terça-feira, 31 de maio de 2016

Termina um mês cheio de assuntos

Maio de 2016 foi um dos meses mais agitados dos últimos tempos, mesmo considerando a turbulência dos últimos anos.

O presidente interino foi o grande destaque deste mês que termina (Divulgação)

Começando pela parte mais desagradável e que mais desperta paixões entre os militantes, a política, temos o afastamento de Eduardo Cunha pelo STF, a sucessão deste por Waldir Maranhão, responsável por uma tentativa de melar o processo de impeachment, o afastamento de Dilma pelo Senado, a montagem do governo Temer, suas constantes mudanças de posicionamento diante dos desafios a serem superados, os grampos de Sérgio Machado, o afastamento de Romero Jucá e Fabiano Silveira, dois ministros em menos de um mês. Por falar em escândalo, o presidente do Bradesco e ex-postulante ao ministério da Fazenda Luiz Trabuco foi indiciado por corrupção na operação Zelotes. 

Outra parte quase tão desagradável é a violência, com destaque para o estupro coletivo de uma jovem, ainda não devidamente esclarecido e alvo de muita discussão na sociedade, com direito à tentativa de certos militantes transformarem um caso de polícia e desrespeito à mulher numa bandeira política. Os incidentes envolvendo celebridades como Ana Hickmann e Anitta também foram bastante explorados pela imprensa, além de mostrar a impunidade dos criminosos e a vulnerabilidade de gente que posta tudo nas redes sociais.

Dentre os destaques internacionais, a campanha presidencial norte-americana está para chegar a um desfecho, com Donald Trump e Hillary Clinton mais próximos de serem indicados pelos seus partidos, o Republicano e o Democrata, respectivamente. O atual presidente, Barack Obama, visitou neste mês o Vietnã e o Japão, mais precisamente Hiroshima, fazendo relembrar velhas questões para a política externa americana. O governo iraquiano está executando uma grande ofensiva para recuperar Falluja, tomada pelo Daesh. O Reino Unido está se preparando para votar, no mês que vem, a permanência ou não do país na União Européia. Continuam o drama dos refugiados, as provocações da Coréia do Norte, as investidas do Boko Haram para instalar um califado na África (uma menina dentre milhares foi salva desse grupo terrorista).

Nesta parte do mundo, a América do Sul, o governo de Nicolás Maduro caminha para uma ditadura sem freios rumo ao isolamento internacional e ao descrédito do mundo, a ponto de um antigo aliado dos chavistas, o ex-presidente do Uruguai José Mujica, ter chamado o tiranete de Caracas de "louco" devido aos ataques ferozes contra o secretário-geral da OEA, uruguaio Luís Almagro, visto por Maduro como o inimigo externo número 2 (o número 1 são os EUA). 

Nos esportes, tivemos os preparativos para as Olimpíadas do Rio de Janeiro, os êxitos na ginástica artística e os insucessos em dois esportes não-olímpicos, o surfe e o MMA, para os atletas brasileiros: Mineirinho e Gabriel Medina foram eliminados na etapa do Mundial de Surfe, disputando no Rio de Janeiro. E, no futebol, tivemos o fim dos estaduais e o começo do Brasileirão, enquanto na Europa se disputavam jogos realmente dignos desse nome, terminando com mais uma vitória do Real Madrid, nos pênaltis, diante do arquirrival Atlético de Madrid, para frustração e tristeza de muita gente, que queria ver os comandados de Diego Simeone ganhando o título da Champions League pela primeira vez. 

Dentre outras questões, já começamos com mais um bloqueio do WhatsApp, greves na USP e no transporte público, a discussão sobre a fosfoetanolamina (a "pílula do câncer") que foi parar até no Supremo, animais sacrificados porque atacaram gente que não deveria estar nos recintos deles (um maluco invadiu a jaula dos leões no Chile e uma criança acidentalmente caiu no fosso dos gorilas; nos dois casos, os humanos sobreviveram e os animais é que morreram, pela ação dos guardas), entre outros.

Maio foi um mês repleto de acontecimentos e nada indica que os meses seguintes sejam mais calmos. Testemunharemos isso, sem dúvida. 

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Novo escândalo resolvido

Há um aspecto no governo Temer bastante diferente do anterior: no trato com a crise política.

Devido ao vazamento de conversas entre o ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, e seu aliado político Renan Calheiros, sobre como lidar com a Operação Lava Jato, a imprensa e a opinião pública logo voltou a criticar o governo. No tempo de Dilma Rousseff, a gritaria era ainda maior, mas o governo não cedia. Atualmente, com Temer, houve uma resposta imediata: Silveira resolvou pedir demissão. 

Este episódio provocou revolta entre os próprios funcionários do ministério, que contribuíram para a queda do ministro. 

É curioso que achem necessário manter um ministério para controlar e fiscalizar, a fim de evitar a roubalheira no NOSSO DINHEIRO, quando isso é OBRIGAÇÃO de qualquer governo digno de consideração. Ainda mais ocupado por alguém que tenta dificultar a ação da Lava Jato. 

Felizmente, haverá uma chance de alguém mais zeloso (inclusive em relação à sua própria imagem como pessoa pública) ocupar o cargo. 

sexta-feira, 27 de maio de 2016

O Brasil precisa ser mais justo!

Os brasileiros não devem esmorecer na luta por um país mais justo e ético!

Não se pode "baixar a guarda" no combate à corrupção. Querem mudar, casuisticamente, as regras da delação premiada, para tentarem fugir da Operação Lava Jato, mas até mesmo os beneficiários de uma suposta mudança sabem que isso não será fácil, ainda mais com o escândalo envolvendo as gravações feitas por Sérgio Machado contra autoridades notórias investigadas pela Polícia Federal, como Romero Jucá e Renan Calheiros, e contra velhos caciques políticos especializados em proteger seus aliados a qualquer custo, como o ex-presidente Sarney. 

Outros beneficiários do esquema de corrupção, vinculados ao governo afastado do PT, tentaram aproveitar a oportunidade para denunciar o "golpe", já que os grampeados por Sérgio Machado colaboraram no processo de impeachment, que só terminará com o julgamento definitivo pelo Senado da presidente Dilma Rousseff. Querem fazer a opinião pública esquecer que a maior parte da roubalheira foi para os autoproclamados "legalistas". 

A Justiça tem de punir os corruptos independentemente dos partidos. Muitos membros do governo anterior foram condenados, mas ainda punir quem, comprovadamente, se beneficiou do esquema, e eles estão ainda à solta, alguns influenciando no governo interino de Michel Temer.

Sérgio Moro sabe que a Operação Mãos Limpas, fonte de inspiração da Lava Jato, foi um grande avanço no combate à corrupção na Itália, mas se perdeu na falta de perseverança e acabou resultando na eleição de Sílvio Berlusconi. Ele sabe também das limitações de seu trabalho, por ser juiz de primeira instância, e está ciente de que não pode agir como um justiceiro ou salvador da pátria, como muitos afoitos o enxergam. Está interessado em terminar o que começou, diante de uma tarefa ainda muito longe de seu final, mesmo com a derrocada do PT. O império da lei exige que ele tenha êxito, mas isso depende também da vigilância de quem quer derrotar a grande chaga nacional que devora o NOSSO DINHEIRO.

E outro fato gravíssimo que mostra a falência da nossa justiça é o estupro coletivo de traficantes armados contra uma jovem de apenas 16 anos, numa favela da Zona Oeste do Rio. Essa monstruosidade não pode ser justificada nem tolerada. Cadeia para os responsáveis!

Por fim, ainda há uma morte provocada por criminosos que jogam pedras do alto de viadutos e passarelas, na Rodovia dos Imigrantes. Um carro foi atingido por uma delas, de aproximadamente, cinco quilos, e isso resultou na morte de um jovem em seu interior. Mais uma manifestação da impunidade e da negligência dos responsáveis pelas nossas estradas (no caso, a Ecovias). 

Se quisermos um país melhor, temos que manter a capacidade de nos indignarmos contra a injustiça e a violência que teimam em se impor em nossa sociedade.

Presidente americano vai a Hiroshima

O presidente norte-americano Barack Obama quer marcar mesmo seu nome na História. Primeiro, há dois meses atrás, ele foi até Cuba, para aumentar os laços com o país comunista, e tentou cobrar mais democracia diante do irredutível Raúl Castro. Depois, foi a Vietnã, com a mesma finalidade, e foi melhor acolhido. Atualmente, ele está em Hiroshima, para prestar homenagens às vítimas de um aparente erro irreparável: o ataque à cidade japonesa com a bomba atômica chamada "Little Boy", em agosto de 1945. 

Em ambas as viagens, os resultados não foram palpáveis. Cuba continua a ser uma ditadura; o Vietnã não acena com melhorias na questão dos direitos humanos e na abertura política; e Hiroshima, evidentemente, jamais vai recuperar os 80.000 mortos pelo ato que iniciou a chamada Era Atômica e aterrorizou o mundo com a possibilidade de aniquilação total.

Os três locais foram vitimados pela ação americana, de alguma forma: a ilha caribenha sofreu um embargo que agravou a situação econômica e foi inútil para deter a tirania castrista, aliás, forneceu um excelente pretexto para ela se fazer de vítima; a nação do Sudeste Asiático sofreu com uma guerra prolongada, e a muito custo expulsou os americanos, tornando-se um país comunista; e a cidade japonesa sofreu algo mais devastador ainda: um ataque nuclear.

Ironicamente, foi justamente no pior caso que a recuperação foi mais intensa, graças ao Plano Marshall (liderados pelos próprios Estados Unidos, dispostos a ajudarem seus aliados contra o comunismo) e, principalmente, ao empenho do povo local, que transformou um local devastado em uma cidade atualmente próspera. Obama depositou flores no "marco zero" que homenageia os mortos na carnificina, e cumprimentou alguns sobreviventes, mas não pediu desculpas pelo ataque de 1945, em nome dos americanos, como queria o governo japonês, para não criar outros precedentes: muitos países foram vítimas de ações militares americanas após a II Guerra Mundial, como República Dominicana e Granada, nas Antilhas, e atualmente Síria, Afeganistão e Iraque, na parte islâmica da Ásia.

Obama homenageou as vítimas de Hiroshima no marco zero, local da explosão do "Little Boy" em 1945 (AP)

Os benefícios virão para a imagem de Obama, empenhado em ajudar os democratas a se manterem na Casa Branca, por meio de Hillary Clinton (Obama não vê o socialista Bernie Sanders com bons olhos). De certa forma, também representa uma melhora na imagem dos Estados Unidos, a grande potência mundial, mostrando boa vontade em superar as diferenças, no caso de Cuba e do Vietnã, e lembrar dos perigos de um mundo armado com artefatos nucleares, no caso de Hiroshima. 



N. do A.: No entanto, muitos ainda vão ter de esperar, e muito, até os Estados Unidos abandonarem os seus milhares de artefatos nucleares. Outros países ainda nem pensam em abandonar esse tipo de arma, como Rússia, China, França, Grã-Bretanha, Israel e até países assolados pela miséria, como Paquistão, Índia e Coréia do Norte. Outros ainda ousam querer uma dessas bombas para "persuadir" seus inimigos, como o Irã. Enquanto todos eles não desativarem este arsenal ou desistirem de usar a energia atômica para fins não pacíficos, o mundo ainda corre perigo.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Fãs loucos atacam artistas

Está havendo um novo fenômeno de transtornos psiquiátricos no Brasil: fãs ensandecidos atacando seus ídolos. 

Primeiro, no sábado, a apresentadora Ana Hickmann, da Record, foi atacada por um suposto fã armado em Belo Horizonte. Por sorte dela e azar do infeliz cidadão, o cunhado também estava hospedado no mesmo apartamento, reagiu ao ataque e matou o agressor, Rodrigo Augusto de Pádua. O caso foi tratado como legítima defesa, e neste caso o autor do homicídio vai responder em liberdade. A cunhada da artista foi baleada na confusão, e está fora de perigo, apesar de ter sofrido uma cirurgia de emergência. Ana Hickmann não foi ferida, mas está emocionalmente abalada. 

Ontem, foi a vez da cantora Anitta ser vítima de um psicótico que se diz fã. Ele estava desarmado, mas tentou invadir por duas vezes o condomínio de luxo onde ela morava. Anitta e seus familiares não foram molestados. 

Anitta e Ana Hickmann possuem milhares de fãs, alguns deles verdadeiros fanáticos (fotos do Instagram, uma das redes sociais frequentadas pelas artistas)

Se isso se transformar num surto, nenhuma celebridade estará a salvo. Sabe-se que os sociopatas responsáveis pelos ataques conseguiram informações das redes sociais, avidamente usadas pelos seus ídolos e possíveis vítimas. Lamenta-se a falta de cuidado de qualquer usuário das redes - muitos postam demais cenas íntimas e colocam muitas informações, pondo em risco sua segurança - mas se lamenta muito mais a falta de segurança, valores morais e éticos, monitoramento psicológico de pacientes que deviam seguir tratamento.

Corre-se o risco do próximo caso terminar na morte de alguém famoso, para causar escândalo e indignação no país inteiro e, talvez, no mundo. 



N. do A.: Este post ia falar sobre o pacote anunciado hoje pelo presidente interino Michel Temer. Ele promete, aliás, deixar opositores e até apoiadores de seu governo ensandecidos como os "fãs" aludidos acima, com sua proposta de limitar gastos com saúde e educação - que, de fato, são muito mal gastos, mas infelizmente só se fala em corte e não em efetiva racionalização - ao lado de outras medidas impopulares, como os ajustes na Previdência. A novidade, porém, é limitar os gastos de acordo com a inflação, já que desde 1997 o gasto público aumentou muito, por conta de um Estado hipertrofiado e ineficiente. A intenção é excelente, mas falta detalhar como isso será feito. 

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Já começou!

Infelizmente, a política brasileira está muito longe de ser digna de respeito, e voltou a ser motivo de indignação com o vazamento de uma conversa entre o ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o ex-senador Sérgio Machado, ambos do PMDB. 

Jucá é investigado pela Operação Lava Jato, e mostra sua preocupação, sugerindo tentar alguma forma de neutralizá-la, segundo o diálogo, que pode ser lido AQUI. Ele citou Renan Calheiros, Eduardo Cunha, Aécio Neves e o presidente interino. 

Como isso, evidentemente, contrariam os interesses da nação, o presidente Michel Temer e sua equipe tiveram de pensar em algo. Não precisaram agir, porque Jucá se antecipou e decidiu se licenciar do cargo. 

Romero Jucá mal assumiu o ministério do Planejamento e já se afastou, por efeito do pior evento envolvendo o novo governo (foto: Antônio Cruz - Agência Brasil)

A agora oposição, liderada pelo PT, aproveitou para dizer que este é mais uma "prova" da má-fé dos "golpistas": destituir a presidente Dilma para colocar gente disposta a frear o combate a corrupção - como se no governo dela esta chaga nacional não tivesse se convertido num superpredador do Brasil justamente para beneficiar o lulopetismo e seus aliados, entre os quais o próprio PMDB, agora exercendo a posse direta do poder em Brasília. Jucá, como senador de Roraima, foi um dos mais ativos no processo de impeachment

Porém, nem Jucá, Temer e o PT, Lula inclusive, conseguem deter a Polícia Federal, que continua a fazer o seu trabalho. Agora, o ex-tesoureiro do PP, João Carlos Genu, foi preso na vigésima nona etapa da Operação, chamada de Repescagem. Um sócio de Genu, Lucas Amorim Alves, sofreu prisão temporária, enquanto foram cumpridos seis mandatos de busca e apreensão. 

Virada na Cultura

Neste fim de semana, houve a Virada Cultural, evento em São Paulo onde houve, como sempre, a apresentação de vários artistas, desde os hipercontemporâneos MC Bin Laden até Erasmo Carlos, passando por Maria Rita, Rogério Skylab, Maria Rita, Ney Matogrosso, Nação Zumbi e a OSESP. 

Os protestos contra o presidente interino, no entanto, chamaram mais atenção do que as atrações, a maior parte deles vindo de simpatizantes do governo afastado. Não se limitaram a criticar o tratamento de Michel Temer à cultura, mas também querem o seu afastamento, por ser considerado um "golpista". 

Apesar de tudo, houve menos prisões do que em qualquer outro ano. Houve uma fatalidade, causada pelo uso de álcool e lança-perfume, mas nada que tirasse a tranquilidade dos outros participantes. 

Mais do que isso, porém, chamou a atenção da mídia: pressionado pelos artistas e confirmando a fama de indeciso, o governo Temer voltou a dar status de ministério à Cultura. Esta foi uma verdadeira "virada", elogiada por alguns e criticada por muitos, pois o governo foi visto como derrotado pelos interesses financeiros de uma elite cultural disposta a gastar NOSSO DINHEIRO para financiar atividades como filmes, peças de teatro, exposições e viagens para divulgação de trabalhos. Argumenta-se que eles podiam perfeitamente buscar patrocínio de empresas para custear suas obras, e não consumir dinheiro que poderia ser investido no ensino de nossos jovens. Aliás, a natimorta Secretaria da Cultura era para ser vinculada à pasta da Educação. 

Este governo foi ironizado por estas e outras mostras de falta de rumo, e está no caminho certo para ser julgado quase tão severamente quanto o governo da presidente afastada. 

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Tarefas do STF não diminuíram

Com o afastamento de Dilma e a posse de Temer como interino, os trabalhos no STF não diminuíram. Os 11 ministros da nossa Corte Suprema precisam analisar o impeachment da presidente afastada e se debruçarem com o extenuante trabalho oferecido pela Operação Lava Jato, principalmente se os investigados têm foro privilegiado. Mesmo os que não tem, como o ex-presidente Lula, estão oferecendo muito serviço, pois as denúncias contra ele e seus aliados não param de surgir, motivadas pelas denúncias do senador cassado Delcídio do Amaral.

Ainda precisaram, como nesta semana, julgar o caso da fosfoetanolamina, a "pílula do câncer" desenvolvida pelo prof. Gilberto Chierice (atualmente enfrentando um processo na USP por desvio de função) devido a uma liminar que acabou parando na instância máxima. Por 6 votos a 4, a distribuição da pílula foi suspensa. Foi uma decisão acertada, tomada por Marco Aurélio Mello, Luís Fux, Ricardo Lewandowski, Carmen Lúcia, Luis Roberto Barroso e Teori Zavascki. Os quatro que votaram a favor da temeridade de favorecer a distribuição a pílula como se fosse o remédio para qualquer tipo de tumor foram: Edson Fachin, Rosa Weber, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. O ministro Celso de Mello não estava presente, mas seria voto vencido, pois ele havia arquivado uma ação contra a substância química dias atrás. 

Nesta semana, ainda, tiveram mais uma dor de cabeça: um aparelho de escuta telefônica no gabinete de Luis Roberto Barroso, visto como ambíguo no caso da Lava Jato e do processo de impeachment de Dilma (que o nomeou para a vaga de Carlos Ayres Britto, em 2013, enfrentando a desconfiança da oposição), pois nos últimos meses ele deixou de ser visto como confiável por membros do governo anterior para se ater mais rigorosamente à lei. A suspeita também recai sobre os aliados de Eduardo Cunha, o infame presidente afastado da Câmara. De qualquer forma, um ato gravíssimo, digno de punição severa, pois estão grampeando uma alta autoridade do Judiciário. 

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Uma semana de governo


 Espera-se que este governo não faça a gente rezar para 2016, 2017 e 2018 passarem rápido
O governo Temer mostra que é bem diferente do anterior, mesmo fazendo parte da mesma chapa eleita em 2014. Em alguns pontos é melhor, mas em outros nem tanto. 

É melhor em termos de senso de responsabilidade, preocupação com as contas públicas, menos apego à demagogia e ao populismo que está aos poucos sendo derrotado nesta parte do continente. Também pretende racionalizar os gastos com a Previdência, os programas sociais e a lei Rouanet (e a redução da pasta da Cultura a uma secretaria é um facilitador dessa tarefa, mas à custa de comprar briga com muitos artistas e fomentadores da cultura no país).

Por outro lado, ainda está infestado de indicações meramente políticas (embora em menor grau do que no governo Dilma), e a indicação de André Moura como líder do governo na Câmara é uma aberração, pois o deputado é RÉU na Operação Lava-Jato e é indiciado por tentativa de homicídio de um adversário político em Sergipe.

Só num ponto, no entanto, o governo Temer se mostra pior do que o anterior: na firmeza das decisões; alguns ministros, sem o preparo necessário, afirmam medidas e depois voltam atrás, como foi o caso do ministro Ricardo Barros, da Saúde, que sugeriu mudanças no SUS mas desistiu. Isso são mostras de gente escolhida com pouco critério, a não ser para satisfazer os aliados políticos.

Em relação à gestão anterior, a atual mostra ser bem melhor - embora muito pior do que o desejado.

terça-feira, 17 de maio de 2016

Outra vez?

Motoristas e cobradores de ônibus estão pretendendo parar os terminais nesta quarta e quinta por duas horas cada. 

As paralisações acontecem entre 10h e 12h no dia 18 e entre 14h e 16h no dia 19. A justificativa é protestar por reajuste de 5% além das perdas com a inflação, mais aumento na participação dos lucros, convênio médico gratuito e seguro de vida, sem afetar seriamente os passageiros, pois, segundo eles, os ônibus ficarão retidos fora dos horários de pico. 

Por outro lado, o serviço de transporte público continua péssimo mesmo após o reajuste na tarifa, ocorrido em janeiro último, e uma paralisação de duas horas leva muito mais tempo para a normalização. E, aqui em São Paulo, qualquer horário é ruim para o trânsito. 

O momento é extremamente delicado, pois o sistema necessita de muito aperfeiçoamento, como racionalização de linhas, mais corredores e menor tempo de espera, além de no futuro precisar ser um complemento para o metrô, cuja malha viária ainda é irrisória. Além disso, estamos em período onde o prejuízo por conta da crise econômica é generalizado. Muitos entendem as dificuldades pelos quais motoristas e cobradores passam, mas eles não são os únicos a sofrer. Outros trabalhadores, além de estudantes e outras pessoas que dependem dos ônibus também precisam enfrentar a crise, além de outros problemas. Ficar sem transporte torna tudo mais difícil.

Enquanto isso, temos um prefeito interessado mais em fazer patuscadas contra um de seus críticos mais tenazes, o historiador Marco Antônio Villa, mandando uma agenda de compromissos falsa, do que em tentar solucionar mais este problema nos ônibus. E ele ainda quer ser reeleito! 

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Breves do início da semana

Muita gente anda estranhando a aparente "proteção" de Gilmar Mendes a Aécio Neves, um dos indiciados da Lava Jato. Gilmar alega que não há evidências suficientes contra ele, e simplesmente desmarcou um depoimento. O ministro é sempre acusado de favorecer os tucanos, em contrapartida com aqueles indicados pelos governos de Lula e Dilma, também vistos com desconfiança por muitas vezes se posicionarem a favor dos mandatários petistas, apesar de alguns deles, como Luís Fux, se mostrarem bastante moderados neste ponto. 

Enquanto isso, a Operação Zelotes, outra missão da Polícia Federal, continua a agir, desta vez indiciando André Gerdau e outros executivos da empresa mineradora, além de ex-conselheiros da Carf, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pelo velho motivo da corrupção, contra a Receita Federal. Gerdau foi apontado como corruptor, enquanto os funcionários da Carf se deixaram corromper. 

Para calar a boca dos críticos "politicamente corretos", Michel Temer escolheu a economista Maria Sílvia Bastos Marques para comandar o BNDES. Ela é vista como técnica e criteriosa, e já trabalhou como presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Os críticos ainda esperam por uma pessoa negra no governo Temer. E, no caso de algum afrodescendente ser indicado, não vão parar por aí. No fundo, boa parte dos queixosos iria chiar, mesmo se o ministério fosse composto só de mulheres, negros e homossexuais, pois este governo seria "golpista".

E o Brasil perdeu uma de suas vozes mais marcantes: Cauby Peixoto morreu ontem aos 85 anos. Conhecido pelas canções Bastidores e Conceição, interpretou também outros compositores, como Roberto Carlos e Frank Sinatra. Era dono de uma voz poderosa, mas aveludada, de baixo-barítono, e também era conhecido pelo figurino excêntrico, com uma vasta peruca e roupas extravagantes.

 Cauby Peixoto (1931-2016) (Foto: Marco Aurélio Olímpio)

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Governo Temer começa para valer...

... mas apesar de representar um alento para os investidores e para a economia, gera mais apreensão do que esperança à maioria dos brasileiros. 

Henrique Meirelles, o ministro da Fazenda, é visto como o grande nome do governo interino (e muito provavelmente definitivo, até 2018), e sinalizou rédeas curtas para a economia, mas está causando inquietação por sugerir a volta de um imposto "temporário", além de aumentar outros tributos para depois aliviar a carga tributária quando a situação permitir, de acordo com a avaliação deles. Os brasileiros estão fartos de ouvir falar neste assunto, e estão receosos de um fantasma: a CPMF, o temido imposto sobre as operações financeiras, de péssima memória.

Outro nome acena com corte de gastos: o ministro do Planejamento e investigado pela Lava Jato Romero Jucá. Ele vai demitir funcionários, principalmente os comissionados, o que é bom para as finanças, mas infelizmente são somente 4.000 deles. Estima-se que haja dezenas de milhares, sabendo-se lá o que realmente fazem. Muitos deles são verdadeiros "aspones", sigla para "assessores de porcaria nenhuma".

José Serra assumiu o ministério das Relações Exteriores e já mostrou seu estilo agressivo, defendendo o Brasil das acusações vindas de Equador, Nicarágua, Bolívia, Cuba e, principalmente, Venezuela. O governo deste último país mandou chamar seu embaixador de volta a Caracas, em protesto contra o que eles denominam um golpe de Estado contra uma mulher eleita democraticamente. Nicolás Maduro teme ficar isolado e perder o poder, devido à economia local, completamente arruinada, e o recrudescimento da pobreza que ele jurou combater, além da atuação dos opositores, que conseguem agir mesmo com os atos tirânicos do herdeiro de Chávez.

Alexandre de Moraes, ministro da Justiça (e da Cidadania), tornou-se um alívio (aparente) para a Lava Jato, ameaçada pela atuação de Eugênio Aragão, último ministro dessa pasta sob o governo petista, que ocupou o cargo por apenas dois meses. Moraes, no entanto, não agrada muita gente por ter atuado como Secretário da Segurança no governo paulista de Geraldo Alckmin, reprimindo movimentos como o Passe Livre (MPL), as ocupações do MTST e do MST, e sendo acusado de fracassar na luta contra a criminalidade e o PCC.

Menos motivo para comemoração merece o titular da pasta da Saúde, Ricardo Barros. Ele mostrou todo o seu conhecimento do assunto ao opinar sobre a fosfoetanolamina, chamada de "pílula do câncer" ou, impropriamente, "pílula da USP". Simplesmente teria dito que "a fé move montanhas", frase mais adequada a um pastor do que a um encarregado de fazer nossos hospitais públicos deixarem de ser mais uma garantia de morte indigna e dolorosa.

Outro que vai demorar a receber confiança, e talvez nem tenha tempo para isso, pois ficará no máximo dois anos, é o ministro da Educação Mendonça Filho, um deputado licenciado integrante do DEM de Pernambuco. Tenaz combatente do governo anterior e filiado ao agronegócio, entende mais de política e lavoura do que de ensino. Seria mais adequado para a pasta da Agricultura, mas ele está ocupado por alguém ainda mais próximo da área, o ex-governador de Mato Grosso Blairo Maggi, visto com ressalvas por fazer o seu Estado adquirir maior vigor econômico, à custa da Amazônia e do Cerrado, sendo por isso alvo da irritação dos ambientalistas.

Talvez nem dois mandatos inteiros sejam suficientes para tornar o filho de Jader Barbalho palatável como Ministro da Integração Nacional. Já bem experiente na arte da nossa política, apesar de ter apenas 36 anos, já foi ministro (secretário) dos Portos, no governo Dilma e prefeito de Ananindeua, no Pará, apoiado pelo pai, notório cacique político. Não deixou um legado sólido naquela cidade, e ainda foi acusado de improbidade administrativa. O pai dele é um dos investigados na Operação Lava Jato.

Sarney Filho, como o nome já diz, está ligado a outro grande cacique, o ex-presidente que governou o Brasil entre 1985 e 1990 e foi outro vice do PMDB que chegou ao poder sem voto direto, apenas por integrar uma chapa; ele é o atual ministro do Meio Ambiente, assunto que conhece ao menos teoricamente, pois é do Partido Verde; tem ideias muito diferentes do pai, mas sua tarefa é garantir o desenvolvimento sustentável, o abastecimento de água por meio da preservação dos mananciais, e a biodiversidade.

Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, ex-opositor de Lula convertido em aliado do petismo, ex-ministro das Cidades com Dilma e agora apoiante de Temer, vai ter nas mãos uma verdadeira omelete: o ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações; não cabe especular agora quais serão os resultados de uma fusão tão heterogênea, mas é bom que sejam ao menos potencialmente digeríveis, pois o Brasil possui deficiências atrozes em todas as áreas onde este ministério pretende atuar.

Ronaldo Nogueira é o responsável pelo Trabalho e Previdência Social, e definiu como prioridade a modernização das leis trabalhistas, conciliando com a manutenção dos direitos; esta intenção é um tanto vaga, como é normal na política, pois não fornece detalhes de como ele irá conseguir isso. Ele é deputado pelo PTB gaúcho, e ninguém ouviu falar dele fora de seu Estado, até o momento da votação do impeachment pela Câmara, no último dia 17.

Maurício Quintella, ex-PDT e filiado ao PR de Alagoas, é um nome pouco recomendável para integrar um governo, pois chegou a ter seus bens bloqueados na Justiça por acusações de desvios de verbas no governo Ronaldo Lessa, e ainda foi um dos deputados que viajaram para Israel e Rússia gastando de forma desordenada em 2015, a chamada "farra aérea"; alguns dos treze parlamentares levaram suas mulheres (não foi o caso de Quintella), entre eles o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha. Os aviões fazem parte dos meios de transporte, assunto tratado pelo Ministério dos Transportes; Quintella só prometeu que vai privatizar parte da infraestrutura, outra ideia sem detalhamento, mostrando que ele entende de viagens de avião, mas não de trens, caminhões e outros veículos.

Outro nome ligado a escândalos foi o ex-ministro do Turismo do governo Dilma, Henrique Eduardo Alves, investigado pela Lava Jato como integrante da lista divulgada por Rodrigo Janot, em 2015. Temer teve a pachorra de colocá-lo no mesmo cargo, em seu ministério.

Para dar sequência aos preparativos para as Olimpíadas do Rio, Leonardo Picciani, colega de partido do presidente interino e ex-dilmista convicto, escolhido por ser do Estado onde serão realizados os Jogos. Poderá funcionar até agosto, pelo menos, e espera-se que ele consiga iniciar a administração de um plausível legado olímpico e estimular a prática esportiva no Brasil, muito desiludido com o futebol e ainda muito negligente com as outras modalidades.

Velho conhecido da política nos últimos anos, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, é o nome mais forte entre os ministros. Ocupou o cargo dos Transportes no governo FHC e foi chefe da Aviação Civil no governo Dilma, durante a transição entre os dois mandatos (2014 a 2015). Ele irá ajudar seu amigo pessoal, Temer, juntamente com Geddel Vieira Lima, o Secretário de Governo responsável pela negociação com o Congresso, formado por muitos peemedebistas, outros adesistas (PP, PR, PSD, Pros) e membros da antiga oposição convertida ao governismo (PSDB, PSB, DEM, PPS, Solidariedade).

Existem outros nomes:

Bruno Araújo (Cidades), filiado aos tucanos;

Fábio Medina (Advocacia Geral da União), pouco conhecido;


Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário), peemedebista; 

Raul Jungmann (Defesa), ex-ministro da Agricultura sob FHC;

Sérgio Etchegoyen (Secretaria de Segurança Institucional), general do Exército.

É de se imaginar se desse ministério de 23 nomes, bem mais compacto do que o do governo anterior, vai sair algum resultado proveitoso. Na pior das hipóteses, não farão coisa pior do que se fez nos últimos anos. Na hipótese mais otimista, poderão indicar um novo caminho para o nosso país. 

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Dilma sai e o Brasil fica

77 dos 81 senadores votaram pela suspensão temporária do mandato da presidente Dilma, numa sessão enfadonha, com muitos discursos que ultrapassaram o limite de 15 minutos, que já é além do tolerável. Embora muitos fossem um teste de paciência e poderosos soníferos, outros foram dignos de nota. 

Um dos que mereceu atenção foi Fernando Collor, ex-presidente também cassado por um impeachment, por corrupção e irresponsabilidade administrativa. Ele teria alertado a presidente para os riscos de ser processada e não ter o necessário apoio parlamentar. Ele votou a favor do processo, embora não tivesse revelado explicitamente durante as suas falas. Entre os governistas, ironicamente, estava um dos líderes responsáveis pela derrubada de Collor, o petista Lindberg Farias. Coerente com a orientação do partido, ele não repetiu a postura adotada em 1992 e atacou a oposição, citando Tancredo Neves e insinuando que o PSDB flerta com extremistas como Bolsonaro. 

Por falar em PSDB e Tancredo, outro a destacar foi Aécio Neves, que também citou o avô, mas para atacar a falta de ética do governo. Manteve a postura conhecida nas eleições de 2014, quando foi o candidato derrotado à presidência da República, mesmo com o prestígio seriamente abalado pelas denúncias da Operação Lava Jato. Neste barco dos investigados está ele e, curiosamente, Collor e Lindberg. E também boa parte dos seus colegas, alguns acusados também de outros crimes, embora nenhum deles sejam, oficialmente, réus. Nem mesmo Delcídio do Amaral, recentemente cassado por falta de decoro, e sobre o qual pesam acusações seriíssimas de roubalheira, apesar de ter como atenuante o fato de denunciar vários outros envolvidos.

Devido a isso e muito mais, a sociedade precisa ficar vigilante, para impedir os corruptos de terem vida fácil como durante os governos Lula e Dilma.

Esta última, derrotada no Senado por 55 a 22, placar suficiente até para cassá-la definitivamente mesmo sem Renan ter votado e ainda por cima com três ausências, protestou de novo durante seu discurso final antes de perder seus poderes e entregá-los a Temer, teoricamente por até 180 dias até novo julgamento do Senado. Ela voltou a falar em golpe e traição, entre correligionários com ar de funeral. Dilma pode voltar ao exercício efetivo da Presidência, embora na prática isso seja improvável.

 Dilma repete o discurso de "golpe" em clima de desolação entre os que a cercaram (Divulgação)

Mais tarde, foi a vez de Temer discursar, citando a presidente afastada e prometendo manter o Bolsa Família e as conquistas sociais, além de, em palavras, assegurar a continuidade das investigações sobre o maior escândalo econômico, político e institucional da Nova (?) República. Ele disse que irá enfrentar os problemas econômicos gravíssimos do país, como a inflação, a queda do PIB e o desemprego. E anunciou o nome de seus ministros, provocando celeuma devido à falta de mulheres e por todos eles serem políticos, ainda que boa parte deles serem de formação técnica, alguns deles também investigados por escândalos de corrupção. Isso vai ser melhor abordado no próximo post.

Temer assume interinamente a presidência, com ares de que vai continuar até 2018 (Agência Brasil)

Ele terá a dura incumbência de fazer o Brasil sair da calamitosa situação provocada pelos desmandos do governo petista, e tentar convencer a população a confiar nele e no novo governo que, na prática, está começando, mas com o fedor dos velhos e novos vícios da nossa política e de um sistema eleitoral decadente, que permite os populismos e a falta de representatividade. O Brasil continua sem Dilma, e irá continuar sem Temer ou qualquer outro político atual.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Agora, os senadores votam

No momento desta postagem, os senadores estão discursando na tribuna, com ampla vantagem para os defensores do impeachment: 15 falaram contra a presidente Dilma e apenas uma senadora de Roraima defendeu-a. 

Confesso que o procedimento utilizado pelo Senado não agrada nem um pouco: cada senador tem direito a 15 minutos de discurso, tornando tudo muito arrastado e vulnerável à vaidade, à prolixidade, ao auto-elogio e à mistificação. Chega a ser mais enfadonho do que o formato utilizado na Câmara. Algumas falas são tão destituídas de conteúdo, e tão rebuscadas na forma, que constituem um remédio poderoso contra a insônia. 

Por conta disso, 81 excelentíssimos senhores senadores tomarão ainda mais tempo do que 513 excelentíssimos senhores deputados. No dia 17 de abril, levaram pouco mais de 10 horas, e agora, dia 11 de maio, outra data histórica, irão consumir ainda mais. 

Na próxima postagem, vou abordar melhor o resultado. 

terça-feira, 10 de maio de 2016

O boquirroto de Nova Iorque ataca de novo

Donald Trump não se cansa de fazer declarações dignas de destaque na mídia, ofendendo seus rivais democratas, competidores na briga pela candidatura à presidência no Partido Republicano e políticos de outros países, como Vicente Fox, ex-presidente do México, com quem polemizou devido à estapafúrdia ideia de construir um muro na extensa fronteira entre Estados Unidos e México, que seria custeada pelos mexicanos. 

Estas atitudes o fazem ser visto como uma espécie de Berlusconi americano não só entre os chamados "progressistas", como também são chamados os defensores do socialismo, da social-democracia e suas variantes, mas também entre os defensores do liberalismo. Mesmo para muitos "conservadores", Trump é mal visto, por sua histrionice. 

A última vítima dos petardos do magnata postulante à Casa Branca foi o recém-eleito prefeito de Londres, Sadiq Khan, primeiro descendente de paquistaneses a ocupar o cargo. Trump disse que os muçulmanos seriam banidos dos Estados Unidos, com a exceção de Khan. 

O prefeito de Londres (esquerda) e o candidato republicano à presidência estadunidense (Reuters)

Com um boquirroto como candidato ao cargo mais influente do mundo, veremos dois desfechos: será a primeira mulher ou o primeiro bufão a decidir os destinos de um país e um planeta. 


N. do A.: Enquanto isso, no Brasil, gente ainda menos versada em democracia do que Trump bloqueava estradas e ruas das cidades, tanto os manifestantes anti-impeachment quanto os taxistas anti-Uber (estes úlitmos em São Paulo apenas, para protestarem contra o decreto do prefeito Fernando Haddad regulamentando o aplicativo). Dilma lança novas medidas para agradar os "progressistas", a poucas horas de sair do Planalto, entre elas as cotas raciais para cursos de pós-graduação. O Senado, por sua vez, se prepara para votar, e ainda teve de cuidar de Delcídio do Amaral, ex-petista acusado de desvios de dinheiro e tráfico de influência. Delcídio foi cassado por incríveis 74 a 0. 

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Obstáculo no caminho do 'impeachment'

Em uma decisão surpreendente, Waldir Maranhão (PP-MA), presidente interino da Câmara, declarou nula a votação do impeachment no dia 17 de abril, quando o processo já está no Senado para ser votado na próxima quarta. 

A decisão provocou a ira da oposição e foi contestada pelos especialistas, que viram a fragilidade jurídica da medida. 

Causa estranheza a decisão de um único parlamentar, ainda que ele seja o presidente da Câmara, contrária aos 367 votos a favor do processo e apenas 137 votos dos defensores deste governo. Ainda mais estranha é a posição de Waldir Maranhão, um aliado de Eduardo Cunha, o titular afastado de sua cadeira. 

Opositores acusam Maranhão de se deixar convencer por José Eduardo Cardoso, advogado-geral da União, e Flávio Dino, governador maranhense. Outros veem mais uma manobra de Eduardo Cunha, para ele voltar à presidência da Câmara. De qualquer forma, o ocupante da liderança daqueles que agem sob a cúpula convexa ficou com fama de ser manipulável, além de ter três processos na Lava Jato por corrupção e envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, podendo tornar-se réu a qualquer momento. Ele foi um dos deputados do PP que votou contra, enquanto seu aliado era um dos líderes que manobraram para o processo de impeachment se concretizar. 

Renan Calheiros não engoliu esta decisão e disse que o processo segue, e vai ser votado no dia 11, tornando inválida a decisão de Maranhão, a não ser que ele resolva recorrer no STF. Ou seja, o processo de impeachment vai continuar. 

quinta-feira, 5 de maio de 2016

STF manda Cunha desocupar a presidência da Câmara


 Eduardo Cunha, presidente da Câmara afastado por ordem do Supremo (Ueslei Marcelino/Reuters)

Eduardo Cunha foi afastado da Presidência da Câmara, por decisão unânime do STF, que acolheu denúncias da Procuradoria-Geral da República. 

Acabou, portanto, o risco de ver um réu na Lava Jato assumir a Presidência da República interinamente, pois ele é o terceiro - de facto, o segundo - na linha sucessória. Ainda havia dúvidas se ele podia assumir a chefia do governo, no caso de Michel Temer se ausentar depois de um altamente plausível afastamento da presidente Dilma, com uma ficha como a dele: vários inquéritos na Lava Jato, documentos constantes na Mossack Fonseca, práticas recorrentes de obstruir a comissão encarregada de julgá-lo por improbidade, ao invés de se defender condignamente, além de impor obstáculos à Justiça. 

É verdade que ele foi importante para as derrotas do governo Dilma, principal beneficiário do maior esquema de corrupção já visto no Brasil, mas isso não o torna mais aceitável. Só foi tolerado pela oposição e pelos partidários do "Fora, Dilma", por sua postura firme contra os desmandos petistas. 

Agora o PT quer aproveitar a derrocada de seu grande desafeto para tentar anular o processo de impeachment, como se fosse possível, na legislação vigente deste país, querer governar sem apoio no Congresso e com vários líderes comprovadamente culpados pela roubalheira e devidamente condenados, enquanto Cunha, com toda a sua aura negra, ainda não foi julgado em definitivo. Por outro lado, o presidente afastado da Câmara vai usar tudo o que sabe para tentar recobrar seu cargo.

Eduardo Cunha é só um dos vários políticos que traíram a confiança de seus eleitores e prestaram maus serviços ao Brasil. Precisamos batalhar para não só colocar pessoas mais qualificadas para os cargos públicos, como também pressionar por reformas e evolução do pensamento político, que passa necessariamente pela melhoria na educação, formação cultural e qualidade de informação para o povo, que deve ser visto como gente e não como instrumento para a ascensão de certas figuras dispostas a tudo pelo poder.


N. do A.: É de se lastimar a falta de compromisso com a lisura, mesmo em governos de oposição como o de Geraldo Alckmin, responsável por um calote de R$ 332 milhões no Metrô, acumulado durante quatro anos, até 2014. É um péssimo exemplo, ainda mais por alguém empenhado em denunciar os desvios bilionários em Brasília. Cidadãos comuns não podem se dar a este luxo, pois sabem que podem sofrer mais rigorosamente as penas da lei do que os administradores públicos.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Câmara Municipal não decide o Uber

Intimidados por protestos corporativistas e fascistóides do Sindicato dos Taxistas, os ilustres vereadores da nossa cidade, muitos deles também ligados à categoria, não votaram, novamente, pela regularização do Uber na nossa cidade. 

Esta regularização é absolutamente necessária, para impor regras mais claras aos motoristas do Uber, evitar possíveis abusos e garantir uma opção do paulistano ao transporte. 

Com a omissão da Câmara, o prefeito Fernando Haddad poderá vir a regulamentar o serviço por decreto, algo aparentemente muito mais fácil, porém bem mais frágil juridicamente. Um sobrinho do prefeito é gerente do Uber, e isso é visto até com certa naturalidade no nosso meio, diante de coisas muito mais nefastas cometidas pelo partido de Haddad. 

Os taxistas exercerão o seu direito de protestar, e farão bastante pressão para fazer o prefeito mudar de ideia, mas suas atitudes enfrentam crescente rejeição dos paulistanos, além de mostrarem aversão a um serviço com o qual terão de continuar convivendo, devido à adesão de muitos antigos usuários de táxi. 

terça-feira, 3 de maio de 2016

Começa a trajetória da tocha no Brasil - e termina a do Bayern na Champions League

Enquanto no mundo político a Procuradoria-Geral da República, amparada pelas denúncias de Delcídio do Amaral, denunciava Eduardo Cunha, Aécio Neves e, the last but not the least, o ex-presidente Lula, no mundo esportivo ocorreram dois fatos importantes. 

O primeiro foi a Tocha Olímpica chegando em Brasília, com a participação de vários atletas e outras personalidades no revezamento, durante o percurso, entre os quais Fabiana e Paula Pequeno (as duas da Seleção Brasileira de Vôlei, que tanto nos deu alegrias nas últimas duas Olimpíadas), Gabriel Medina e Vanderlei Cordeiro de Lima, além do matemático Artur Ávila. Outros nomes participaram também, mas fora de Brasília, como Joaquim Cruz e Thiago Pereira, em Taguatinga. 

Dilma acende a Tocha e Fabiana, capitã da Seleção de Vôlei, se prepara para recebê-la (André Coelho/O Globo)

Alguns manifestantes contra o impeachment tentavam interferir na cerimônia, mas foram afastados pela segurança. E, tentando mostrar que ainda é a presidente, Dilma compareceu à cerimônia, acendendo a tocha pela primeira vez em solo brasileiro, de acordo com o protocolo. Foi o mundo político interagindo com o do esporte.

Já o segundo fato envolve o futebol europeu, mais precisamente a Liga dos Campeões da UEFA (outra entidade fortemente influenciada pela baixa política de seus dirigentes). O temível Bayern de Munique pressionou o quanto podia o Atlético de Madrid no Allianz Arena, conseguiu ganhar, mas foi eliminado. Fez 2 a 1, quando poderia ter feito mais um, graças ao pênalti desperdiçado por Thomas Müller, o astro do time e da Seleção responsável pelo 8/7 no Mineirão. Como o Atlético de Madrid havia ganho por 1 a 0, o gol feito por Griezmann foi o suficiente para classificar os espanhóis, rumo ao título inédito. Poderia ter feito mais um gol para humilhar ainda mais os Golias alemães, mas Fernando Torres também desperdiçou um pênalti, este considerado irregular. Mas isso não tira o mérito dos colchoneros. Simeone mostra seu talento em comandar um elenco bem mais limitado do que o do rival - Fernando Torres e Griezmann são os únicos astros do time - e montar um esquema de jogo eficiente, priorizando a defesa. 

Xabi Alonso, do Bayern, desolado com a eliminação na Champions League (Getty Images)

Todo o elenco do Bayern sentiu o golpe, mas quem mais deve lamentar é Pepe Guardiola, um dos maiores treinadores de futebol do nosso tempo, que ficou à frente de um dos melhores times do mundo por três anos e acumulou fracassos, sempre vendo seu time cair nas semifinais em 2014 (contra o Real), 2015 (diante do Barça) e, agora, em 2016. Curiosamente, nos três casos o time de Munique perdeu para os três grandes times da Espanha. Antes, ele havia comandado o Barça e ganhado a taça em 2009 e 2011. 

segunda-feira, 2 de maio de 2016

WhatsApp bloqueado de novo: veja algumas piadas e memes

Mais uma vez o juiz Marcel Montavão, de Lagarto, Sergipe, resolveu brigar de novo com o WhatsApp, acusando-o de atrapalhar o seu zeloso trabalho contra o tráfico de drogas. A Justiça atendeu ao pedido do magistrado e, com o beneplácito das operadoras - que também estavam incomodadas com o aplicativo - e da Anatel, muitos usuários vão ter de aguentar ficar sem se comunicar, postar fotos e vídeos com a ferramenta. 

Oficialmente, são 72 horas - agonizantes, segundo muitos - mas de novo o Facebook, dono do aplicativo, vai intervir, e esse tempo será abreviado. Enquanto isso, as piadas e zoações com o episódio acontecem: