quinta-feira, 31 de março de 2016

O Brasil não vai (e não deve) reeditar 1964

Amanhã serão completados 52 anos do golpe militar realizado para derrubar João Goulart da presidência. Querem ainda nos convencer que a data do movimento foi no dia 31 de março de 1964, mas como já postei aqui, as primeiras manifestações dos golpistas foram na madrugada, quando oficialmente já era o tal "dia da mentira". 

Em 2016, há muito menos em comum com 1964 do que o governo quer nos fazer acreditar. Em comum, só a incompetência e falta de tato dos governos, além de uma visão populista sobre os brasileiros mais carentes: Jango antes e Dilma agora. A inflação não está tão alta quanto em 1964, mas a recessão, em 2016, é muito pior. Antes, havia a Guerra Fria; agora, a guerra ao terrorismo. As instituições são mais sólidas, o país é mais populoso e o povo não está tão alienado, embora ainda haja um longo caminho até ele adquirir uma consciência política mais solidificada. 

Jango só foi acusado de querer, falsamente, implantar o comunismo no Brasil, embora ele fosse um latifundiário em terras gaúchas. Dilma é acusada não de comunismo, mas de corrupção, obstrução da Justiça, crimes de responsabilidade ao ordenar empréstimos a bancos públicos (pedaladas fiscais) e conivência com um partido que denunciou o patrimonalismo de outras siglas mas o praticou de forma ainda mais acentuada. Ela é acusada de ter autorizado a compra da refinaria de Pasadena, embora isso ainda precise de fundamentação jurídica, ou seja, documentos e outras provas. 

Há 52 anos não se falava em impeachment. Em 2016, esta prática é regulamentada pela Constituição, com base no caso Watergate. Foi posto em prática em 1992, para destituir um presidente legitimamente eleito, mas que abusou do poder, sequestrou a poupança e se envolveu em corrupção, além de ter assinado cheques fantasma para pagar despesas pessoais, algo considerado crime de responsabilidade, mas atualmente irrisório perto do que foi feito agora. 

A oposição juntou-se aos militares em 1964 para depor Jango e causar uma ruptura institucional. Agora, a oposição quer os militares bem longe, na caserna. Ninguém com suficiente conhecimento de História quer uma ditadura militar, a volta da tortura, dos desaparecimentos políticos, da censura e das restrições às liberdades individuais. Nem o Jair Bolsonaro, considerado um neofascista, quer implantar uma agenda assim, quanto mais os outros líderes aclamados pelos chamados "coxinhas". 

Ou seja, 2016 será muito diferente de 1964. E os atores políticos até agora demonstram muito mais preocupação com o império da lei e a preservação da democracia, apesar dos excessos e das discussões acaloradas, muitas vezes movidas mais pelo fígado do que pelo cérebro. 

terça-feira, 29 de março de 2016

Só algo sobrenatural vai salvar Dilma agora

O PMDB sai do governo, com direito aos gritos de "Fora PT!" (Divulgação/PMDB)

O PMDB, percebendo o agravamento da crise no governo, resolveu sair da base aliada nesta tarde. 

Era um dos principais sustentáculos de todos os governos civis após o regime militar. De uma sigla oposicionista, tornou-se adesista, recebendo sempre muitos cargos e influência nos governos Sarney (como o partido no poder), Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma. 

Muitos acusam o partido de oportunismo e mesmo de parasitismo, e não ter ideologia definida. Foram criticados e ridicularizados, comparados a um balaio de gatos, mas eles nunca deram importância, devido às suas relações de intimidade com o Executivo federal. Costumam abandonar o governo apenas quando a situação se torna irreversível e há a chance de se beneficiar de um governo futuro. 

Foi assim com Collor, cassado em 1992 por corrupção no governo, para apoiarem Itamar. Está sendo com Dilma, por enquanto ainda presidente, mas envolvida em um esquema de corrupção de fazer o caso Collor-PC Farias, por si só muito grave, parecer um enredo de teatro infantil. O PMDB terá a chance de governar diretamente o país, com Michel Temer. 

Terão muito trabalho para serem aceitos pela opinião pública, majoritariamente anti-Dilma, pois boa parte dos membros do partido está envolvida com o escândalo investigado pela Operação Lava Jato, inclusive os principais líderes, como os presidentes da Câmara e do Senado. O próprio Temer foi citado como beneficiário do mega-assalto ao NOSSO DINHEIRO. Porém, o maior consumidor de recursos vindos dos desvios, de longe, continua a ser o PT. 

Agora, Dilma está bem mais próxima de perder o mandato, num processo de impeachment, e só pode contar com os petistas, alguns pequenos partidos aliados e lideranças dos movimentos sociais para tentar ao menos atrasar o processo na Câmara, ou, caso ele for adiante, no Senado, considerado mais fiel a Dilma (que não poderá exercer a presidência enquanto os senadores não votarem). Muitos não se conformam com este ritual, mas ele é necessário para se adequar à lei. O consolo para eles é saber que tudo ficará muito mais fácil com o PMDB fora do governo, e ainda mais se eles votarem em massa com a oposição. 

segunda-feira, 28 de março de 2016

Páscoa da crise

Desde 2007 as vendas de Páscoa não eram tão fracas. A queda no poder aquisitivo e o aumento generalizado no preço dos produtos vinculados à data, particularmente o chocolate, afugentaram os consumidores. 

As vendas caíram 9,6% em relação a 2015, que não foi um ano excepcional. Muitos deixaram de comprar os caríssimos ovos de Páscoa e quem não dispensa o chocolate nesta época do ano comprou barras e bombons. Alguns foram comprar matérias-primas para fazerem ovos caseiros, um recurso já clássico.

Não há esperança de que isso melhore a curto prazo. O Brasil ainda vai passar por um período de turbulências até conseguir se estabilizar e colocar a economia para crescer de novo, enquanto existe a possibilidade de haver escassez de chocolate no mercado, devido ao aumento do consumo e da estagnação na produção. Além disso o derivado do cacau será ainda mais sobretaxado, a partir de maio, tendo uma incidência de 5% sobre o preço de venda.

Ou seja, é bom repensar mesmo o significado da Páscoa, atualmente reduzida a uma data comercial potencialmente perigosa ao orçamento e à saúde, principalmente quando se compra (e come) muito ovo de Páscoa.



N. do A.: Não bastasse a Páscoa amarga do Brasil, ainda um atentado terrorista no Paquistão tornou a data ainda mais deprimente. Dezenas de cristãos foram mortos em uma igreja de Lahore, por membros do Talibã, a milícia controlada pela al-Qaeda quando Osama bin Laden estava vivo. Os sobreviventes não podem contar com proteção policial, pois aquela nação asiática, como boa parte dos países muçulmanos, marginaliza os cristãos (quando há liberdade de culto) ou simplesmente os proíbe de manifestar suas crenças, sendo considerados mais criminosos do que os terroristas. As manifestações de ódio não respeitam nem uma data que lembra a ressurreição de Jesus Cristo, que sempre deplorou a intolerância e exaltou a paz. 

quinta-feira, 24 de março de 2016

Johan Cruyff (1947-2016)

Com a morte de Johan Cruyff (Cruijff, na grafia neerlandesa), um dos maiores jogadores de futebol da História, responsável pela grande campanha da Holanda na Copa do Mundo de 1974, ídolo do Barcelona, defensor do futebol como espetáculo e torcedor apaixonado, desaparece mais um representante de uma época saudosa. 

A morte de Cruyff é uma grande perda para o futebol (Divulgação)

Ele foi o inspirador de jogadores que sabem atuar em mais de uma posição. Foi meia-atacante, atuando como armador e como goleador, mais ou menos como Messi atualmente. Esse mérito não foi só dele, mas também de Rinus Michels, o grande treinador da seleção holandesa. 

Quando a Holanda atuou na Copa de 1974, chamada de "A Laranja Mecânica", Cruyff e seus companheiros eram temidos pelos adversários, e fizeram vítimas, como a Argentina, goleada, e o Brasil de Zagallo, que sofreu um belo baque após a euforia de ganhar a Copa passada. Foi a Alemanha de Beckenbauer que acabou com o sonho dos neerlandeses, e até agora eles sofrem por não terem ganho aquela Copa e os torneios seguintes. 

Cruyff, derrotado por um câncer, viu o câncer da corrupção arruinar a imagem da Fifa e do futebol mundial, enquanto a qualidade dos jogadores é cada vez mais posta em dúvida, deixando poucos talentos como Messi e Cristiano Ronaldo entre colegas com altos salários e rendimentos nem tanto. Ele não deve ter se sentido vingado ao ver um dos responsáveis pela perda do título em 1974 - Franz Beckenbauer - ser processado por corrupção e acusado de participar da escolha supostamente fraudulenta da Alemanha como sede da Copa de 2006. 

Talvez Beckenbauer tivesse se adaptado melhor aos novos tempos, onde não há lugar para o romantismo, como na época quando eles eram jogadores. Mas ele continuou admirando seu rival, tanto que ele declarou, quando soube da morte do holandês: "Perdi um irmão!"


N. do A.: Enquanto o futebol perdia um grande nome, por aqui no Brasil temos o desgosto de ver times tradicionais passando vergonhas em competições, como o São Paulo e o Palmeiras, e os clubes em geral falidos e mal administrados, vendo seus melhores jogadores irem para mercados mais atraentes - agora, até a China está neste caso - e não produzindo mais grandes talentos. 

quarta-feira, 23 de março de 2016

Mais um capítulo da história que deixa 'Game of Thrones' e 'House of Cards' no chinelo

Os executivos da Odebrecht resolveram revelar mais do que sabem a respeito do mega-escândalo. Contudo, eles nem abriram a boca e já detonaram outra bomba - contra a vontade.

A Operação Lava Jato descobriu uma lista com cerca de 300 nomes, boa parte deles deputados e senadores, inclusive de oposição. Mais detalhes, leia AQUI.

Mostra o nível da corrupção política aqui no Brasil. Pensava-se que ela funcionasse como um parasita difícil de combater e à margem da lei, mas agora o tamanho da criatura está mais para um colossal predador, capaz de estraçalhar nossa nação se ela não se sujeitar ao seu poder e às suas leis. É algo mais espantoso e sofisticado do que as máfias do sul da Itália, combatidas pela Operação Mãos Limpas na década de 1990, a fonte de inspiração da Lava Jato.

O conteúdo das planilhas leva gente com foro privilegiado, e não só deputados e senadores. Isso fez o juiz Sérgio Moro declarar sigilo dessas informações, que vão para o STF. Espera-se que os ilustres ministros avaliem tudo com o rigor da lei.

Já se pode dizer que estamos próximos de um ponto onde não haverá mais retorno, mesmo com todos os esforços do governo para tentar calar a Polícia Federal. Isso se já não chegamos a este ponto. 

terça-feira, 22 de março de 2016

Não dá para tolerar mais isso!

Homem ferido num dos ataques terroristas na capital belga (NBC News)

Os inimigos da humanidade, vulgo "Estado Islâmico" ou Daesh, atacaram novamente. Mataram 34 pessoas inocentes e feriram mais de 100 em ataques na capital da Bélgica, Bruxelas. Esses ataques merecem o repúdio de todos aqueles que se conhecem por gente. 

Não por coincidência, quatro dias antes prenderam Salah Abdeslam, um dos chefes da carnificina em Paris, ocorrida a 13 de novembro de 2015 (o 13/11), Ele pertencia ao Daesh e foi preso em Molenbeek, na região da cidade atacada covardemente hoje. 

Apesar do empenho da Europa em prevenir o terror, a tragédia aconteceu, e mais uma vez o medo toma conta do Velho Continente e do resto do mundo dito "civilizado". 

Infelizmente, existem outros atentados igualmente sangrentos, ocorrendo na Nigéria graças ao Boko Haram, no Paquistão, no Iraque e mesmo na Turquia, um país ainda não considerado suficientemente ocidental. Há poucos dias, em Istambul, a maior cidade deste último país, houve um atentado com homem-bomba vinculado ao Daesh, matando quatro pessoas, e ainda neste ano, em Ancara, a capital, o mesmo número de mortes em Bruxelas, e ainda mais feridos - 125 - devido a um carro-bomba lançado não pelo Daesh, mas por grupos terroristas curdos. O Ocidente não se comoveu nem neste caso. 

Toda forma de terror deve ser repudiada, pois não dá para tolerar que vidas inocentes sejam arruinadas por criminosos que matam usando como pretexto ideais políticos ou religiosos. 


N. do A.: Nós temos uma lei antiterrorismo que todo mundo espera não ser posta em prática nas Olimpíadas do Rio. Os organizadores e o governo estão providenciando para tudo correr bem, na medida do possível e de acordo com suas respectivas vontades e competências. Apesar disso, ou justamente por isso, muita gente está preocupada e teme as competições maculadas pela carnificina extremista, tal como ocorreu em 1972, quando terroristas palestinos atacaram a delegação israelense, provocando o Massacre de Munique, a pior tragédia ocorrida na história dos Jogos Olímpicos. 

Obama foi pra Cuba

Barack Obama está em visita oficial a Cuba, sendo o primeiro presidente americano a fazer isso em 88 anos. Ele vai ficar até quarta-feira na ilha dos Castro. 

Na certa está vendo o estado de penúria em que está a propalada ilha do socialismo, devido ao embargo econômico e principalmente ao descalabro na gestão local. Cuba se orgulha de ter um sistema de saúde robusto e política para o esporte eficiente, mas todo o resto é terrível: miséria, baixo poder aquisitivo, falta de liberdade, infra-estrutura precária. 

Obama se encontra com Raul Castro em visita histórica a Cuba (Carlos Barria/Reuters)

Na sua agenda, consta cobranças para Raul Castro, o comandante e irmão de Fidel, fazer uma transição democrática, soltar os presos políticos e respeitar os direitos humanos. Tentará explicar que o embargo econômico não se decide apenas pela vontade do Executivo, como Cuba e outros países latino-americanos estão acostumados a fazer, mas mediante votações no Legislativo. Outra questão espinhosa é o complexo naval de Guantánamo, onde está a famosa prisão para acusados de terrorismo, que o presidente americano prometeu fechar mas sem data certa para isso. 

Obama visitou o túmulo do herói nacional da independência de Cuba, José Martí, este também notável pela sua poesia fortemente anti-americana. Cuba era uma colônia da Espanha, e durante o período da luta pela independência, pela qual Martí deu sua vida, os americanos intervieram diretamente, tentando fazer de Cuba um protetorado. Foi nesta época, em 1898, que foi instalada a famigerada base militar lá em Guantánamo.

A intromissão na soberania cubana era frequente, ao mesmo tempo que a ilha procurou concentrar sua economia no turismo, com muitos cassinos e casas de shows (e também outros entretenimentos, como a prostituição), para atrair americanos e europeus, ao lado da agricultura (a ilha era dominada pelas plantations, cultivando produtos de exportação enquanto a maior parte do povo mal conseguia se alimentar direito). Para os cubanos, sobrava a tirania. Após a Revolução Cubana, a tutela americana foi aos poucos substituída pela soviética, e o governo corrupto e discricionário de Fulgêncio Batista deu lugar à mão-de-ferro de Fidel Castro. 

Em Miami, onde se concentra boa parte dos exilados políticos, dada a proximidade desta cidade com a ilha (140 km de mar), alguns deles criticaram o presidente, chamando-o de comunista. Outros presidentes também visitaram países comunistas (Nixon na China e Reagan na antiga União Soviética), mas nenhum deles foi chamado assim, mesmo porque os EUA não fizeram embargo econômico nesses países e os presidentes em questão eram ferrenhamente contrários a essa ideologia, como republicanos que eram. 

Difícil prever se essa visita irá representar algum progresso concreto, a curto prazo, na situação política da ilha antilhana ou no fim do embargo econômico, que só agrava a penúria do povo cubano e atrapalha oportunidades de negócios. Esta visita, porém, pode eliminar um dos ranços da antiga Guerra Fria. 

sexta-feira, 18 de março de 2016

Agora, o outro lado se manifesta nas ruas

No dia 13, milhões foram exercer seu direito de protestar contra os desmandos do governo e a roubalheira que assola nosso país. Agora, é a vez dos simpatizantes do governo também protestarem, contra o que eles consideram abusos do juiz Sérgio Moro, e exaltando Lula, o presidente que tirou milhões da miséria (e isso é fato, mas muitos podem voltar à penúria com o prolongamento da crise). 

Não foi pouca gente, e, felizmente, não houve baderna. Só na Avenida Paulista, foram quase 100 mil pessoas. O ex-presidente estava presente, ainda sob a indefinição de seu destino a curto prazo, pois duas liminares foram derrubadas, mas houve uma nova, que o impede de exercer o cargo de chefe da Casa Civil e ser uma versão moderna de Rasputin do governo Dilma. 

Lula ainda tenta demonstrar sua força política em ato pró-governo na Paulista (Divulgação/Estadão)

Outros milhares de pessoas se reuniram e vestiram vermelho, a cor do socialismo e do PT, para protestarem. Apesar de haver alguns conflitos localizados com os anti-governo, não houve nada mais sério. 

Como sempre, a palavra de ordem foi "Não vai ter golpe". É perda de tempo tentar explicar que o impeachment está na Constituição, e golpe, mesmo, é tentar implantar um "semi-parlamentarismo" sem amparo legal ou a Dilma delegar parte de seus poderes a gente que não foi eleita para isso. Eles também gritaram contra Sérgio Moro, o juiz visto como "salvador da pátria" por muitos manifestantes anti-governo. Para os governistas, ele extrapolou suas funções de juiz para atuar como político e tentar prejudicar Lula e a presidente ("presidentA", para quem ainda tem fé neste governo), divulgando conteúdo de grampos que dividiu opiniões de juristas e analistas políticos. 

Isto faz parte do jogo democrático, e muitos protestos dos pró e dos contra ainda virão, até a situação do Brasil voltar aos eixos, o que pode se estender até bem depois que terminar, oficialmente, o governo Dilma. 

quinta-feira, 17 de março de 2016

Um mercado onde a Microsoft sofre para conquistar

O sofisticado Lumia 950, da Microsoft, é a esperança para salvar a empresa no mercado mundial de smartphones (Divulgação)


Já se foi o tempo que falar de Microsoft era apontá-la quase como se fosse um monopólio. Afinal, o Windows dominava, e ainda domina, o mercado de sistemas operacionais para computadores - PC's e notebooks. As vendas desses aparelhos estão em franca queda.

Em outro mercado, o de smartphones e tablets, a gigante chefiada por Bill Gates está muito mal. A participação da empresa chega a dar pena até em seus detratores mais impenitentes: no Brasil, até que não está tão mal: 5,1% (dados do Kantar referentes ao final de 2015), mas existem mercados onde quase não se fala nele: é o caso do Japão, onde a participação do Windows Phone é de 0,2%.

A grande maioria dos telefones com Windows é Microsoft, ex-Nokia. Alguns modelos da Xiaomi, Alcatel, BLU e HTC tem esse sistema instalado. Embora tenha vantagens, como a menor exigência quanto ao poder de processamento e maior fluidez, a falta de aplicativos é algo exasperante para os usuários. Muitos deles são de qualidade inferior, ou simplesmente ainda estão no estágio de "beta", devido ao maior interesse dos programadores nos Androids e nos iOS.

Fala-se muito na qualidade das câmaras dos Lumia, mas os aparelhos Android têm progredido bastante. Câmeras de 13 MPs, antes restritas aos celulares "top de linha", chamados também de "flagships", agora são comuns em aparelhos que custam "apenas" R$ 1000,00, ou seja, o segmento intermediário. Agora só os Lumia 9xx (o finado 930 e o atual 950) se destacam, graças à tecnologia Pure View usada para minimizar a perda de qualidade no "zoom" óptico.

Para evitar a perda de clientes, a empresa parou de adiar a tão falada atualização para o Windows 10 Mobile, considerado bem melhor do que o Windows 8.1, assim como o Windows 10 dos PC's é considerado muito superior ao difamado Windows 8. A história da atualização, válida para o mundo todo em alguns modelos Lumia, virou motivo de piada. Antes prometido para 2015, houve adiamento para o dia 29 de fevereiro. Os telefones só puderam ser atualizados, mesmo, na noite de hoje.

Talvez nem isso seja o suficiente para a Microsoft ganhar os mercados. Crescem os rumores de que ela irá deixar de vender smartphones em vários países, entre eles o Brasil e sua economia deteriorada pela crise de origem política. Por aqui ela só vende produtos do segmento mais básico, até R$ 700,00, os chamados "budgets". O mais caro é o Lumia 640, um intermediário de especificações modestas, com o ultrapassado processador Snapdragon 400, o limitado GPU (processador gráfico) Adreno 305 e apenas 8 Gb de espaço interno. O Lumia 950, mais sofisticado aparelho com WP do mercado mundial, provavelmente não será vendido aqui. 

quarta-feira, 16 de março de 2016

Será o fim?

Muito se discutiu se o governo Dilma se autodestruirá assim que Lula assumir a chefia da Casa Civil, e até que ponto estarão certos em apontar um "terceiro mandato", iniciado sem eleições. Também temem por um cenário de impunidade de Lula, considerado o grande beneficiário do chamado "Petrolão". 

Não necessariamente, segundo os analistas políticos e jurídicos, o ex-presidente estaria a salvo de ter de responder às acusações de corrupção e formação de quadrilha. Responder à Justiça quando se é acusado, com a ressalva do ônus da prova ser de quem acusa, é obrigação de qualquer um. Caso Sérgio Moro não julgar a ação de Lula devido ao foro privilegiado, caberá ao STF exercer essa tarefa, e ela não necessariamente significa deixar o ex-presidente livre, pois se Moro o condenar, Lula poderá recorrer às instâncias superiores, mas se o STF declarar Lula culpado, o ex-presidente não terá margem de manobra suficiente para escapar da punição.

Acontece que o momento político era desfavorável para uma aventura desse porte. Duraram apenas algumas horas a sensação de "fato consumado". Esta noite, os protestos voltaram, pedindo a renúncia de Dilma e a prisão de Lula. Poucos do governo apostariam que os "coxinhas" iam se manifestar à noite, mas não se pode subestimar a vontade de cidadãos indignados.

Para piorar, a PF liberou o conteúdo de um grampo (autorizado por Sérgio Moro) onde os dois líderes petistas falam coisas que jamais ousariam dizer em público. Mesmo Dilma, acostumada a fazer discursos estranhos e com deficiência de sentido. Pior ainda foi Lula, que soltou observações assustadoramente desrespeitosas contra o Congresso e o Judiciário (ler AQUI).

Estamos vendo um cenário nunca presenciado antes. Seja lá como isso vai terminar, o país vai ficar muito diferente do que estamos acostumados a ver. 


terça-feira, 15 de março de 2016

Loucura na Bovespa

Diante da maior crise política da História do Brasil, de algo comparável aos períodos ocorridos na França do final do séc. XVIII e na Rússia do início do séc. XX, os investidores estão reagindo de forma intensa a qualquer rumor. 

Fizeram isso quando as denúncias da Lava Jato abalaram de vez o governo Dilma e colocaram Lula sob investigação. A Bolsa subiu e chegou a quase 50.000 pontos, e o dólar voltou aos patamares de meados de 2015. 

Hoje, foi o contrário. Com a possibilidade - remota - de Lula vir a ser ministro de alguma pasta e mostrar a todos que Dilma é uma espécie de Viúva Porcina da política - foi sem nunca ter sido (presidente) - os mercados mostraram nervosismo e o dólar subiu 5%, enquanto a Bolsa caiu 3%. As ações do Banco do Brasil despencaram 20%, um tombo monstruoso, mas devemos estar cientes da valorização do banco ao longo deste mês. Mesmo com o baque, houve um acúmulo de 30% em apenas quinze dias. 

segunda-feira, 14 de março de 2016

Ainda sobre as manifestações

Nunca se viu um movimento tão grande organizado por cidadãos no sentido estrito da palavra em nosso país, desde as Diretas Já. 

Segundo as estimativas, com números muito diversos entre si, foram entre 1 e 6 milhões às ruas. Tudo dentro da ordem, pacificamente. Embora alguns ainda defendam ideias esdrúxulas já expostas em outras passeatas, como a tal intervenção militar, e tenham apoiado certas pessoas que não casam bem com a democracia, como é o caso do deputado Jair Bolsonaro, são minoria perto de uma multidão indignada com a roubalheira e as recorrentes violações à lei e à Constituição por parte de membros do atual governo, do PT e seus aliados. 

Mesmo assim, houve quem enxergasse os movimentos de outra forma, como Rui Falcão, líder do governo. Ele disse que as oposições orquestraram o movimento - o que não é verdade - e o fato de muitos oposicionistas como Aécio Neves e Geraldo Alckmin serem hostilizados - como de fato aconteceu - era sinal de descontrole. Citou os "21 anos de ditadura sangrenta", demonstrando estar apavorado com o povo. É praticamente insinuar que a multidão é "fascista", quando os políticos oposicionistas foram vaiados por algumas centenas - enquanto centenas de milhares vaiam o governo. 

Rui Falcão e outros petistas parecem aterrorizados com tantos descontentes. Continuam a reagir mal, apressando o processo de colocar Lula num ministério, praticamente expondo galhardamente o seu medo de ver seu grande líder novamente tendo de prestar contas à Justiça, e assumindo mais do que nunca a falta de relevância de Dilma, a presidente que abandonou suas obrigações como governante (algo que, segundo muitos, nunca exerceu efetivamente). 

Analistas ainda estão divididos. Uns festejam a manifestação de cidadania e civismo, outros fazem alusão à Operação Mãos Limpas na Itália, para mais tarde colocarem um populista, o milionário Sílvio Berlusconi. São os mesmos que temem a aparição de alguém parecido (como o candidato republicano dos Estados Unidos Donald Trump) por culpa de um "salvacionista" como o juiz Sérgio Moro. A maioria, porém, louva o chefe da Polícia Federal e só o vê como um zeloso cumpridor da lei, embora tivesse cometido alguns excessos contra os réus, empreiteiros e políticos. 

Mas agora chega de tanto texto. As imagens mostram melhor o grande acontecimento de ontem: 

Rio de Janeiro (Tânia Rego/Ag. Brasil)


São Paulo (Divulgação)

Brasília (Adriano Machado/Época)

Recife (Sumaia Vilela/Ag. Brasil)

Salvador (O Popular/Divulgação)

Belo Horizonte (Divulgação)


Porto Alegre (Lucas Abati/Rádio Gaúcha)


Curitiba (Gazeta do Povo)


Belém - Gil Sóter/G1


Campinas (SP) - Gustavo Magnusson/G1

Garanhuns (PE) - Márcio Bastos/UOL

domingo, 13 de março de 2016

13 de março de 2016 - um dia memorável

13 de março foi o dia em que centenas de milhares de pessoas foram às ruas protestar contra os desmandos do governo e a corrupção política que impede o Brasil de se tornar um país digno de orgulho para os seus habitantes. 

Tudo foi feito dentro da ordem e sem extremismos, apesar de partidários do governo disserem que não passava de uma reunião de classe média - como se apenas os pobres (e os aliados, muitos deles extremamente ricos) fossem dignos de consideração. 

Na próxima postagem, quando houver tempo, vou entrar em mais detalhes. 

quinta-feira, 10 de março de 2016

Agora tudo desandou de vez

Hoje o Ministério Público de São Paulo está solicitando a prisão preventiva do ex-presidente Lula por falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, relativo ao apartamento triplex no Guarujá. 

Esta decisão aumentou a tensão política, enfureceu ainda mais os simpatizantes de Lula e deixou a oposição perplexa. Segundo esta última, era necessário agir com mais cautela, pois a capacidade de reação dos acólitos do ex-presidente é potencialmente grande, e faria aumentar a pressão para Dilma reservar um ministério para ele, provavelmente a Casa Civil, dando-lhe foro privilegiado. 

Ao mesmo tempo, caso isso venha a acontecer, a legitimidade do governo, já contestada, estará definitivamente em xeque. No pleito de 2014, segundo a lei eleitoral, a eleita foi Dilma, e não Lula, que viria a exercer um papel mais parecido ainda com o de outro barbudo famoso na História do mundo: Rasputin, o guru do decadente império russo. A diferença é que um tem ainda muitos seguidores, e outro era odiado por todos. 

Subestimar a resistência petista não é ato dos mais inteligentes. Há muitos radicais infiltrados entre eles, capazes de apelar até para o terror. É o caso de parte das lideranças do MST, do MTST e outros grupos. 

Por outro lado, os grupos pró-impeachment também vão ficar com os ânimos exaltados. Eles também terão de abandonar ideias anti-democráticas, como intervenção militar, ou insensatas, como fazer apologia ao assassinato de Lula ou de Dilma. 

A Justiça tenderá a não acolher o pedido de prisão de Lula, devido à sua fragilidade jurídica, mas até lá a entropia política, já muito alta, poderá levar a situações cujos efeitos poderão ser sentidos por várias décadas. 

quarta-feira, 9 de março de 2016

Quarta agitada em Brasília

Depois do episódio envolvendo Lula na sexta passada, o governo, desde antes do segundo mandato enfrentando dificuldades, vê sua situação deteriorar-se ainda mais. 

Para tentar salvar seu líder, o PT tentou convencê-lo a aceitar um cargo no ministério de Dilma, mas ele se recusou, abrindo mão do foro privilegiado dos ministros (uma aberração antidemocrática que viola o princípio da igualdade de todos perante a lei). Tal aproximação confirmaria a versão oposicionista segundo a qual o governo, Lula e o PT estariam dispostos a se preservarem, mesmo à custa da ruína do país. 

O Ministério Público de São Paulo, sem perder tempo, denunciou o ex-presidente por ocultação de patrimônio, ou seja, acusa-o de ter o triplex do Guarujá como sua propriedade. Ainda não foram colhidas provas cabais para confirmar essa acusação, mas isso contribuiu ainda mais para a desmistificação da figura de Lula. 

As más notícias para o governo não terminam por aí. 

Após tentar impor para o ministério da Justiça um comissionado do Ministério Público da Bahia - entrando em conflito com a determinação da Lei Magna que impede o acúmulo de cargos públicos para os ministros - o governo foi derrotado pelo STF e terá que desistir de Wellington César Lima e Silva. A maior parte dos juízes do Supremo, inclusive o último dos nomeados pela presidente - Luiz Edson Fachin - votou pela inconstitucionalidade. Gorou a tentativa do governo de colocar um aliado de Jacques Wagner (e de Lula) para tentar frear o ímpeto da Lava Jato. 


terça-feira, 8 de março de 2016

Mulheres na Paulista

Mulheres ligadas aos movimentos feministas aproveitaram o Dia Internacional da Mulher para protestarem contra a violência e também defenderem pautas mais espinhosas, como o direito ao aborto, em frente ao Masp. 

Espinhoso mesmo foi quando ativistas ligadas ao PT resolveram fazer do movimento uma manifestação pró-Dilma, causando um racha. Apesar de boa parte das manifestantes estarem ligadas a partidos ditos "de esquerda", muitas não quiseram apoiar a presidente, a primeira mulher a exercer o cargo. Enxergam nela não um motivo de orgulho, mas de vergonha, não só por seu governo estar envolvido nos piores casos de corrupção da História, mas também porque ela quer o ajuste fiscal e a reforma da Previdência, assuntos detestados pelos simpatizantes do PSTU, PSOL, PCO e outros partidos similares.

Por causa da grande faixa "Somos todas Dilma", chegaram a confundir a manifestação como de grupos pró-Dilma, mas a realidade era mais complexa (Nelson Antoine/Estadão)

A Avenida Paulista, no domingo, vai receber mais gente para protestar contra a roubalheira e os desmandos do governo. E, ao contrário do que os acólitos do PT queriam, os grupos pró-Dilma e pró-Lula ficarão impedidos de estar lá, por ordem do governo paulista, para evitar confrontos. 

segunda-feira, 7 de março de 2016

O filme da Torre Negra irá sair

A série "A Torre Negra" de Stephen King vai finalmente se transformar em um filme de Hollywood. 

Ela começou a ser escrita em 1982, com o livro "O Pistoleiro", e depois vieram outros: "A Escolha dos Três", "As Terras Devastadas", "Mago e Vidro", "Lobos de Cália", "Canção de Suzannah" e "A Torre Negra". 

Versão de bolso do primeiro livro, O Pistoleiro

Embora Stephen King seja muito adaptado para o cinema, saindo obras memoráveis como Carrie, a Estranha, O Iluminado, It (Pennywise) e À Espera de Um Milagre, seu trabalho mais ambicioso ainda não foi interpretado por ser considerado difícil. Nos últimos anos, leitores da série especulavam Javier Bardem e Russell Crowe para fazer o papel do pistoleiro Roland Deschain de Gilead, obcecado por uma estranha construção, a Torre Negra, num "mundo que seguiu adiante". 

Adaptação, mesmo, foi para os quadrinhos, pela Marvel Comics, mas com muitas histórias não abordadas originalmente. Os direitos da obra não se estendem para a Marvel Studios. A produtora responsável pelas filmagens será a Sony Pictures. 

Idris Elba fará o papel, e Matthew McConaughey será o arqui-inimigo do pistoleiro, o "Homem de Preto". Não se sabe ainda quem irão fazer os papéis dos parceiros de Roland.

O personagem foi extraído de um poema de Robert Browning, Childe Roland à Torre Negra chegou.


N. do A.: O autor deste blog está acompanhando os fatos da vida real, que às vezes parecem mais sinistros do que contos do Stephen King. Vários deles foram revelados pela Operação Lava Jato, atacada hoje mais uma vez pela presidente Dilma, que tomou as dores de seu padrinho político. Estou escrevendo uma postagem diferente para manter a coerência do blog, que precisa abordar assuntos variados. 

sábado, 5 de março de 2016

Se ergues da justiça a clava forte

Os acontecimentos desta semana foram um duro desmentido para quem tinha a convicção de que Lula iria sair ileso durante a Operação Lava Jato. 

Na quinta-feira, houve uma divulgação feita na revista IstoÉ sobre as denúncias de Delcídio do Amaral contra Dilma e Lula. Ele afirmou que a presidente estava envolvida na compra da refinaria em Pasadena e o ex-presidente era beneficiário do mega-esquema de corrupção na Petrobras. Ambos estariam atuantes em tentar atrapalhar as investigações da Lava Jato. Segundo a revista, ele teria fechado um acordo de delação premiada. Delcídio teria negado essa acordo.

Ontem, após a grande repercussão desse assunto, a Polícia Federal foi até a casa de Lula, para forçá-lo a depor, obedecendo a um mandato judicial. Era parte da "Operação Aletheia" (a palavra grega empregada pelo filósofo alemão Martin Heidegger quer dizer "verdade, realidade"), constituída de vários mandatos de busca e apreensão e algumas autorizações para realizar depoimentos coercitivos, contra a vontade dos depoentes.

Lula e sua mulher Marisa já foram convocados para depor duas vezes para explicar as acusações de não declarar a posse de um sítio em Atibaia e um apartamento triplex no Guarujá, mas não compareceram. Na primeira vez, dia 17 de fevereiro, era para eles prestarem depoimento no Fórum da Barra Funda, mas uma liminar suspendeu a ação em cima da hora, deixando manifestantes pró e anti-Lula esperando. Naquele dia, os grupos se engalfinharam, causando tumulto na Av. Dr. Abraão Ribeiro. A segunda vez estava marcada para o dia 3 último, mas a defesa recusou a convocação.

Houve também a divulgação de fotos e depoimentos que confirmavam a presença de Lula e seus familiares no triplex do Guarujá. A Justiça terá de analisar este material.

A Globo mostrou Lula, Roberto Moreira e Léo Pinheiro dentro de um apartamento - no Guarujá, segundo a emissora (Reprodução/Rede Globo)

Uma força-tarefa levou o ex-presidente a depor no Aeroporto de Congonhas, e isso acirrou os ânimos. Nenhum dos familiares dele foi levado, nem mesmo a mulher, Marisa, que não estava na lista das intimações coercitivas. Os simpatizantes de Lula viram isso como uma arbitrariedade e "espetáculo midiático". Movimentos contra o governo comemoraram, apontando a defesa de Lula como autora de artimanhas jurídicas para fazê-lo escapar de dar explicações à Justiça. Juristas se dividiram entre ver na condução coercitiva um exagero da PF e um ato amparado na lei. Mais tarde, depois de três horas de conversa, durante a qual ele não explicou nada a respeito de suas supostas propriedades, Lula voltou para junto de seus acólitos e, bem ao seu jeito, posou de vítima de um "ato arbitrário". Falou que se sentiu "um prisioneiro", e aludiu a uma serpente peçonhenta das nossas matas: "Se tentaram matar a jararaca, não bateram na cabeça".

 Carro da Polícia Federal que teria levado o ex-presidente para o Aeroporto de Congonhas (Zanone Fraissat/Folhapress)

Agora, os ânimos pró e contra o governo estão mais acirrados. Houve mais um entrevero entre os pró e os anti-governo, com feridos e atos de selvageria, vindos principalmente do lado situacionista. Lula aproveitou para se proclamar candidato à presidência da República. Dilma se conteve na resposta, durante pronunciamento no Planalto que classificava a Operação Aletheia como um exagero, mas não na atitude de se encontrar com o seu mentor em São Bernardo do Campo, sendo muito criticada pela oposição.

Dilma junto de Lula e Marisa Letícia em São Bernardo do Campo (Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)

De qualquer forma, o PT e seu líder sentiram o "golpe" da Justiça e estão esboçando, de forma confusa, uma reação. Mas eles podem sentir ainda mais, quando empreiteiros e seus executivos, da OAS, Andrade Gutierrez e Odebrecht, exercerem a delação premiada. Neste caso, a sobrevivência do governo ficará ainda mais difícil. E ainda há a possibilidade de haver uma mega-manifestação no próximo dia 13.

quinta-feira, 3 de março de 2016

O Brasil está uma loucura mesmo!

As investigações da Operação Lava Jato têm a intenção de colocar um pouco de ordem na barafunda institucional que se tornou o Brasil, mas despertaram fortes reações do governo e do PMDB, que resultaram no agravamento das incertezas. 

Não se sabe o que vai acontecer ao certo. Nem mesmo os analistas de mercado, notáveis pela argúcia, são capazes de prever. Tanto que, mesmo com o péssimo clima para investimentos, o dólar caiu de novo e foi para menos de R$ 3,80, menor valor deste ano. A Bovespa sentiu a forte valorização das ações da Petrobras e da Vale, cujos valores estavam irrisórios antes dos aumentos, e decolou: 5% de alta, fechando em 47.329 pontos. Parecem otimistas com os rumos da política brasileira, que apontam para um fim precoce do segundo governo Dilma, graças a um furo de reportagem da revista IstoÉ com supostas revelações de Delcídio do Amaral, recentemente preso a mando da Polícia Federal por envolvimento no Petrolão e em processo de expulsão do PT. Porém, o processo de impeachment ainda não começou e promete ser bastante longo. Até lá, ela é a presidente e as turbulências continuarão violentas enquanto ela e seu partido estiverem no poder.

Até o tempo parece refletir a maluquice reinante. Pelo menos em São Paulo, onde choveu forte o dia todo. Bom para os reservatórios, mas ruim para quem está no trânsito ou sofreu com as enchentes.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Da série 'Noventolatria', parte 2 - Mamonas Inesquecíveis

Já faz exatos 20 anos que a banda mais conhecida de Guarulhos foi destruída por um acidente aéreo. Os Mamonas Assassinas, em menos de um ano de carreira, imortalizaram-se com sua alegria irrefreável e canções marcantes como Pelados em Santos, Vira-Vira, Robocop Gay, Bois Don't Cry, Jumento Celestino e Chopis Centis. Viraram até nome de praça na cidade e fizeram de um automóvel antigo visto como cafona - a tal Brasília amarela - objeto cultuado. 

Dinho, Júlio Razek, Bento Hinoto e os irmãos Reoli fizeram a alegria dos que viveram a infância e a adolescência em meados dos anos 90. Seu único disco vendeu centenas de milhares de cópias. Ainda havia algumas canções não gravadas, como uma paródia desbocada dos Beatles (Twist and Shout virou Não Peide Aqui, Baby). 


Teve até canções prontas mas nem sequer apresentadas, como Renato, o Gaúcho, sátira aos habitantes do estado mais ao sul do Brasil e sua tão falada "macheza", e também ao jogador de futebol Renato Gaúcho, atual treinador. Esta é uma gravação de um dos imitadores do Dinho ...


... que resolveram dar as caras a partir da morte do quinteto. Nem todos faziam jus à banda. 

 (Não clique no vídeo se tiver juízo)

(Arrisque... mas até que ele não foi mal)

Mas a maioria não teve a coragem de se apresentar na televisão, como a banda Lua Nua, chamada também de Mamonas Cover. Aqui, no Programa do Ratinho, do SBT, uma das emissoras que mais lucrou durante a vida...


... e a morte do grupo. Abaixo, o programa do Gugu, que se aproveitou do fato para ganhar ibope de 47 pontos. 

(Quando o Gugu ainda era do SBT, ele aproveitou o sensacionalismo para ter audiência - vídeo do Canal Teleguiado)

É um caso raríssimo de algo tão efêmero continuar a ser lembrado por tanto tempo. A combinação de espontaneidade, autenticidade e letras engraçadas e picantes os levou ao sucesso, e a morte violenta, paradoxalmente, os tornou imortais na lembrança dos fãs. Vai levar muito tempo até acontecer um fenômeno semelhante. 

Superquarta no Brasil

Depois da "Superterça" na corrida presidencial americana, temos uma "superquarta" aqui no Brasil com vários acontecimentos. Vou fazer rápidos comentários, pois hoje este blog terá duas postagens. 

O ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, resolveu fazer a delação premiada para tentar aliviar sua pena - 16 anos de reclusão por corrupção e lavagem de dinheiro. Ele está recorrendo em liberdade, mas pode ser preso a qualquer momento. Ele é um dos empreiteiros mais ligados a Lula, e pode revelar muitos detalhes sobre o envolvimento do ex-presidente com as empreiteiras de um modo geral, podendo esclarecer melhor o caso do triplex no Guarujá e do sítio em Atibaia, ainda sem evidências concretas de que seja do cacique petista. 

Outra personalidade conhecida quando o assunto é corrupção é Paulo Maluf, que teve parte dos bens - R$ 7,8 milhões - bloqueados a mando da Justiça francesa, que lhe impõs uma pena de três anos na cadeia. 

O Banco Central resolveu manter a taxa Selic em 14,25%. Ao contrário das notícias anteriores, é ruim, mas compreensível, pois o risco inflacionário ainda é muito alto, impedindo a queda dos juros necessária para aquecer uma economia em pandarecos como a nossa. 

Esta não foi o motivo pelo qual a Bolsa subiu consideravelmente (1,75%) e o dólar caiu para menos de R$ 3,89. Foram as expectativas de novos incentivos dados pelo governo chinês à economia e também à agitação política provocada pela Operação Lava Jato, que fez aumentar a possibilidade de haver um processo de impeachment neste ano. 

Temos também o STF complicando ainda mais a vida do presidente da Câmara Eduardo Cunha. Ele não conseguiu deter mais uma vez o andamento do processo da Comissão de Ética, e ainda o Supremo decidiu, por maioria dos votos, abrir um processo criminal contra ele, atendendo a denúncias do procurador-geral Rodrigo Janot. As acusações a Cunha são graves, vale repetir: abuso de poder, lavagem de dinheiro e participação no Petrolão, recebendo propinas de gente ligada à maior roubalheira em nosso país. 

terça-feira, 1 de março de 2016

Rapidinhas do dia

José Eduardo Cardoso saiu por influência do PT e de Lula, e o novo ministro Wellington César Lima e Silva torna-se a nova Geni da vez, por ser aliado de Jacques Wagner e muitos desconfiarem que ele vá melar o trabalho da Polícia Federal, responsável pela Operação Lava Jato. O novo ministro tentou apaziguar os ânimos, dizendo que não mudará a cúpula da PF. De qualquer forma, pode ser tarde demais para evitar um enquadramento do ex-presidente Lula, acusado de ser o grande beneficiado do Petrolão. 

O Brasil vai mal na política, e mal na imagem frente ao exterior, com a zika. Para "ajudar", a Justiça mandou prender o vice-presidente do Facebook na América Latina, Diego Dzodan, por supostamente obstruir o trabalho da polícia, que investiga o uso da rede social e de seu serviço de comunicação por telefonia, o WhatsApp, por traficantes de drogas e outros criminosos. Ele foi acusado de não compartilhar dados do WhatsApp com a Justiça. Boa parte dos internautas critica a prisão do executivo, considerada arbitrária e tentativa do Estado brasileiro de violar a liberdade na Internet. 

Outro motivo de descontentamento é com a obrigatoriedade de declarar o Imposto de Renda. A lei assim manda, e teremos de cumprir, mas é frustrante saber que a correção na tabela foi muito abaixo da inflação do ano passado: no máximo, 6,5% (para as faixas salariais mais baixas), contra 10,67% de inflação oficial. Além disso, os profissionais liberais das áreas de saúde e advocacia estão obrigados a declarar os valores recebidos e os CPFs de cada um de seus clientes (pessoas físicas).

Há motivos para sorrir, porém. Um deles é a Glória Pires, que virou motivo de gozação dos internautas e telespectadores ao mostrar seu nível de informação diante dos filmes no Oscar. Ela acabou tendo de engolir isso e entrar na brincadeira, lançando uma linha de camisetas com frases como "Não sou capaz de opinar". Espera-se que os brasileiros sejam capazes de opinar diante de temas como o combate ao mosquito e a atual situação política da nossa nação ...

Quem podem sorrir um pouco mais hoje são a Hillary Clinton e o Donald Trump. Na "superterça", nada menos de 11 Estados fizeram prévias. Segundo as projeções, Bernie Sanders só deve ganhar mesmo em Vermont. Entre os republicanos, Donald Trump deve ganhar em 8 Estados, menos onde os jovens descendentes de cubanos foram os preferidos: Texas e Oklahoma (Ted Cruz) e Minnesota (Marco Rubio).