... mas apesar de representar um alento para os investidores e para a economia, gera mais apreensão do que esperança à maioria dos brasileiros.
Henrique Meirelles, o ministro da Fazenda, é visto como o grande nome do governo interino (e muito provavelmente definitivo, até 2018), e sinalizou rédeas curtas para a economia, mas está causando inquietação por sugerir a volta de um imposto "temporário", além de aumentar outros tributos para depois aliviar a carga tributária quando a situação permitir, de acordo com a avaliação deles. Os brasileiros estão fartos de ouvir falar neste assunto, e estão receosos de um fantasma: a CPMF, o temido imposto sobre as operações financeiras, de péssima memória.
Outro nome acena com corte de gastos: o ministro do Planejamento e investigado pela Lava Jato Romero Jucá. Ele vai demitir funcionários, principalmente os comissionados, o que é bom para as finanças, mas infelizmente são somente 4.000 deles. Estima-se que haja dezenas de milhares, sabendo-se lá o que realmente fazem. Muitos deles são verdadeiros "aspones", sigla para "assessores de porcaria nenhuma".
José Serra assumiu o ministério das Relações Exteriores e já mostrou seu estilo agressivo, defendendo o Brasil das acusações vindas de Equador, Nicarágua, Bolívia, Cuba e, principalmente, Venezuela. O governo deste último país mandou chamar seu embaixador de volta a Caracas, em protesto contra o que eles denominam um golpe de Estado contra uma mulher eleita democraticamente. Nicolás Maduro teme ficar isolado e perder o poder, devido à economia local, completamente arruinada, e o recrudescimento da pobreza que ele jurou combater, além da atuação dos opositores, que conseguem agir mesmo com os atos tirânicos do herdeiro de Chávez.
Alexandre de Moraes, ministro da Justiça (e da Cidadania), tornou-se um alívio (aparente) para a Lava Jato, ameaçada pela atuação de Eugênio Aragão, último ministro dessa pasta sob o governo petista, que ocupou o cargo por apenas dois meses. Moraes, no entanto, não agrada muita gente por ter atuado como Secretário da Segurança no governo paulista de Geraldo Alckmin, reprimindo movimentos como o Passe Livre (MPL), as ocupações do MTST e do MST, e sendo acusado de fracassar na luta contra a criminalidade e o PCC.
Menos motivo para comemoração merece o titular da pasta da Saúde, Ricardo Barros. Ele mostrou todo o seu conhecimento do assunto ao opinar sobre a fosfoetanolamina, chamada de "pílula do câncer" ou, impropriamente, "pílula da USP". Simplesmente teria dito que "a fé move montanhas", frase mais adequada a um pastor do que a um encarregado de fazer nossos hospitais públicos deixarem de ser mais uma garantia de morte indigna e dolorosa.
Outro que vai demorar a receber confiança, e talvez nem tenha tempo para isso, pois ficará no máximo dois anos, é o ministro da Educação Mendonça Filho, um deputado licenciado integrante do DEM de Pernambuco. Tenaz combatente do governo anterior e filiado ao agronegócio, entende mais de política e lavoura do que de ensino. Seria mais adequado para a pasta da Agricultura, mas ele está ocupado por alguém ainda mais próximo da área, o ex-governador de Mato Grosso Blairo Maggi, visto com ressalvas por fazer o seu Estado adquirir maior vigor econômico, à custa da Amazônia e do Cerrado, sendo por isso alvo da irritação dos ambientalistas.
Talvez nem dois mandatos inteiros sejam suficientes para tornar o filho de Jader Barbalho palatável como Ministro da Integração Nacional. Já bem experiente na arte da nossa política, apesar de ter apenas 36 anos, já foi ministro (secretário) dos Portos, no governo Dilma e prefeito de Ananindeua, no Pará, apoiado pelo pai, notório cacique político. Não deixou um legado sólido naquela cidade, e ainda foi acusado de improbidade administrativa. O pai dele é um dos investigados na Operação Lava Jato.
Sarney Filho, como o nome já diz, está ligado a outro grande cacique, o ex-presidente que governou o Brasil entre 1985 e 1990 e foi outro vice do PMDB que chegou ao poder sem voto direto, apenas por integrar uma chapa; ele é o atual ministro do Meio Ambiente, assunto que conhece ao menos teoricamente, pois é do Partido Verde; tem ideias muito diferentes do pai, mas sua tarefa é garantir o desenvolvimento sustentável, o abastecimento de água por meio da preservação dos mananciais, e a biodiversidade.
Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, ex-opositor de Lula convertido em aliado do petismo, ex-ministro das Cidades com Dilma e agora apoiante de Temer, vai ter nas mãos uma verdadeira omelete: o ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações; não cabe especular agora quais serão os resultados de uma fusão tão heterogênea, mas é bom que sejam ao menos potencialmente digeríveis, pois o Brasil possui deficiências atrozes em todas as áreas onde este ministério pretende atuar.
Ronaldo Nogueira é o responsável pelo Trabalho e Previdência Social, e definiu como prioridade a modernização das leis trabalhistas, conciliando com a manutenção dos direitos; esta intenção é um tanto vaga, como é normal na política, pois não fornece detalhes de como ele irá conseguir isso. Ele é deputado pelo PTB gaúcho, e ninguém ouviu falar dele fora de seu Estado, até o momento da votação do impeachment pela Câmara, no último dia 17.
Maurício Quintella, ex-PDT e filiado ao PR de Alagoas, é um nome pouco recomendável para integrar um governo, pois chegou a ter seus bens bloqueados na Justiça por acusações de desvios de verbas no governo Ronaldo Lessa, e ainda foi um dos deputados que viajaram para Israel e Rússia gastando de forma desordenada em 2015, a chamada "farra aérea"; alguns dos treze parlamentares levaram suas mulheres (não foi o caso de Quintella), entre eles o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha. Os aviões fazem parte dos meios de transporte, assunto tratado pelo Ministério dos Transportes; Quintella só prometeu que vai privatizar parte da infraestrutura, outra ideia sem detalhamento, mostrando que ele entende de viagens de avião, mas não de trens, caminhões e outros veículos.
Outro nome ligado a escândalos foi o ex-ministro do Turismo do governo Dilma, Henrique Eduardo Alves, investigado pela Lava Jato como integrante da lista divulgada por Rodrigo Janot, em 2015. Temer teve a pachorra de colocá-lo no mesmo cargo, em seu ministério.
Para dar sequência aos preparativos para as Olimpíadas do Rio, Leonardo Picciani, colega de partido do presidente interino e ex-dilmista convicto, escolhido por ser do Estado onde serão realizados os Jogos. Poderá funcionar até agosto, pelo menos, e espera-se que ele consiga iniciar a administração de um plausível legado olímpico e estimular a prática esportiva no Brasil, muito desiludido com o futebol e ainda muito negligente com as outras modalidades.
Velho conhecido da política nos últimos anos, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, é o nome mais forte entre os ministros. Ocupou o cargo dos Transportes no governo FHC e foi chefe da Aviação Civil no governo Dilma, durante a transição entre os dois mandatos (2014 a 2015). Ele irá ajudar seu amigo pessoal, Temer, juntamente com Geddel Vieira Lima, o Secretário de Governo responsável pela negociação com o Congresso, formado por muitos peemedebistas, outros adesistas (PP, PR, PSD, Pros) e membros da antiga oposição convertida ao governismo (PSDB, PSB, DEM, PPS, Solidariedade).
Existem outros nomes:
Bruno Araújo (Cidades), filiado aos tucanos;
Fábio Medina (Advocacia Geral da União), pouco conhecido;
Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário), peemedebista;
Raul Jungmann (Defesa), ex-ministro da Agricultura sob FHC;
Sérgio Etchegoyen (Secretaria de Segurança Institucional), general do Exército.
É de se imaginar se desse ministério de 23 nomes, bem mais compacto do que o do governo anterior, vai sair algum resultado proveitoso. Na pior das hipóteses, não farão coisa pior do que se fez nos últimos anos. Na hipótese mais otimista, poderão indicar um novo caminho para o nosso país.
Outro nome acena com corte de gastos: o ministro do Planejamento e investigado pela Lava Jato Romero Jucá. Ele vai demitir funcionários, principalmente os comissionados, o que é bom para as finanças, mas infelizmente são somente 4.000 deles. Estima-se que haja dezenas de milhares, sabendo-se lá o que realmente fazem. Muitos deles são verdadeiros "aspones", sigla para "assessores de porcaria nenhuma".
José Serra assumiu o ministério das Relações Exteriores e já mostrou seu estilo agressivo, defendendo o Brasil das acusações vindas de Equador, Nicarágua, Bolívia, Cuba e, principalmente, Venezuela. O governo deste último país mandou chamar seu embaixador de volta a Caracas, em protesto contra o que eles denominam um golpe de Estado contra uma mulher eleita democraticamente. Nicolás Maduro teme ficar isolado e perder o poder, devido à economia local, completamente arruinada, e o recrudescimento da pobreza que ele jurou combater, além da atuação dos opositores, que conseguem agir mesmo com os atos tirânicos do herdeiro de Chávez.
Alexandre de Moraes, ministro da Justiça (e da Cidadania), tornou-se um alívio (aparente) para a Lava Jato, ameaçada pela atuação de Eugênio Aragão, último ministro dessa pasta sob o governo petista, que ocupou o cargo por apenas dois meses. Moraes, no entanto, não agrada muita gente por ter atuado como Secretário da Segurança no governo paulista de Geraldo Alckmin, reprimindo movimentos como o Passe Livre (MPL), as ocupações do MTST e do MST, e sendo acusado de fracassar na luta contra a criminalidade e o PCC.
Menos motivo para comemoração merece o titular da pasta da Saúde, Ricardo Barros. Ele mostrou todo o seu conhecimento do assunto ao opinar sobre a fosfoetanolamina, chamada de "pílula do câncer" ou, impropriamente, "pílula da USP". Simplesmente teria dito que "a fé move montanhas", frase mais adequada a um pastor do que a um encarregado de fazer nossos hospitais públicos deixarem de ser mais uma garantia de morte indigna e dolorosa.
Outro que vai demorar a receber confiança, e talvez nem tenha tempo para isso, pois ficará no máximo dois anos, é o ministro da Educação Mendonça Filho, um deputado licenciado integrante do DEM de Pernambuco. Tenaz combatente do governo anterior e filiado ao agronegócio, entende mais de política e lavoura do que de ensino. Seria mais adequado para a pasta da Agricultura, mas ele está ocupado por alguém ainda mais próximo da área, o ex-governador de Mato Grosso Blairo Maggi, visto com ressalvas por fazer o seu Estado adquirir maior vigor econômico, à custa da Amazônia e do Cerrado, sendo por isso alvo da irritação dos ambientalistas.
Talvez nem dois mandatos inteiros sejam suficientes para tornar o filho de Jader Barbalho palatável como Ministro da Integração Nacional. Já bem experiente na arte da nossa política, apesar de ter apenas 36 anos, já foi ministro (secretário) dos Portos, no governo Dilma e prefeito de Ananindeua, no Pará, apoiado pelo pai, notório cacique político. Não deixou um legado sólido naquela cidade, e ainda foi acusado de improbidade administrativa. O pai dele é um dos investigados na Operação Lava Jato.
Sarney Filho, como o nome já diz, está ligado a outro grande cacique, o ex-presidente que governou o Brasil entre 1985 e 1990 e foi outro vice do PMDB que chegou ao poder sem voto direto, apenas por integrar uma chapa; ele é o atual ministro do Meio Ambiente, assunto que conhece ao menos teoricamente, pois é do Partido Verde; tem ideias muito diferentes do pai, mas sua tarefa é garantir o desenvolvimento sustentável, o abastecimento de água por meio da preservação dos mananciais, e a biodiversidade.
Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, ex-opositor de Lula convertido em aliado do petismo, ex-ministro das Cidades com Dilma e agora apoiante de Temer, vai ter nas mãos uma verdadeira omelete: o ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações; não cabe especular agora quais serão os resultados de uma fusão tão heterogênea, mas é bom que sejam ao menos potencialmente digeríveis, pois o Brasil possui deficiências atrozes em todas as áreas onde este ministério pretende atuar.
Ronaldo Nogueira é o responsável pelo Trabalho e Previdência Social, e definiu como prioridade a modernização das leis trabalhistas, conciliando com a manutenção dos direitos; esta intenção é um tanto vaga, como é normal na política, pois não fornece detalhes de como ele irá conseguir isso. Ele é deputado pelo PTB gaúcho, e ninguém ouviu falar dele fora de seu Estado, até o momento da votação do impeachment pela Câmara, no último dia 17.
Maurício Quintella, ex-PDT e filiado ao PR de Alagoas, é um nome pouco recomendável para integrar um governo, pois chegou a ter seus bens bloqueados na Justiça por acusações de desvios de verbas no governo Ronaldo Lessa, e ainda foi um dos deputados que viajaram para Israel e Rússia gastando de forma desordenada em 2015, a chamada "farra aérea"; alguns dos treze parlamentares levaram suas mulheres (não foi o caso de Quintella), entre eles o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha. Os aviões fazem parte dos meios de transporte, assunto tratado pelo Ministério dos Transportes; Quintella só prometeu que vai privatizar parte da infraestrutura, outra ideia sem detalhamento, mostrando que ele entende de viagens de avião, mas não de trens, caminhões e outros veículos.
Outro nome ligado a escândalos foi o ex-ministro do Turismo do governo Dilma, Henrique Eduardo Alves, investigado pela Lava Jato como integrante da lista divulgada por Rodrigo Janot, em 2015. Temer teve a pachorra de colocá-lo no mesmo cargo, em seu ministério.
Para dar sequência aos preparativos para as Olimpíadas do Rio, Leonardo Picciani, colega de partido do presidente interino e ex-dilmista convicto, escolhido por ser do Estado onde serão realizados os Jogos. Poderá funcionar até agosto, pelo menos, e espera-se que ele consiga iniciar a administração de um plausível legado olímpico e estimular a prática esportiva no Brasil, muito desiludido com o futebol e ainda muito negligente com as outras modalidades.
Velho conhecido da política nos últimos anos, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, é o nome mais forte entre os ministros. Ocupou o cargo dos Transportes no governo FHC e foi chefe da Aviação Civil no governo Dilma, durante a transição entre os dois mandatos (2014 a 2015). Ele irá ajudar seu amigo pessoal, Temer, juntamente com Geddel Vieira Lima, o Secretário de Governo responsável pela negociação com o Congresso, formado por muitos peemedebistas, outros adesistas (PP, PR, PSD, Pros) e membros da antiga oposição convertida ao governismo (PSDB, PSB, DEM, PPS, Solidariedade).
Existem outros nomes:
Bruno Araújo (Cidades), filiado aos tucanos;
Fábio Medina (Advocacia Geral da União), pouco conhecido;
Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário), peemedebista;
Raul Jungmann (Defesa), ex-ministro da Agricultura sob FHC;
Sérgio Etchegoyen (Secretaria de Segurança Institucional), general do Exército.
É de se imaginar se desse ministério de 23 nomes, bem mais compacto do que o do governo anterior, vai sair algum resultado proveitoso. Na pior das hipóteses, não farão coisa pior do que se fez nos últimos anos. Na hipótese mais otimista, poderão indicar um novo caminho para o nosso país.
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