A Telebrás foi uma das grandes empresas estatais na segunda metade do séc. XX.
Criada pelo regime militar em 1972, tinha como incumbência o controle estatal sobre as telecomunicações. Era um conjunto de estatais de telefonia (Telerj, Telesp, Telemig, etc.) e outras empresas, como a Elebra (Eletrônica Brasileira).
Foi apelidada de 'Telessauro' pelo economista Roberto Campos, um opositor das estatais e da idéia do Estado-empresário, seguidor ferrenho das idéias do liberalismo econômico.
De fato, jamais foi um modelo de eficiência empresarial. Houve grande expansão das telecomunicações em locais isolados, mas, além da falta de investimentos, a estatal sofria dos vícios comuns às grandes estatais, como o aparelhamento político e os desvios de verbas destinadas aos investimentos.
O governo FHC desmantelou a Telebrás na década de 1990 e a vendeu aos pedaços. A Telesp, por exemplo, foi vendida à Telefonica da Espanha (linhas telefônicas) e à Portugal Telecom (telefonia celular).
Agora o governo Lula quer reviver a Telebrás, para gerenciar a chamada 'banda larga popular', julgando que apenas as empresas privadas não teriam condições de garantir a Internet para as classes C e D, ainda mergulhadas na exclusão digital.
Teme-se, porém, a repetição dos mesmos vícios da antiga Telebrás. Não há garantias de que o governo Lula vá transformar a Telebrás num modelo de eficiência. Existe forte tendência de atender á demanda política por cargos, os quais seriam melhor preenchidos por técnicos. Também não se descarta o favorecimento de algumas cidades, redutos do PT e seus aliados, em detrimento de outros.
É necessária uma ampla discussão entre os setores interessados antes de implantar, ou não, a nova Telebrás. O Brasil merece, de fato, uma estrutura de telecomunicações mais justa e mais sólida, cujos serviços precisam melhorar e seus preços devem ser mais condizentes com a realidade mundial (a banda larga, por exemplo, é cara e lenta demais para as exigências da Internet). Mas a recriação de uma estatal é a solução para isso?
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