terça-feira, 29 de setembro de 2009

E a corrupção? E o Sarney? E as enchentes?

Estão falando demais das fanfarronices do Manuel Zelaya na embaixada brasileira em Honduras, e do seu inimigo mortal, o presidente golpista daquela 'república bananera'. E muito destaque também para a candidatura do Rio de Janeiro às Olimpíadas de 2016, como se sediar uma olimpíada só trouxesse vantagens (e os gastos imensos para bancar as obras, provavelmente superfaturados?).

Não se fala mais da corrupção, este cupim que corrói o Brasil. Fala-se tão pouco dos atos secretos, que estão aos poucos sendo validados, inclusive a contratação de funcionários 'fantasmas'. E o Sarney? Resolveram poupá-lo para falar do outro bigodudo...

Espaço relativamente modesto, também, para as enchentes que trouxeram prejuízos e mortes ao Sul do Brasil. Setembro foi um mês desastroso para Santa Catarina, e quase ninguém recebeu a devida compensação pelos estragos causados pelo desequilíbrio do tempo. Não há como se iludir. Desse jeito, pouquíssima gente vai conseguir ajuda para se reerguer.

O Lula quer fazer bonito para os líderes estrangeiros. Mas para os brasileiros...

sábado, 26 de setembro de 2009

Horroróscopo

Nunca confiei em horóscopo e acho tudo aquilo um besteirol sem sentido. Não se pode negar, contudo, a influência da astrologia sobre as pessoas, desde o tempo em que o Homo sapiens abandonou as cavernas. Já vão séculos e séculos de crenças na influência dos astros, do Sol, da Lua, dos planetas, sobre nossos semelhantes.

Tenho aqui uma versão do horóscopo que talvez não seja tão hilariante como o original, mas pode divertir o leitor. Aqui vai:

Áries: você tem um dom especial para tomar decisões e sabe tomar iniciativas; use-as com sabedoria, porque atitudes impensadas podem resultar em desastres incalculáveis; risco de ferir ou prejudicar seriamente alguém, ou de haver grande rombo em seu orçamento, do qual você talvez leve sua vida inteira para tentar pagar; portanto, não use sua cachola só para dar cabeçadas, como se fosse uma ovelha bêbada.

Touro: sua tendência à preguiça e à teimosia pode prejudicá-lo a ponto de seu cônjuge o(a) julgar um indolente imprestável que não sai do sofá nem para comer; portanto, recomenda-se mudar seu comportamento se não quiser ser abandonado(a) pela(o) sua(eu) parceira(0), ou então ser considerado(a) o(a) corno(a) por toda a vizinhança e fazer jus ao animal que representa seu signo.

Gêmeos: os nativos de gêmeos devem utilizar sua inteligência para coisas boas, e não para prejudicar o seu semelhante; para aqueles que desvirtuam-se, devem tomar cuidado para não se deixarem capturar pela polícia (a não ser que tenham bons advogados), pois do contrário terão seus orifícios anais ampliados pelos companheiros de cela (e o risco de gostar e se tornar um prostituto no futuro poderá ser grande).

Câncer: dia propício para fazer novas amizades e sair à noite; deve tomar apenas algumas precauções com a bebida, pois isso irá potencializar sua sensibilidade e tendência à chorar por motivos fúteis; se for convidado a beber, faça isso com moderação, para não chorar feito um bebê birrento, dizer mais asneiras que políticos em época de eleição, dançar como se fosse uma macaca no cio e ser considerado chato e inconveniente; tomados esses cuidados, divirta-se.

Leão: época propícia aos negócios e à formação de alianças e networkings; deve, porém, tomar cuidado com a violência, pois os riscos de ser roubado ou sequestrado não devem ser menosprezados; caso isso acontecer, deve manter o controle, ou seus parentes e amigos nunca mais o verão vivo, ou melhor, nunca mais verão sequer o seu cadáver; de qualquer modo, os leoninos devem sempre cuidar das finanças para garantir a carne de cada dia.

Virgem: dias propícios para o amor e para os relacionamentos a dois; recomenda-se não ser muito pudico(a) como se fosse uma donzela insegura, ou vai ficar com fama de bundão(ona) e ser ridicularizado(a) pela(o) parceira(o) e pelo(a)s amigo(a)s dela(e); também não é recomendável ser muito afoito(a) nas relações casuais, para não adquirir DSTs, ou irá se arrepender pelo resto da vida, principalmente no caso da AIDS; o meio-termo, portanto, é sempre uma atitude sensata.

Libra: as finanças devem ser sempre equilibradas para não haver risco de cair na malha fina do Imposto de Renda ou na lista negra do SPC ou do Serasa; seus credores não serão nada indulgentes se não houver uma negociação de suas dívidas, e poderão denunciá-lo à Justiça e perseguí-lo de forma insistente; o equilíbrio emocional também deve ser cultivado, para evitar atitudes impensadas e a reputação de doidos varridos que precisam de tratamento no hospício.

Escorpião: cuidado com os pensamentos, pois ninguém está interessado em apunhalá-lo pelas costas, envenená-lo, colocar chips em seu cérebro, difamá-lo publicamente, torturá-lo, decapitá-lo ou coisas desse tipo; se estiver com essas más impressões, procure logo um psicanalista; dia propício para exercitar seus dons musicais, mas toque seu instrumento corretamente, para seu vizinho não chamar a polícia ou apunhalá-lo pelas costas (e etc.).

Sagitário: contenha seu otimismo excessivo porque a situação não é tão favorável; fique em casa e faça pequenos reparos, para evitar estragos, como desabamentos na próxima tempestade ou incêndios devido a curtos-circuitos; se isso vier a acontecer, haverá alguma probabilidade, mas não certeza absoluta, de que você ou alguém de sua familia irá sobreviver, mas com certeza passará anos a depender da caridade alheia.

Capricórnio: dia favorável à meditação e às atividades para aliviar o stress; não é recomendável estressar por qualquer motivo, para não perder o controle e agir como um caprino na estação de acasalamento; evite estressar-se no trânsito, para poder chegar vivo e com todos os seus dentes no lugar ao seu local de trabalho ou à sua residência; moderação também nos restaurantes, para evitar distúrbios gástricos como disenterias ou botulismo.

Aquário: os aquarianos devem exercer alguma atividade para entreter as crianças; é fortemente recomendável não maltratá-las ou gritar com elas, ou irá ter sérios problemas com os pais delas ou até com a polícia; tempo muito propício à natação na piscina, mas não na praia, onde poderá haver o risco de contatos com águas vivas ou infecção devido à poluição das águas; não está descartado um ataque de tubarão ou colisão com um jet-ski.

Peixes: devem evitar ambientes nos quais os nativos desse signo se sintam como 'peixes fora d'água'; é fortemente desaconselhável discutir temas polêmicos como religião, futebol ou política, sob risco de terem suas mães ofendidas ou até mesmo traumatismo craniano com cadeiras e garrafas na cabeça; fale de temas mais delicados, mas não exagere para não confundir você com um emo enrustido ou uma bicha louca, e ser mal falado pelo resto de seus dias.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Aprovado!

A agência Moody's elevou o Brasil à categoria 'grau de investimento', e sua nota foi de Baa3, com perspectiva positiva, ou seja, pode haver nova elevação da nota.

Ela foi a última das grandes agências (as outras são a Fitch e a Standard & Poor's) a aumentar a nota do país, a tal ponto de considerá-lo apto para investir. Uma grande notícia! Ainda mais porque o mundo sofreu uma grande crise, e o Brasil foi um dos primeiros a sair dela.

Pena que a corrupção, a lavagem de dinheiro, a miséria, a violência, a roubalheira, tudo isso não melhorou nada.

Por curiosidade, vamos mostrar as notas da Moody's:

C - totalmente especulativo, os investidores sérios devem fugir dela, a não ser que gostem de correr altos riscos.

Ca - muito especulativo, não invista seriamente neste país.

Caa - muito especulativo, porém menos do que os anteriores; é dividido em Caa3, Caa2 e Caa1, do mais para o menos arriscado.

B - alto risco de crédito, mas com alguma esperança de retorno; é dividido em B3 (ex.: Argentina), B2 e B1.

Ba - considerável risco de crédito ou presença significativa de capital especulativo; é dividido em Ba3, Ba2 e Ba1.

Baa - é o grau mais baixo de investimento; apesar de haver muita especulação, risco moderado no crédito e algum risco de insolvência, os países em questão podem saldar seus compromissos sem grandes dificuldades; é dividido em Baa3 (ex.: Brasil e Índia), Baa2 e Baa1 (ex.: México).

A - o país é considerado de risco baixo, apesar do risco de se fragilizar durante crises mais severas; é dividido em A3, A2 e A1.

Aa - o risco é muito baixo, mas existe, principalmente em cenários de crise; é dividido em Aa3, Aa2 e Aa1.

Aaa - o risco de insolvência é insignificante a longo prazo; é a nota mais alta, atingida pelos EUA (ainda).

Os dados da Moody's (www.moodys.com) só são acessíveis a quem trabalha no setor econômico ou para quem preenche o cadastro com vários dados obrigatórios, por questão de segurança na informação. Ou seja, os xeretas não são bem vindos.



Referências:





Novelão latino-americano

Nada de Viver a Vida e nem outra novela de ficção no Brasil ou na América Latina. Mais interessante, para muitos, é a história do presidente deposto de Honduras Manuel Zelaya.

Agora ele protagonizou mais uma cena de impacto: sua volta a Honduras, e pela embaixada brasileira em Tegucigalpa, a capital do país.

O Brasil não esconde a sua luta para reconduzir Zelaya ao poder. Afinal, ele foi eleito democraticamente em 2006. Os que os depuseram, portanto, estão à frente de um governo ilegítimo, o que é intolerável.

Isso não quer dizer que dá para tolerar as atitudes de Zelaya ou da embaixada brasileira. O ex-presidente não se abrigou como asilado político, e sim para dar continuidade à sua luta para retomar o poder, usando a embaixada brasileira, que é território estrangeiro em Honduras. O serviço diplomático brasileiro está obviamente interferindo em assuntos externos ao abrigar Zelaya, o que é proibido.

Por conta disso o governo Micheletti, no seu peculiar 'apego' à democracia, cercou a embaixada brasileira com policiais e gente do Exército, podendo até invadí-la, o que é um ato de agressão contra o Brasil (apesar das garantias - mais aparentes do que reais - de que não vão fazer isso). Micheletti quer entregar Zelaya à Justiça, pois ele foi acusado de violar a Constituição e querer implantar um regime chavista.

Existem atitudes mais sensatas e menos novelescas para resolver a questão do golpe em Honduras, como negociações entre as partes envolvidas, que já foram tentadas antes. Enquanto isso, a situação ainda não chegou a um clímax. Aguardemos os próximos capítulos.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Nêmesis

Nos horários de pico, que estão a cada ano mais e mais extensos, boa parte da cidade de São Paulo vira um atoleiro para milhões de carros.

Motoristas saem ao mesmo tempo para vias sem as mínimas condições de sustentar seus veículos. Quando não são os buracos, são os semáforos mal programados e muitas vezes em número excessivo. Carros, caminhões e ônibus em número excessivo, muitos deles sem condições de rodar, e seus condutores também na mesma situação: sem preparo para dirigir, muitas vezes estressados, alcoolizados, drogados. Sem falar na insuficiência de avenidas de grande capacidade e, é claro, a falta de um transporte público adequado.

É inútil e ilusório acreditar que isso vai se resolver em quatro ou oito anos. Qual nada! As eleições de 2010 e 2012 estão próximas, e na certa alguém vai prometer resolver a questão do trânsito ou anunciar fórmulas mágicas para desafogar o trânsito. Se alguém deseja vender a outra pessoa um terreno na Lua, essa pessoa iria comprar (seria tão otária a ponto de fazer isso?)? Pois é mais ou menos por aí.

Não existem soluções mágicas: construir novas avenidas exige desapropriações; colocar semáforos inteligentes significa substituir os já existentes; o metrô exige planejamento cuidadoso; motoristas precisam ser melhor preparados; carros precisam de manutenção; ruas esburacadas pedem interdição destas para voltarem a ter condições de uso. E tudo isso requer duas coisas fundamentais que são desperdiçadas como se não fossem tão escassas: tempo e dinheiro.

Profetas do apocalipse já pregam 500 km de lentidão no trânsito, o que seria o pesadelo supremo da cidade e faria a alegria de assaltantes, postos de combustível, refinarias de petróleo, plantadores de cana (muitos deles devastadores de matas nativas e empregadores de trabalho escravo) e demagogos. 500 km parece ainda catastrofista, mas não quer dizer que isso não vá acontecer de fato. E se isso acontecer, haverá muito choro e ranger de dentes até resolver os problemas do trânsito. Isso se São Paulo existir até isso acontecer.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sobre a educação financeira

Tenho lido muito sobre a educação financeira e seus benefícios. Creio que são de valiosa ajuda para a melhoria da qualidade de vida e na devida valorização do dinheiro, que não pode ser tratado nem como deus, nem como demônio, e sim como um instrumento para facilitar a vida.

Para quem está interessado, pode-se consultar o site da Cássia D'Aquino (http://www.educfinanceira.com.br) e do Gustavo Cerbasi (http://www.maisdinheiro.com.br), que tentam desmistificar o 'vil metal'. Estão escritos em linguagem simples, sem o rebuscado 'economês'.
Infelizmente, não será fácil para a maioria dos brasileiros ter acesso a estas dicas, pois eles não tem acesso nem a uma educação básica decente, quanto mais a educação financeira. E nem conseguem se alimentar ou se vestir direito, quanto mais gastar dinheiro para comprar um computador e navegar na Internet...


P.S.: Agradeço profundamente o comentário da Cássia d'Aquino e faço a correção: o endereço é

www.educacaofinanceira.com.br

A saída está mesmo debaixo da terra!


Não! Não estou falando de se enterrar ou se enfiar num cemitério!

Estou me referindo ao metrô, o único transporte coletivo realmente eficiente.

Está certo que é caro de se construir e sujeito aos velhos problemas (superfaturamento, politicagem...) mas o fato é que São Paulo precisa ter muito mais metrô!

São apenas 61,3 km de linhas e 55 estações, enquanto a cidade do México, que nem é tão populosa quanto São Paulo, tem 177 estações (para não citar o manjado exemplo de Londres).

Os governos atuais da cidade e do Estado de São Paulo estão no rumo certo, embora não no ritmo desejado, ao priorizar o metrô. Nos próximos meses, teremos as primeiras estações da linha 4 (amarela), que finalmente vai estar pronta para atender principalmente a Zona Oeste da capital paulista. Nos próximos anos, teremos o prolongamento das linhas 2 (verde) e 5 (lilás), assim como a construção de novas linhas, como a 6 (laranja), que vai ligar a Brasilândia até a Liberdade, passando pela Freguesia do Ó e pela região da PUC, sem falar na transformação efetiva dos trens de subúrbio (ainda um sistema precaríssimo) em metrô de superfície. Mas ainda é pouco. Lugares da capital como a USP, o Ipiranga (o metrô só passa no Alto do Ipiranga, mas não na parte mais importante do bairro), a Casa Verde e a Vila Maria ainda ressentem-se da falta deste meio de transporte.

Uma esperança é o chamado projeto PITU (http://www.pitu.stm.sp.gov.br/index2.html), que ficou para 2025. Mas pelo jeito acenam com novo adiamento... e, enquanto isso, o paulistano ainda vai sofrer com ônibus lotados e trânsito cada vez pior devido ao excesso de automóveis (também devido à malha viária cheia de problemas, mas isso é assunto para outro post).

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Falando nele...

... onde foi parar o barbudo?










Oito anos se passaram...

... e ainda não pegaram os responsáveis pelo maior atentado terrorista da História!

Osama bin Laden é um dos poucos que deve estar comemorando de verdade essa data. Os que deploram o terrorismo, mesmo detestando a arrogância dos norte-americanos, lembram com pesar um acontecimento que parece ter acontecido 'nestes dias'...

No Brasil, onde nunca houve (strictu sensu) um ato terrorista (os atos do PCC e os recentes atentados em Salvador são atos de banditismo, e não atos com conotação política ou ideológica como o terrorismo), o problema do terror não é levado tão a sério quanto nos países onde ele está presente. Por aqui, há maior preocupação com o destino da Maya da novela Caminho das Índias, que vai terminar agora.

Mas o terror, seja ele provocado por um barbudo de turbante ou não, deve ser sempre condenado. Quem defende a democracia e a liberdade, deve dizer não a esses lunáticos!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Aniversário duplo

Hoje minha irmã e meu sobrinho, filho dela, fazem aniversário.

Curiosamente, em 1999, ela foi ter o bebê no mesmo dia em que completou 21 anos. Um grande presente de aniversário!

Agora o meu sobrinho faz 10 anos. E fez até um blog, pouco antes de mim (blogmaniaroger.blogspot.com). Aliás, foi ele que me estimulou a entrar na blogosfera. Só que não esperem ver coisas muito atuais no espaço dele (ele não posta faz quase um mês). Além disso, é para fãs de anime (incrível como tem criança da idade dele que gosta de Naruto e Dragon Ball...).

Vida longa aos aniversariantes!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O governo de D. Pedro I e seus aspectos positivos para o Brasil

D. Pedro I não é um bom exemplo de como governar o Brasil, pois como já expus aqui seu governo foi cercado de parasitas portugueses, em detrimento de homens mais preparados como os irmãos Andrada. Era impetuoso como a sua mãe, a infame rainha Carlota Joaquina. E de fato estava muito mais interessado em se libertar das Cortes portuguesas, que na época tinham mais poder do que o seu pai, o rei de Portugal D. João VI, do que libertar o Brasil. Mas o responsável pela Independência do Brasil (como diz a história oficial) tinha aspectos positivos.

O principe português que viria a ser imperador tinha um fascínio sincero pelo Brasil. Desprezava a escravidão e detestava a indolência. Gostava de fazer trabalhos manuais, como ferrar cavalos, ao contrário da maioria da nobreza e da família real portuguesas. Sabia das limitações da sua educação e do seu poder, e por isso se por um lado o impediu de avançar na questão escravista, mantida pela aristocracia rural brasileira, também se viu proibido de governar sem uma Constituição.

Apesar da tal Constituição ter sido imposta goela abaixo por sua Majestade Imperial, ela garantiu certas garantias aos brasileiros, por garantir certa liberdade de culto e outros direitos que só haviam nos Estados Unidos e em outras poucas democracias da época, como o habeas corpus e a liberdade de imprensa. Ou seja, seu governo tinha muita coisa de autoritário, mas não era exatamente uma ditadura, ao contrário da maioria dos países europeus de seu tempo.

O Imperador tinha a convicção que precisava agir para não transformar o Brasil num amontoado de republiquetas. E ele contribuiu para isso, ao reprimir energicamente a Confederação do Equador, que queria transformar os Estados nordestinos numa República democrática, mas pecava na falta de força política e econômica (o que fatalmente iria degenerar em uma republiqueta, apesar dos elevados ideais de seus participantes, como Frei Caneca e Cipriano Barata). É verdade que fracassou vergonhosamente em manter a província Cisplatina, que viria a se tornar o Uruguai, mas isso só reforçou a idéia de um Brasil grande e unido.

Outros aspectos do imperador parecem não ser relevantes, como o de gostar de música, sobretudo do piano, um instrumento pouco apreciado pela arcaica aristocracia portuguesa da qual saiu. Mas desse gosto pela música saiu o Hino da Independência, considerado por muitos mais belo do que o próprio Hino Nacional.

Enfim, este foi o perfil do 'proclamador da Independência do Brasil'...

187 (?) anos de Brasil soberano

Na história oficial, o 7 de setembro de 1822 marcou o começo do Brasil como um país independente. Mas como tudo que é oficial, há apenas uma parte da verdade.

O 'Grito do Ipiranga' foi feito por um príncipe português que estava mais interessado em não se submeter às Cortes constitucionais de Portugal do que em propriamente libertar o Brasil. Nada de um imponente cavalo, como naquele fantasioso quadro do Pedro Américo, mas uma humilde e forte mula. E ele não leu as cartas de José Bonifácio, apenas ouviu um de seus companheiros lê-las.

O Brasil na prática já não acatava ordens de Portugal. Desde 1808, era Portugal que passou a obedecer ordens do Brasil, já que a família real - o príncipe regente D. João, a rainha D. Maria (a louca) e os filhos do regente, D. Pedro inclusive - esteve no Rio de Janeiro. A maior dependência do Brasil era com a Inglaterra.

E só houve um governo autenticamente brasileiro após 1831, já que D. Pedro I estava cercado de parasitas, aliás, cortesãos portugueses, que eram sempre os mais privilegiados no governo. Desde antes dele existia muita gente assim mamando no Erário Público, portanto esse mau costume que se vê em Brasília é secular. No dia 7 de abril de 1831, D. Pedro I e os portugueses não naturalizados que faziam parte de seu governo foram praticamente banidos do Brasil, após uma administração marcada por corrupção e autoritarismo.

Isso tudo os historiadores estão cansados de saber. Mas muita gente ainda não sabe.

Isso não quer dizer que é uma tolice ir aos desfiles do 7 de setembro, para comemorar uma data simbólica (até a data do Natal, nascimento do Mestre, é simbólica) e ver militares e gente vestida como os Dragões da Independência. Apenas não é muito sensato ficar acreditando que D. Pedro foi um super-heroi da pátria enviado por Deus para gritar Independência ou Morte e, num passe de mágica desses, o Brasil já ter se libertado de Portugal.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Ecologia não é só mato

Muita gente ainda acha que ecologia é o mesmo que se preocupar só com as matas e com os animais (e mesmo entre os que se dizem ecologistas só falam de certos tipos de animais, como os golfinhos, as baleias e os pandas).

Ecologia é muito mais do que isso. É o uso racional e sustentável dos recursos naturais. É preocupar-se com as condições de vida do nosso planeta, inclusive da nossa espécie. Assim, tanto o aquecimento global quanto a poluição dos rios e do ar são preocupações ecológicas, passando pela reciclagem de materiais e outros meios de aproveitar melhor os recursos. Preocupar-se com a saúde dos nossos filhos, assegurando que eles possam ter uma qualidade de vida adequada, protegidos das doenças causadas pela poluição, isto também é um pensamento ecologicamente correto.

Um dos problemas mais sérios enfrentados pelas populações, e cada vez mais divulgada, é a questão do lixo tecnológico, provocado pelo descarte de baterias e pilhas, computadores e celulares usados, processos industriais inadequados. As pessoas estão cada vez mais preocupadas com os metais pesados liberados por milhões de pilhas jogadas em aterros, quando é possível reaproveitá-las para a fabricação de novos produtos. Também há maior preocupação com o que se descarta na produção de um computador. Chips precisam usar toneladas de água de altíssima pureza para sua fabricação. Uma simples solda contém chumbo em sua composição, o que motivou várias empresas a pesquisarem sobre ligas metálicas facilmente fusiveis e isentas de chumbo, as chamadas soldas lead free.

Para maiores informações, existe um blog chamado lixoeletronico.org, que aborda vários assuntos ligados à tecnologia ambientalmente sustentável.

Corrigindo o post anterior

Estou cometendo uma injustiça ao dizer que só a Venezuela, a Colômbia, o Equador, a Bolívia e nosso mui amado país andam em descompasso com a democracia. Uma injustiça crassa, ao esquecer os países da América Central e do Caribe, principalmente:
- Cuba: Fidel Castro saiu do poder para não mais voltar, mas seu irmão Raul ocupou o lugar dele e não pretende sair tão cedo, apesar das promessas de maior liberalização do regime; eleições democráticas não passam de meros rumores por lá, e a falta de transparência é tão grande que os dados sobre presos políticos e sobre a violência oficial por lá não são confiáveis.
- Haiti: não pode ser considerado um país, aliás, nenhum país que se preze convive com ditaduras, genocídios ou guerras civis; formalmente, o Haiti é uma democracia, mas lá existem genocídios e guerra civil; a falta de alimentos e de condições de vida são tais que o voto é a última das prioridades por lá; além disso, está sob intervenção da ONU, ou seja, não pode nem ser considerado independente.
- Honduras: não podemos esquecer o caso de Honduras; sob o pretexto de que Manuel Zelaya esteja querendo mexer na Constituição, o que realmente é condenável, golpistas ligados à elite do país organizaram um movimento para derrubá-lo; logicamente, este governo ilegítimo não consegue ser reconhecido nem pelos EUA, que tradicionalmente apoiavam golpistas na América Latina; ou seja, um golpe para tentar justificar outro golpe.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A democracia em perigo na América Latina

A democracia nunca foi uma tradição na América Latina. Abusos dos direitos humanos, abuso de poder, miséria, marginalização de boa parte da população, nada disso casa com um país livre e justo. E não é só na Venezuela, onde o caudilho Hugo Chávez está cada vez próximo de um tirano, onde a democracia vem perigosamente a ser desafiada.

Equador e Bolívia: os dois países são governados por lacaios do ditador da Venezuela e atacam sistematicamente as suas Constituições, ao quererem se reeleger indefinidamente, algo já feito na Venezuela e em certas 'democracias' da África.

Colômbia: sob o pretexto de lutar contra o narcotráfico e a guerrilha, que devastam o país e ameaçam a segurança na região, o presidente Álvaro Uribe quer impor uma eleição onde ele possa concorrer. Isso não seria condenável se ele já não estivesse, agora, num segundo mandato. Um terceiro mandato pode não ser algo parecido com o que Chávez faz na Venezuela, mas é um risco muito alto para a democracia colombiana.

Brasil: a ameaça à democracia tem menos a ver com ideologias políticas e mais pelo medo indisfarçado, quase uma fobia, que os politicos e o governo têm em relação à opinião pública e à imprensa; agora querem restringir a cobertura jornalística na Internet, proibindo as manifestações e opiniões políticas em blogs e sites de notícias.

A América Latina precisa se ajustar à democracia, e não o contrário. Não se pode tolerar mais republiquetas, agora que conceitos como liberdade de expressão, voto popular e igualdade de todos perante a lei já tenham quase 300 anos.