quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Nêmesis

Nos horários de pico, que estão a cada ano mais e mais extensos, boa parte da cidade de São Paulo vira um atoleiro para milhões de carros.

Motoristas saem ao mesmo tempo para vias sem as mínimas condições de sustentar seus veículos. Quando não são os buracos, são os semáforos mal programados e muitas vezes em número excessivo. Carros, caminhões e ônibus em número excessivo, muitos deles sem condições de rodar, e seus condutores também na mesma situação: sem preparo para dirigir, muitas vezes estressados, alcoolizados, drogados. Sem falar na insuficiência de avenidas de grande capacidade e, é claro, a falta de um transporte público adequado.

É inútil e ilusório acreditar que isso vai se resolver em quatro ou oito anos. Qual nada! As eleições de 2010 e 2012 estão próximas, e na certa alguém vai prometer resolver a questão do trânsito ou anunciar fórmulas mágicas para desafogar o trânsito. Se alguém deseja vender a outra pessoa um terreno na Lua, essa pessoa iria comprar (seria tão otária a ponto de fazer isso?)? Pois é mais ou menos por aí.

Não existem soluções mágicas: construir novas avenidas exige desapropriações; colocar semáforos inteligentes significa substituir os já existentes; o metrô exige planejamento cuidadoso; motoristas precisam ser melhor preparados; carros precisam de manutenção; ruas esburacadas pedem interdição destas para voltarem a ter condições de uso. E tudo isso requer duas coisas fundamentais que são desperdiçadas como se não fossem tão escassas: tempo e dinheiro.

Profetas do apocalipse já pregam 500 km de lentidão no trânsito, o que seria o pesadelo supremo da cidade e faria a alegria de assaltantes, postos de combustível, refinarias de petróleo, plantadores de cana (muitos deles devastadores de matas nativas e empregadores de trabalho escravo) e demagogos. 500 km parece ainda catastrofista, mas não quer dizer que isso não vá acontecer de fato. E se isso acontecer, haverá muito choro e ranger de dentes até resolver os problemas do trânsito. Isso se São Paulo existir até isso acontecer.

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