domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pós-graduação para leigos


Amanhã começo o mestrado na Engenharia Elétrica da Universidade de São Paulo e cabe registrar algo a respeito.

O mestrado é a primeira etapa da pós-graduação e seu período ideal é de dois anos, podendo ser estendido conforme a necessidade, até o máximo de três anos. Já o doutorado, segunda etapa, dura três anos, podendo ser estendido por mais dois. É sempre altamente recomendável cumprir essas etapas no tempo estipulado, pois o tempo é um recurso muito valioso, e o pós-graduando precisa demonstrar responsabilidade nos seus atos.

Tanto o mestrado quanto o doutorado podem ser latu sensu (conhecimento generalizado) quanto strictu sensu (aprofundamento em determinada área de pesquisa).

É preciso lembrar que a pós-graduação não é mera continuação da graduação, onde há menor compromisso com a vida acadêmica. Tanto graduandos como pós-graduandos, em geral, procuram conciliar o estudo, o trabalho e a vida social. Porém, os últimos cumprem um determinado período de estudo e outro de pesquisa. Existe a obrigação de se dedicar determinadas horas de estudo na pesquisa, pois há uma obrigação básica a cumprir por quem se dedica ao mestrado ou ao doutorado. Mestrandos precisam elaborar uma dissertação, um conjunto de idéias e conceitos reunidos para a realização da tarefa a que se propôs fazer, no final do curso. Doutorandos elaboram uma tese, onde todas as idéias são elaboradas de forma ainda mais profunda.

Ao contrário dos graduandos, os pós-graduandos não tem alguns privilégios. Em geral, não são filiados à UNE, não recebem o benefício da meia-entrada no cinema, teatro ou casas de espetáculos, e precisam pagar a tarifa inteira de ônibus ou de metrô. Pós-graduandos, sem exceção, são adultos e tratados como tal.

Também não é a mera formação de professores para as diversas faculdades. A pós-graduação pode ser acadêmica ou não. A finalidade da pós-graduação acadêmica é a pesquisa. O Brasil carece de pesquisadores para o desenvolvimento científico e tecnológico.

No caso da pós-graduação não acadêmica, há o aperfeiçoamento das capacidades profissionais, visando melhor preparação do aluno ao mercado de trabalho, como no caso do mestrado profissionalizante.

Tanto os pesquisadores quanto os profissionais de diversas áreas precisam ser capacitados para as exigências do mercado e, principalmente, da comunidade. Para isso, mestrandos e graduandos devem desenvolver os mesmos conhecimentos e habilidades de qualquer outro profissional, ou seja:
- saber trabalhar em equipe;
- aperfeiçoar-se em outras línguas para assimilar o conhecimento vindo dos países com mais tradição científica e tecnológica; o inglês é imprescindível;
- informática é fundamental;
- ter facilidade de comunicação, pois o mestrando ou o graduando precisa expor com clareza as suas idéias ao longo do curso, nas suas dissertações e teses, nos artigos científicos;
- estar aberto aos demais membros da sociedade, pois seu conhecimento precisa satisfazer as necessidades de quem precisa e, para isso, o pesquisador, ao contrário do que comumente se pensa, não fica recluso na faculdade.

Existem cursos gratuitos de pós-graduação, nas universidades públicas. Mas as exigências são maiores do que nos cursos semelhantes privados. Em ambos os casos, muitos pós-graduandos têm direito à bolsa, uma espécie de 'salário' para custear os estudos e necessidades de locomoção e transporte. Para manter esse direito, os pós-graduandos devem cumprir com rigor as exigências dos cursos, mesmo porque é dinheiro público sendo investido!

Portanto, os alunos de pós-graduação, que representam menos de 0,5% da população brasileira, têm muitas responsabilidades, e não devem fugir a elas, pois são necessários ao conhecimento e formação dos outros 99,5% de brasileiros.

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