sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Marco Aurélio às vésperas do Carnaval

Em decisão tomada hoje, o ministro do STF Marco Aurélio Mello atendeu a um pedido de habeas corpus do ex-goleiro Bruno e ele foi solto após seis anos preso, por matar e sumir com o corpo da namorada Eliza Samudio. 

Na avaliação do ministro, o ex-jogador do Flamengo ainda cumpria prisão preventiva e aguardava decisão em segunda instância. Por outro lado, ele já foi condenado, em primeira instância, a 22 anos de prisão em regime fechado, mas segundo a defesa de Bruno, o fato da instância superior ainda não se pronunciar, após seis (!) anos desde a ocorrência do crime, indica que a pena não está em execução. Além disso, Marco Aurélio considerou o ex-goleiro como réu primário e com bons antecedentes, apesar de um crime cometido por ele ser típico de psicopatas. 

O crime chocou o Brasil inteiro, e agora o ilustre ministro, com esta decisão às vésperas do Carnaval oficial (embora no Nordeste e no Rio de Janeiro a folia já esteja correndo solta), também estarreceu boa parte da opinião pública do país todo. 

Muitos devem estar se sentindo um bando de pierrôs, os "palhaços" tristes vítimas das maldades dos outros. Apesar da fundamentação jurídica, pois um membro do Judiciário precisa decidir com base na legislação vigente e não no clamor popular, a decisão causou amargura, raiva e decepção, incompatíveis com o clima de Carnaval, ou provocou a vontade de ver máscaras do ministro e do ex-goleiro junto com as de Romero Jucá, Renan Calheiros, Lula, Coringa, Darth Vader, bruxa, vampiro e zumbi. 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Da série 'Noventolatria, parte 4 - Músicas-chiclete dos trios elétricos

O Carnaval está chegando e isso lembra tanto o samba quanto o axé e outros ritmos. Os anos 90, tão celebrados pelos saudosistas, foram marcados pelos trios elétricos, marca registrada das festas soteropolitanas. Por aqui, selecionei dez músicas típicas daquela época: 

1. Requebra, do Olodum


2. Vai sacudir, vai abalar, da Banda Cheiro de Amor (Universal Music)

3. Cara Caramba, do Chiclete com Banana

4. Xô Satanás, do Asa de Águia


5. Acabou, de Ricardo Chaves (BMG Brasil)

6. O Pinto, do Raça Pura (Sony Music)

7. Milla, do Netinho

8. O Canto da Cidade, de Daniela Mercury

9. Vem Meu Amor, da Banda Eva (então com Ivete Sangalo)

10. É o Tchan, do Gera Samba (depois o grupo, como todo mundo com mais de 25 anos sabe, passou a se chamar simplesmente "É o Tchan")


N. do A.: Um assunto em voga hoje faz lembrar outra música, muitíssimo diferente: a ópera cômica de Mozart cantada em alemão chamada "Die Entführung aus dem Serail", também conhecida pelo título em italiano "Il ratto dal serraglio", ou "O Rapto do Serralho". Serraglio é o sobrenome do novo ministro da Justiça, finalmente escolhido por Temer depois de vários dias de impasse. Serraglio, na obra de Mozart, é o mesmo que harém, termo que lembra uma palavra empregada pelo líder do governo no Congresso nesta semana: suruba. Muitos aplicaram esta pérola do vocabulário popular sem se preocupar com o contexto (Jucá comparou o fim do foro privilegiado com a dita-cuja) e acusam este governo de ser uma verdadeira casa de meretrizes políticas. É possível que Osmar Serraglio não contribua para tornar a coisa ainda mais obscena: se ele foi uma escolha política, com forte influência de seu partido, o PMDB de Temer, Renan e Cunha (este último recebeu apoio fiel do então deputado e agora recém-nomeado ministro), pelo menos possui respeitável conhecimento jurídico e não tem seu nome envolvido na Lava Jato (ao menos por enquanto). 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Breves do dia

1. Juros caem de novo, de 13% para 12,25%. É a menor taxa desde janeiro de 2015. Pela intensidade da queda, o BC e o Ministério da Fazenda acenam com otimismo quanto à trajetória da inflação e do crescimento econômico. Os bancos poderão manter a queda de juros nos empréstimos e nas dívidas bancárias, mas de forma bem menos intensa do que a sofrida pela Selic hoje. 

2. José Serra anunciou sua demissão do Ministério das Relações Exteriores, alegando sofrer dores crônicas. Sua atuação acabou com a complacência anterior com os governos vizinhos ditos "bolivarianos", mas o ex-senador manteve a fama de volátil, desde quando ele praticamente abandonou o governo de São Paulo para se candidatar à Presidência da República e disputar a sucessão de Lula com Dilma. 

3. Alexandre de Moraes foi, como antecipado na postagem anterior, aprovado como ministro do STF pelo Senado, por 55 votos a 13, e Temer disse que ele será imparcial. Só as futuras decisões do novo togado irão confirmar isso. Enquanto isso, é bem possível que o nome do novo ministro da Justiça acabe por sair depois do preenchimento do cargo deixado por José Serra. 

4. Na Copa Libertadores, o Botafogo venceu o Olímpia nos pênaltis por 3 a 1 após perder o segundo jogo por 1 a 0, graças ao goleiro Gatito Fernandes. O Atlético-PR venceu fora de casa o Capiatá por 1 a 0. Os dois times, e também o goleiro botafoguense, são paraguaios. É a maior participação de times brasileiros na fase de grupos da Libertadores em todos os tempos. Ainda houve os últimos jogos da Champions League, com vitória dos favoritos: Sevilla contra Leicester City em Sevilha por 2 a 1 (o gol de Vardy manteve viva a chance de classificação do time inglês) e Juventus contra o Porto em Portugal por 2 a 0, graças a uma atuação pífia e expulsão do lateral brasileiro Alex Telles.

5. Ainda no assunto futebol, o Corinthians conseguiu vencer o Palmeiras por 1 a 0 mesmo com um a menos devido a um erro nefasto de arbitragem: o juiz Thiago Duarte Peixoto expulsou Gabriel, ex-Palmeiras, num lance onde ele não participou. E o Palmeiras tinha Felipe Melo e Dudu, que estavam até comportados, e também Keno e Vitor Hugo, que não se comportaram tão bem. Mesmo com um a mais, o alviverde não soube aproveitar e acabou castigado com um gol de Jô, o famigerado reserva de Fred na "Copa da Vergonha", que acabava de entrar bem no final do jogo. 

6. Haverá mesmo segundo turno nas eleições presidenciais do Equador, entre o ex-vice presidente Lenín Moreno, candidato de Rafael Correa, e o oposicionista liberal e "anti-bolivariano" Guillermo Lasso. Eles decidirão o futuro do país, desiludido com a falta de progresso social esperada com um governo auto-intitulado "progressista" como o de Correa, e o destino de Julian Assange, do Wikileaks, refugiado na embaixada do país sul-americano em Londres, acusado de molestar sexualmente uma mulher na Suécia (e também por vazamento ilegal de dados de vários governos, inclusive o dos Estados Unidos). 

7. Metroviários cogitavam uma greve para esta quinta-feira, mas o governo atendeu parte das reivindicações salariais da categoria, e o Metrô irá funcionar novamente. Os trabalhadores denunciam também as 632 vagas não preenchidas, principalmente operadores de transporte ferroviário e agentes de segurança. Houve casos graves de mau funcionamento, provocados por descarrilhamentos de trens, panes devido às chuvas neste verão e até invasões de cães nos trilhos.


N. do A.: Ontem, uma péssima notícia não foi bem digerida por muitos brasileiros, inclusive o autor deste blog: um aumento prometido para este ano de 7,2% em média na conta de luz; a "herança maldita" de Dilma incluiu uma indenização devida às hidrelétricas por causa do reajuste artificial para baixo das tarifas, em uma jogada demagógica da presidente em 2012 para manter a sua então alta popularidade. Por conta disso, já houve um tarifaço em 2015, compensando com sobras a redução de três anos atrás, e ainda há R$ 69 bilhões para serem pagos até 2024 - como o governo não tem esse dinheiro, o prejuízo será pago PELOS CONSUMIDORES! 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Sabatina na CCJ


Alexandre de Moraes, candidato a ocupar a vaga deixada por Teori Zavascki no STF (TV Senado/Divulgação)

Já fazem quase dois anos desde a última, e também rigorosa, sabatina feita pela CCJ do Senado para interrogar um candidato a ministro do STF. Normalmente amenos com os postulantes, os senadores foram um tanto mais duros com Edson Fachin, e também com o sabatinado de agora, o ex-ministro da Justiça Alexandre de Moraes. 

Com respostas firmes, um pouco acima do tom esperado para um ingressante a tão importante emprego, Moraes enfrentou temas diversos, como o PCC (foi acusado de defender, como advogado, a facção criminosa), foro privilegiado (também defende restrições a esta regalia), instâncias (é a favor de condenação em segunda instância), drogas (não respondeu, dizendo que vai tratar do assunto quando for ministro), legislação sobre menores de idade (afirmou que o Estatuto da Criança e do Adolescente precisa ser reformulado para ser mais duro com crimes graves) e a Lava Jato (promete isenção e rigor no tema como revisor, caso for aprovado, e faz ressalvas ao pacote anticorrupção defendido pelos procuradores). Outro assunto espinhoso é a atuação de Moraes na campanha de Aécio Neves, em 2014, lembrada inclusive pelo próprio Aécio quando foi a sua vez de interrogar seu ex-colega de partido.

Houve, por parte dos senadores oposicionistas como Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias (ambos do PT), perguntas incisivas e pedidos para que ele se declare impedido de ser revisor da Lava Jato, mas Moraes declarou que vai assumir essa função. 

Também houve tentativas de adiar o processo, mas o presidente do CCJ, Edison Lobão, rejeitou-as. Não falta quem veja na sabatina um teatro para aprovar um "golpista" (jargão dos adeptos da ex-presidente Dilma, vista como "vítima" do impeachment), com a participação ativa do presidente Temer e de raposas da velha política, como Lobão, Renan Calheiros e seu sucessor na presidência da Câmara Eunício Oliveira. Também houve um abaixo-assinado com 270 mil assinaturas contra o ex-ministro da Justiça na Corte, considerado insuficiente.

No final, apesar da aparente severidade, não será outro o desfecho, e isso muito já estão "carecas de saber": Alexandre de Moraes será o novo ministro do Supremo.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O primeiro mês de governo Trump

Após um mês de governo, Trump mostrou as suas diferenças em relação ao antecessor Barack Obama, mas já começa a enfrentar frustrações. 


Não é fácil governar a grande potência do Ocidente, como Trump está descobrindo (AP)
Nos primeiros dias, ele começou a cumprir as suas promessas de campanha, consideradas extravagantes, liberticidas ou simplesmente inviáveis: quis impedir a entrada de cidadãos de sete países de maioria muçulmana, construir o tal muro na fronteira com o México e "estimular" as empresas a fabricarem em território americano, por meio de sobretaxas em caso de transferir a produção em território estrangeiro. Também retirou os Estados Unidos do Tratado Transpacífico, um dos maiores acordos comerciais dos últimos tempos, e se prepara para extinguir o plano de saúde criado no governo Obama, o "Obamacare". 

Tentou fazer o que quis, mas a Justiça o impediu de colocar o plano anti-imigração em prática e seus correligionários republicanos não gostam nada da maneira excessivamente informal de Trump tratar os seus aliados, como o premiê japonês Shinzo Abe e o canadense Justin Trudeau, com seus cumprimentos "joviais". A imprensa explorou à vontade as declarações dele sobre suposições como um atentado na Suécia causado pela falta de controle na imigração, o que irritou o governo sueco. Muitos políticos e não-políticos também não gostam do jogo dúbio com a Rússia, embora reconheçam certa necessidade dessa tática: o presidente americano vive elogiando o colega russo, mas continua a ameaçar o gigante se não avançar na questão da Criméia, território antes pertencente aos ucranianos. A mesma ambiguidade marca suas relações com a China, acusada de roubar empregos dos americanos e ameaçar a paz na Ásia, mas ainda considerada soberana sobre Taiwan.

Por enquanto, tudo isso gera mais barulho do que propriamente estragos para o resto do mundo. Trump vai acabar se habituando ao modus operandi na Casa Branca, e talvez ele modere suas posições (ou não).

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Mais um modismo das redes sociais

Daqui a um mês ninguém mais vai se lembrar, mas agora está na moda comparar pessoas, animais, plantas ou coisas "raiz" ou "nutella", ou seja, os "autênticos" com os "gourmetizados", a geração do passado e a atual, chamada pejorativamente de "mimimi". 

Começou com uma série de "tweets" do usuário Joaquin Teixeira, falando sobre futebol, em outubro de 2016. Depois de popularizar os termos, ele passou a reclamar dos usuários do Facebook por "estragarem" a ideia. 



Foi por meio do "Feice" que os termos explodiram. Os mais frequentes comparam tipos de jogadores de futebol, os representantes do "futebol arte" do passado, com chuteira preta e marra, com a "geração 7x1" das chuteiras coloridas e selfies. Existem outros que abordam variados temas. Aqui, um resumo dos tipos:

Sertanejo raiz: trabalhador da roça, simples, que sabe tocar um instrumento;
Sertanejo nutella: filho de papai, "universitário" que só sabe pegar num microfone.

Cachorro raiz: botava ladrão pra correr e roía osso;
Cachorro nutella: se borra com barulho de rojão e só vai na "pet shop".

Chuveiro raiz: só tinha uma temperatura e se estragar, bastava trocar a resistência;
Chuveiro nutella: tem 10 temperaturas e precisa jogar fora se estragar (além de ser bem mais caro).

Mãe raiz: usava capim santo no João ou na Maria e ameaçava: "se apanhar na rua vai apanhar mais em casa";
Mãe nutella: usa merthiolate que não arde no Enzo ou na Valentina e ameaça com conversa olho no olho.

Avó raiz: só fazia tricô, usava dentadura e tratava câncer com pano quente no neto;
Avó nutella: vai à academia, tem todos os dentes na boca e corre com o neto gripado para o hospital.

Churrasqueiro raiz: só faz carne na brasa de carvão e sangrando;
Churrasqueiro nutella: assa legumes na churrasqueira elétrica.

Comunista raiz: pegava em armas e bebia vodka;
Comunista nutella: pega no mouse para falar bem do socialismo e bebe suquinho (ou Toddynho, leite com pera ou bebidas assim).

Raiz raiz: é forte e não dá para arrancar;
Raiz nutella: é cheia de vitaminas e dá para arrancar facilmente.

Nutella raiz: era aquele docinho que as crianças comiam e compravam por 25 centavos;
Nutella nutella: é o doce que marmanjos e dondocas de hoje ficam comendo e custa o olho da cara.

(Do site webinformado.com.br)

Recentemente, esse modismo ganhou algumas versões estranhas e outras simplesmente idiotas, como aquela do "preto raiz e preto nutella", uma manifestação de racismo que não merece comentários aqui.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Carlos Velloso cogitado como novo ministro

Depois de alguns dias de reflexão a respeito do novo ministro da Justiça, entre escolher um nome técnico para atender aos anseios da sociedade e satisfazer a necessidade (segundo o pensamento ainda corrente em Brasília) de agradar a base aliada, o presidente Temer decidiu fazer sua escolha pessoal, e ela acabou recaindo na primeira hipótese. 

Carlos Velloso foi ex-ministro do STF, entre 1990 e 2006, nomeado por Fernando Collor de Mello, presidente da Casa entre 1999 e 2001 e sucedido por Ricardo Lewandowski devido ao limite de idade vigente, 70 anos. Possui vasto conhecimento jurídico, foi professor de Direito Constitucional por várias faculdades, entre as quais a PUC, a UFMG e a UnB, e ministro do STJ entre 1989 e 1990. Publicou o livro Temas de Direito Público, em 1994.

Para os defensores da Lava Jato, o jurista já afirmou que a operação é "intocável", e elogia o trabalho de Sérgio Moro. Um bom sinal para as investigações, mas não significa entrar em atrito com os aliados do governo. O ministro tem bom trânsito político e é amigo pessoal do presidente Temer.

Ainda falta a resposta de Velloso ao convite para confirmar a substituição de Alexandre de Moraes, cuja sabatina para a vaga no STF, deixada por conta da morte trágica de Teori Zavascki, será no dia 21.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Três notícias previsíveis (mas nem tanto)

1. Houve a reunião em Washington entre o presidente americano Donald Trump e o líder israelense Binyamin Netanyahu. Trump voltou a reafirmar o apoio à nação hebraica, e mostrou não estar assim tão alinhado com o colega ao dizer que o governo (até agora) instalado em Tel Aviv precisa ceder também para garantir a segurança do território. Isto não é novidade - esta é a postura oficial de Washington por décadas. O que preocupa os palestinos, ainda considerados como aliados dos americanos, é a aceitação de um só Estado, e não dois Estados independentes: Israel e Samaria (nome dado pelos árabes à Cisjordânia). Mas até mesmo alguém como Trump deve se guiar por políticas que dão resultado, e só respaldar a posição de Israel vai afastar os Estados Unidos da posição oficial da ONU e das nações islâmicas aliadas, como Turquia e Arábia Saudita, além de provocar a ira dos radicais palestinos, que podem voltar com os ataques terroristas. 

2. Os nossos ilustres representantes no Congresso continuam com a velha política de tomar atitudes para defenderem-se do povo e não para defenderem o povo. O ministro Eliseu Padilha, em reunião com funcionários da Caixa Econômica Federal, explicou como o governo opera para manter apoio político (leia AQUI na postagem do jornalista Josias de Souza, da Folha) e sem pudor algum disse o que muita gente já sabe ou devia saber: os critérios para escolha de ministros são fundamentalmente políticos e não técnicos, de acordo com o sistema político atual. Essa prática é secular, mas ficou pior nos governos Lula e Dilma. Além disso, a Câmara tentou incluir os familiares de políticos na repatriação de dinheiro guardado ilegalmente no exterior e Romero Jucá, líder do governo no Senado, quis proteger os presidentes da Câmara e do Senado das investigações feitas pela Lava Jato. Nos dois casos, não houve êxito, devido ao estrago que iria fazer nas imagens do Legislativo e do Executivo, considerados parceiros da rapinagem contra NOSSO DINHEIRO.

3. Continuando os jogos da Champions League, os torcedores do Napoli se animaram quando Inzaghi, do Napoli, fez o gol que abriu o placar contra o poderoso Real Madrid, em pleno Santiago Bernabéu. Enquanto isso, o chileno Sanchez, do Arsenal, fez o gol que deu esperança aos ingleses contra o Bayern de Munique, que saiu na frente com o gol de Robben. Pena que eram duas partidas entre duas equipes fortes e duas mais frágeis, e deu a lógica. O Real virou o placar com Benzema no primeiro tempo, Toni Kroos e o brasileiro Casemiro no segundo, dando aos merengues uma boa vantagem no jogo de volta, em Nápoles. Cristiano Ronaldo nem precisou balançar as redes. Depois dos gols iniciais, o Bayern aplicou uma surra no time visitante no Allianz Arena, com direito a dois gols de Thiago Alcântara, brasileiro naturalizado espanhol e filho de Mazinho, integrante da seleção tetracampeã em 1994; Lewandowski fez o seu gol, e Thomas Müller também. Os gunners, como são conhecidos os jogadores do Arsenal, terão muita dificuldade para reverter o 5 a 1. Podem fazer 4 a 0 como o PSG fez no Barcelona, algo impensável no caso do Bayern, cujo setor defensivo é mais confiável do que o dos catalães. Sanchez, Giroud e Ozil precisariam de muita inspiração e transpiração, enquanto Thiago, Müller, Douglas Costa e todos os demais teriam que perder a sua competitividade.


N. do A.: Uma notícia desagradável: o COB perdeu o patrocínio de todas as empresas privadas, mesmo com o progresso demonstrado entre os atletas na Olimpíada do Rio. A Nike, a Nissan e o Bradesco não renovaram contratos. Ironicamente, a CBF, mesmo com o colossal fiasco da Copa no Brasil e um escândalo de corrupção eficientemente abafado pelo presidente Marco Polo Del Nero, ainda manteve seus convênios. 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Três notícias inacreditáveis

1. Mais uma vez falam de um asteroide ameaçador em rota de colisão com a Terra. O "réu", neste caso, é o 2016 WF9, descoberto em novembro passado, e poderia, segundo alguns, ser capaz de destruir a humanidade. Ele tem diâmetro estimado em 700 m, e completa uma volta ao redor do Sol em 4,8 anos. O bólido que se chocou com nosso planeta há 65 milhões de anos era muito maior - cerca de 10 km de diâmetro - e não acabou com a vida no planeta, embora fosse suficiente para dizimar os dinossauros. Um asteroide de 700 m não teria potencial para acabar com os humanos, aliás, nem vai passar tão próximo assim: astrônomos calculam a distância mínima entre a Terra e o corpo celeste em 51 milhões de quilômetros, no dia 25 de fevereiro. 

2. As relações entre os Estados Unidos de Trump e a Rússia de Putin são bem estranhas. O conselheiro de segurança Michael Flynn foi obrigado a demitir-se após ser acusado pela imprensa de enganar o vice-presidente Mike Pence escondendo contatos mantidos com o governo russo. Trump ainda faz questão de ter relações amistosas com o líder do gigante eurasiano, mas voltou a exigir a devolução da Criméia à Ucrânia, algo que faria Putin espumar de raiva se a autoria das exigências fosse Barack Obama ou qualquer outra autoridade americana. 

3. No mundo do futebol, o sempre temível Barcelona foi até Paris jogar com o até há pouco "freguês" Paris Saint-Germain e se deu muito mal: levou uma goleada de 4 a 0, mesmo com o trio Messi-Suarez-Neymar (MSN). Sofrendo por causa das lesões de alguns titulares, como Iniesta, e da falta de qualidade de seu setor defensivo, o time catalão sofreu dois gols de Di Maria (o verdadeiro argentino destaque da partida), um do alemão Draxler e um do uruguaio Cavani. O alemão foi um dos participantes daquela partida fatídica (o 8/7 já repetido à exaustão neste blog) e, para o Barcelona (e Neymar) isto parece um desastre igualmente arrasador. Teria de haver uma combinação entre uma atuação inspiradora do trio mais badalado do mundo e um festival de erros defensivos do time parisiense em Camp Nou para os culés evitarem a desclassificação nas oitavas-de-final da Champions League. E o PSG estava desfalcado dos Thiagos: o "capitão chorão" Silva devido a uma lesão na panturrilha e o ítalo-brasileiro Motta, suspenso. O outro jogo do dia foi a vitória do Benfica, em Lisboa, contra o Borussia Dortmund, que jogou mal e terá de vencer a partida de volta na Alemanha. Houve o gol único de Mitroglou e ótima atuação do goleiro brasileiro Ederson, que defendeu um pênalti cobrado por Aubameyang. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Energias não só alternativas

Diante da atual crise energética causada pela dependência de poucas fontes - as hidrelétricas e a exploração de petróleo - houve maior incentivo para a exploração de outras formas de converter produtos vindos da natureza em energias aproveitáveis no Brasil. 

Uma delas é a energia solar fotovoltaica. No Sudeste, região com maior demanda por eletricidade, houve aumento de 40% no uso de células fotovoltaicas para ajudar a suprir as necessidades de consumo. Existe uma meta para converter a luz solar em 3,3 GWh de eletricidade até 2018, contra 359 GWh das hidrelétricas (segundo o Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2016). Ainda é pouco, mas isso reflete a tendência de se explorar mais algo vindo do Sol. O Brasil tem um potencial imenso, pois é o país que mais recebe luz do astro-rei no mundo.

A produção de energia eólica está prosperando no Brasil, principalmente no Nordeste (Albari Rosa/Gazeta do Povo)

Existem também os moinhos de vento, para a conversão da energia dos ventos em eletricidade. A energia eólica cresce vertiginosamente no Brasil: 77% entre 2014 e 2015 (Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2016), e vai aumentar ainda mais. São 21 GWh até agora. Segundo a Abeeólica, a Associação Brasileira de Energia Eólica, os simpáticos moinhos, cada vez mais presentes em espaços abertos no Brasil, chegam a suprir até metade da energia elétrica em alguns pontos do Nordeste brasileiro, região que sofre com os efeitos da seca e, portanto, não pode explorar devidamente as hidrelétricas.

Quanto à biomassa, a exploração do biometano deixa de ser apenas uma curiosidade para ser real, principalmente para os carros já movidos a GNV, o gás natural vindo das fontes petrolíferas. Ainda é motivo de curiosidade, devido à matéria-prima: excrementos, lixo e todo tipo de dejetos, potenciais poluidores do meio ambiente convertidos em algo benéfico, substituindo os derivados de petróleo. O biometano é mais uma fonte vinda de recursos renováveis vindos direta ou indiretamente de seres vivos. O Brasil já tem muita experiência nesta área, desde a exploração da cana-de-açúcar para a produção de álcool combustível.

Ainda existe a polêmica em torno das usinas nucleares, também importantes para suprir uma demanda em crescimento. Este é o único setor dito "alternativo" que não consegue aumentar sua produção, devido aos altos custos de implementação e à dependência de elementos radioativos com certa taxa de pureza ou "enriquecidos". Os temores de acidentes com estas usinas ainda afugentam a opinião pública, mas casos assim são relativamente raros, mesmo considerando Fukushima em 2011 e um recente incêndio em uma usina na Normandia, norte da França, que feriu alguns funcionários. Prevê-se a construção de novas usinas, de acordo com o PNE 2050, o término da construção de Angra III, interrompido devido às investigações da Lava Jato em cima das irregularidades de contrato e dos desvios escandalosos de verbas, e o aumento nas atividades das já existentes - as famosas e difamadas Angra I e II.

É bom que variemos mesmo as fontes de energia, pois se prevê que o consumo no Brasil ultrapasse os 1.000 TWh (1 TWh = 1.000 GWh) já em 2040, segundo fontes como a FGV Energia (clique AQUI). Depender apenas de poucas fontes não é algo aceitável para nenhum país populoso como o nosso. 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Novus Ordo Seclorum?

Mais governantes no mundo estão tentados a usar a mão-de-ferro para lidar com seus cidadãos (isso quando não os roubam em esquemas de corrupção)

O presidente dos Estados Unidos está brigando com o Judiciário para poder continuar emitindo decretos como se fosse um governante de certos países terminados com istão, na Ásia Central, para não dizer sobre os caudilhos de repúblicas bananeiras.

Um deles é Nicolas Maduro, o presidente venezuelano, que vê conspiradores e inimigos do "bolivarianismo" em toda a parte. Ele controla o Judiciário mas não o Parlamento, o que o deixa muito insatisfeito. E sua luta contra o que ele chama de imperialismo o fez ser expulso do Mercosul, de onde o país foi colocado graças a Lula, para beneficiar Hugo Chavez, visto por Maduro como "mártir" da causa "popular venezuelana". Enquanto isso. seu povo vive na miséria. 

Na Ásia Menor, Rayyip Erdogan está querendo impor um referendo para forçar a Turquia a se tornar um regime presidencialista - leia-se ditadura - e perseguir a oposição, vista como seguidora ou cúmplice do clérigo exilado Fethullah Gullen, ou dos curdos, ou do Daesh. 

Alexei Navalny, principal líder da oposição russa, é impedido de participar das próximas eleições na Rússia, pois foi condenado por desvio de fundos. Os oposicionistas são vistos como corruptos na Rússia, mas acontece que os governistas também, e não há quem faça frente - a não ser Navalny - a Vladimir Putin, visto como um líder influenciado até demais pelos velhos hábitos do totalitarismo soviético. 

Na Europa, os arqui-conservadores ganham terreno e a filha do líder histórico nacionalista (para muitos, nacional-socialista) Jean Marie Le Pen, Marine Le Pen, é favorita para as eleições presidenciais neste ano. Outros países europeus querem restringir as liberdades, sobretudo dos refugiados vindos da Ásia Ocidental e África. 

Ainda temos os casos das tiranias islâmicas, como no Irã, na Arábia Saudita e na Síria - esta última oprimida pelas forças do governo, pelo Daesh e pelas milícias aliadas da al-Qaeda. Nas Filipinas, o semiditador Rodrigo Duterte garroteia a liberdade em nome da moralidade e do combate às drogas. Na África, uma profusão de governantes corruptos e/ou liberticidas, e o presidente recém-eleito da Somália Mohamed Abdullahi engrossa a lista (era uma das opções menos piores, diante de verdadeiros rapinantes, simpatizantes da al-Shabab e aliados dos mal-afamados piratas). Sem falar no regime de partido único chinês: o país mais populoso do mundo também é governado de forma ditatorial. Isto também lembra os carcomidos regimes comunistas de Cuba e da Coréia do Norte, onde a liberdade parece nunca ter sido desfrutada pelos seus povos. 

Enquanto isso, outros maus governantes e ex-governantes ganham as manchetes de jornais, como Alejandro Toledo, ex-presidente do Peru e foragido da Justiça por corrupção e envolvimento com a Odebrecht. E ainda temos o caso Panama Papers, ainda bem longe de ser solucionado, com seus nomes de gente poderosa utilizando offshores, boa parte delas à margem das leis. 

Será está a Nova Ordem (ou Desordem) Mundial?

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Valsa do país doido

Impediram a nomeação de Moreira Franco

como ministro nada modesto

Enquanto o Lobão foi para a CCJ

e não foi alvo de protesto

A liminar Moreira conseguiu derrubar

facilmente sem chorar

E derrubados foram Pezão e Dornelles

pelo TRE

Veio outra liminar para impedir o Angorá

de ser ministro agora - pois é!

O Espírito Santo continua sua sina

fica fora da escola, em casa, a capixaba menina

(e o menino)

Moreira derrubou a segunda tentativa

de impedir que ele ganhe o foro

(que desaforo)

E o Fachin vai mandar examinar gente mais graúda

Sarney, Renan, Jucá

Enquanto nova liminar foi criada

desse jeito o Angorá vai amalucar.  

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Da série 'Oitentolatria', parte 24

A Nestlé aproveita que o Brasil está 'infestado' de nostálgicos e resolve lançar depois do Carnaval o ovo Surpresa, inspirado no velho chocolate de sucesso nos anos 80. 

Surpresa maior será o preço: R$ 49,00 por um ovo de apenas 150 g, cujo brinde é um álbum de figurinhas com o tema "Dinossauros", mais dez figuras desses animais pré-históricos. 

Fizeram questão de lançar o ovo de Páscoa com a embalagem parecida com a do chocolate clássico dos anos 80 (Divulgação, pelo site "Geek Publicitário")

Ainda não há informações a respeito de um possível lançamento da versão clássica, com um chocolate e uma "surpresa", geralmente um cartãozinho com um animal e pequenas informações sobre ele no verso. 

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Espírito Santo, tão longe de Deus

Devido à greve na Polícia Militar, o estado do Espírito Santo mergulhou numa situação parecida com os locais mais violentos do Estado vizinho, o Rio de Janeiro.

Mesmo com a Força Nacional e o Exército para substituir os grevistas, a rotina ficou totalmente alterada, principalmente em Vitória.

Cabos e soldados, que realmente têm soldo muito baixo, resolveram parar suas atividades. Como resultado, o número de assaltos, assassinatos e saques a lojas aumentou de forma muito preocupante, deixando a maioria da população aterrorizada. 

Enquanto isso, familiares dos policiais atuaram como a "infantaria", para dar cobertura aos manifestantes. Segundo o regimento, ou seja, o decreto-lei número 1001 imposto em 1969, em plena época da ditadura e ainda não revogado, os PMs estão proibidos de cruzar os braços, podendo ser enquadrados como "amotinados" e sujeitos a prisões (de até três anos) e até a expulsões. 

Isto é um aviso dos policiais para o resto do Brasil: se a contenção de despesas continuar a atingir a categoria, eles poderão deixar mais unidades da federação entregues à desordem e ao crime. 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Trabalho em dobro na escolha

Michel Temer vai nomear para o STF o seu ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. Com isso, vai acabar abrindo uma vaga para o ministério. 

Se escolhesse, por exemplo, o jurista Ives Gandra Filho, outro cotado para a cadeira de Teori Zavascki, também seria criticado pela oposição, pois Gandra tem perfil conservador, é filiado à Opus Dei - parte da Igreja Católica acusada no passado de dar suporte ao regime de Francisco Franco, ditador da Espanha entre 1938 e 1975 - e se opõe ao aborto. Pelo menos Temer teria menos trabalho. 

Para os aliados, foi bom porque abre uma vaga para um nome de acordo com os gostos políticos e coloca um servidor do governo atual. 

Temer também deu um sinal para a Operação Lava Jato, pois Moraes não interferiu significativamente nos trabalhos dos procuradores e juízes envolvidos na árdua tarefa de investigar a corrupção. O ainda ministro da Justiça irá para a Primeira Turma caso for aprovado na sabatina feita pelo Senado, e irá fazer o papel de revisor do caso Odebrecht, cujo relator é Edson Fachin, da Segunda Turma.

Agora resta colocar um novo nome para a Justiça. Falam em Antônio Anastasia, jurista, ex-governador de Minas pelo PSDB, relator do impeachment de Dilma no Senado e cuja campanha foi movida por dinheiro de empreiteiras, entre as quais OAS, Andrade Gutierrez e a onipresente Odebrecht. Outro nome bastante cotado é o da ex-ministra do STF Ellen Gracie Northfleet, ligada ao PSDB porém com perfil mais técnico do que o de Anastasia, e potencialmente mais fácil de agradar a opinião pública, por ser mulher. Ela se destacou pelo criterioso trabalho no Supremo, presidindo a Corte entre 2006 e 2008. Um outro nome lembrado pela mídia é o de Carlos Ayres Britto, também ex-ministro do STF e de grande saber jurídico. Ayres atuou de forma igualmente elogiável na Corte, sendo presidente em 2012, quando foi obrigado a aposentar-se por limite de idade, aos 70 anos.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Uma história edificante

Na Folha de ontem, contaram a história de Larissa, a estudante da Poli (Civil) que está enfrentando os desafios de estudar numa das melhores escolas de engenharia do país e ainda ser negra e pobre. 

Chama a atenção o fato de não citarem as tais "cotas raciais", ou seja, ela passou com méritos na Fuvest. 

Para ler, clique AQUI

Infelizmente, negros ou pobres nas universidades públicas são a exceção e não a regra. Não é por culpa do ensino superior, e sim da má qualidade das escolas, principalmente as públicas, nos demais setores. Será que teremos a oportunidade de, pelo menos, isto começar a mudar?


N. do A.: Devo corrigir a postagem de ontem. Marisa Letícia estava com morte cerebral não oficialmente reconhecida, e a confirmação só veio hoje. 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Rodrigo Maia, Edson Fachin, Marisa

Rodrigo Maia foi reeleito presidente da Câmara (Givaldo Barbosa/Ag. O Globo)
Num dia turbulento para a política nacional, a opinião pública acompanhou com apreensão os acontecimentos. Ontem, viu Eunício Oliveira (PMDB-CE) ganhar o Senado, com o beneplácito de Temer e de Renan, seus companheiros de partido e também alvos da Operação Lava Jato. Agora, Rodrigo Maia (DEM-RJ) assumiu a cadeira de presidente da Câmara, no meio de uma barafunda legal onde, entre as letras do regimento e as conveniências políticas, as últimas acabaram prevalecendo. Ele levou 293 votos, mais da metade disponíveis, mesmo com a disponibilidade de candidatos: Jovair Arantes (PTB-GO) do Centrão, André Figueiredo (PDT-CE), Júlio Delgado (PSB-MG), Luisa Erundina (PSOL-RJ) e o barulhento Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Apenas Jovair teve votação expressiva, com 105 votos; os demais ficaram bem atrás, principalmente Bolsonaro, com mirrados 4 votos. 

Eunício e Maia prometeram encaminhar as reformas desejadas por Temer, mesmo a mais impopular delas: a previdenciária. Também não bateram de frente com a Lava Jato, mas não serão complacentes com eventuais intervenções do Judiciário. Diante do Executivo, cujo poder sempre se sobressaiu aos demais neste país, foram bem mais mansos. 

Luiz Edson Fachin, o novo relator da Lava Jato no STF (divulgação)
No STF, Carmen Lúcia assumiu o risco de decidir em sorteio quem vai ser o relator da Lava Jato - particularmente, o caso Odebrecht e seus nomes. Os participantes eram Edson Fachin, Celso de Mello, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, da Segunda Turma. Havia, portanto, o risco de um dos três últimos, considerados pelos procuradores da Lava Jato como "adversários" das investigações, serem escolhidos e a presidente do STF levar a culpa e ser chamada com mais frequência de "Dona Lúcia", relembrando o vexame do 8/7 na Copa, com o agravante do caso ser muito pior para o Brasil do que aquela goleada tão falada neste blog. Felizmente, o escolhido para suceder Teori Zavascki não poderia ser mais parecido com ele: Edson Fachin, também calvo, de perfil discreto e escrupuloso com a lei, apesar de também ser nomeado por Dilma Rousseff. Fachin, no último dia, resolveu mudar da Primeira para a Segunda Turma. 

Marisa Letícia da Silva (1950-2017)
Os dois acontecimentos anteriores fazem os rumos políticos ficarem sob controle de Temer, com seus acertos e seus (intragáveis) erros. Não é bem o caso do terceiro: a morte de Dona Marisa da Silva, mulher do ex-presidente Lula. Ela estava internada com AVCH decorrente de um aneurisma, e seu estado se tornou irreversível desde ontem, sendo confirmado o fim de sua atividade cerebral hoje. Crítico mordaz dos erros cometidos por Lula, o antecessor Fernando Henrique Cardoso foi até o Sírio Libanês mostrar solidariedade com a dor do chefão petista. Mais tarde, foi a vez do presidente Temer. Amanhã, será a vez da presidente cassada, Dilma. Todos irão ao velório de Dona Marisa, que pode vir a ser usada como "mártir" dos "desmandos" da Lava Jato e da "perseguição política" ao ex-presidente. Enquanto isso, em uma mostra de sectarismo, muitos falavam mal da falecida nas redes sociais, como se ela fosse uma cúmplice ativa dos desmandos feitos pelo marido, e não uma mulher discreta, às vezes apagada, que pouco apareceu no governo entre 2003 e 2010. 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Deu a lógica

Eunício Oliveira (PMDB-CE), franco favorito à presidência do Senado, acabou levando, com 61 votos a favor, contra apenas 10 de José Medeiros (PSD-MT). Outros 10 senadores votaram em branco. 

Os dois candidatos eram citados na Lava Jato, embora não sejam (ainda) investigados. Eunício, por exemplo, tinha o codinome de "Índio". Pelo menos, o presidente eleito do Senado prometeu que não vai interferir nas investigações, apesar de ser do mesmo partido de Temer e Renan, este último presidente do PMDB e, portanto, ainda com capacidade de comandar a nossa estranha e conturbada política. 

Enquanto isso, o ministro Celso de Mello autorizou Rodrigo Maia a disputar a presidência da Câmara, apesar das dúvidas a respeito de seu status, como dono de um mandato-tampão. Esta decisão não é definitiva, pois depende dos outros membros do Supremo, que ainda estão em processo de escolha do próximo relator do caso Odebrecht. O medo é escolher um nome não-consensual, como é o caso de Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes ou Dias Toffoli. O próprio Celso é o favorito, mas Edson Fachin também pode dar uma certa tranquilidade.