quarta-feira, 28 de julho de 2010

Da série 'Mentiras que contam na Internet', parte 1


A Internet é um ótimo veículo para comunicação, mas seletividade não é o forte desse veículo. Deixam passar qualquer coisa, desde idéias vindas de Harvard quanto as de um botequim de esquina.

Mentiras não faltam. Nem sempre é fácil apontar quem mente, nesta rede. E para começar a falar delas, não vou falar sobre os 'hoaxes' (ainda), os tais boatos virtuais nos e-mails.

A primeira coisa a comentar nesta série é uma informação muito difundida que uma certa marca de eletrônicos vai só vender telas LCD do tipo IPS, isto é, a tecnologia in-plane switching usada principalmente em telas de televisão por ter uma grande fidelidade de cores e excelente ângulo de visão. Estes rumores começaram em junho de 2009.

Vamos aos fatos: a conceituada empresa continua, sim, a fabricar paineis que não são IPS, ou seja, continuam a usar a típica tecnologia usada nos monitores de PCs, notebooks e netbooks, assim como nas telas de celulares e smartphones. Esta tecnologia, chamada de TN (twisted nematic), utiliza transistores dispostos na vertical, e não na horizontal, como nos IPS. Por isso, o ângulo de visão é limitado. A fidelidade de cores também não é grande, aliás, é pior até do que na antiquíssima tecnologia CRT (isso mesmo, os já ultrapassados aparelhos de tubo), na maioria das vezes, isso porque utiliza o recurso do dithering, para elaborar cores mais complexas.

A tecnologia TN é perfeitamente aceitável nos monitores e telas de celular, mas não em TV's. Muitas vezes, as pessoas não se sentam de frente para a tela, e o fato de ver cores distorcidas gera muito desconforto. Portanto, as tecnologias TN não devem ser usadas em TV's.

Esta empresa, ultimamente, utiliza tecnologia TN em seus monitores LED, o que significa produtos mais baratos e com baixíssimo consumo de energia. Porém, também continua a fabricar televisores com esse tipo de painel em suas telas menores (22 e 26 polegadas), algo a se lamentar profundamente. Aliás, quase todas as marcas de televisores empregam os paineis TN em seus aparelhos de pequeno e médio porte. Só as TV's de 32 polegadas para cima se salvam.

Mas afinal, quem mentiu? Não há certeza. Ou a empresa, ou as inúmeras fontes que divulgaram a 'informação'. Talvez a culpa seja de alguns fãs mais afoitos da marca que repassam isso como se fosse uma peste.

Agora muita gente acredita que os atuais monitores da marca em questão são do tipo IPS, como se essa tecnologia, tradiconalmente cara, tivesse barateado tanto de repente. Basta uma análise relativamente simples do produto, como olhar de lado para ele quando estiver ligado, para fazer a contraprova.

Portanto, cuidado! Na Internet, não se pode acreditar em quase nada, nem em sites ditos confiáveis, que vinculam informações de veracidade questionável.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Tá explicado (será???)

Muitos estranharam o comportamento de Felipe Massa ao deixar que Fernando Alonso o ultrapassasse no GP da Alemanha, após estar boa parte da prova na frente.

Pois aí estaria uma provável explicação, no site F1Mania:


Segundo a notícia, Massa teria assinado uma tal 'cláusula Barrichello', ou seja, ele vai continuar na Ferrari por mais dois anos sendo para o piloto espanhol o mesmo que Sancho Pança em relação a Don Quijote, para não dizer um termo já conhecido na época do Schumacher na Ferrari (segundo piloto).

É mais um forte indício da falta de seriedade da F1, onde tudo parece obedecer mais à política e aos interesses econômicos do que aos valores esportivos. Se é que F1 é um esporte mesmo.

Melhor mesmo foi assistir a algo onde o Brasil é realmente competitivo e respeitado: o vôlei. O time do Bernardinho derrotou a Rússia e foi campeão da Liga Mundial.

Aliás, depois do repeteco da farsa ferrarista, quando oito anos antes outro brasileiro serviu de cavalgadura para o piloto principal, qualquer coisa mais parecida com esporte seria mais aturável para ver na TV. Até futebol de botão.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Tinha de ser o Chavez de novo!

Chavez enxergando mais motivos para atacar os 'inimigos a serviço dos Estados Unidos', com o enigmático retrato de Bolívar ao fundo

O ditador da Venezuela Hugo Chavez não esconde todo o seu anti-americanismo e seu ódio aos que ele considera 'lacaios do imperialismo ianque', valendo-se de todos os meios necessários para um muy grande seguidor de Simón Bolívar.

Se Bolívar, o principal responsável pela libertação dos países da América do Sul, estivesse vendo a palhaçada armada em nome dele, no Céu ou em algum outro plano espiritual, com certeza estaria estarrecido.

O último ato do bufão venezuelano, para responder à 'ofensa' do governo colombiano, que o acusou de financiar as Farc, o movimento narcoterrorista responsável por sequestros e assassinatos, é o rompimento das relações diplomáticas. Caracas e Bogotá não se falam mais.

Para tentar exercer o papel de líder, outra vez, nosso presidente Lula, ávido por ser reconhecido como grande estadista e, ao mesmo tempo, grande amigão do caudilho pseudo-bolivariano, quer restabelecer os laços diplomáticos entre os dois vizinhos. Enquanto isso, ele próprio, Lula, foi acusado de ter recebido dinheiro das Farc, o suposto parceiro de Chávez, para ser eleito.

Qual será o próximo ato dessa comédia sem graça? Muitos, com razão, preferem o outro Chaves.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Recauchutagem

A partir de hoje, dia 19 de julho de 2010, o blog 'Salada de Assuntos' muda de nome e vira 'Assuntos 1000'.

Esta mudança foi necessária pois existem outros blogs com o mesmo nome, e eu queria criar algo um pouco mais exclusivo.

Nota-se a mudança no título. Não é uma obra-prima, eu confesso, mas pelo menos não copiei de ninguém (usei o Photoshop dos pobres, o velho Paint, rsrs).

Da série 'Oitentolatria', parte 6

Hoje estréia um remake de uma novela que foi do Cassiano Gabus Mendes e agora está sendo trazida das cinzas, sob nova versão, por Maria Adelaide Amaral. É 'Tititi', originalmente de 1985, quando eu tinha a idade do meu sobrinho mais velho, o Roger.

Das duas, uma: ou a Globo quer explorar os anseios de milhares de saudosistas da 'década perdida' ou seus autores querem confessar sua falta de criatividade. Pois as novelas de hoje são um lixo, principalmente a antecessora do novo 'Tititi', chamada 'Tempos Modernos'. E os tempos modernos da tevê são uma calamidade.

A Globo não sabe mais o que inventar e recriou até a famosa abertura de 1985. Por regra, a cópia fica muito pior do que a original. E esta regra foi rigorosamente seguida, para irritação dos saudosistas.

Vejam o original, com a música da Rita Lee gravada pelo grupo Metrô (numa adaptação muito feliz, por sinal):

http://www.youtube.com/watch?v=MIKXEj3Sm2s

E a abertura de 2010, com a voz envelhecida da Rita Lee ao fundo:

http://www.youtube.com/watch?v=IOpeiZbCb0s


P.S.: vou mudar o nome do blog para 'Assuntos 1000', pois já existem blogues com o nome 'Salada de Assuntos'. O enfoque do blog continua o mesmo.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Que saudade da Copa!

A Copa do Mundo acabou faz mais de 5 dias, mas tem gente que continua suspirando por esse finado evento, apesar da vergonhosa campanha do Dunga.

Também, com a repercussão dos casos escabrosos da advogada assassinada Mércia Nakashima e, principalmente, do goleiro Bruno do Flamengo, que para muitos teria transformado sua ex-amante em almoço de cachorro... ninguém aguenta mais.

E o problema é que já se fala nas eleições para deputados, senadores, governadores e presidente da República. O circo eleitoral já está armado, e a platéia tem que assistir, quer goste ou não, muitas vezes servindo de escada aos palhaços... digo, aos candidatos por cargos públicos.

Tirando isso, há pouco espaço para as boas notícias. As más, pululam: bolsas caindo, dólar subindo, vazamento no Golfo do México (aparentemente controlado, e isso segundo a British Petroleum)...

QUE SAUDADE DA COPA!

domingo, 11 de julho de 2010

11/07 - Jabulani, vuvuzelas, Paul. É o fim de uma Copa folclórica.

Iniesta apareceu e ofuscou Villa, que nada fez na final (aqui, driblando Vanderwaart para chutar no gol - fonte: iG)


A primeira Copa realizada na África será difícil de esquecer.

Primeiro, devido ao nome da bola. Jabulani, que significa 'Celebrar', no idioma KwaZulu (segundo a Wikipedia, sempre ela). Nunca uma bola foi tão difamada, acusada por goleiros e atacantes. Consta que muitos dos críticos eram patrocinados pela Nike, enquanto esta bola teve a marca da Adidas.

Segundo, as vuvuzelas, terríveis armas de destruição em massa. De audições alheias. Usadas pela torcida sul-africana até mesmo - e principalmente - quando não havia time africano entre as quatro linhas.

Terceiro, o polvo alemão Paul, que acertou todas as previsões da Copa, até a vitória da Alemanha na disputa do terceiro lugar. Quanto à final... vou revelar após falar sobre a grande final, de dois times que nunca ganharam nenhuma Copa.

A Holanda tinha, ao menos, disputado duas finais, e perdido ambas. Em 1974, era a Laranja Mecânica, e os alemães a desmontaram. Em 1978, perdeu para a Argentina, numa das Copas mais infames da História. Quanto à Espanha, nunca passou das oitavas-de-final, apesar de seu jogo sempre ofensivo.

Nesta Copa, o ataque espanhol não estava eficiente, e o fato de ser apontada como favorita mais atrapalhou do que ajudou. Os holandeses eram mal vistos pelos sul-africanos. Não eram, exatamente, a Laranja Mecânica de 1974, e tinham um futebol bem mais pragmático (leia-se mais feio, conforme o futebol vigente).

Um invasor espanhol, Jaume Jauquet, conhecido como "Jimmy Jump", quis estragar a festa e conseguiu driblar a segurança para tentar roubar a Taça Fifa.

O jogo, mesmo, foi uma batalha, com muitas faltas e cartões amarelos. Os holandeses, de Laranja Mecânica, estavam de novo bancando a Laranja Irritante, com muitos chutões e retranca. Para piorar, abusaram da violência. A Fúria não conseguia vencer a defesa neerlandesa e investia como Don Quijote contra os moinhos de vento (um símbolo muito adequado para o jogo). Nas poucas chances da Holanda, Robben abusou do direito de perder gols.

Nada do placar mudar. Estava no zero, tal como o número de taças que as duas seleções ganharam antes de 2010.

O jogo seguiu para a prorrogação e a Espanha voltou a lembrar a velha Fúria, mas perdendo muitas oportunidades. Eles encontraram mais espaço quando Heitinga fez falta dura em Iniesta e levou o segundo cartão amarelo, sendo expulso.

Aos 10 min. do segundo tempo, num lance polêmico para os holandeses mas não para a televisão, Iniesta recebeu a bola em posição legal e marcou.

Era o fim do sonho holandês de conquistar um título, logo num país que odiava qualquer coisa que lembre o apartheid. Mais um título que pereceu, e desta vez de forma indigna, pois eles resolveram apelar para a pancadaria e a retranca, e não para o futebol que demonstraram saber jogar. E o prêmio a uma seleção que sempre tentava impor um futebol mais ofensivo. Primeiro, conquistaram a Eurocopa em 2008. Agora, pela primeira vez na História, ganharam uma Copa.

A Fúria mereceu ganhar a Taça Fifa.

E o polvo Paul? Ele apostou na Espanha. Acertou todos os prognósticos desta Copa! Merecia o título de verdadeira mascote da Copa 2010 (e não o leopardo cabeludo que passou quase despercebido).

10/07 - Uruguai resistiu como pode, mas...

... como a Argentina, teve de aguentar a piada do 'salsichão'.

Pelo menos a Celeste não fez feio como o Brasil, nesta Copa, ou como a Argentina, diante dos alemães. Perdeu, mas lutou.

É verdade que a Alemanha saiu na frente e abriu o placar logo aos 17 min., gol de Thomas Müller. Porém, os uruguaios reagiram e, após uma tentativa de Forlán aos 24 min., Cavani marcou três minutos depois em outro lance de ataque.

No segundo tempo, o Uruguai mostrou que não temia a Alemanha e virou o placar, após um bom começo. Forlán fez aos 6 min. Os guerreiros germânicos sentiram o gol da virada, e ao invés de esmoreceram trataram de reagir. Jansen aproveitou a falha da defesa sul-americana e empatou, 5 minutos após o tento uruguaio.

O jogo seguiu equilibrado, e Khedira teve de desempatar, a favor dos alemães. Os uruguaios não se renderam e tentaram levar às prorrogações. Em vão.

Assim terminou a saga do Uruguai, que voltou a ser um time digno de respeito. Já os alemães ficaram com as batatas, ou melhor, com o terceiro lugar que lhes serviu de consolo.

Quanto a Klose, ele simplesmente não jogou, para alegria de Ronaldo, o artilheiro das Copas.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

07/07 - A Fúria derrota os guerreiros alemães. E teremos uma final inédita!

Espanha e Alemanha fizeram um duelo equilibrado para ver quem vai para a final a la Eurocopa, na Copa da África do Sul.

A Alemanha busca vingar-se da derrota na última Eurocopa, a de 2008, quando os espanhóis foram os campeões. Por outro lado, os rivais latinos querem consagrar-se, depois de tantos e tantos fracassos, e chegar a uma final inédita. Desta vez não se podia, exatamente, falar de zebras, apesar da ampla coleção de títulos alemães, contra nenhum dos espanhóis. Isso porque a Espanha sempre foi um time forte.

O segundo jogo das semifinais foi muito menos interessante do que o primeiro. Parecem duas equipes de cavalheiros, com pouquíssimas faltas e poucas chances de gols. Detalhe: foram os espanhóis que atacaram mais, e os alemães ficaram mais defensivos desta vez.

Se o primeiro tempo foi de pouca emoção - talvez o lance mais polêmico tenha sido um suposto pênalti em Ozil - o segundo tempo foi mais agitado, e a Espanha continuava a atacar mais. Houve outro lance dentro da área que parecia um pênalti, desta vez a favor dos ibéricos. Até que Puyol, o zagueiro espanhol, resolveu participar do ataque, e os alemães receberam o primeiro gol (excluindo os invalidados) da Copa, logo num jogo decisivo, aos 28 min., para castigar um time que não lembrava aquele das partidas anteriores. A águia negra, que por algumas vezes parecia mais um dragão ou um grifo, parecia rendida ao touro espanhol.

O time alemão estava com o tetracampeonato ameaçado. E resolveu sair para o ataque, dando espaço ainda maior para o revide dos espanhóis, que desperdiçaram, com Pedro, a chance de ampliar o marcador. Para piorar, os craques alemães estavam, desta vez, apagados. Schweinsteiger, Ozil, Klose, Podolski, todos eles não se impuseram frente ao time de Villa, que foi substituído por Fernando Torres. Parecia muito estranho.

Ficou no 1 a 0 para os espanhóis. A Alemanha, que vinha de duas goleadas, contra times poderosos como Inglaterra e Argentina, perdeu pelo placar mais insosso, típico do futebol do nosso tempo. Por outro lado, a Fúria renasce e vai enfrentar a Laranja, com o apoio da torcida sul-africana, que vai acompanhar uma final européia. Duas seleções que nunca ganharam título algum na História.

Os alemães deveriam dar mais crédito a Paul, o polvo 'vidente'. Ele já havia previsto o olé, assim como acertou todos os resultados.

terça-feira, 6 de julho de 2010

06/07 - Podia ser tudo diferente!

Podíamos, neste momento, ter comentado sobre o jogo das semifinais do Brasil.

Infelizmente, o Brasil já está fora da Copa, e isto é fato. Não cabe mais apontar um ou outro fator disso ter ocorrido. A Copa de 2010, para a Seleção brasileira, já é parte do passado.

Muita gente estava sonhando com Brasil x Uruguai ou, ainda, com Brasil x Gana. Com o Uruguai, o Brasil não teria lá muitos problemas, já que Suárez, o melhor jogador deles, está suspenso por ter bancado o goleiro e cedido um pênalti - aquele mal cobrado por Gyan. Já com Gana a história seria bem diferente, pois o time africano provou não ser o mesmo da Copa de 2006, quando era bem mais inocente.

Chega de lamentar as jabuticabas podres. O jogo é Uruguai x Holanda. Ponto final.

O Uruguai estava querendo reviver os áureos tempos, quando a Copa tinha muito menos participantes. Sonhava em repetir 1950. Infelizmente, em 2010, estava na situação de azarão, ou seja, estava cavalgando a zebra contra os holandeses.

E aos 17 minutos de jogo, já tomou o gol. Van Bronckhorst chutou fora da área, muito difícil para Muslera, o goleiro sul-americano que salvou o Uruguai dos ganeses, defender.

Os uruguaios sentiram o gol, e por isso tiveram de se esforçar para melhorar o seu jogo. Os neerlandeses, por sua vez, ficaram na defesa e aos poucos se irritaram com o estilo uruguaio, diferente do brasileiro. Forlán consegue o gol de empate aos 40 min. com um chutão. As esperanças do Uruguai se renovam, e a Holanda já passa a se preocupar com o relinchar do equino listrado.

Por falar no animal africano, no segundo tempo os jogadores dos pampas voltaram melhores, animados com a possibilidade de roubar a vaga. A Holanda só estava valorizando a posse de bola e indo aos contra-ataques, e teve certa dificuldade para lidar com os novos rivais sul-americanos. Houve chances de ambos os lados. E a Holanda foi aos poucos se soltando, até fazer um gol LEGITIMADO de Sneidjer (24 min.), falha do árbitro uzbeque e do bandeira cazaque, que prejudicou o Uruguai. A caixa de Pandora se abriu de vez, quando três minutos depois, baixou de novo o espírito de 1974, sem a anarquia dos tempos do Carrossel Holandês. Robben ampliou.

Os sul-africanos, cujas razões para não torcerem para a Holanda já foram expostas em postagens anteriores, sopravam as vuvuzelas e vibravam quando o Uruguai estava com a bola. Esqueceram do jogo das quartas entre os sul-americanos e Gana, a sensação da África. Quando os neerlandeses finalizavam, a torcida se calava.

Mas o Uruguai não estava morto. Loco Abreu, o polêmico, entrou, e deu movimentação ao time. Aos 46 min., já nos acréscimos, os sul-americanos diminuíram e mostraram o arrojo que faltou à equipe de Dunga. Eles pressionaram até o fim. E para aumentar o nervosismo de ambos (e de meio mundo), o árbitro do Uzbequistão esqueceu o cronômetro. Era para terminar aos 48 min., e o apito final foi aos 50.

O Uruguai ficou fora das finais, quando tudo estava tão perto. Pelo menos vão disputar o terceiro lugar, nada mal para um time que parecia decadente. Eles tiveram motivos de sobra para brigar com o árbitro, pois se o gol impedido fosse tratado como se devia, o jogo iria para as prorrogações. Porém, preferiram ajustar contas com o time rival.

Por outro lado, a nova Laranja Mecânica está nas finais, com menos romantismo e improviso, e mais organização e solidez. Vai co-protagonizar uma final européia, a primeira da história das Copas fora da Europa, pois a rival será Alemanha ou Espanha. Competência para enfrentar qualquer uma dessas eleições a Holanda tem. Será que vai calar as vuvuzelas de novo, e ser campeã pela primeira vez?

sábado, 3 de julho de 2010

03/07 - A história se repete

Ontem o jogador Gyan perdeu um pênalti e como castigo o time de Gana acabou sucumbindo ao Uruguai, também em cobrança de pênaltis. A África mais uma vez vê suas chances de avançar numa copa morrerem de forma dolorosa.

Hoje, é o Paraguai. Cardozo sofreu um pênalti ao ser puxado por Piqué. Ele cobrou aos 11 min. do segundo tempo, quando o placar estava (mal) zerado. E desperdiçou.

Este gol mudaria a história do jogo. E foi a Espanha que acabou por pegar a Alemanha, avançando também pela primeira vez às semifinais (do jeito que a Alemanha jogou, parece uma vitória de Pirro).

A história dramática do Paraguai nas quartas-de-final começou quando ele conseguia anular o ataque espanhol no primeiro tempo. O Paraguai fez um gol impedido, e a Espanha nem isso. A moral espanhola estava baixa, e seu astro, Fernando Torres, estava muito mal. Parecia um Cristiano Ronaldo branquelo.

A Fúria só conseguiu algum ânimo após o pênalti mal cobrado de Cardozo, e conseguiu outro penal. Conseguiu, porque o lance era mal explicado: Villa entrou em choque com Alcaráz e o árbitro guatemalteco, outro do clube do Larrionda e do Coulibaly, marcou. Villa chegou a marcar, mas o juíz mandou cobrar outra vez, desta vez corretamente, por invasão de área. E como acontece muitas vezes, Villa desperdiçou a segunda chance.

O jogo ficou interessante a partir daí - antes parecia ser o pior desta fase - e a Espanha, após muita luta, conseguiu abrir o placar, com Villa (de novo), aos 38 min. Os paraguaios até que tentaram reagir, mas não deu. Assim como Gana, o Paraguai também era considerado uma zebra que 'morre' de força lancinante mas heróica. A Fúria, como o Uruguai, manteve acesa a chama da tradição. E pela primeira vez, para enfrentar a águia negra - a qual, nesta altura, converteu-se num enorme dragão.

Com a derrota paraguaia, a "musa da Copa" Larissa Riquelme não vai mais poder tirar a roupa para comemorar. Ela havia prometido ficar nua se o seu país chegasse às semifinais. Ao contrário do Maradona, ninguém iria reclamar.

Com isto, termina mais uma fase. Os quatro sobreviventes - três europeus e o solitário Uruguai - terão a chance de se apossar do caneco por quatro anos.

03/07 - Adiós, Maradona! (ou Muss es sein? Es muss sein!)

O jogo entre Argentina e Alemanha tinha tudo para ser equilibrado. A raça e a determinação dos hermanos contra a força e a eficiência germânica. Os argentinos tinham Messi, Higuaín, Tevez, Mascherano, e os alemães contavam com Podolski, Ozi, Klose.

Esperava-se um placar mais equilibrado, tipo 2 a 1, 3 a 2 ou coisa parecida. O que se viu na realidade foi algo difícil de explicar.

O que aconteceu com a Argentina? Ou melhor, o que aconteceu com a Alemanha?

É algo incrível de se ver. Os alemães não abandonaram as regras clássicas de seu futebol, opostas ao futebol-arte. Apenas, como mostrado no jogo anterior contra a Inglaterra, aplicaram a regra maior do futebol: só ganha quem faz gol. E eles fizeram. 4 a 0.

Por outro lado, a Argentina apostava na tradicional raça e na valorização da posse de bola para surpreender os europeus. Messi, considerado o melhor jogador da atualidade, esperava brilhar desta vez, já que ultimamente só se falava em Higuaín. Todavia, os dois ficaram apagados. E os latinos-americanos sucumbiram diante do poder da águia negra.

Caíram de quatro.

A história que daria um tango bem melodramático começou já aos 3 min., com Schweinsteiger e Muller. Com o tempo, os alemães ficaram mais negligentes, perdendo muitas chances e deixando os rivais jogarem. Os argentinos aproveitaram, inclusive, para fazer um gol. Impedido.

No segundo tempo, parecia que haveria um equilíbrio de forças, mas, após longos 22 min. de indefinição, Klose, com assistência de Muller e Podolski, amplia o placar. Foi o suficiente para deixar o time platino desestabilizado.

Seis minutos depois, os guerreiros fizeram mais outro. Friedrich só toca para fazer o terceiro gol, após receber bola de Schweinsteiger.

Parecia que era um castigo suficiente, mas não foi. Já se falava até em Holocausto argentino. Mas os alemães, felizmente, não eram os nazistas do passado, só estavam lá para jogar futebol. E concluíram com Klose, ansioso para se tornar não só o artilheiro desta Copa, mas de todas as outras.

O clima ficou mesmo para tocar um tango de Piazzolla. Adiós, Argentina!

Maradona, o técnico, viu a maior derrota pessoal de sua carreira. Uma das piores da história de seu país. Ele perdeu a chance de ficar nu no Obelisco (afff).

Os alemães estão cada vez mais perto do sonhado tetracampeonato. Fizeram o que o Brasil não soube fazer: ganhar uma partida. Como disse uma vez um célebre alemão, Beethoven, na composição de seu último quarteto de cordas: Muss es sein? (Tem de ser assim?). Es muss sein! (Tem de ser!).

sexta-feira, 2 de julho de 2010

02/07 - A tradição contra a zebra

Gana é a remanescente do futebol africano na primeira copa do continente. E tinha pela frente a tradicional, embora cambalente, seleção uruguaia.

Deu Uruguai, a muito custo, e da pior forma: empatado em 1 a 1, passando pela desgastante prorrogação, com um a menos (Suárez, que cometeu a asneira de defender o gol com a mão no último minuto da prorrogação) e na cobrança de pênaltis. Se tivesse "matado" o jogo antes, pois jogou melhor do que Gana, principalmente no segundo tempo, poupar-se-ia do desgaste e a torcida se conformaria facilmente da superioridade do time sul-americano, talvez até torcendo a favor deles contra a Holanda (contra os holandeses, cujos descendentes são os mal-afamados africâneres ou bôeres, eles torceriam por qualquer um).

O time africano começou acuado, e só conseguiu reagir ao longo do jogo, até que nos descontos do primeiro tempo, Muntari chutou de longe e a bola entrou, abrindo o placar. Os uruguaios empataram aos 9 min. do segundo tempo. E assim foi até o lance de Suárez, que foi expulso. O pênalti decorrente disso foi mal cobrado, por Gyan, e o Uruguai teve uma sobrevida. A história mudou completamente, da inédita campanha de um time africano para as semifinais para a disputa de pênaltis.

Na cobrança, os uruguaios se assustaram com a cobrança, desta vez correta, de Gyan, e a perda de um pênalti mal cobrado. A favor da Celeste, um dia mal inspirado para Kingson, antes considerado o melhor goleiro da Copa. O sofrimento dos uruguaios terminou com Loco Abreu, que ainda tripudiou diante de sul-africanos e ganeses estarrecidos.

O Uruguai renasce. E a última seleção africana da Copa volta para casa, frustrando um continente que volta a lamentar com a miséria, a AIDS, a corrupção de seus governantes. A sina dos africanos nos Mundiais continua. E as vuvuzelas podem parar de tocar de vez justamente quando o mundo se acostumou com o 'timbre' e parou de associá-las às trombetas do Apocalipse.


P.S.: após eu ter feito a postagem anterior, o técnico Dunga anunciou sua demissão, prevendo uma chuva de críticas, em especial da Rede Globo, desafeta-mor do treinador. Colocou a viola no saco, sentindo-se duplamente derrotado. Pela Holanda e pela imprensa, que acabou dando razão ao ex-craque holandês Cruyff, que fez críticas amargas à falta de criatividade da nossa Seleção antes do jogo. No final das contas, porém, quem ficou com as batatas, como diria Quincas Borba, não foi nenhum deles. Foi o Extra, a loja de departamentos, que anunciou com antecedência, e antes mesmo do jogo contra o Chile, a eliminação dos canarinhos.

02/07 - O Brasil é que virou suco

Alinhar ao centro
Felipe Melo, o vilão da vez que os brasileiros querem ver jogado às feras africanas


A Holanda não foi a velha Laranja Mecânica. Esteve mais para laranja irritante, porque o Brasil ficou irritado no segundo tempo... e se deu mal!

Muita gente achou que o Brasil ia ganhar fácil da Holanda. A Holanda era mais um dos fregueses da seleção canarinho, pois perdeu nas copas de 1994 e 1998, e não vencia outras cinco partidas.

Pois o futebol mostrou mais uma vez que não é um esporte determinístico. A rigor, nenhum esporte é. Tampouco pode ser explicado por meio de simples equações estatísticas.

Por outro lado, mais uma vez se demonstrou que a tradição não faz um time ganhar uma partida de véspera. Quem jogou melhor tende a vencer. E esse time não foi o Brasil. Foi a Holanda.

Não é exatamente aquele "Carrossel Laranja" que apavorou em 1974, mas o Brasil permitiu o crescimento de Robben & Cia. desde o início do segundo tempo. Por culpa do nervosismo, que se abateu sobre os nossos representantes desde a abertura do placar, com Robinho, aos 10 min. do jogo. Lembrava mais um jogo de Libertadores, quando qualquer clube brasileiro sem tradição naquele torneio (caso do Botafogo, Atlético Mineiro, Fluminense e..., ah, sim, Corínthians) tentava avançar e era dominado pela ansiedade diante de adversários argentinos, em sua maioria mais bem preparados psicologicamente.

Mas o assunto é a Copa, não a Libertadores. E a Holanda mostrou que não era um simples freguês do Brasil. Melhorou seu jogo, antes muito fácil de ser anulado pelos brasileiros, e tratou de empatar, por falha de Felipe Melo e, principalmente, de Júlio César. Aos 8 min. da etapa final, gol de Sneijder. E o futebol dos comandados de Dunga, que sempre foi burocrático e lento, escancarou todos os seus defeitos.

Aos 23 min., a defesa toda falhou feio na cobrança de escanteio de Kuyt, e Sneijder virou o jogo, calando não só a torcida brasileira aqui e na África do Sul como também as infernais vuvuzelas, pois os sul-africanos estavam torcendo contra a Holanda.

Para piorar ainda mais a situação e anular uma chance de reação, Felipe Melo, cujo equilíbrio emocional é tanto quanto um pitbull raivoso, fez falta violenta e mereceu a expulsão. Ele foi, em boa parte, responsável pela bancarrota da Seleção.

Contudo, o time todo mostrou que até poderia, mas não teve merecimento para ganhar uma Copa. Dunga, com sua arrogância e sua grotesca guerra contra a imprensa, pagou caro. E os jogadores, na maioria, não jogaram de acordo com o salário que ganhavam (com a exceção de Lúcio, o capitão). Felipe Melo, como estariam dizendo muitos, devia ser abandonado no Parque Kruger, pois 'lugar de animal irracional é na selva'.

Um jogador conseguiu fazer mais feio do que o Felipe. É Kaká. Não jogou um décimo do que sabia. O fato de estar sentindo dores na virilha não muda muito a história. E a Seleção dependia muito dele para conseguir sair da modorra.

Sinceramente, achei que o Brasil não merecia mesmo o hexa. Jogou porcamente não só no segundo tempo desta partida quanto no jogo inteiro contra Portugal. Contra a Coréia do Norte fez um jogo irritante e mereceu ter levado o gol dos adoradores do 'glorioso líder' Kim Jong-Il. Só mostrou competência, mesmo, quando jogou contra a Costa do Marfim e o Chile.

O Brasil não vai acabar porque perdeu a Copa, como chegou a dizer o mesmo Dunga quando era jogador na famigerada Seleção de 1990. Nem a carreira desse mesmo técnico no qual foram depositadas as esperanças de trazer para cá o caneco, após o fiasco de 2006. A responsabilidade por mais um insucesso na Copa não pode ser atribuída apenas a Dunga, que, no seu jeito autoritário e ranzinza e seu esquema tático avesso ao tal 'futebol-arte', empenhou-se como podia na luta pelo hexa. Os jogadores e os caciques da CBF também tiveram sua parcela de culpa. Querer jogar apenas um ou outro aos leões ou aos crocodilos não resolve o seguinte problema: como recuperar a credibilidade de um futebol que já perdeu o respeito diante do resto do mundo?

Para o nosso consolo, os exemplos francês e italiano mostram que o problema não é só do Brasil, mas de boa parte do futebol de países tradicionais. O que explicaria tudo isso? Corrupção? Interesses econômicos mais fortes do que os esportivos? Politicagem? Influência de máfias que atuam não só nos juízes quanto na negociação de jogadores muitas vezes superfaturados? A resposta a tudo isso não é nada simples e exige análises abrangentes, isentas e sem passionalismos.

Bem, agora chega de chorar a derrota. A Copa continua. Vou registrar os outros jogos das quartas-de-final.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A lista dos 23 piores ditadores do mundo

Eis a lista dos 23 maiores canalhas que agora governam o mundo, segundo a revista Foreign Police, em ordem crescente de periculosidade:

23. Paul Biya, Camarões. No poder há 28 anos, tem uma fortuna estimada em 200 milhões de dólares. Seu país, no oeste da África, não é tão rico assim para sustentar um facínora desses.

22. Aleksandr Lukashenko, Belarus. Está há 16 anos governando seu país, antiga república soviética, como se fosse propriedade sua.

21. Raúl Castro, Cuba. Irmão de Fidel, o todo-poderoso idolatrado por marxistas e intelectuais ditos 'de esquerda', exerce o poder desde 2008. Prometeu liberalizar o regime, mas a ilha ainda não sabe o que é ter democracia. Aliás, nunca teve.

20. Paul Kagame, Ruanda. Líder tutsi que oprime o povo hutu desde o início de seu mandato, em 2000.

19. Yoweri Museveni, Uganda. Está no poder há 24 anos graças a eleições fraudulentas. Lutou, antes, contra a tirania de Idi Amin, mas pratica muitos atos típicos dele.

18. Blaise Compaoré, Burkina Fasso. Tomou o poder assassinando seu antecessor em 1987. Exerce seu poder fazendo a mesma coisa com vários outros opositores.

17. Hugo Chávez, Venezuela. É de fato um ditador, um tirano, embora seu amigão Lula tente convencer a todos que ele é um chefe de Estado democrático. Seu país está arruinado e há tempos não sabe o que é ter liberdade.

16. Yahya Jammeh, Gâmbia. Como todos os ditadores, mente cinicamente. A maior mentira que ele conta é ter descoberto a cura para a Aids, como curandeiro nas horas vagas. Está há 16 anos no poder.

15. Hosni Mubarak, Egito. Famoso por sua ambição em ser um estadista no Oriente Médio, mas faz intensa repressão às minorias religiosas e à liberdade de expressão; é um aliado valioso mas extremamente incômodo dos EUA.

14. Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, Guiné Equatorial. Déspota de nome comprido, assim como o seu governo de 31 anos.

13. Idriss Déby, Chade. Está há 20 anos exercendo sua autocracia no seu país situado no centro-norte da África.

12. Bashar al-Assad, Síria. Quer ser líder pan-árabe, mas oprime não só sua gente como também o país vizinho, Líbano.

11. Muammaar al-Qaddafi, Líbia. Ditador que está há mais de 41 anos do poder e já foi acusado não só de apoiar o terrorismo mas de implantá-lo oficialmente em seu governo despótico. Agora posa de líder pan-africano.

10. Hu Jintao, China. Tirano que mescla crescimento galopante da economia com a política mais discricionária possível, herdada de Mao Zedong.

9. Meles Zenawi, Etiópia. Acusado de ter mais de 1 bilhão de dólares em contas bancárias à custa da tristemente famosa miséria do povo etíope.

8. Mahmoud Ahmadinejad, Irã. O famigerado ditador eleito fraudulentamente para implantar sua política nuclear belicosa.

7. Islam Karimov, Uzbequistão. Confunde política contra o terror com política contra a liberdade de seu povo.

6. Isaías Afwerki, Eritréia. Tirano que oprime sem piedade o seu país do leste africano. Permite ação de guerrilhas somalis em seu país.

5. Gurbanguly Berdimuhamedov, Turcomenistão. Sucessor e seguidor do terrível tirano e ególatra Saparmurat Niyazov.

4. Omar Hassan al-Bashir, Sudão. Tirano responsável pelo massacre em Darfur, região já castigada pelo Saara e pela miséria, no oeste do país.

3. Than Swne, Birmânia. Os generais pseudo-comunistas apoiados pela China chamam o país de Myanmar. O governo atual segue a tradição de fazer picadinho dos direitos humanos mais básicos.

2. Robert Mugabe, Zimbábue. Em nome do socialismo e contra o racismo, uma tirania que toma bens de opositores e estrangeiros para engordar suas contas. E arruina o país não só com a opressão, mas com uma inflação escandalosa.

1. Kim Jong-Il, Coréia do Norte. Sem comentários!

Pode-se acusar o autor, George B. N. Ayittey, economista e sociólogo de Gana, de ser subjetivo e querer impor os pontos de vista norte-americanos na política internacional, já que ele reside nos EUA. Contudo, não há dúvida que ele coloca o dedo nas feridas de vários males da maioria dos países do mundo: falta de democracia, violência estatal, enriquecimento ilícito, corrupção política.

O mundo só trilhará o caminho do progresso e da justiça, de verdade, quando essa corja fazer parte de um triste passado.

Para ler o original:
http://www.foreignpolicy.com/articles/2010/06/21/the_worst_of_the_worst