domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pós-graduação para leigos


Amanhã começo o mestrado na Engenharia Elétrica da Universidade de São Paulo e cabe registrar algo a respeito.

O mestrado é a primeira etapa da pós-graduação e seu período ideal é de dois anos, podendo ser estendido conforme a necessidade, até o máximo de três anos. Já o doutorado, segunda etapa, dura três anos, podendo ser estendido por mais dois. É sempre altamente recomendável cumprir essas etapas no tempo estipulado, pois o tempo é um recurso muito valioso, e o pós-graduando precisa demonstrar responsabilidade nos seus atos.

Tanto o mestrado quanto o doutorado podem ser latu sensu (conhecimento generalizado) quanto strictu sensu (aprofundamento em determinada área de pesquisa).

É preciso lembrar que a pós-graduação não é mera continuação da graduação, onde há menor compromisso com a vida acadêmica. Tanto graduandos como pós-graduandos, em geral, procuram conciliar o estudo, o trabalho e a vida social. Porém, os últimos cumprem um determinado período de estudo e outro de pesquisa. Existe a obrigação de se dedicar determinadas horas de estudo na pesquisa, pois há uma obrigação básica a cumprir por quem se dedica ao mestrado ou ao doutorado. Mestrandos precisam elaborar uma dissertação, um conjunto de idéias e conceitos reunidos para a realização da tarefa a que se propôs fazer, no final do curso. Doutorandos elaboram uma tese, onde todas as idéias são elaboradas de forma ainda mais profunda.

Ao contrário dos graduandos, os pós-graduandos não tem alguns privilégios. Em geral, não são filiados à UNE, não recebem o benefício da meia-entrada no cinema, teatro ou casas de espetáculos, e precisam pagar a tarifa inteira de ônibus ou de metrô. Pós-graduandos, sem exceção, são adultos e tratados como tal.

Também não é a mera formação de professores para as diversas faculdades. A pós-graduação pode ser acadêmica ou não. A finalidade da pós-graduação acadêmica é a pesquisa. O Brasil carece de pesquisadores para o desenvolvimento científico e tecnológico.

No caso da pós-graduação não acadêmica, há o aperfeiçoamento das capacidades profissionais, visando melhor preparação do aluno ao mercado de trabalho, como no caso do mestrado profissionalizante.

Tanto os pesquisadores quanto os profissionais de diversas áreas precisam ser capacitados para as exigências do mercado e, principalmente, da comunidade. Para isso, mestrandos e graduandos devem desenvolver os mesmos conhecimentos e habilidades de qualquer outro profissional, ou seja:
- saber trabalhar em equipe;
- aperfeiçoar-se em outras línguas para assimilar o conhecimento vindo dos países com mais tradição científica e tecnológica; o inglês é imprescindível;
- informática é fundamental;
- ter facilidade de comunicação, pois o mestrando ou o graduando precisa expor com clareza as suas idéias ao longo do curso, nas suas dissertações e teses, nos artigos científicos;
- estar aberto aos demais membros da sociedade, pois seu conhecimento precisa satisfazer as necessidades de quem precisa e, para isso, o pesquisador, ao contrário do que comumente se pensa, não fica recluso na faculdade.

Existem cursos gratuitos de pós-graduação, nas universidades públicas. Mas as exigências são maiores do que nos cursos semelhantes privados. Em ambos os casos, muitos pós-graduandos têm direito à bolsa, uma espécie de 'salário' para custear os estudos e necessidades de locomoção e transporte. Para manter esse direito, os pós-graduandos devem cumprir com rigor as exigências dos cursos, mesmo porque é dinheiro público sendo investido!

Portanto, os alunos de pós-graduação, que representam menos de 0,5% da população brasileira, têm muitas responsabilidades, e não devem fugir a elas, pois são necessários ao conhecimento e formação dos outros 99,5% de brasileiros.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

'Post Scriptum'

Bem que o presidente Lula, no fundo, queria um terceiro mandato. Mas as instituições democráticas brasileiras, apesar de tudo, não são feitas de farinha, e convenceram Lula e seus aliados do PT da inutilidade de mudar a Constituição, já tão violentada em seus apenas 22 anos de vigência.

Por isso, está obtendo o subterfúgio de colocar a Dilma Roussef, fiel à sua proposta de misturar a austeridade econômica com idéias populistas, como candidata. Não há provas ainda da sua independência frente a um líder como Lula, assim como pairam sinceras dúvidas de que Lula não vá mesmo se candidatar em 2014, apesar de suas declarações.

Porém, Dilma vai se submeter às eleições. É preciso mais do que distribuição de Bolsas-Família para ela ser eleita, ou mesmo evitar a hipótese da oposição, na figura de José Serra (PSDB), vir a receber a faixa presidencial no dia 1 de janeiro de 2011.

O exemplo da Colômbia

Na Venezuela, o caudilho Hugo Chávez já conseguiu estender o seu mandato por mais de duas vezes, em 2009, quando aproveitou seu domínio sobre o Legislativo para impor um referendo sobre a extensão ad aeternum de seu mandato. Assim, consolidou-se uma ditadura com aparência democrática.

Seus aliados, Evo Morález da Bolívia e Rafael Corrêa do Equador já conseguiram um segundo mandato e nada garante que eles tentem uma manobra para ficarem mais tempo, devido à fragilidade das instituições democráticas.

No entanto, o ex-conservador convertido ao chavismo Manuel Zelaya tentou fazer a mesma coisa em Honduras, infringindo a lei local, e foi deposto em um golpe de estado. Neste caso, usou-se um expediente típico do passado, quando a América Latina estava infestada de governos de força.

Na Colômbia, a Corte Suprema vetou em caráter definitivo a extensão do mandato de Álvaro Uribe, conservador, que estava querendo também um novo mandato. Apesar da Câmara e do Senado locais terem aprovado um referendo que permitia um terceiro mandato, o Judiciário interveio e sustou as ambições de Uribe.

Isso mostra a força das instituições colombianas sobre as dos países citados anteriormente, todos na América Latina. Álvaro Uribe, acusado de subserviência aos Estados Unidos, não solapou as bases democráticas. E agora vai ter de obedecer à decisão da Corte Suprema em seu país, ao contrário de Chávez, Corrêa e Morales, cujos ouvidos não estão acostumados a opiniões contrárias.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Uma palavra: resiliência

De vez em quando, fala-se em necessidade de resiliência ou do indivíduo ser resiliente no trabalho. Mas o que cargas d'água é isso?

Resiliência vem da física e significa a propriedade de certos materiais de resistirem ao desgaste natural diante de fatores como atritos, choques e pressão.

O termo foi utilizado pela psicologia como a capacidade de suportar revezes e de procurar métodos alternativos para superar as dificuldades. Consultores como Max Gehringer e outros profissionais de renome explicam o termo com muita propriedade para as diversas atividades profissionais do mundo de trabalho, onde os obstáculos e os desafios são muitos e crescentes.

Porém, a resiliência vale também para todos os aspectos do cotidiano.

Se há uma doença grave na família, o indivíduo precisa saber se comportar adequadamente para não piorar o estado do familiar doente ou deixar que esse fato atrapalhe sua própria vida. Assim, ao invés de se queixar e amaldiçoar desde os maus hábitos que levaram à doença até o sistema de saúde, é melhor dirigir ao doente palavras de conforto, procurar conselhos de alguém que já tenha passado pelo mesmo caso, e encontrar alguém com competência para fazer o tratamento, como um médico.

Um indivíduo resiliente sabe que as dificuldades não são o fim do mundo. Como tudo na vida, elas são transitórias e podem ser contornadas, de uma forma ou de outra. E ele tem um ou outro método para resolver ou contornar essa dificuldade. Sabe também quais ferramentas de conhecimento ele possui, e quais os fatores limitantes, como tempo ou recursos, para a realização de suas tarefas.

Como na canção de Raul Seixas, ele tenta outra vez quando fracassa de primeira. Mas não se deixa abater.

A resiliência, portanto, é um fator benéfico para qualquer pessoa. Ela pode, sim, fazer diferença entre uma vida fracassada e carcomida, e outra bem sucedida e feliz.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Da série 'Mondo Cane', parte 4

Eu imaginei que esta série 'Mondo Cane' seria curta. Vejo que me enganei diante dessa notícia (ver link).

Hospital, como até mesmo um chimpanzé amestrado sabe, não é lugar de brigar. Ainda mais se os brigões em questão são dois médicos veteranos.

A questão fica ainda mais séria quando um deles estava realizando um parto.

Os médicos brigões estavam tão interessados em resolver questões particulares que nem se importaram com o que acontecia ao redor. A gestante, como é natural, alarmou-se com a cena pouquíssimo adequada à ocasião e acabou perdendo o bebê prestes a nascer.

Eu me referi a um chimpanzé. Pois é! Atitudes como essas fazem muitos questionarem se nós realmente somos mais racionais do que os símios.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Da série 'Lista de blogs interessantes', parte 2

Este resumo não está disponível. Clique aqui para ver a postagem.

Utilidade pública

Existem alguns sites muito úteis para orientar o internauta a escolher os melhores produtos e fazer denúncia de eventuais irregularidades.

Existe o site do Procon (www.procon.sp.gov.br), órgão de fiscalização para coibir abusos das empresas. O consumidor pode fazer a reclamação tanto por telefone quanto por e-mail, sem necessidade de cadastro, acessando o link 'ouvidoria'. A solução de problemas costuma ser demorada devido ao grande volume de denúncias. Como qualquer site governamental, a consulta não prima pela facilidade de acesso às informações.

O site do Idec (www.idec.org.br) mostra como o consumidor pode se defender de maus produtos e serviços, por meio de testes de avaliação. O internauta pode fazer um cadastro gratuito para manifestar sua opinião.

Outro site que age nesse sentido é o Proteste (www.proteste.org.br). Também exige cadastro grátis para o conteúdo completo.

A Presidência da República também disponibiliza o Código de Defesa do Consumidor, mas para consulta mais rápida pode ser acessado o site http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/codigo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90. O site do Idec também disponibiliza o código.

Todos possuem informações importantes para o consumidor com acesso a Internet exercer a sua cidadania e fazer as compras mais adequadas às suas necessidades reais.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O que será do Distrito Federal?

Agora que o governador interino de Brasília Paulo Octavio foi obrigado a renunciar, segundo a lei o presidente da Câmara, Wilson Lima (PR), deve assumir o cargo, pelo menos enquanto José Roberto Arruda, de quem Lima é aliado fiel, não conseguir a liberdade e recuperar o posto.

Muitos já confabulam sobre o destino do Distrito Federal, cuja capital, Brasília, já dá o que falar desde muito antes do escândalo do mensalão do DEM.


Hipóteses prováveis:

1. Um candidato da oposição a José Roberto Arruda é eleito no Distrito Federal, e pode (ou não) tentar resgatar a imagem do retangulozinho no meio do Brasil diante do resto do país.

2. O candidato indicado por Arruda é eleito, e pode (ou não) fazer a mesma coisa.

3. Haver uma intervenção federal, com resultados incertos (não é a panacéia para moralizar o Distrito Federal, mesmo porque o governo Lula já esteve envolvido no chamado Mensalão do PT).


Hipóteses absurdas:

1. Acabar com a hipocrisia e convocar o próprio Diabo para governar o Distrito Federal.

2. Acabar com a autonomia do Distrito Federal frente ao governo de Brasília.

3. Acabar com o Distrito Federal e recriar o estado da Guanabara.

4. Os brasilienses resolverem fazer a justiça com as próprias mãos e despejar sua ira em José Roberto Arruda, Paulo Octávio e todos os envolvidos no mensalão do DEM, mais ou menos como se fez na Revolução Francesa ou na Revolução Russa.


De qualquer forma, as incertezas continuam naquelas plagas, e tudo dependerá da vontade dos homens públicos locais e de seus eleitores. O assunto ainda vai render muitas manchetes nos jornais.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Da série 'Oitentolatria', parte 2

Foi por acaso, consultando vários sites, principalmente o Infância 80 e Universo 80, que fiquei sabendo de muita gente saudosa de certas manias da década de 1980, algumas de gosto duvidoso. São elas:

Pogobol (de 1987) - Obs.: a minha irmã tinha e adorava este brinquedo



Ploc Monsters (1988), uma coleção de figuras grotescas com nomes de pessoas



Canetas de 10 cores (1989), com odores químicos imitando frutas (?) e pouca funcionalidade



Dip'n Lik (aproximadamente 1983), apresentado no programa do Bozo e alvo de boatos sobre supostos perigos à saúde além do fato de realmente ser um perigo para os dentes


Minigarrafas de refrigerante (1982), cujo conteúdo não era refrigerante e, aliás, nem era potável


Grupelhos de adolescentes que deixaram as garotas loucas e os rapazes sem saber a razão da histeria (a partir de 1984)



A lista é interminável e eu vou parar por aqui, por enquanto. Mas se alguém confessar saudade de dois ou mais produtos citados, é um indício de 'oitentolatria'. Cuidado!



domingo, 21 de fevereiro de 2010

Primeiro dia de horário normal em 2010

O horário de verão acabou finalmente, depois de meses de horário alterado.

Os defensores têm provas de que o horário de verão realmente faz economizar energia elétrica: neste ano, economizou-se 0,5% em relação ao horário normal, e 4,5% nos horários de pico de energia, ou seja, o começo da noite, quando muitos retornam do trabalho, ligam o chuveiro ou acionam a iluminação para compensar a diminuição da luminosidade dentro de casa.

São números do Ministério das Minas e Energia.

Já os detratores, que não são poucos, apontam vários problemas, como alterações no ritmo do sono, problemas na administração de remédios (principalmente antibióticos, que precisam ser tomados em horários constantes) e outros problemas de saúde, como alterações de humor e dores de cabeça. Os idosos e as crianças pequenas são os mais afetados.

Eles também alegam que o horário de verão foi inventado para favorecer o aproveitamento das praias e, portanto, a arrecadação nas cidades litorâneas, nas regiões Sudeste e Sul. Mas o argumento não tem muita força, porque o Centro-Oeste, sem litoral, também foi afetado, enquanto o Nordeste, com suas praias famosas, não adiantou seus relógios no dia 18 de outubro de 2009.

De qualquer forma, a polêmica terminou. Voltamos ao horário normal, para sacramentar o início 'verdadeiro' do ano de 2010. Pelo menos é o que dizem os críticos do País do Carnaval...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

E voltemos à normalidade!


A magia do Carnaval dará lugar à realidade dos fatos (foto registrada pelo site do jornal O Estado de S. Paulo).

Em São Paulo, voltaram os congestionamentos devido à volta ao trabalho. No Rio, enquanto muitos ainda comemoram a estupenda vitória da Unidos da Tijuca e sua comissão de frente literalmente mágica, outros tratavam de voltar ao batente (ou não). Em Olinda, Recife e Salvador, a folia vai arrefecendo, pois ao contrário do senso comum, lá é preciso trabalhar também.

A imprensa também parou de abordar só o mundo fantástico do Carnaval, as bundas e seios de fora, as celebridades que brilharam (ou fizeram atos escandalosos, como a Paris Hilton na Sapucaí), os trios elétricos. Agora estão avaliando os números (sobretudo os de acidentes de trânsito durante a folia). Outros números voltaram a ser comentados, como o crescimento (ou queda) do valor das ações na Bolsa de Valores e as oscilações no dólar. E voltaram os escândalos de sempre, tragédias, violência.

Enfim, tudo voltou ao normal. 2010 vai começar para valer!


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Cadeia nele!


O Carnaval está chegando e eu ia postar alguma coisa a respeito, mas eis que veio uma notícia histórica.

Sim. O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda foi para a prisão!

Ele foi autuado pelo STJ devido às recentes denúncias de suborno. Agora está na cadeia aguardando a liberação do seu habeas-corpus, desde ontem (sim, ele passou a noite por lá).

Provavelmente ele, um dos caciques políticos do Centro-Oeste, não vai ficar muito tempo por lá, devido à competência de seus advogados muito bem pagos para defendê-lo, mas isso só confirma a gravidade dos crimes cometidos por Sua Excelência, o ilustre governador, e seus asseclas.

Para a Justiça ser completa neste país, "só" falta enquadrar os responsáveis pelo Mensalão petista, escândalos dos "sanguessugas" de 2006, desvios de verbas em diversas obras públicas espalhadas pelo país, tráficos de drogas, milícias, apurar os crimes do MST, grileiros de terra, madeireiros, etc., etc., etc.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Da série 'Lista de blogs interessantes', parte 1

Inspirado no blog Lista10 (www.lista10.org), faço uma lista de blogs interessantes. Vou fazer uma lista mais modesta por postagem, de 5 elementos:

1. Blog do Notblat (oglobo.globo.com/pais/noblat/), que faz principalmente análises políticas.
2. Blog do Tas (marcelotas.blog.uol.com.br/), com diversos assuntos.
3. Blog do Juca Kfouri (blogdojuca.blog.uol.com.br/), um dos mais conceituados, e também dos mais polêmicos, comentaristas esportivos do Brasil.
4. Blog do Ota (www.ota.com.br/blog/), colaborador da revista MAD.
5. Lista10, o próprio.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O dragão ataca


O grande temor dos economistas para 2010, ano eleitoral, já chegou: a volta de índices superiores a 1% ao mês de inflação.

Essas taxas de inflação eram normais nos primeiros anos do Real,(1994 a 1996), quando havia um processo de encolhimento gradual do dragão após uma época louca. A inflação era um flagelo crônico no Brasil por décadas.

Depois de um ano com inflação inferior a 4,5% em todo o ano de 2009, eis que, só em janeiro, ela ficou em 1,34% na cidade de São Paulo. Esse índice dói no nosso bolso, mesmo considerando a hiperinflação de tempos não muito remotos.

As chuvas foram responsáveis por boa parte desse índice. Colheitas foram perdidas. Toneladas de vegetais foram destruídas nos entrepostos comerciais, como o Ceagesp. O resultado, triste e indigesto: frutas e hortaliças ficaram, além de mais caras, com qualidade bem pior.

Entre os produtos agrícolas, também está o álcool, usado nos veículos. Com os aumentos cavalares desse combustível, que ficou desvantajoso frente à gasolina, o ato de abastecer virou um suplício.

Não é só isso. O excesso de chuvas danificou propriedades, causando perdas de patrimônio para milhares de pessoas, principalmente no Jardim Romano, na Zona Leste. Houve profusão de buracos, para a desgraça da suspensão dos carros e outros veículos, e isso traz impacto até no frete para transporte de produtos por caminhões.

Mas também houve o aumento nas tarifas dos ônibus. E depois disso, os usuários não notaram qualquer melhoria. Continuam enfrentando um transporte caro, lento e desconfortável. Quem precisa de ônibus não tem como dispensá-lo, dai o encarecimento. O aumento não foi mais prejudicial porque muita gente fez a recarga no Bilhete Único (o bilhete que permite o uso de até quatro conduções em duas horas pagando uma só passagem) antes.

Com tudo isso, a meta de 4,5% para o ano de 2010 pode não ser alcançada. Preparemo-nos, porque já se fala em aumento de juros, um recurso feito pelo Banco Central para conter o consumo e, indiretamente, a inflação. De uma forma ou de outra, nosso bolso sofre. E já está doendo.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A volta da Telebrás

A Telebrás foi uma das grandes empresas estatais na segunda metade do séc. XX.

Criada pelo regime militar em 1972, tinha como incumbência o controle estatal sobre as telecomunicações. Era um conjunto de estatais de telefonia (Telerj, Telesp, Telemig, etc.) e outras empresas, como a Elebra (Eletrônica Brasileira).

Foi apelidada de 'Telessauro' pelo economista Roberto Campos, um opositor das estatais e da idéia do Estado-empresário, seguidor ferrenho das idéias do liberalismo econômico.

De fato, jamais foi um modelo de eficiência empresarial. Houve grande expansão das telecomunicações em locais isolados, mas, além da falta de investimentos, a estatal sofria dos vícios comuns às grandes estatais, como o aparelhamento político e os desvios de verbas destinadas aos investimentos.

O governo FHC desmantelou a Telebrás na década de 1990 e a vendeu aos pedaços. A Telesp, por exemplo, foi vendida à Telefonica da Espanha (linhas telefônicas) e à Portugal Telecom (telefonia celular).

Agora o governo Lula quer reviver a Telebrás, para gerenciar a chamada 'banda larga popular', julgando que apenas as empresas privadas não teriam condições de garantir a Internet para as classes C e D, ainda mergulhadas na exclusão digital.

Teme-se, porém, a repetição dos mesmos vícios da antiga Telebrás. Não há garantias de que o governo Lula vá transformar a Telebrás num modelo de eficiência. Existe forte tendência de atender á demanda política por cargos, os quais seriam melhor preenchidos por técnicos. Também não se descarta o favorecimento de algumas cidades, redutos do PT e seus aliados, em detrimento de outros.

É necessária uma ampla discussão entre os setores interessados antes de implantar, ou não, a nova Telebrás. O Brasil merece, de fato, uma estrutura de telecomunicações mais justa e mais sólida, cujos serviços precisam melhorar e seus preços devem ser mais condizentes com a realidade mundial (a banda larga, por exemplo, é cara e lenta demais para as exigências da Internet). Mas a recriação de uma estatal é a solução para isso?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Vão mudar as cédulas de real!

Depois de 16 anos sem modificações, o que é um tempo bastante longo, as notas de real vão mudar.

A má notícia: não vai ser barato trocar as notas, ainda mais porque todas elas terão tamanhos diferentes. Milhões de reais a mais vão ser gastos para substituir todo o maquinário de impressão, o que significa mais impostos, sendo os gastos totais oficiais em torno de R$ 1,15 bilhão (segundo o jornal O Globo); os bancos também terão de fazer investimentos nos terminais de auto-atendimento, ou caixas eletrônicos, para lidarem com as novas células, o que significaria, provavelmente, taxas mais altas.

A boa notícia: as vantagens compensam largamente as desvantagens; com notas de tamanhos diferentes e novos padrões de identificação, será muito mais difícil falsificá-las; as cédulas também devem ser mais duráveis e resistentes, o que significa maior vida útil. Com tamanhos diferentes, proporcionais aos valores, será mais fácil aos deficientes visuais identificá-las.

As cores continuam as mesmas, assim como os animais que estampam a parte de trás de cada cédula, mas eles estão em posições diferentes. Ainda não há fotos da bicharada disponíveis na rede.


Uma questão subjetiva é a beleza das notas. Sim, elas são mais bonitas. Quem não quer uma nota novinha dessas, de R$ 100,00, na carteira? Hahaha!

Da série 'Oitentolatria', parte 1

Oitentolatria é um neologismo para definir atos de pessoas que, por terem sido crianças na década de 1980, são fanáticos por produtos desse período do séc. XX.

Não tenho a intenção de ofender os aficcionados pelos anos 80, mesmo porque eu também fui criança na década de 1980.

Existem muitos fãs dos produtos de uma época marcada pela decadência da guerra fria, moda de gosto duvidoso, geração 'yuppie' (os almofadinhas ansiosos por ganhar seu primeiro milhão de dólares antes dos 30 anos), temor de uma doença mal conhecida chamada AIDS e ascensão de quinquilharias tecnológicas quando não havia Internet. Um desses produtos tecnos foi o videogame.

O Atari 2600 é o pioneiro dos videogames. Foi um grande sucesso na década de 1980, sem dúvida, mas perto dos aparelhos atuais, parece uma traquitana da Idade Média, com seus mirrados 4 bits. Alguns aficcionados pelo Atari fizeram versões dos atuais sucessos da nossa época, conforme artigo de Fernando Sousa Filho no MSN Tecnologia sobre a Penney Design.

Eis algumas versões:


É uma adaptação do velho 'Arkanoid' para um seriado típico do nosso começo de século.



Para uma versão dos primórdios da história dos games, está bem feita; conseguiram reproduzir o clima do seriado 'Lost' e até a fogueira.


Uma versão do outrora popular 'Enduro' para um dos filmes de gosto mais duvidoso da nossa época: Velozes e Furiosos.


Missile Command virou Cloverfield, uma versão piorada daqueles seriados de monstros japoneses dos anos 1950 (pois estes eram assumidamente trash e Cloverfield tentou sem sucesso esconder isso).



O 'Cavaleiro das Trevas' e seu arqui-inimigo Coringa ficaram bem bizarros nesta versão de grande sucesso da já vetusta história do Homem Morcego.


O melancólico robô Wall-E, da Pixar, em versão 4 bits.


E, finalmente, Avatar, um dos maiores sucessos da história do cinema, virou uma espécie de Pitfall com Donkey Kong e outros games; isso não parece casar muito bem com o filme de James Cameron, mas a homenagem parece bem intencionada.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Injustiça!

Entre os indicados para o Oscar não há nenhuma surpresa: Avatar, Bastardos Inglórios e Guerra ao Terror vão concorrer.

Aliás, não há grandes injustiçados no Oscar.

O problema está no seu 'equivalente', o Framboesa de Ouro, ou Razzie Awards, que deixou de fora muitas produções. Um deles seria um fortíssimo candidato, e foi solenemente ignorado. Ei-lo:



Uma produção cara, com um roteiro de inteligência rara (de tão escassa), enredo fácil de entender, com uma mensagem bem clara (induzir os espectadores a acharem que o protagonista é um pobre coitado que venceu na vida, uma espécie de Abraham Lincoln brasileiro), intenções bem definidas (ganhar dinheiro e patrocínio oficial) e lançado em época bem estratégica (ano de eleição). O diretor, Fábio Barreto, bem poderia ser um candidato a ganhar a framboesa dourada no quesito 'direção', mas ele perderia muitas chances, já que sofreu um acidente de carro gravíssimo em dezembro passado e agora está com graves sequelas.

Não será desta vez que o cinema brasileiro vai ganhar algum prêmio internacional...