quinta-feira, 5 de maio de 2016

STF manda Cunha desocupar a presidência da Câmara


 Eduardo Cunha, presidente da Câmara afastado por ordem do Supremo (Ueslei Marcelino/Reuters)

Eduardo Cunha foi afastado da Presidência da Câmara, por decisão unânime do STF, que acolheu denúncias da Procuradoria-Geral da República. 

Acabou, portanto, o risco de ver um réu na Lava Jato assumir a Presidência da República interinamente, pois ele é o terceiro - de facto, o segundo - na linha sucessória. Ainda havia dúvidas se ele podia assumir a chefia do governo, no caso de Michel Temer se ausentar depois de um altamente plausível afastamento da presidente Dilma, com uma ficha como a dele: vários inquéritos na Lava Jato, documentos constantes na Mossack Fonseca, práticas recorrentes de obstruir a comissão encarregada de julgá-lo por improbidade, ao invés de se defender condignamente, além de impor obstáculos à Justiça. 

É verdade que ele foi importante para as derrotas do governo Dilma, principal beneficiário do maior esquema de corrupção já visto no Brasil, mas isso não o torna mais aceitável. Só foi tolerado pela oposição e pelos partidários do "Fora, Dilma", por sua postura firme contra os desmandos petistas. 

Agora o PT quer aproveitar a derrocada de seu grande desafeto para tentar anular o processo de impeachment, como se fosse possível, na legislação vigente deste país, querer governar sem apoio no Congresso e com vários líderes comprovadamente culpados pela roubalheira e devidamente condenados, enquanto Cunha, com toda a sua aura negra, ainda não foi julgado em definitivo. Por outro lado, o presidente afastado da Câmara vai usar tudo o que sabe para tentar recobrar seu cargo.

Eduardo Cunha é só um dos vários políticos que traíram a confiança de seus eleitores e prestaram maus serviços ao Brasil. Precisamos batalhar para não só colocar pessoas mais qualificadas para os cargos públicos, como também pressionar por reformas e evolução do pensamento político, que passa necessariamente pela melhoria na educação, formação cultural e qualidade de informação para o povo, que deve ser visto como gente e não como instrumento para a ascensão de certas figuras dispostas a tudo pelo poder.


N. do A.: É de se lastimar a falta de compromisso com a lisura, mesmo em governos de oposição como o de Geraldo Alckmin, responsável por um calote de R$ 332 milhões no Metrô, acumulado durante quatro anos, até 2014. É um péssimo exemplo, ainda mais por alguém empenhado em denunciar os desvios bilionários em Brasília. Cidadãos comuns não podem se dar a este luxo, pois sabem que podem sofrer mais rigorosamente as penas da lei do que os administradores públicos.

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