasso da parceria com Sérgio Moro (Divulgação)

Segundo, a união de Jair Bolsonaro com Sérgio Moro. Para muitos, não deveria ter acontecido. Não fazia parte dos planos originais do presidente. Só houve essa união por ação de Paulo Guedes, o agora único superministro. Durante esse período de convivência, a relação provou ser desarmônica.

Moro demonstrou incompatibilidade com as linhas de pensamento do governo. Não defendia o armamentismo, nem a castração química de estupradores (uma das promessas de campanha de Bolsonaro) ou a redução da maioridade penal. Não concordava com a ação de milícias e uso de fake news, mas também não atuou de forma decisiva para investigá-las. Nem ele, e nem o ex-chefe da Polícia Federal Maurício Valeixo, seu amigo. Usou o pretexto da demissão dele por Bolsonaro, uma atribuição dele (inoportuna no atual momento, marcado por ataques sistemáticos contra o governo), para fazer um rumoroso pedido de demissão, com o uso intensivo da mídia e principalmente da Rede Globo. Acusou o presidente de fazer uma intervenção política na Polícia Federal, querendo um relatório com dados sigilosos, e disse que os outros governos não ousaram fazer isso da mesma forma, apesar das evidências em contrário nas gestões da Nova República, principalmente quando Lula e Dilma estavam no poder. O ex-juiz de Curitiba almeja dar um novo rumo à sua carreira política, iniciada, como ministro de Estado, de forma capenga. 

No comando da Justiça e Segurança Pública, mostrou mais vaidade do que efetividade na resolução de problemas relacionados à sua pasta. Não conseguiu mostrar resultados dignos de nota contra o crime organizado, os tráficos de armas e drogas, a violência urbana e rural, os assassinatos. Nem foi feito um adequado combate à corrupção, especialidade sua, pois não quis mostrar firmeza contra o caso das raspadinhas e as candidaturas fantasmas ("laranjas") do PSL, antigo partido do presidente e do filho mais velho, Flávio, acusado de se envolver nesses dois casos. Além disso, enrolou-se no escândalo da Vaza Jato, após ser grampeado e ter conversas comprometedoras com procuradores e delegados da Operação Lava Jato, sendo exposto pelas reportagens da Intercept Brasil do jornalista e ativista Gleen Greenwald, cujos apoiadores têm a intenção de destruir a reputação tanto da Lava Jato quanto do governo. 

O presidente não conseguiu controlar Moro no momento de sua demissão, assim como teve dificuldade em se expressar de forma coerente no discurso para se defender dos ataques do ex-juiz, mas ainda tenta manter o seu governo prejudicado pela sua própria inabilidade, por sua falta de apego às regras republicanas, por erros como tratar a pandemia de coronavírus como "gripezinha" e pelos anseios em querer "combater o sistema" sendo parte dele: continuou as conversas com os partidos da "velha política", como os do "Centrão", e não conseguiu, por exemplo, convencer Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, presidentes da Câmara e do Senado, a desistirem de tentarem infringir o regimento com suas campanhas de reeleição e a fazerem os parlamentares cortarem seus gastos em nome do combate à pandemia. 

Ao menos, ele ainda tem controle sobre a Embraer por ter o golden share, para lhe dar um destino após o fracasso da união com a Boeing. 

sexta-feira, 24 de abril de 2020

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Brasil, o que vemos?

Vemos o COVID-19 matar mais do que antes, com 407 vítimas fatais confirmadas e a previsão sombria do caos sanitário concretizar-se, principalmente no Amazonas, em Pernambuco e no Ceará, e São Paulo não está longe disso. 

Vemos covas sendo cavadas às pressas e aos borbotões, para enterrar as vítimas da peste, e também aqueles que não poderão ser atendidos nos hospitais devido à superlotação. Muitos morrerão de infarto, câncer, diabetes, Alzheimer, AVC, sem assistência médica. 

Vemos trabalhadores informais e de diversos serviços sem poderem trabalhar, enquanto esperam pela irrisória quantia de R$ 600,00 como ajuda oficial, sujeitos ao agravamento da miséria e à fome após a pandemia. É um pesadelo após outro. Os trabalhadores em serviços essenciais, como fornecimento de alimentos e entregas (delivery) ficam expostos aos riscos do vírus. E os profissionais de saúde, os mais afetados por essa tragédia global ao tentarem salvar as vidas dos pacientes parasitados?

Vemos empresários insatisfeitos com os prejuízos causados pela inatividade decorrente do maior flagelo do nosso século. Os mais conscientes do perigo nada podem fazer a não ser obedecerem às regras do distanciamento social, enquanto há quem queira fazer carreatas para forçarem inutilmente os governos a suspenderem as quarentenas. E a ira contra a atual situação só aumenta. 

Vemos a desinformação e os boatos causando ainda mais angústia na população, com os rumores de demissão do ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro; o pretexto para isso é o anúncio da substituição do chefe da Polícia Federal, Maurício Valeixo, amigo de longa data de Moro; a PF estaria perto de investigar melhor os casos das "raspadinhas" e das fake news, exploradas pelos filhos do presidente segundo as acusações. 

Vemos, enquanto isso, presos por corrupção, tráfico de drogas, assassinatos, estupros, sendo postos em prisões domiciliares alegando haver risco de contaminação nos presídios, enquanto tramitam soluções estapafúrdias como o uso de contêineres para alojarem presos doentes ou idosos (o procurador-geral Augusto Aras e o presidente do Supremo Dias Toffoli já se pronunciaram contra os contêineres, mas não falam sobre o relaxamento da pena dos condenados). 

Vemos a economia ir para as calendas gregas enquanto há um plano anunciado para tentar recuperá-la, porém não só é uma mera carta de intenções como ainda está em franco desacordo com o ministro da Economia Paulo Guedes. A tão desejada austeridade na administração do NOSSO DINHEIRO pode não se dar nesta gestão de Bolsonaro, por causa da ameaça do coronavírus e da falta de rumo nesta área, se ele continuar como presidente até 2022. 

Vemos um presidente desorientado vendo suas bandeiras de combate à corrupção com Moro e de austeridade na economia com Guedes serem vistas como conversa fiada e os dois ministros perdendo força dentro do governo. Enquanto isso, Bolsonaro e os presidentes da Câmara e do Senado disputam quem é o maior protagonista na luta contra a pandemia. Difícil é saber quem parece ser o menos oportunista. Bolsonaro não esconde querer poderes discricionários para ter mais liberdade para governar, enquanto Rodrigo Maia quer violar o regimento para se reeleger como presidente da Câmara, e Davi Alcolumbre, sem pudor algum, tenta fazer a mesma coisa no Senado.

Vemos os adversários de determinados governantes clamando por impeachment movidos mais por politicagem do que por preocupação em resguardar o povo dos desmandos. Muitos nem possuem propostas concretas para minimizar o sofrimento alheio, mas querem obter votos, seguidores ou likes nas redes sociais. 

Vemos os governadores e os prefeitos brigando entre si, sem um planejamento para impedir que as cidades mais contaminadas passem o vírus para as demais, e todas, sem exceção, com as atividades prejudicadas. Também os interesses políticos influenciam nas decisões, ainda mais em ano de eleições, com campanhas para prefeitos e vereadores movidas pelo fundo eleitoral, vindo do NOSSO DINHEIRO. E muitos deles não querem saber se os eleitores vão pegar vírus ou não na hora de irem às urnas nos dias 4 e 25 de outubro. 

Enfim, vemos a pandemia, os governos e os políticos fazendo os ricos morrerem de raiva, os pobres de fome, e todos de COVID-19. 

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Plano Pró-Brasil

Para mostrar que o governo está funcionando, o presidente Jair Bolsonaro, junto com o chefe da Casa Civil, General Braga Netto e o ministro dos Transportes Tarcísio Freitas, anunciou o programa Pró-Brasil, focado em infraestrutura, para investimentos privados e públicos ainda neste ano. 

General Walter Braga Netto, ministro-chefe da Casa Civil e homem forte de Bolsonaro, falou sobre o plano Pró-Brasil (Adriano Machado/Reuters)


Serão investidos R$ 250 bilhões em concessões à iniciativa privada e R$ 30 bilhões em obras tocadas diretamente pelo governo federal. 

A intenção é gerar de 500 mil a 1 milhão de empregos, pois o desemprego causado pela pandemia de COVID-19 está aumentando. Mas Braga Netto, encarregado pelo presidente para falar sobre o projeto, não deu muitos detalhes sobre o programa, a não ser que ele será regido pelo lema da nossa bandeira: "Ordem e Progresso". Segundo o governo, vai haver mais ordem para melhorar a segurança jurídica nos contratos e criar um ambiente mais propício para os negócios, e mais progresso decorrente das obras: resta ainda saber quais delas, a serem melhor definidas a partir de sexta-feira, quando haverá a primeira reunião do grupo de trabalho. 

Paulo Guedes não compareceu ao evento, mas esteve na reunião ministerial antes do anúncio do plano. Ele resiste à ideia de aplicar NOSSO DINHEIRO em algo que poderia ser tocado exclusivamente pela iniciativa privada, pois isso significaria agravar o problema da dívida pública - no qual todas as grandes nações estão mergulhadas agora, devido à pandemia. 


N. do A. 1: Bolsonaro ainda teve que se reunir com o MDB para tentar novas linhas de diálogo com o Congresso, o que não agrada os seguidores, pois o partido é o maior símbolo da "velha política". O presidente está preocupado com os pedidos de impeachment; o último deles foi pedido pelo PDT, o partido de Ciro Gomes, candidato derrotado à Presidência em 2018. 

N. do A. 2: O plano Pró-Brasil lembra algumas obras paradas que já deveriam estar prontas há muito tempo, como o Rodoanel e as obras de restauração e expansão da linha 15, o famigerado monotrilho. Isso será melhor abordado em uma postagem próxima. O governo paulista, também alvo de um pedido de impeachment por bolsonaristas contrários ao isolamento social necessário para impedir o caos sanitário decorrente do coronavírus, é responsável por tocar esses empreendimentos.

N. do A. 3: Enquanto isso, Ernesto Araújo expressou sua opinião sobre o vírus nas redes sociais, como se fosse um teórico da conspiração olavista e não como ministro das Relações Exteriores.

N. do A. 4: Esta nota nada tem a ver com as anteriores: onde está o ditador da Coréia do Norte, Kim Jong-un?

terça-feira, 21 de abril de 2020

Da série "Mondo Cane", parte 65, ou "Mondo Brasile", parte 16

Muitos temem que a pandemia jogue a humanidade numa nova "Idade das Trevas". 

Se depender do esforço de certas pessoas, isso poderá deixar de ser apenas um temor sem fundamento. O nível de entrevamento mental aqui no Brasil é preocupante, e quem exibiu a imagem de forma burlesca para "trolar" um programa jornalístico da Globo parece ser o caso menos grave. Pior é quem apoiou esta atitude. 

A mesma coisa se pode dizer de molecagens como aparecer nos programas da emissora para dizer "Globo lixo!". Perderemos a capacidade de fazer críticas a uma emissora acusada (e com razão) de imbecilizar o povo sem parecermos imbecilizados por algo pior? Será que estamos nos dando o direito de agir como pivetes malcriados, sob efeito de alguma cocaína estragada?

Para quem quer saber mais sobre o show de horrores, clique AQUI (Canal Moura TV, do Youtube), e se arrependa depois.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Pandemia provoca alvoroço no mundo

Estamos assolados pela pior crise desde a II Guerra Mundial e já podemos notar algumas consequências dramáticas para o mundo. 

Muita gente está deixando aflorar seus instintos antidemocráticos e anti-republicanos, querendo colocar às favas a Constituição, os direitos individuais, as liberdades civis, a independência dos Poderes, em nome do combate à "velha política". Já se expôs muito o que se faz em nome da "governabilidade", com privilégios indevidos, troca de favores, clientelismo, corrupção, NOSSO DINHEIRO sendo vilipendiado, etc. Infelizmente, boa parte dos manifestantes querem a falsa solução salvacionista, com amplos poderes ao presidente da República, sobrepondo-os ao Legislativo e ao Judiciário, sem concessões aos políticos "fisiológicos". Há quem esteja imaginando o presidente como uma espécie de "Ivan o Terrível", para colocar ordem no país por meio de decretos, disposto a fechar um Supremo conivente e um Congresso corrompido pela vontade de roubar o povo e pelas ideias "antipatrióticas" e "esquerdistas". Além disso, querem calar governadores e prefeitos considerados "rebeldes" e "comunistas". 

Manifestantes protestam contra a corrupção, o Legislativo e o Judiciário, e desafiam o distanciamento social, necessário para impedir o alastramento do coronavírus; acima, um dos protestos, no Rio de Janeiro (Maga Jr./Estadão)
Infelizmente, para essas pessoas, os congressistas, os governadores e os prefeitos foram eleitos pelo povo, de acordo com as normas eleitorais vigentes, que realmente estão muito longe da perfeição (mas é melhor do que não haver eleições). E os membros do Supremo, via de regra no mundo, não são eleitos e sim nomeados, sendo sabatinados pelos membros do Senado Federal, de acordo com o artigo 101 da Constituição. Para mudar isso, é necessário mudar a Carta Magna por meio de uma Assembleia Constituinte, ou instituir um estado de exceção. 

Devido a estes atos, que não são necessariamente mal intencionados e nem violentos, mas totalmente contrários às normas democráticas e republicanas, e também contra as determinações da OMS e do Ministério da Saúde para tentar impedir o colapso dos hospitais em tempos de COVID-19, os políticos, ministros do Supremo e outras autoridades públicas manifestaram sua reprovação. E voltaram-se contra o presidente, por ter apoiado esses grupos. Não adiantou Bolsonaro ter reforçado que falou em democracia aos manifestantes de Brasília, e nem ter tentado corrigir suas falas pronunciando-se a favor de um Congresso e um Judiciário abertos. Já se notou a falta de apego do presidente ao decoro necessário ao cargo mais importante do Brasil. 

O presidente induziu novamente a desobediência às normas de distanciamento social impostas pelo seu Ministério da Saúde ao se reunir com manifestantes em Brasília, e provocou a ira dos congressistas, governadores, prefeitos, ministros do STF e da opinião pública (SBT Brasília/Youtube)

Os transtornos psicológicos causados pela intolerância ao distanciamento social e as convicções ideológicas provocaram protestos também nos Estados Unidos, onde exigem o fim da quarentena. Já comparam os governadores aos nazistas, com cruz gamada e tudo, simulando enterros e portando armas de fogo.

Pior é a violência que voltou ao noticiário, principalmente o caso de um atirador que matou 16 pessoas na província da Nova Escócia, no Canadá. Neste caso, é caso de psicose mesmo, e a influência da quarentena é questionável.

Enquanto isso, o petróleo está com os preços despencando, por falta de demanda. A indústria está parcialmente parada, os vôos estão paralisados, há menor circulação de veículos. Fizeram acordos para diminuir a extração nas plataformas, mas não foi o suficiente. Os estoques estão repletos de matéria-prima. Por conta disso, o preço do barril está em menos de US$ 15 em mercados como os da Ásia, e o preço referente aos contratos de maio é NEGATIVO, nos Estados Unidos. Uma situação surreal, causada pela pandemia. 

Poderemos esperar muita bizarrice até esse pesadelo terminar. 

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Robô de Singapura faz testes para combater o inimigo

Em Singapura, país que vinha enfrentando com sucesso o coronavírus mas ultimamente sofre um novo surto de COVID-19, principalmente entre os trabalhadores estrangeiros, um robô foi desenvolvido para melhorar a higienização dos hospitais. 

O XDBOT (eXtreme Desinfection roBOT) promete ser uma arma contra o coronavírus em Singapura (NTU/AFP)

Esta máquina, chamada de XDBOT, ou robô de extrema desinfecção, não foi desenvolvida apenas para limpeza profunda, alcançando os cantos mais difíceis de hospitais e outros locais que requerem higienização, mas também é projetada para imitar gestos humanos, por meio de controle remoto. 

Desenvolvido pela NTU (Universidade Tecnológica de Nanyang), este robô de seis braços possui autonomia de quatro horas usando uma bateria recarregável, e durante este período é capaz de desinfetar com rapidez uma grande área, com eficiência quatro vezes maior em relação a um processo convencional, de acordo com os projetistas. 

Enquanto isso, o Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP) desenvolveu algo bem mais simples e barato: um rodo que emite radiação ultravioleta de alta potência para desinfetar pisos de hospitais. Este equipamento utiliza lâmpadas de mercúrio emissoras de raios UV-C, capazes de matar mais de 99% das bactérias e vírus (inclusive o terrível flagelo atual), e será fabricado por uma empresa da cidade, cujo nome não é revelado, inicialmente para os hospitais da região. 

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Derrota da Nação?

Era esperada a demissão do ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, considerado pouco sincronizado com o pensamento do governo, principalmente em questões como o uso da hidroxicloroquina e o tipo de distanciamento social. 

Não deixa de ser uma derrota para o Brasil, pois ele não foi demitido por ser negligente ou por sabotar os planos do governo. Cometeu o "erro" de ser muito técnico e pouco político (a despeito de ter sólida carreira política como deputado do Democratas, ex-DEM, pelo Mato Grosso do Sul), mandando fazer os procedimentos de acordo com a ciência e os trâmites feitos por outros países, inclusive os Estados Unidos, e não concordar com a lógica subjetiva do presidente, mais preocupado com o estrago terrível na economia causado pela pandemia. 

Mandetta foi substituído por Nelson Teich, outro médico de perfil técnico, oncologista, defensor do distanciamento social, mas alguém mais acostumado com as cifras, por ter feito MBA em Gestão de Negócios pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais, conhecendo, já em 2006, o atual ministro da Economia Paulo Guedes. Foi presidente do Grupo Clínicas Oncológicas Integradas, e chegou a ser consultor do Hospital Albert Einstein. 

Nelson Taich (dir.) era cotado para assumir a pasta da Saúde desde 2018, quando Bolsonaro (esq.) foi eleito (Marcello Casal Jr./Ag. Brasil)


O primeiro pronunciamento de Teich, junto com Bolsonaro, não empolgou, mas é cedo para fazer uma avaliação, mesmo porque ele nem começou a trabalhar. As críticas a ele já começam a ser feitas, sobretudo por setores da mídia contrários ao atual governo, explorando falas como a prioridade dos adolescentes em relação aos idosos para tratamentos médicos. Mandetta já foi alvo das mesmas mídias, que o acusaram de irregularidades quando era secretário da Saúde no Mato Grosso do Sul. 

Não há muito a dizer contra o agora ex-ministro da Saúde na condução do combate ao coronavírus. Sem as medidas tomadas por ele e seus comandados do Ministério, e sua colaboração ativa com os governadores e os prefeitos, a pandemia estaria numa situação muito pior.  Para o bem do governo, Nelson Teich vai precisar continuar a tomar medidas para impedir o aumento do contágio, para não haver o esgotamento do sistema de saúde, e garantir a saúde dos médicos e enfermeiros, responsáveis pelo enfrentamento direto contra o inimigo dos brasileiros e dos outros habitantes deste planeta. 

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Vitória da federação

Por quase unanimidade, o STF decidiu que Estados e municípios podem decidir sobre a quarentena e quais os serviços que devem continuar funcionando. 

Apenas dois não votaram: Luiz Roberto Barroso, que se absteve por se julgar suspeito, e Celso de Mello, afastado por problemas de saúde. 

É uma vitória do regime federativo, contra a tentativa de Jair Bolsonaro de centralizar o poder e querer liberar as pessoas e as empresas da quarentena, contrariando fortemente as decisões dos governantes de outros países, assim como as recomendações dos prefeitos, governadores, organismos internacionais e até o próprio Ministério da Saúde, a ele subordinado. 

A instância máxima do Judiciário impôs uma derrota dura a Jair Bolsonaro (Rosinei Coutinho/STF)
O presidente, mesmo com seu empenho, ainda não conseguiu provar que ele está certo e quase todas as autoridades do mundo estão erradas, na abordagem contra o coronavírus. 

Da série "Notícias para encher página de portal da Web", parte 2

Estamos vivendo tempos realmente ruins, e no afã de fazer o povo distrair-se, algumas notícias são realmente de conteúdo questionável. 

Nadine Santos, a mãe de Neymar, arranjou um novo namorado, e a "imprensa rosa" faz a festa (Divulgação, pelo site da revista Contigo)

Uma delas é a exploração da vida da mãe de Neymar, Nadine Santos, namorando um jogador de futebol até então pouco conhecido, Tiago Ramos. Certos jornalistas destacam a diferença de idade (ele é mais jovem do que Neymar), o envolvimento do rapaz com a cantora Anitta e até um suposto caso homossexual dele com um modelo. É realmente impressionante!

Enquanto isso, o escritor Rubem Fonseca, consagrado autor de Agosto, Feliz Ano Novo e Bufo & Spallanzani, faleceu, fazendo muita gente lamentar a indigência cultural do Brasil. Não foi de COVID-19, como 204 pessoas que pereceram nas últimas 24 horas, apenas nestas vastas plagas. 

terça-feira, 14 de abril de 2020

Informações questionáveis em alguns países

Sem querer entrar em dogmas político-ideológicos escritos por fulano "olavista", beltrano "Lula Inocente" ou sicrano "radical de centro", devemos ler de forma crítica e cuidadosa tudo o que a mídia informa. Algumas fontes questionáveis são as fornecidas por governos ditatoriais. 

Nicarágua, Cuba e Venezuela, países controlados por ditadores e onde a imprensa é proibida de questionar seus governos, não oferecem dados confiáveis a respeito da COVID-19 em seus territórios. O mesmo se pode dizer dos regimes islâmicos, à exceção do Irã e da Turquia, onde são divulgados números assustadores a respeito da pandemia.

Pior fazem alguns países como a Coréia do Norte, Belarus e Turcomenistão, onde não há sequer dados sobre a doença. Oficialmente, ela não ataca esses países! No caso do Turcomenistão, um país da antiga Ásia soviética, é proibido mencionar a palavra coronavírus.

Também não se pode confiar nos dados oficiais das potências governadas por regimes de força.

A Rússia pode ter muito mais casos de COVID-19 do que a imprensa local, oprimida pelo governo de Vladimir Putin, está a mostrar. Os discursos do dirigente russo sugerem uma situação grave, favorável à adoção de medidas discricionárias como o uso do Exército. A oposição russa denuncia falta de testes e de condições para as equipes médicas. Oficialmente, o número de infectados, segundo dados de ontem, é de 18.328, com 148 mortos até agora. Para se ter uma ideia, no Brasil morreram 204 só de ontem para hoje.

Na China, país onde a pandemia originou-se, o número de casos aparentemente estabilizou-se, em um patamar inferior ao dos Estados Unidos (oficialmente, o país mais assolado pelo mal), da Itália e da Espanha. Os novos casos divulgados referem-se apenas a pessoas que contraíram o vírus em outros países. Em Pequim e outras grandes cidades, há poucas informações confiáveis. Além disso, os chamados "mercados molhados" (feiras onde se vendem animais selvagens) ainda não foram devidamente regularizados e a mídia chinesa passou a divulgar poucos dados a respeito deles. Esses mercados são considerados responsáveis pelos primeiros contágios e onde se vendem possíveis vetores do coronavírus, como pangolins e morcegos, ameaçados pela caça ilegal e pela sempre questionável "medicina tradicional chinesa" (em seus aspectos conflitantes com a ciência moderna). Há uma lei para proibir o consumo de cães, gatos e animais selvagens, ainda em tramitação.

Nos outros países, onde há liberdade de informação, também há muitas incertezas, causadas por subnotificações, falta de testes ou informações incorretas sobre pessoas recém-falecidas. A existência de fake news, má formação educacional e precário acesso à informação pioram o quadro.


segunda-feira, 13 de abril de 2020

Breves desse ano com vírus

1. A venda de ovos de páscoa foi um fracasso neste ano devido à pandemia e aos preços altos. 

2. Repercutiu mal a entrevista do ministro da Saúde ao Fantástico, na emissora considerada "inimiga" do presidente Jair Bolsonaro. O ministro fez questão de repetir para respeitarem o distanciamento social. 

3. Enquanto isso, o chefe dele fez uma live com líderes religiosos, transmitida pelo SBT, dizendo que o "vírus foi embora" (sic). 

4. Muita gente se preocupou com a erupção do Anak Krakatoa, no sábado passado, mas a explosão não feriu ninguém e está bem longe de representar mais uma ameaça ao mundo (já não basta o vírus?)

5. Moraes Moreira morreu, e a notícia caiu como uma bomba para quem aprecia a velha e boa música popular brasileira. 

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Da série 'Todos contra o vírus no Brasil', parte 1 - Empresas em ação

Em meio à confusão existente num governo dividido entre os defensores da cloroquina (usada mais como instrumento político do que farmacológico) e os do ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, somada à demagogia dos deputados e senadores que aprovaram os R$ 600,00 para ajuda emergencial mas não cortam seus salários e benefícios enquanto o setor privado é obrigado a fazer isso, há boas notícias no Brasil. 

Elas vem justamente do setor privado. 

Começou com a Ambev produzindo álcool gel a partir de sua produção de cerveja sem álcool, e depois com outras empresas, grandes e pequenas. Também outras empresas como Minuano, a Marfrig, a Bombril e a Weg (fabricante de motores elétricos) passaram a fazer álcool gel, principalmente para os hospitais e lojas, pois este produto ainda não é fácil de encontrar pelos consumidores comuns. 

A Mercedes-Benz passou a fabricar máscaras para proteção de profissionais de saúde pública. A já citada Ambev vai fabricar outras a partir do polietileno tereftalato, o popular PET das garrafas, e também está se unindo à Gerdau e ao hospital Albert Einstein para construir uma unidade de atendimento para pacientes vítimas da COVID-19 na Zona Sul paulistana. Pequenas e grandes empresas do setor têxtil também estão se dedicando a fazer máscaras para uso hospitalar ou não. Em breve, até as fábricas artesanais do polo no Agreste nordestino vão produzir equipamentos de proteção contra o COVID-19. 

O SENAI do Rio Grande do Sul vai desenvolver luvas cirúrgicas, enquanto a maior fabricante de luvas de proteção, a Top Grove Corp Bhd, aumentou grandemente sua produção. 

Não só a USP, mas também outras instituições estão se dedicando a equipamentos mecânicos para auxílio médico, como respiradores e filtros, como a Embraer e, possivelmente, algumas montadoras de automóveis. 

A empresa Fazenda Futuro, ligada à Seara, vai pagar um fundo emergencial a jovens pesquisadores na área de saúde ou respiradores mecânicos, que estejam cursando programas de doutorado em universidades públicas. 

Tudo isso necessita de maior repercussão da mídia, excessivamente preocupada em mostrar as rusgas políticas e os aspectos mórbidos causados por uma pandemia terrível, contra a qual é preciso unir esforços. 

Mais informações, leia AQUI, AQUI e AQUI



quarta-feira, 8 de abril de 2020

Bernie Sanders "joga a toalha"

Terminou a disputa pela candidatura presidencial no Partido Democrata. Joe Biden, ex-vice presidente entre 2009 e 2017, durante o governo de Barack Obama, irá concorrer.

Joe Biden vai enfrentar Donald Trump com a desistência do contraverso Bernie Sanders (Getty Images)

O senador de Vermont Bernie Sanders tentou pela segunda vez ser o candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos. Na primeira, perdeu para Hillary Clinton, mas foi até o fim, conquistando parte do eleitorado simpatizante com a chamada "esquerda política", tendendo ao socialismo, algo estranho para os Estados Unidos. Na segunda vez, suas chances foram mais reduzidas, devido à pouca atratividade de suas propostas fora de seu nicho eleitoral, parte dos jovens encantados com o sonho de "mudar o mundo" e os socialistas.

Biden, mais moderado e familiarizado com o peso do poder inerente ao cargo a ser disputado, vai ter um grande desafio: tentar derrotar Donald Trump, que vinha entregando bons resultados na economia mas colecionando brigas e disputas políticas com outros chefes de Estado, até a pandemia do coronavírus estourar. Atualmente, os Estados Unidos são o país mais assolado por esta praga.


N. do A.: Trump acusou a OMS de pender demasiadamente para o lado da China, país onde o coronavírus surgiu; a China é acusada de esconder dados e não colaborar o suficiente para o combate ao vírus, enquanto o Ocidente passou a ter muito mais mortes do que no país asiático - mas sempre segundo dados oficiais. 

terça-feira, 7 de abril de 2020

Ecovias confessa

Em acordo publicado ontem, a concessionária Ecovias assinou termo de confissão ao Ministério Público de São Paulo, admitindo a existência de caixa dois, formação de cartel e pagamento de propina entre 1998 e 2015. 

A Ecovias confessou participar de esquema de corrupção que lesou gravemente os cofres públicos; muitos usuários da Imigrantes, incomodados com o valor do pedágio, já desconfiavam
Pelo acordo, a administradora do sistema Anchieta-Imigrantes compromete-se a pagar R$ 650 milhões, divididas em obras para serem feitas (R$ 450 milhões), redução de 10% no vagor de todos os pedágios controlados pela concessionária (R$ 150 milhões) e uma multa de R$ 50 milhões. Em troca, a Ecovias vai continuar tendo o direito de disputar futuras concessões nas rodovias paulistas. 

Os dois pedágios no sistema Anchieta-Imigrantes são dos mais caros do Brasil (R$ 27,40) e mesmo assim milhões de usuários são obrigados a passar por eles, por falta de alternativas; além disso, a administração não faz o suficiente para melhorar a segurança nas estradas por ela controladas; na Imigrantes e na Anchieta, é comum ver ciclistas na contramão e bandidos que atacam os motoristas e outros usuários, por meio de assaltos a mão armada, arrastões e outros delitos. 

Este episódio também atinge os governos paulistas entre 1998 e 2015. Mário Covas já é falecido, quando o esquema de corrupção começou, mas os outros dois (Geraldo Alckmin e José Serra) terão mais problemas jurídicos para resolverem. 

O Ministério Público investigava a Ecovias desde 2018, quando ela fez acordo parecido com o governo do Paraná. 

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Boris Johnson corre perigo. E aqui no Brasil...

A epidemia de COVID-19 consegue atacar um dos homens mais poderosos do planeta, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson. Diagnosticado com a doença em março, seu estado de saúde piorou e inspira cuidados intensivos. 

Boris Johnson foi internado em estado grave com COVID-19 (Eddie Mulholland/Pool/Reuters)

Todos os países sérios, inclusive os Estados Unidos, grandes aliados dos britânicos ainda mais considerando a grande compatibilidade de pensamentos, e até de condutas, entre Johnson e Trump, estão notando que o perigo é real. Enquanto isso, por aqui governo, redes sociais e imprensa causam ruído e tornam o combate à pandemia mais difícil, devido às desavenças entre Jair Bolsonaro e seu ministro da Saúde, Luís Henrique Mandetta. 

Governadores e prefeitos tentam, ao seu modo, fazer melhor do que Bolsonaro para combater a pandemia. João Dória Jr., desafeto-mor do presidente, prorrogou a quarentena para durar até 22 de abril. Não se pode desprezar os efeitos da pandemia e do abalo na economia sobre a população, impedida de levar uma vida normal. Enquanto isso, morreram 553 pessoas, e ainda vão morrer mais, principalmente se houver colapso no sistema de saúde (sem o distanciamento social, já haveria essa pane).

Estes números, apesar de alarmantes, são menores do que os da Inglaterra, onde só hoje 403 pereceram (não computadas as vítimas na Escócia, no País de Gales e na Irlanda do Norte). Espera-se que Boris Johnson não seja mais um a engrossar essa estatística macabra.

Da série "Notícias para encher página de portal da Web", parte 1

Para não encher os sites de notícias da Internet somente com as mortes pela COVID-19, procuram diversificar com outras reportagens, mas boa parte delas são verdadeiras bizarrices, parte da yellow press mesmo. 

Qual é a utilidade de falar sobre um ato de zoofilia entre uma mulher e um golfinho? Ainda mais porque essa "notícia" nem é nova: é da década de 1960, quando houve um experimento pseudocientífico para ensinar os simpáticos cetáceos a falarem inglês; a tentativa foi um fracasso e degenerou na estranha relação. Em 2014, o portal Terra já escreveu sobre isso (leia AQUI). Agora mais sites reviveram esta história. 

E ainda abusam da exploração de desgraças, como os cadáveres insepultos no Equador, para satisfazer os ávidos por carniça à maneira do pior "jornalismo marrom"; e eles também não cansam de falar das intrigas no BBB ou de futilidades envolvendo famosos fazendo algo (ou deixando de fazer) na quarentena (imprensa rosa). Este blog já definiu esse tipo de abordagem como um "sorvete napolitano" de más condutas jornalísticas. 

A grande mídia da Internet está cheia dessas porcarias desinformantes mas infelizmente com apelo para atrair quem gosta de gastar tempo. Em tempos normais, isso já é irritante, e agora com a atual pandemia, chega a lembrar novamente uma frase do saudoso Millor: 

O homem é um macaco que não deu certo!

Pelo menos os macacos, salvo alguma evidência científica, não morrem de COVID-19...


N. do A.: Falta maior destaque para as ações positivas contra o coronavírus. Uma delas, e boa parte da imprensa critica, é a decisão do governo de isentar impostos para a vitamina D, um nutriente fundamental para as pessoas trancadas dentro de suas casas, que acabam privadas do sol (sim, o governo é capaz de tomar boas medidas, apesar do burburinho provocado por alguns aliados "cientofóbicos" do presidente e pela mídia a respeito de uma suposta demissão do ministro da Saúde...). Outras ações positivas são doações dos famosos, atuações das empresas para fabricar mais álcool gel, máscaras e produtos de higiene, e pesquisas de vários países para descobrirem curas e tratamentos para esta praga, desde a questionada cloroquina até métodos avaliados em laboratórios americanos, franceses, israelenses e brasileiros. Este blog vai tratar disso melhor em breve. 

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Globo sem novelas!



O que muitos julgaram improvável aconteceu: a Globo não vai transmitir novela inédita alguma a partir da semana que vem!

Com o término abrupto de mais uma insuportável temporada de Malhação, a "Vênus Plastificada" (ainda a chamam de "Platinada", mas o logotipo já perdeu o brilho metálico platinado em 2014 e ficou com aspecto de plástico, como já foi dito neste blog) vai se dedicar (ainda) mais à pandemia de COVID-19, aproveitando sempre para espezinhar o presidente Jair Bolsonaro com as críticas vindas de jornalistas e convidados, vistas como justas por alguns e oportunistas por outros.

Para muitos brasileiros, não faz diferença: as tramas já há algum tempo não tem repercussão, consideradas forçadas, sem imaginação nem criatividade. Desde os tempos áureos a emissora era acusada de imbecilizar o povo e expor cenas como sexo explícito, homossexualidade, estupro, violência, corrupção e o triunfo dos vilões (muitas vezes ricos e impunes no final), e isso não mudou. Agora, com a pandemia, foi obrigada a parar tudo, pois as novelas exigem intensa interação entre os atores, expondo-os à contaminação, e consomem muito dinheiro para serem feitas. As finanças da outrora poderosa emissora carioca não são as mesmas de antes. 

Novela, agora, só reprise. Novo Mundo, de 2017, no horário das seis, para dar lugar, posteriormente (quando?) à continuação desta trama, Nos Tempos do Imperador. Totalmente Demais, de 2015, no horário das sete. Fina Estampa, exibida já no longínquo 2011, ocupa o lugar de Amor de Mãe no horário das nove. 

A Globo ainda exibe outras atrações de gosto duvidoso mas rentáveis, como o Big Brother Brasil 20, e seu pessoal já está pensando em como substituir essa atração sem recorrer ao futebol, outro carro-chefe da emissora, atualmente interrompido por causa do coronavírus. 



N. do A.: A Globo faz questão de mostrar e incentivar os "panelaços" contra Bolsonaro, acusado de não colaborar para tranquilizar a população nesta pandemia de COVID-19. O recurso, se mostra a revolta da população contra a falta de senso de estadista do presidente, está mais incomodando os ouvidos dos idosos e dos animais de estimação do que qualquer outra coisa. 

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Orgulho e vergonha, nacional e internacional

Temos aqui mais uma postagem sobre quem merece ser apontado como "orgulho nacional". Como estamos em época de pandemia, devemos considerar os esforços dos profissionais da saúde, que arriscam suas vidas para salvar os outros. Muitos deles estão contraindo o coronavírus por conta dessa luta. Um deles é o infectologista David Uip, coordenador do combate à pandemia em São Paulo. Ele está fazendo um bom trabalho, embora no momento esteja sofrendo da doença. Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde, é o grande coordenador dessa campanha contra o vírus, mas ele é hors concours, por ser alta autoridade federal.

O selo se estende aos outros profissionais de saúde que enfrentam o coronavírus

Por outro lado, a "vergonha nacional" vai para alguém que está mais atrapalhando do que ajudando o presidente Jair Bolsonaro no governo. Ele é apontado como chefe de um grupo influente, apelidado, pela imprensa, de "gabinete do ódio". Carlos Bolsonaro, o "02", não foi selado antes, ao contrário dos irmãos. Agora ele já tem um selo para chamar de seu, mas deve se consolar pelo fato do ex-presidente Lula, que se aproveita politicamente da situação para posar de estadista ser hors concours, como todos aqueles que já ocuparam a cadeira do Planalto.

Eu tenho o selo que nem os meus irmãos! Morra de inveja, Luladrão, porque você não merece selo nenhum! Merece é apodrecer na cadeia!
O vereador pelo Rio de Janeiro é mais um dos seguidores do polemista Olavo de Carvalho, autor de "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota". O livro possui conteúdo relevante por desmistificar muitas ideias defendidas pela inteligentsia brasileira, particularmente aqueles devotos de Marx e Che Guevara, mas poucos dos seguidores de Olavo parecem realmente ter lido este livro. Ou parecem não compreendê-lo bem, e se guiam mais pelas idiossincrasias e contradições do "mestre", conhecido por sua incoerência, vaidade e misantropia mal disfarçada. Muitos deles, pejorativamente chamados de "olavetes", parecem membros de uma seita, apresentando o pior tipo de idiotia: aquela daqueles que se julgam mais inteligentes que outros, mas incapazes de se comportar como gente normal. É o caso do ex-secretário nacional da Cultura, Roberto Alvim, um tipo "degenerado" de olavista por ter imitado Goebbels, o chefe nazista (os nazistas, vergonha mundial ad aeternum, são "de esquerda", segundo a maioria dos defensores de Olavo). Olavistas mais ortodoxos, daqueles que não querem nem saber de ler o Mein Kampf do "esquerdista" Adolf Hitler, são alguns membros do governo, como Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, e Abraham Weintraub, da Educação.

Um olavete quando encontra um não-olavete
Este blog ia tentar colocar algo semelhante ao selo da "Vergonha Mundial", chamado "Orgulho Mundial", mas isso soaria algo forçado, pois o mundo não pode se orgulhar de nada vindo do Brasil e nem de qualquer outro lugar habitado (nem dos Estados Unidos, China, Alemanha, Japão, Suíça, Arábia Saudita, Irã, Coréia do Norte, Namíbia...). No lugar de "Orgulho", este blog vai usar o termo "Relevância", sobre pessoas ou inventos criados aqui. É o caso do Inspire, projeto feito pela Escola Politécnica da USP, para baratear enormemente os custos dos ventiladores de emergência para facilitar a respiração de vítimas de doenças respiratórias, como a COVID-19. O Inspire inaugura, assim, o novo selo "Relevância Mundial".

O ventilador mecânico Inspire poderá salvar muitas vidas nos hospitais

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Cuidado com estas frases!

1. É uma gripezinha!

2. Não estou politizando a pandemia (sendo um político)!

3. O povo pode se imunizar pegando o coronavírus!

4. A renúncia ou o impeachment de Bolsonaro vão resolver o problema!

5. A economia só volta ao normal com o fim imediato da quarentena!

6. A economia volta ao normal depois que a pandemia passar!

7. O grande culpado pela pandemia é o povo chinês (não só aqueles que comem pangolins)!

8. A expansão do vírus é culpa do capitalismo!

9. Os infectologistas não sabem de nada sobre a COVID-19!

10. O Bolsonaro é o maior mentiroso do Brasil (mas tem o Lula, a "alma mais inocente"...)!

11. Devemos confiar nas redes sociais!

12. Devemos confiar na grande mídia!

13. O vírus foi fabricado pelos Illuminati (ou pela Nova Ordem Mundial)!

14. A vacina vai erradicar a pandemia!

15. A cloroquina vai nos salvar da pandemia!

Estas frases lembram o dia de hoje.