sexta-feira, 27 de maio de 2016

Presidente americano vai a Hiroshima

O presidente norte-americano Barack Obama quer marcar mesmo seu nome na História. Primeiro, há dois meses atrás, ele foi até Cuba, para aumentar os laços com o país comunista, e tentou cobrar mais democracia diante do irredutível Raúl Castro. Depois, foi a Vietnã, com a mesma finalidade, e foi melhor acolhido. Atualmente, ele está em Hiroshima, para prestar homenagens às vítimas de um aparente erro irreparável: o ataque à cidade japonesa com a bomba atômica chamada "Little Boy", em agosto de 1945. 

Em ambas as viagens, os resultados não foram palpáveis. Cuba continua a ser uma ditadura; o Vietnã não acena com melhorias na questão dos direitos humanos e na abertura política; e Hiroshima, evidentemente, jamais vai recuperar os 80.000 mortos pelo ato que iniciou a chamada Era Atômica e aterrorizou o mundo com a possibilidade de aniquilação total.

Os três locais foram vitimados pela ação americana, de alguma forma: a ilha caribenha sofreu um embargo que agravou a situação econômica e foi inútil para deter a tirania castrista, aliás, forneceu um excelente pretexto para ela se fazer de vítima; a nação do Sudeste Asiático sofreu com uma guerra prolongada, e a muito custo expulsou os americanos, tornando-se um país comunista; e a cidade japonesa sofreu algo mais devastador ainda: um ataque nuclear.

Ironicamente, foi justamente no pior caso que a recuperação foi mais intensa, graças ao Plano Marshall (liderados pelos próprios Estados Unidos, dispostos a ajudarem seus aliados contra o comunismo) e, principalmente, ao empenho do povo local, que transformou um local devastado em uma cidade atualmente próspera. Obama depositou flores no "marco zero" que homenageia os mortos na carnificina, e cumprimentou alguns sobreviventes, mas não pediu desculpas pelo ataque de 1945, em nome dos americanos, como queria o governo japonês, para não criar outros precedentes: muitos países foram vítimas de ações militares americanas após a II Guerra Mundial, como República Dominicana e Granada, nas Antilhas, e atualmente Síria, Afeganistão e Iraque, na parte islâmica da Ásia.

Obama homenageou as vítimas de Hiroshima no marco zero, local da explosão do "Little Boy" em 1945 (AP)

Os benefícios virão para a imagem de Obama, empenhado em ajudar os democratas a se manterem na Casa Branca, por meio de Hillary Clinton (Obama não vê o socialista Bernie Sanders com bons olhos). De certa forma, também representa uma melhora na imagem dos Estados Unidos, a grande potência mundial, mostrando boa vontade em superar as diferenças, no caso de Cuba e do Vietnã, e lembrar dos perigos de um mundo armado com artefatos nucleares, no caso de Hiroshima. 



N. do A.: No entanto, muitos ainda vão ter de esperar, e muito, até os Estados Unidos abandonarem os seus milhares de artefatos nucleares. Outros países ainda nem pensam em abandonar esse tipo de arma, como Rússia, China, França, Grã-Bretanha, Israel e até países assolados pela miséria, como Paquistão, Índia e Coréia do Norte. Outros ainda ousam querer uma dessas bombas para "persuadir" seus inimigos, como o Irã. Enquanto todos eles não desativarem este arsenal ou desistirem de usar a energia atômica para fins não pacíficos, o mundo ainda corre perigo.

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