quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Rodrigo Maia, Edson Fachin, Marisa

Rodrigo Maia foi reeleito presidente da Câmara (Givaldo Barbosa/Ag. O Globo)
Num dia turbulento para a política nacional, a opinião pública acompanhou com apreensão os acontecimentos. Ontem, viu Eunício Oliveira (PMDB-CE) ganhar o Senado, com o beneplácito de Temer e de Renan, seus companheiros de partido e também alvos da Operação Lava Jato. Agora, Rodrigo Maia (DEM-RJ) assumiu a cadeira de presidente da Câmara, no meio de uma barafunda legal onde, entre as letras do regimento e as conveniências políticas, as últimas acabaram prevalecendo. Ele levou 293 votos, mais da metade disponíveis, mesmo com a disponibilidade de candidatos: Jovair Arantes (PTB-GO) do Centrão, André Figueiredo (PDT-CE), Júlio Delgado (PSB-MG), Luisa Erundina (PSOL-RJ) e o barulhento Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Apenas Jovair teve votação expressiva, com 105 votos; os demais ficaram bem atrás, principalmente Bolsonaro, com mirrados 4 votos. 

Eunício e Maia prometeram encaminhar as reformas desejadas por Temer, mesmo a mais impopular delas: a previdenciária. Também não bateram de frente com a Lava Jato, mas não serão complacentes com eventuais intervenções do Judiciário. Diante do Executivo, cujo poder sempre se sobressaiu aos demais neste país, foram bem mais mansos. 

Luiz Edson Fachin, o novo relator da Lava Jato no STF (divulgação)
No STF, Carmen Lúcia assumiu o risco de decidir em sorteio quem vai ser o relator da Lava Jato - particularmente, o caso Odebrecht e seus nomes. Os participantes eram Edson Fachin, Celso de Mello, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, da Segunda Turma. Havia, portanto, o risco de um dos três últimos, considerados pelos procuradores da Lava Jato como "adversários" das investigações, serem escolhidos e a presidente do STF levar a culpa e ser chamada com mais frequência de "Dona Lúcia", relembrando o vexame do 8/7 na Copa, com o agravante do caso ser muito pior para o Brasil do que aquela goleada tão falada neste blog. Felizmente, o escolhido para suceder Teori Zavascki não poderia ser mais parecido com ele: Edson Fachin, também calvo, de perfil discreto e escrupuloso com a lei, apesar de também ser nomeado por Dilma Rousseff. Fachin, no último dia, resolveu mudar da Primeira para a Segunda Turma. 

Marisa Letícia da Silva (1950-2017)
Os dois acontecimentos anteriores fazem os rumos políticos ficarem sob controle de Temer, com seus acertos e seus (intragáveis) erros. Não é bem o caso do terceiro: a morte de Dona Marisa da Silva, mulher do ex-presidente Lula. Ela estava internada com AVCH decorrente de um aneurisma, e seu estado se tornou irreversível desde ontem, sendo confirmado o fim de sua atividade cerebral hoje. Crítico mordaz dos erros cometidos por Lula, o antecessor Fernando Henrique Cardoso foi até o Sírio Libanês mostrar solidariedade com a dor do chefão petista. Mais tarde, foi a vez do presidente Temer. Amanhã, será a vez da presidente cassada, Dilma. Todos irão ao velório de Dona Marisa, que pode vir a ser usada como "mártir" dos "desmandos" da Lava Jato e da "perseguição política" ao ex-presidente. Enquanto isso, em uma mostra de sectarismo, muitos falavam mal da falecida nas redes sociais, como se ela fosse uma cúmplice ativa dos desmandos feitos pelo marido, e não uma mulher discreta, às vezes apagada, que pouco apareceu no governo entre 2003 e 2010. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário