segunda-feira, 31 de outubro de 2016

O que virá nestes dois meses?

Outubro praticamente terminou, e ainda restam dois meses para este tumultuado ano terminar, cheio de sofrimento, mas também de boas notícias. 

Neste período final haverá a eleição presidencial americana, com dois candidatos muito mal vistos pelo resto do mundo: a temperamental Hillary Clinton e o histrião Donald Trump, ambos acusados de delitos que os torna pouco recomendáveis para ocuparem o cargo político mais influente do mundo: a primeira foi acusada de usar e-mails de forma indevida, como Secretária de Estado no governo Obama, além de corrupção política, enquanto Trump promete coisas inaceitáveis como a expulsão dos muçulmanos e a construção de um muro inviável na fronteira com o México.

Também poderá haver a votação de importantes reformas políticas, como a PEC dos gastos públicos no Senado; a reforma da Previdência só deverá ocorrer mesmo em 2017. E os prefeitos irão formar seus gabinetes para as administrações municipais, como João Dória Jr. já está fazendo, com cinco nomes confirmados para as suas 22 secretarias (Haddad tem 27), e um deles é Bruno Covas, para administrar as Subprefeituras. Salienta-se: Boni não foi confirmado para a Secretaria da Cultura.

Podem ainda acontecer vários acontecimentos nefastos, como desastres naturais, atos de terrorismo e outras violências, escândalos políticos, entre outros. As guerras na Síria e no Iêmen ganharão novas batalhas, e não deverão terminar neste ano, salvo algum fato extraordinário de proporções épicas (ou apocalípticas).

Ainda neste período vou ter de concluir meu trabalho de doutorado na Escola Politécnica, portanto serei obrigado a fazer postagens mais curtas, para não atrapalhar a redação da tese. 

domingo, 30 de outubro de 2016

Tudo se definiu

Os prefeitos das grandes cidades onde houve segundo turno já foram eleitos, depois de uma campanha marcada pelas restrições orçamentárias provocadas pela proibição das empresas doarem aos candidatos. Esta situação pode se repetir em 2018, ou não, caso o Legislativo reveja a decisão tomada no ano passado, quando Dilma ainda era a presidente. 

Primeiro, o Rio de Janeiro, em uma campanha tumultuada: Marcelo Crivella (PRB) foi eleito prefeito do Rio de Janeiro com 59,36% dos votos válidos, derrotando Marcelo Freixo (PSOL). Muitos lamentam um membro da Igreja Universal comandar a segunda maior cidade do país. Outros comemoram a derrota de um chamado "socialista da Zona Sul". E há muita gente que acha as duas coisas, a ponto da soma dos votos brancos e nulos mais as abstenções ser maior do que os votos destinados ao vencedor: mais de 2 milhões, contra menos de 1,7 milhão para Crivella. 

Marcelo Crivella virou o novo prefeito do Rio (divulgação)

Em Porto Alegre, Nelson Marchezan (PSDB) foi reeleito com 60,5% nas urnas. A campanha no segundo turno teve trocas de acusações e agressões, e até uma morte suspeita: o coordenador de campanha do candidato derrotado, Sebastião Melo (PMDB), foi encontrado morto no dia 17.

Alexandre Kalil (PHS) teve 52,98% dos votos em Belo Horizonte. Outro que teve uma decisão apertada, marcada pela baixaria e acusações mútuas entre ele e João Leite (PSDB). Kalil foi presidente do Atlético Mineiro, e concorreu com um apadrinhado de Aécio Neves, que teve de engolir mais uma derrota política. 

Rafael Greca (PMN) obteve 53,25% dos votos em Curitiba. Também houve uma campanha de baixo nível, com muitos ataques entre os candidatos: Ney Leprevost (PSD) e o prefeito eleito trocaram acusações pesadas, com sérios questionamentos do caráter de ambos. Triste destino para uma cidade apontada há alguns anos atrás como modelo de planejamento urbano. 

Zenaldo Coutinho (PSDB) foi reeleito em Belém, com 52,33%. Houve também uma polarização entre os dois candidatos na capital do Pará. Edmilson Rodrigues, do PSOL, era muito temido pelas forças conservadoras de lá, embora Zenaldo não seja propriamente integrante de uma delas. 

Arthur Virgílio Neto (PSDB) ganhou mais um mandato em Manaus, levando 55,96%. Houve também uma vantagem apertada nesta cidade. Marcelo Ramos (PR) foi seu oponente. 

Roberto Cláudio (PDT) venceu em Fortaleza (53,57%). Ciro Gomes foi decisivo para a vitória do pedetista, que superou o Capitão Wagner (PR), tido como representante da chamada "direita". 

Geraldo Júlio (PSB) se reelegeu em Recife com 61,3%. O petista João Paulo foi derrotado. 

Em outras capitais: Marquinhos Trad (PSD) foi eleito em Campo Grande; em São Luís, Edivaldo Holanda (PDT) ganhou; Rui Palmeira (PSDB) é o novo prefeito de Maceió; Emanuel Pinheiro (PMDB) venceu em Cuiabá; Aracaju teve a vitória de Edvaldo Nogueira, do PCdoB; Gean Loureiro (PMDB) venceu apertado Ângela Amin (PP) em Florianópolis; Dr. Hildon (PSDB) é o novo prefeito em Porto Velho; Clécio é o representante da REDE ao vencer em Macapá; Luciano (PPS) venceu no sufoco em Vitória. 

Nas grandes cidades do interior paulista, Guti (PSB) venceu em Guarulhos com 83,5% dos votos; Orlando Morando (PSDB) venceu no reduto do PT, São Bernardo do Campo; Paulo Serra (PSDB) venceu fácil na vizinha Santo André; Crespo (DEM) é o novo prefeito em Sorocaba; Duarte Nogueira (PSDB) foi eleito em Ribeirão Preto; em Diadema, vitória de Lauro Michels (PV); Rodrigo Ashiuchi (PR) faturou as urnas em Suzano; Átila Jacomussi (PSB) ganhou em Mauá; em Jundiaí, deu Luís Fernando Machado (PSDB); Gilson de Souza (DEM) é o novo prefeito de Franca; na litorânea Guarujá, deu o Dr. Suman (PSB); Gazzetta (PSD) venceu em Bauru.

Com estes resultados, houve um grande derrotado: o PT, que foi desalojado nas principais cidades do país após a queda de Dilma. Por outro lado, a grande quantidade de gente que não votou ou invalidou seu voto mostra uma grande insatisfação com a política. Caso não houver um esforço convincente para se fazer uma reforma política que melhore as relações entre eleitores e eleitos, a tendência é piorar, a ponto de alimentar extremismos e campanhas salvacionistas.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

E os reservatórios?

Não se falou muito deles neste ano. Isso parece um bom sinal?

Em termos. Os reservatórios sentiram os efeitos da estação seca, que corresponde aos meses mais frios (entre meados de abril e meados de outubro), mas ainda estão em um nível bastante satisfatório, afastando a possibilidade de uma nova crise hídrica como aquela de 2014 e 2015. A estação seca, na prática, foi interrompida pelas chuvas fora de época em junho.

A situação mais preocupante continua a ser a do Alto Tietê, fonte de água para boa parte da Zona Leste e região de Mogi das Cruzes. Os níveis preocupam e as chuvas dos últimos dias não ajudaram muito.


O Cantareira, ainda o maior reservatório, sentiu relativamente pouco a estação seca, mas não se deixem enganar pelos números: na verdade, o nível a ser considerado é de 56,16% (razão entre o volume total existente e o volume máximo total, isto é, considerando a parte útil e o "volume morto"); a metodologia empregada em muitos sites é calcular o volume total existente e o volume útil total, o que é um erro grosseiro, ou, como era voga durante o tempo da crise hídrica, "contabilidade criativa". 



O segundo maior reservatório é o Guarapiranga, que serve boa parte da capital paulista, principalmente a Zona Sul. Este sentiu mais os efeitos da falta de chuva, e não reagiu muito às chuvas deste mês. Agora o nível está em 72,8%, um número bem razoável ainda. 



Responsável pelo abastecimento de parte do ABCD, o sistema Rio Claro foi o que mais caiu. Estava em quase 100% no final da estação chuvosa, mas agora está em apenas 67,1%. 



Um dos menores reservatórios, servindo apenas parte da Zona Sul, Diadema, São Bernardo do Campo e zona rural de Santo André, o Rio Grande é um dos que estão em melhor situação. As chuvas dos últimos dias contribuíram para manter o nível relativamente alto, em 79,3%. 



Servindo a região oeste da Grande São Paulo, o Alto Cotia está em excelente situação, embora não seja um reservatório grande. Ainda está nos planos a interligação entre o Cantareira e o Alto Cotia, mas não há previsão de quando isso irá ocorrer. Com 88,4%, o reservatório chegou a ficar acima de seu limite no começo do ano. 



Todos os gráficos foram colhidos do site Nível Água São Paulo (clique AQUI)

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Estudos sobre os "sem candidato" nas grandes capitais

Em São Paulo, João Dória Jr. já foi eleito com um número relativamente pequeno de votos válidos. Por isso, o assunto "eleições 2016" já esgotou por aqui, mas não no resto do país - e este blog está continuando a abordá-lo ao invés de esquecê-lo. 

Fora a capital paulista, Salvador, Natal, João Pessoa, Teresina, Palmas, Boa Vista e Rio Branco, além das cidades pequenas e médias, as demais capitais e boa parte das grandes cidades do interior continuarão a sofrer com campanhas desinteressantes, quando não são francamente ofensivas à inteligência do eleitor, que terá de escolher entre dois candidatos porque não pode se dar ao luxo de deixar a cidade sem nenhum prefeito. 

Por isso, a porcentagem de votos brancos, nulos e indecisos, em geral, é bastante grande nas cidades com segundo turno. Fazendo uma amostra com as capitais mais conhecidas do país, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Manaus e Belém do Pará, temos alguns índices altíssimos. O caso do Rio será abordado com mais detalhes, por ser a segunda maior cidade do país. 

No Rio, dois candidatos não conseguem agradar muita gente: Marcelo Crivella, filiado à Igreja Universal, e Marcelo Freixo, o socialista com cara de "burguês" da Zona Sul, são rejeitados e vistos como problemas e não soluções para a "Cidade Maravilhosa", que já sofre com a violência, o trânsito, a falta de saneamento básico e um Orçamento arruinado pelos gastos com as Olimpíadas e Paralimpíadas, que foram um sucesso retumbante mas deixaram um prejuízo enorme nas contas. São 22% de brancos e nulos, e 3% de indecisos, segundo o Ibope desta quinta.

Em Belo Horizonte, os dois candidatos estão tecnicamente empatados: Alexandre Kalil (PHS), com 39% e João Leite, com 36%. Não tenho muito a dizer sobre os perfis dos dois candidatos, mas o número de brancos e nulos também é alto: 20%; 5% ainda não escolheram.

O PT está ainda bem vivo no Recife, onde o candidato João Paulo sofre para tentar concorrer com o atual prefeito, Geraldo Júlio, do PSB, o partido de Eduardo Campos, morto tragicamente quanto concorria à Presidência da República, em 2014. Pelo menos aqui o número de brancos e nulos é mais baixo, embora faça a diferença na hora do voto: 11,4%, segundo o blog de Vinícius de Santana; 8,7% estão na dúvida.

Na capital gaúcha, Porto Alegre, é mais difícil achar dados atualizados. Na pesquisa do dia 21, do Ibope em conjunto com a filiada da Rede Globo, a RBS, Nelson Marchezan Jr., do PSDB, é o líder, com 45%, enquanto Sebastião Melo, do PMDB, tem 33%; o número de brancos e nulos é alto: 18%, e o de indecisos está na média: 5%.

Também não há dados atualizados sobre o pleito de Curitiba, onde René Leprevost, do PSD, está ligeiramente na frente, enquanto Rafael Greca, do PMN, ex-prefeito de Curitiba e ex-ministro do Esporte no governo Fernando Henrique, tem 39% das intenções de voto, 5% a menos que o rival; o número de brancos e nulos é maior do que essa diferença (12%), e 5% não souberam responder.

Fortaleza apresenta uma disputa entre Roberto Cláudio, do PDT, e o Capitão Wagner, do PR, com vantagem de 9% para o primeiro, com 45% das intenções de voto; o número de brancos e nulos não assusta, embora seja maior que a diferença entre os candidatos: são 12%. 8% ainda não opinaram.

Em Belém do Pará, o Ibope ainda não avaliou, e as consultorias apontam números muito próximos entre o tucano Zenaldo e Edmilson, do Solidariedade, e um número relativamente modesto de brancos e nulos, em torno de 10%; o número de indecisos também varia conforme o instituto de pesquisa, conforme informa um blog local de nome inusitado (A Perereca da Vizinha): entre 7 e 10%.

Os manauaras têm de escolher entre Marcelo Ramos (PR) e o atual prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB), este último um ex-parlamentar bastante atuante e conhecido no Brasil todo; uma pesquisa dada pelo Instituto Diário de Pesquisa (IDP), divulgada pelo Diário do Amazonas, indica um número baixo de eleitores sem candidato: 5,5% de brancos e nulos, e 5,8% de indecisos; Arthur Virgílio tem vantagem sobre o rival em 9 pontos percentuais: 45% contra 36%. O Ibope ainda não divulgou números naquela cidade.

Como se vê, o número de eleitores sem candidato em geral é alto, e é maior em cidades consideradas de alto engajamento político (Rio e Belo Horizonte). Nas cidades mais afastadas, o número de indecisos, em geral, é maior do que o de votos considerados inválidos, e apresenta resultados mais moderados. 

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

A consequência de digitar errado

Não estou a me referir aos já clássicos erros de português, com acentuação falha, imprecisões ortográficas e outros deslizes muito comuns por aqui. 

O caso é um tanto mais esquisito: digitar o endereço deste blog de forma errada leva a um site totalmente diferente: 


Este não é um problema particular meu, mas de todos os que têm sites no domínio do Blogspot. Basta trocar uma letra: blogspot por blogpsot, e encontrará esta página em inglês com conteúdo apocalíptico.

Não se trata de um pregador religioso, porque o tom é ameaçador demais para quem não acreditar nas palavras. Mas é o tipo de ameaça feita por alguém que está ou finge estar descontrolado mentalmente.

O conteúdo do site já mostra uma figura trabalhada artificialmente para parecer uma caricatura de alguém extremamente aterrorizado, ao lado de um parágrafo tentando convencer o leitor a se arrepender pois o fim do mundo está próximo... não vou entrar em mais detalhes, pois o conteúdo é totalmente disparatado, numa interpretação bem distorcida do último livro da Bíblia, o Apocalipse de São João.

Alguns leram e se seguraram: "Se eu rir disso, garanto meu lugar no inferno se o mundo acabar!". A maioria não consegue, ou simplesmente digita outro endereço para navegar em outros sites.

Este é só um exemplo de como trocar uma única letra ao digitar o endereço de um site pode levar a caminhos inusitados na grande teia. 

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Deram muito o que falar

1. A morte inesperada de Carlos Alberto Torres, o "Capita", lateral-direito do Fluminense, Santos e Seleção Brasileira, e que teve a honra de erguer a Taça Jules Rimet após a final da Copa do Mundo de 1970, contra a Itália, saudada pelos brasileiros em geral e execrada por alguns opositores da ditadura militar como propaganda do regime. "Capita" trabalhou como técnico e depois como comentarista esportivo, e seu passamento foi lamentado por seus colegas da Sportv e por várias outras personalidades do futebol, inclusive a maior delas, Pelé. A imprensa toda deu destaque ao líder do time que encantou o mundo no México e um dos mais conceituados laterais direitos do Brasil no século passado. 

Carlos Alberto Torres (1944-2016), quando ergueu a taça em 1970 (AP)

2. No Vaticano, o Papa Francisco assinou um documento, Ad resurgendum cum Christo, onde instrui os católicos a não guardarem as cinzas como relíquias ou as espalhem em qualquer ambiente, como um recinto qualquer ou o mar. Segundo a doutrina católica, os mortos serão ressuscitados para quando Jesus retornar e salvar os fiéis enquanto os impios serão afastados da Terra. Algumas igrejas protestantes também confirmam a ressurreição da carne, enquanto outros movimentos cristãos, como o kardecismo, não se apegam ao corpo físico, pois a reencarnação das almas não se dará nele. Esta decisão mostra um papa mais zeloso com o pensamento tradicional da Igreja do que os seus críticos e mesmo admiradores haviam julgado. 

3. Infelizmente terei de fazer concessões de novo ao assunto "política" devido à PEC 241, muito debatida e questionada, e às rusgas entre Renan Calheiros e a Polícia Federal: Carmen Lúcia defendeu o juiz Valisney Souza Oliveira, que autorizou a ação da PF contra membros da guarda legislativa acusada de ajudar senadores investigados pela Lava Jato. Renan, alvo de mais de uma centena de inquéritos e ainda não considerado oficialmente réu em nenhum deles, utilizou termos indecorosos para defender o Senado do que ele entende ser um abuso: "tenho ódio e nojo a métodos fascistas" (...) "de um juizeco de primeira instância", e foi criticado duramente pela Associação dos Juízes Federais. 

4. Por falar nisso, o "barbudo da Federal" Lucas Valença foi alvo de um processo disciplinar por conceder entrevistas à televisão sem o consentimento prévio da PF e pode ser suspenso de suas funções, pelo menos por algum tempo. Ele se tornou celebridade instantânea pelo visual "hipster", isto é, barbudo e cabeludo, com um coque a prender as longas madeixas, e por conduzir o deputado cassado Eduardo Cunha rumo à cadeia em Curitiba. Muitos não gostaram da notícia. 

5. Para quem é louco por smartphones, o lançamento do Zenfone 3 é celebrado, por oferecer memória interna de até 6 Gb, superior até à maioria dos computadores pessoais. O novo "brinquedo" da Asus deve sair mais caro do que o Zenfone 2, outro produto elogiado pela crítica especializada, mas ainda dentro da faixa dos chamados "intermediários premium", ou seja, qualquer coisa abaixo de R$ 2.000,00. Num país onde os impostos pesam demais e os consumidores estão excessivamente dispostos a pagar valores mais altos para terem o seu gadget tecnológico e fazer coisas como selfies de alta resolução e "caçar" Pokemons (já não se ouve tanto falar nisso), um aparelhinho de R$ 2.000,00 ainda é considerado como de bom custo-benefício...

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Temas para serem postados nesta semana

Este blog muitas vezes se concentra em poucos assuntos, principalmente quando eles abordam política ou economia. Por isso, vou ter de escrever algo diferente do dólar valendo R$ 3,12 (quando chegou a valer mais de R$ 4,00) ou do Renan Calheiros reclamando da Polícia Federal no episódio da guarda legislativa, lembrando que ele tem vários inquéritos só na Lava Jato.

Por isso, nesta semana vou ter de escrever sobre temas mais abrangentes.

Sobre política, vou me limitar às campanhas no segundo turno, que estão dando dor de cabeça aos analistas e também aos eleitores, a julgar pela quantidade de indecisos, brancos e nulos. Para muitos paulistanos, é um alívio não ter de voltar às urnas, pois o Dória já foi eleito...

Na questão do esporte este blog acaba falando muito do futebol, mesmo após o 8/7. Melhor tentar escrever sobre outra modalidade (Hoje a France Football divulgou a lista dos pré-candidatos à Bola de Ouro: só Neymar está nela).

Ainda há a questão das guerras, como a tentativa de retomar Mossul ou os confrontos bélicos no Iêmen. Melhor não escrever muito sobre isso, pois este país já sofre demais com violência.

Talvez eu vá voltar ao assunto cinema, onde o sucesso do momento é o filme Inferno, baseado no livro de Don Brown. Ou falar sobre televisão, onde se fala bastante do começo da nova temporada de The Walking Dead.

Ou qualquer outra coisa que o autor deste blog julgar interessante. Aguardem!

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Semana para ninguém esquecer

Hoje a Operação Métis, da Polícia Federal, prendeu quatro policiais da guarda do Senado.  Os presos fizeram remoção de equipamentos instalados pela Polícia Federal para escutar as conversas de quatro senadores investigados. Se a Polícia Federal fez isso sem autorização, é uma irregularidade que deve ser denunciada à cúpula da entidade ou ao Ministério da Justiça, e por si só não é motivo aceitável para a prisão. Mas existem outros motivos: os presos faziam espionagem de senadores a mando de outros, e que ajudavam denunciados da Operação Lava Jato a destruírem provas e atrapalharem as investigações. A medida inédita e, segundo alguns juristas (inclusive o ministro do STF Gilmar Mendes) "drástica", foi motivada por denúncias de colegas. 

Os beneficiados seriam Renan Calheiros, a quem o principal dos quatro detidos, Pedro Ricardo, chefe da Guarda Legislativa do Senado, é filiado, e José Sarney (ex-presidente da República e ex-senador), além de Gleisi Hoffman (a mulher de Paulo Bernardo e senadora do PT), Edison Lobão e Romero Jucá. Logicamente, eles negam.

Esta semana já ficou marcada pela prisão do Eduardo Cunha e por outras atitudes que incomodaram bastante os donos do poder. Vai ficar lembrada por bastante tempo pelos brasileiros, e espera-se que não fique só nisso: temos ainda um longo caminho a percorrer até aprendermos a fazer deste país uma pátria digna de orgulho.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Juros diminuíram, mas não muito

Este blog, devido à prisão do ex-deputado Eduardo Cunha, deixou de abordar muita coisa, desde as rebeliões nos presídios, até os confrontos no Iraque para a retomada de territórios antes surrupiados por aquele grupo terrorista que quer impor um califado no mundo muçulmano. Sem falar nos debates do segundo turno no Rio de Janeiro e pela presidência nos Estados Unidos, de um nível muito abaixo do aceitável.

Resolvi abordar um outro tema não tão deprimente quanto aqueles: a queda (modesta) na taxa básica de juros. Após três anos de alta, seguida de estabilização desde julho do ano passado, o Banco Central cortou 0,25 ponto percentual, para 14% exatos. 

Para muitos, a atitude é muito tímida. Esperavam o corte de 0,5 ponto percentual. O autor deste blog também estava entre eles. 


Outros argumentam que a queda deve ser mesmo gradual, para assegurar o controle da inflação, prevista para ficar ainda acima do centro da meta em 2017. Em 2016, vai ficar acima do teto, provavelmente entre 7,5% e 8,0%. Alegam também a presença da inadimplência, que depende dos juros bancários e do cartão de crédito, atrelados ao mercado mais do que à Selic. 

O ministério da Fazenda preferiu seguir a cautela, diante da incerteza econômica. Provavelmente, na próxima reunião do Copom, haverá nova queda em 0,25%. Mesmo assim, os juros básicos são ainda os mais extorsivos do mundo. 

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

A prisão mais comentada do ano - até agora

Este post ia comentar de novo sobre a política, mas abordando a baixaria que se tornou o debate entre os dois candidatos ao segundo turno da prefeitura carioca, mas isso fica para outra vez, antes das urnas. Foi por um motivo realmente forte: a prisão preventiva do deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. 

A decisão não era esperada pelos partidários de Cunha, mas ele próprio estava preparado. Sérgio Moro, na segunda, deu um prazo de dez dias para ele formular sua defesa, e o ex-chefe da Câmara tratou de se arrumar para "visitar" a sede da Polícia Federal em Curitiba. Ele foi preso hoje no apartamento funcional ainda não devolvido, em Brasília. Policiais foram devassar a casa dele, no Rio de Janeiro, e a mais célebre das "vitimas" do mais temido juiz de primeira instância do Brasil foi de jatinho, sem algemas e devidamente trajado, para Curitiba. 

Prenderam o Cunha antes do Lula (Wilson Dias/Ag. Brasil)

Em nota, aquele que foi acusado de obstruir a Lava Jato, ter contas no exterior, lavagem de dinheiro e recebimento de propinas vindas dos desvios da Petrobras, além de abuso de poder, insinuou que Moro incorreu neste último delito, e disse que a prisão era "absurda", "desprovida de propósito" e irá recorrer. 

Moro justificou o ato, por ver fortes indícios de haver ainda influência e poder de Cunha para atrapalhar as investigações, baseados nas informações dos procuradores. Pesou o fato do ex-deputado estar em posse de seu passaporte, e tentar fugir para o exterior. 

A prisão de Cunha deixou muita gente apreensiva, inclusive membros do atual governo e até o presidente Temer, também membro do PMDB. Teme-se a delação de vários deputados ainda não citados anteriormente, além de ser uma chance para investigar mais pessoas envolvidas com o chamado "Petrolão", e é uma péssima notícia para Lula, pois questiona fortemente a sua tese de "perseguição política", embora muitos vejam uma estratégia para levar o ex-presidente para a cadeia.

Partidários de Cunha se juntam aos simpatizantes de Lula para acusar Moro de ser uma espécie de "Savonarola", o frade dominicano que tentou moralizar Florença, então dominada pelos Medici, generosos mecenas das artes e corruptos notórios naquela época, o final do século XV. Ele também visava a corrupta corte do papa Alexandre VI, visto como devasso e capaz das maiores vilezas, inclusive usar sua filha ilegítima Lucrécia Bórgia para manter-se no poder em todos os territórios governados pela Igreja Católica. Ele tinha alguns seguidores fieis, que, segundo os inimigos de Moro, lembravam os procuradores da Polícia Federal, principalmente Deltan Dallagnol, e junto com eles o frade acabou sendo capturado pela Inquisição e enforcado em 1498, para depois ser queimado e suas cinzas serem atiradas no rio Arno. 

Realmente estamos a ver algo nunca visto antes. A impunidade está sendo derrotada, não sem algum estardalhaço por parte dos ilustres agentes da lei. Ainda estamos bem longe de ser um país justo, mas não deixa de ser motivo de alegria para os manifestantes pela ética na política. Quanto a Moro, espera-se que não tenha o mesmo destino de Savonarola.


N. do A.: O professor emérito da Unicamp Rogério Cézar de Cerqueira Leite, em artigo da Folha, já fez uma comparação de Moro com Savonarola, e ele foi criticado pelo juiz, que chamou o frade de "fanático religioso", algo que o magistrado obviamente não é. Elio Gaspari também fez algo semelhante, e Reinaldo Azevedo, da revista Veja (aquela que tanto ódio ainda desperta no país, embora seja a mais lida), também fez insinuações a respeito.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

E por falar em palhaçada...

Os últimos dois posts falavam sobre palhaços, mas neste não há a participação literal dos artistas circenses, apenas pessoas que se comportam como tais, no pior sentido. 

Mais uma vez o futebol brasileiro foi motivo de piada, devido à atitude lamentável de Sandro Meira Ricci, o árbitro do jogo Flamengo e Fluminense. Num clássico como aquele, o mais famoso do Brasil, é preciso ter um juiz sério e cumpridor das regras. Ricci é conhecido por ser muito irregular e às vezes tomar atitudes dignas de contestação. A última delas foi demorar demais para invalidar um gol - irregular - do zagueiro Henrique, do Fluminense, feito minutos antes, com base na reclamação dos jogadores flamenguistas e nas imagens televisionadas. 

A direção do Fluminense recorreu ao mesmo expediente de 2013, ou seja, reclamou com o STJD. Este mandou suspender o resultado e invalidar os três pontos ganhos pelo time da Gávea. A CBF referendou o "tapetão", enquanto a Justiça Desportiva analisa o caso. 

2013 foi quando o tricolor carioca conseguiu se manter na série A, mesmo jogando muito mal naquele ano, graças a supostas irregularidades cometidas pela Portuguesa, que escalou o meia Héverton num jogo contra o Grêmio, aparentemente por um equívoco e não por má-fé, e pelo Flamengo, com o lateral André Santos, neste caso para aproveitar o regulamento confuso, já que ele foi expulso num jogo da Copa do Brasil - em outro torneio - e foi jogar no Brasileirão na semana seguinte. Os jogadores co-protagonistas agora estão esquecidos, e a Portuguesa está agora na série D, após rebaixamentos seguidos. Já o Flamengo ficou bastante tempo com campanha irregular, só engrenando neste ano, quando está lutando pelo título do Brasileiro. 

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Da série 'Mondo Cane', parte 44 - Onda de palhaços assustadores

Estamos assistindo a uma onda de bizarrices assolando o mundo, como o "sucesso" do Daesh, o tal "Estado Islâmico", a campanha presidencial norte-americana mais suja em anos com troca de acusações pesadas entre Hillary e Trump e, segundo muitos, coisas como o "sertanejo universitário" e a premiação de Bob Dylan como Nobel de literatura. 


Uma dessas esquisitices é a onda de palhaços criminosos. Estupradores, assassinos, ladrões. Começou nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, onde as manias pop costumam se espalhar com muita facilidade ao resto do mundo. Isso influenciou casos no Brasil, mas não crimes e sim brincadeiras de mau gosto, com a intenção de assustar os outros. No Tocantins, palhaços armados com porretes, com a intenção de assustar as pessoas, viraram "coqueluche" da Internet. 

É mais fácil do que parece encontrar figuras perturbadoras de palhaços que mais dão medo do que despertam o riso nas crianças, simplesmente por que são muito feias. Quem tem coulrofobia, ou medo de palhaços, não deve ver as figuras abaixo.

 
 

Esta última figura é a forma antiga do Ronald McDonalds. Há quem diga que o atual também é assustador, não exatamente pela aparência, mas por ser considerado um símbolo da má alimentação principalmente entre as crianças. 

Ainda há o uso das figuras para intenções nem um pouco engraçadas. Uma delas é a tatuagem feita por presidiários, indicativo de suas atividades como matador de policiais, segundo os investigadores. 


Toda essa "palhaçada" não tem a menor graça! (Ou tem?). 

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Da série 'Oitentolatria', parte 23 - ou, Orival Pessini (1944-2016)


 Quem foi criança nos anos 1980 não vai esquecer tão cedo destes dois personagens (Divulgação)

Morreu hoje o humorista Orival Pessini, conhecido por seus dois personagens típicos dos anos 1980: Fofão e Patropi. 

Fofão é aquele personagem grotesco que dividiu opiniões da criançada. Geralmente os menores se assustavam com aquela criatura peluda cuja cara bochechuda lembrava uma mistura de cachorro buldogue e porco, mas os maiores se divertiram com seu jeito e suas falas "patralhadas". O personagem apareceu no programa A Turma do Balão Mágico, da Globo, geralmente na companhia da Simony, fazendo mágicas - que nunca rendiam o efeito esperado - com umas palavras incompreensíveis. 

Mais tarde, com o fim do programa (1986), Fofão foi para a Band, então conhecida como TV Bandeirantes, e teve um programa de curta duração, a TV Fofão. Foi nesta época que surgiu o boneco do Fofão. Sua aparência era bem bizarra - ainda mais feia do que o personagem - a ponto de alimentar histórias como a da faca em seu interior. Isso não tinha o menor fundamento, mas algumas pessoas, na dúvida, abriram o feioso boneco e não encontraram nada, além de um suporte pontudo para a cabeça do personagem, interpretada pelos "teóricos da conspiração" como uma arma.

A cabeça do horroroso boneco do Fofão e sua suposta "faca" (Divulgação)

Outro personagem da época era o hippie Patropi, um tipo bem "articulado" que se fazia entender com seus profundos bordões do tipo: "pa daqui, pa dali pa dicá pa dilá" e "ô loco bicho", tudo terminado com uma conclusão: "sei lá, entende?". O personagem apareceu na Praça Brasil (Band) e na Escolinha do Professor Raimundo (Globo). 

Haviam outros tipos cômicos, como o macaco Sócrates de O Planeta dos Homens, programa da Globo nos anos 1970, e o radialista Juvenal da Praça É Nossa (SBT), este mais recente. 

Neste ano, o personagem Fofão apareceu junto com outros muito populares nos anos 1980, como Mickey Mouse, o marinheiro Popeye e o Capitão América, além de um palhaço desconhecido que lembra vagamente aqueles que estão apavorando o mundo. Este grupo de fantasiados ficou conhecido como Carreta Furacão. Há anos, em Ribeirão Preto, eles fazem rir com suas aparições, mas passou a ser mostrado em cadeia nacional no programa da Eliana, do SBT. 

A ridícula engraçada aparição dos personagens formando o Carreta Furacão. Fofão é o personagem do meio, entre o palhaço e o Mickey (Divulgação)

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Bob Dylan, o Nobel de Literatura

Para quem achou que o Nobel não podia inovar, eis a prova em contrário: Bob Dylan, o compositor norte-americano, famoso nos anos 1960 e 1970 na época da chamada "contracultura", ganhou a láurea. 

Consideraram as letras de suas músicas como obras de arte para a língua inglesa, devido ao seu lirismo poético. Cazuza e Renato Russo, no Brasil, fizeram algo semelhante, mas sem tanto rigor no trato com o idioma (no caso dos dois músicos, o português). 

Eis algumas provas de sua qualidade como poeta, embora ele não tenha publicado livro nenhum: clique AQUI

No Youtube também há muito material com os trabalhos do cantor nascido em Minnesota. Eis uma das canções, chamada de Homem de paz, lançado em 1983, quando Dylan mostrava uma certa amargura ao ver seus ideais pacifistas em choque com um mundo repleto de boas intenções que mascaram a maldade; ele também demostra suas convicções religiosas neste poema cantado: 


Man of peace

Look out your window, baby, there's a scene you'd like to catch,
The band is playing "Dixie," a man got his hand outstretched.
Could be the Fuhrer
Could be the local priest.
You know sometimes
Satan comes as a man of peace.

He got a sweet gift of gab, he got a harmonious tongue,
He knows every song of love that ever has been sung.
Good intentions can be evil,
Both hands can be full of grease.
You know that sometimes Satan comes as a man of peace.

Well, first he's in the background, then he's in the front,
Both eyes are looking like they're on a rabbit hunt.
Nobody can see through him,
No, not even the Chief of Police.
You know that sometimes Satan comes as a man of peace.

Well, he catch you when you're hoping for a glimpse of the sun,
Catch you when your troubles feel like they weigh a ton.
He could be standing next to you,
The person that you'd notice least.
I hear that sometimes Satan comes as a man of peace.

Well, he can be fascinating, he can be dull,
He can ride down Niagara Falls in the barrels of your skull.
I can smell something cooking,
I can tell there's going to be a feast.
You know that sometimes Satan comes as a man of peace.

He's a great humanitarian, he's a great philanthropist,
He knows just where to touch you, honey, and how you like to be kissed.
He'll put both his arms around you,
You can feel the tender touch of the beast.
You know that sometimes Satan comes as a man of peace.

Well, the howling wolf will howl tonight, the king snake will crawl,
Trees that've stood for a thousand years suddenly will fall.
Wanna get married? Do it now,
Tomorrow all activity will cease.
You know that sometimes Satan comes as a man of peace.

Somewhere Mama's weeping for her blue-eyed boy,
She's holding them little white shoes and that little broken toy
And he's following a star,
The same one them three men followed from the East.
I hear that sometimes Satan comes as a man of peace.


Outra canção, mais digna de seu talento, foi feita no auge, em 1965. É a famosa Like a Rolling Stone, gravada por vários outros cantores, como Jimmy Hendrix e os imortais Rolling Stones


Once upon a time you dressed so fine
You threw the bums a dime in your prime, didn't you?
People'd call, say,
"Beware doll, you're bound to fall"
You thought they were all kiddin' you
You used to laugh about
Everybody that was hangin' out
Now you don't talk so loud
Now you don't seem so proud
About having to be scrounging for your next meal.

How does it feel
How does it feel
To be without a home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

You've gone to the finest school all right, Miss Lonely
But you know you only used to get juiced in it
And nobody has ever taught you how to live on the street
And now you find out you're gonna have to get used to it
You said you'd never compromise
With the mystery tramp, but now you realize
He's not selling any alibis
As you stare into the vacuum of his eyes
And ask him do you want to make a deal?

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

You never turned around
to see the frowns on the jugglers and the clowns
When they all did tricks for you
You never understood that it ain't no good
You shouldn't let other people
get your kicks for you
You used to ride on the chrome horse
with your diplomat
Who carried on his shoulder a Siamese cat
Ain't it hard when you discover that
He really wasn't where it's at
After he took from you everything he could steal.

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

Princess on the steeple and all the pretty people
They're drinkin', thinkin' that they got it made
Exchanging all kinds of precious gifts and things
But you'd better lift your diamond ring,
you'd better pawn it babe
You used to be so amused
At Napoleon in rags
and the language that he used
Go to him now, he calls you, you can't refuse
When you got nothing, you got nothing to lose
You're invisible now,
you got no secrets to conceal.

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?


Os mais conservadores podem até se escandalizar com a decisão do júri em Estocolmo, chegando até a sugerir que a Academia deveria levar o IgNobel em 2017, não só por premiar cantores de folk music e obscuros escritores de idiomas que ninguém lê, mas por não premiar James Joyce, Lev Tolstói, Jorge Luís Borges ou Júlio Cortázar, entre vários outros escritores. Por outro lado, boa parte da imprensa aprovou, e os fãs do compositor apreciaram muito.

Talvez seja este o motivo do Nobel de Literatura ter demorado tanto, uma semana depois do cronograma: o choque e a surpresa causados pela escolha. 

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Até há pouco tempo, era difícil acreditar que...

,,, um presidente ia conseguir aprovar facilmente na Câmara e por maioria folgada (366 votos, quando eram necessários 342) uma medida dura, mas infelizmente necessária, como uma emenda constitucional que limita os gastos públicos à inflação do ano anterior, e sem emendas; 

... uma grande fabricante de celulares teria de "matar" o seu principal flagship devido ao problema das baterias que explodem ou pegam fogo (isso foi abordado ontem!);

... a Seleção da CBF estaria liderando, com 21 pontos contra 20 do segundo colocado, o Uruguai, que empatou com a Colômbia em 2 a 2 mesmo com gol de Suárez (e levando gol do zagueiro palmeirense Mina); o time comandado por Tite, sem Neymar, ganhou da Venezuela por 2 a 0, com Gabriel Jesus e William. 

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Bateria, o grande desafio

Com a exigência crescente por melhores smartphones, a bateria foi se tornando um dos maiores entraves para o desenvolvimento desses aparelhos.

A tecnologia utilizada, à base de íons de lítio, está apresentando inconvenientes sérios, a ponto de exigir uma substituição a curto prazo. Existem vários problemas:

1. O risco de aquecimento excessivo e até explosão, sendo o Galaxy Note 7 da Samsung o pior caso - mas qualquer bateria exposta ao sol, curto-circuitada no aparelho ou usando carregadores de procedência duvidosa está sujeita a isso.

2. Após 300 ciclos de descarga, uma bateria de íons de lítio não terá carga suficiente para ser aproveitada. Normalmente isso leva de 2 a 3 anos, considerando aproximadamente um ciclo completo de descarga (uma carga completa ou várias cargas parciais) a cada 2-3 dias. É um tempo de vida baixo, embora maior do que as já vetustas baterias de NiCd, que precisavam ser carregadas completamente para não ter o "efeito memória", ou aceitar menos carga do que realmente pode suportar.

3. O descarte é perigoso, devido à sua inflamabilidade e risco de contaminação do solo e da água; embora não seja tão nocivo à saúde humana, pode ser perigoso para organismos menores.

4. Utiliza um metal que não é abundante na crosta terrestre, e suas reservas se concentram em poucos países, como Peru, Chile e, principalmente, Bolívia.

5. A tecnologia atual impede recargas muito rápidas, a não ser utilizando carregadores especiais, só disponíveis em modelos mais caros, de pelo menos R$ 1.500,00.

Mesmo assim, a tecnologia está estabelecida e os pesquisadores encontram dificuldades consideráveis para obter novos materiais, que conciliem maior durabilidade, segurança e confiabilidade, com custo de produção razoável. A solução é desenvolver tecnologias derivadas como forma de minimizar os problemas, como o que está sendo feito na SolidEnergy Systems, empresa vinculada à MIT, a renomada universidade de engenharia de Massachussets, Estados Unidos (leia AQUI). Eles substituíram o material de anodo (um dos dois eletrodos envolvidos na fabricação de baterias), de grafite para lítio metálico, assegurando maior durabilidade e rapidez nas recargas. Todavia, novas pesquisas estão em curso para garantir maior segurança nas baterias, que se revelou precária com o episódio dos incêndios em celulares como o Note 7.

Um dos melhores smartphones do mercado, o Galaxy Note 7, infelizmente também mostra as terríveis limitações das baterias à base de íons de lítio (Divulgação)

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Nobel da polêmica

A premiação com o Nobel sempre gera polêmicas, mas o da Paz é sempre o maior causador de discussões. 

Hoje, o presidente Juan Manuel Santos suplantou os "capacetes brancos", favoritos para ganhar o prêmio por socorrerem as vítimas da guerra na Síria e outros conflitos, por comandar o processo de paz com as FARC, a narcoguerrilha causadora de milhares de mortes, juntamente com seus inimigos, os paramilitares, também financiados com o dinheiro ilegal vindo do tráfico de drogas.

Esta não foi a primeira vez que o Nobel da paz causou celeuma. Já foram premiados o secretário-geral da ONU Dag Hammarskjold (postumamente), em 1961; Henry Kissinger, secretário de Estado norte-americano, e o líder do Vietnã do Norte Le Duc Tho em plena Guerra do Vietnã, em 1973; o presidente sul-africano Frederick De Klerk, último líder do regime segregacionista, junto com Nelson Mandela (este não teve o prêmio contestado), em 1993; o líder palestino Yasser Arafat e os israelenses Yitzhak Rabin e Shimon Perez, em 1994; o vice-presidente americano e advogado da teoria do aquecimento global Al Gore, em 2007; o presidente americano Barack Obama, em 2009; o Quarteto para o Diálogo Nacional da Tunísia, no ano passado (por terem iniciado a Primavera Árabe, que depôs muitos regimes tirânicos como o da Líbia e do Egito, mas involuntariamente favoreceu movimentos radicais como o Daesh). 

A guerra civil na Colômbia durou 52 anos, desde o agravamento dos conflitos entre conservadores, liberais e socialistas. Os extremistas pegaram em armas e formaram as FARC e o Exército de Libertação Nacional. Após muitos anos de resistência desorganizada, conservadores formaram grupos paramilitares, contribuindo para aumentar o clima de terror, a pretexto de lutarem contra a narcoguerrilha. Foram inúteis os esforços para pacificar a Colômbia, até o enfraquecimento progressivo dos grupos e de seus financiadores, os grandes cartéis (Medellin e Cali foram os mais conhecidos). As FARC foram responsáveis por vários sequestros, de civis inocentes e políticos que não seguiam sua ideologia, como a então senadora Ingrid Betancourt, que passou seis anos nas mãos dos extremistas, até ser resgatada. O governo colombiano aproveitou a perda do poder das guerrilhas para ganhar o controle do país, de início com a política dura de Álvaro Uribe, responsável, entre outros atos, pelo resgate de Betancourt (2008), e depois com negociações, sob Juan Manuel Santos. 

Uribe e Santos ficaram em posições opostas. O primeiro era partidário do não, chefiando aqueles que desejavam punições para os guerrilheiros, considerados terroristas por muitos países, mas não pelo Brasil. O segundo, ex-partidário de Uribe, quis obter os frutos políticos do sim para fazer seu sucessor (pois já foi reeleito) e fazer as pazes com a opinião pública internacional, que não apreciava os atos do antecessor.

A maioria dos colombianos ficou aliviada pelo fato das FARC deixarem as armas, mas muitos deles queriam punição, e não anistia e possibilidade de guerrilheiros serem políticos. Eles, como Santos, desejam a paz e o fim dos confrontos, mas achavam que as concessões foram exageradas. Não gostaram da mediação de Raul Castro, de Cuba (embora ele não seja o único, pois o outro mediador foi o diplomata de carreira Dag Nylander, em nome do governo norueguês). E vêem com sérias ressalvas a atuação do representante da guerrilha e também seu líder, Timoleón Jiménez, o Timochenko, ainda mais porque ele não saiu da lista da Interpol, por ser ainda considerado um terrorista, e ter se convertido num partidário da paz somente em 2012, após ser um leal seguidor do antigo chefe, Manuel Marulanda, o Tirofijo, considerado um atirador frio, sanguinário e comunista radical.

Santos, à esquerda, foi um dos lados do acordo para a paz na Colômbia, junto com "Timochenko", à direita (AFP)

Por fim, em um plebiscito com alta abstenção (mais de 60%), as opiniões se dividiram e o não ganhou por uma margem muito pequena. O agora Nobel da paz sofreu uma derrota inesperada, mas não pretende desistir do acordo, que entrou num impasse. Continuar o processo de paz - que é absolutamente necessário - exigirá toda a habilidade política do presidente colombiano, e ele, ao mesmo tempo, não pode desprezar as opiniões divergentes, que sentiram a violência das FARC e de todos os agentes da antiga guerra civil no país sul-americano. Pelo menos o prêmio, hoje, lhe garantiu uma vitória, ao menos momentânea, sobre os seus críticos. 

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Breves

Devido aos acontecimentos políticos e eleitorais aqui no Brasil, este blog ficou excessivamente preso a estes assuntos. Logo, teria de deixar de abordar assuntos como o fatiamento do Petrolão para enquadrar vários políticos do PMDB, PT e PP (inclusive Renan, Lula e Eduardo Cunha) e a aprovação da chamada PEC do teto, para controle dos gastos públicos. 

Aconteceram várias outras notícias, ao menos parcialmente, fora desse tema. Serei breve: 

1. A nomeação de António Guterres como novo secretário-geral da ONU, em substituição ao coreano Ban Ki Moon; Guterres é visto como um articulador talentoso, e conseguiu fazer até a Rússia aceitá-lo como novo chefe das Nações Unidas; ele também é favorável ao Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança, uma velha obsessão da diplomacia tupiniquim.

2. Os prêmios Nobel de Física, na terça, e de Química, na quarta, premiaram cientistas cujas pesquisas representarão a continuidade dos avanços tecnológicos. O trabalho sobre os chamados "estados exóticos", presentes em arranjos submicroscópicos de matéria, como os "condensados quânticos", permite explicar fenômenos como a supercondutividade em certos materiais. Enquanto isso, a construção de nanomáquinas, usando moléculas como se fossem peças, representará avanços no transporte de remédios dentro do organismo e na construção de sensores e detectores com ínfimo consumo de energia e excelentes tempos de resposta. 

3. Finalmente acabou a greve dos bancários em vários Estados, que aceitaram a proposta da Febraban: reajuste de 8% (ainda abaixo da inflação de 2015) e abono de R$ 3.500,00 por funcionário; esta greve dificultou a vida de muita gente, criando entraves para quem precisava receber pensões e aposentadorias. Somente quem usa o chamado "internet banking" não foi afetado. 

4. Nas Eliminatórias para a Copa do Mundo, a Seleção Brasileira goleou a Bolívia por 5 a 0 na Arena das Dunas, em Natal, mas muitos acharam pouco. Neymar, autor do primeiro gol, não irá jogar contra a Venezuela, pois levou cartão amarelo. A próxima partida será na cidade de Mérida. Marco Polo del Nero não irá viajar para lá, receando ser preso se sair do Brasil. 

5. Não costumo terminar um blog falando de acontecimentos macabros, dignos da série "Mondo Cane", mas desta vez quebro a tradição: a Espanha está pressionando para o Brasil extraditar Patrick Nogueira Gouveia, que residia em Pioz, na região de Madri, e é acusado de matar a família inteira do tio, inclusive duas crianças pequenas; os corpos dos adultos foram esquartejados. A Justiça do país europeu está entrando em conflito com a legislação brasileira, que dificulta a extradição de cidadãos do país, mas diante de um crime tão horrível, é necessário entrarem em um acordo com certa urgência. 

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Enquanto premiam com o Nobel...

... por aqui premiam com um ministério um RÉU. 

(Fazendo uma rima infame)

Michel Temer, fiel ao seu critério para nomear ministros, por sinal parecido demais com o adotado pelo governo anterior de Dilma Rousseff, escolheu um político, afiliado de Renan Calheiros, para a pasta do Turismo, uma das menos relevantes do governo. 

Marx Beltrão (PMDB-AL) não está citado na Lava Jato, mas tem um processo no STF por falsidade ideológica, enviando comprovantes previdenciários ao governo federal com informações incorretas, como prefeito da cidade de Coruripe. Ele já está formalmente acusado, logo é considerado "ficha-suja", embora não hajam evidências cabais de que ele realmente tenha cometido essas irregularidades.

O novo ministro do Turismo junto com o presidente (Divulgação)

Esta decisão "temerária" serviu para agradar os partidários do presidente no Nordeste, onde falsificar dados é visto com certa naturalidade. Afinal, naquela região muitos políticos com frequência estão envolvidos em exploração de trabalho análogo à escravidão, assassinatos, grilagem de terras, pistolagem, tudo considerado pior do que isso.

Por outro lado, se Temer não merece o Ignobel de Política como merecia Dilma, tampouco é digno de receber elogios. Ironicamente, ele entendeu o recado dado pelos eleitores, cujo nível de abstenção foi o maior da Nova República, devido à indignação contra o nosso sistema político.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Bancada dos vereadores não renova mas pode ajudar Dória

Com a nova composição da Câmara Municipal, o prefeito eleito João Dória Jr. não teria muita dificuldade para governar, apesar de menos da metade dos vereadores eleitos fazerem parte de sua coligação. 

Foram 11 vereadores do PSDB, 4 do DEM, 3 do PSB, 2 do PV, 2 do PPS, 1 do PTN, 1 do PP e 1 do PHS. 

Ele ainda pode contar com os votos do PRB (partido de Russomanno, da coligação São Paulo Sabe; 4 votos), PSD (coligação União por São Paulo, da Marta; 4 votos), PR (coligação Mais São Paulo, de Haddad; 4 votos), PTB (São Paulo Sabe; 2 votos), PMDB (União por São Paulo; 2 votos), PSC (São Paulo Sabe; 1 voto), PROS (Mais São Paulo; 1 voto) e NOVO (partido recém-criado, de orientação liberal; 1 voto). 

Se houve esperança de renovar a política para votar no prefeito, isso não se repetiu nos votos para vereadores. A "renovação" ficou pela metade: 33 dos 55 vereadores foram reeleitos. Quem foi o mais votado foi um político da velha guarda, e ainda por cima do PT: Eduardo Suplicy, com 301.446 "confirma" a favor dele. O segundo foi Milton Leite (DEM), com 107.957 votos. Trípoli (PV), com 88.843 votos, é o terceiro. Conte Lopes (PP) recebeu 80.052, Mário Covas Neto (PSDB), 75.593, e Eduardo Tuma (PSDB), 70.273. Políticos conhecidos como Celso Jatene (PR), Eliseu Gabriel (PSB), Soninha (PPS), Toninho Paiva (PR) e Arselino Tatto (PT), entre outros, foram eleitos. Fernando Holiday, do Movimento Brasil Livre e filiado ao DEM, também foi eleito. 

Por aqui os "famosos" se deram mal: o cantor Netinho de Paula, o ex-jogador Marcelinho Carioca, Thammy Miranda (a filha que virou filho da Gretchen), o jornalista esportivo Chico Lang, o playboy Chiquinho Scarpa e a voluptosa Mulher Pera, potenciais "puxadores de votos", felizmente não conseguiram o suficiente para se elegerem e ajudarem seus coligados, graças ao "quociente eleitoral" que permite ao "puxador" transferir votos para outros de seu partido. Nomes esquisitos também ficaram de fora. Neste ponto o paulistano não quis saber de brincadeira.

domingo, 2 de outubro de 2016

Decisão no primeiro turno em São Paulo

João Dória Jr. foi eleito prefeito de São Paulo já no primeiro turno. Esta é a primeira vez desde a criação do segundo turno, em 1992, que a cidade não voltará às urnas, pois todas as decisões municipais foram decididas em segundo turno:

(Primeiro colocado do primeiro turno x Segundo colocado do primeiro turno)

- 1992: PAULO MALUF x Eduardo Suplicy
- 1996: CELSO PITTA x Luiza Erundina
- 2000: MARTA SUPLICY x Paulo Maluf
- 2004: JOSÉ SERRA x Marta Suplicy
- 2008: GILBERTO KASSAB x Marta Suplicy
- 2012: José Serra x FERNANDO HADDAD

Nas eleições estaduais, houve uma única vez que alguém foi eleito em primeiro turno como governador: José Serra, em 2006, que abreviou seu mandato para se candidatar à presidência em 2010. Contudo, as eleições presidenciais daquele ano foram decididas em segundo turno, entre Lula e Geraldo Alckmin, portanto os paulistanos tiveram de voltar às urnas duas vezes, sendo que a segundo vez foi apenas para eleger o presidente. 

O crescimento de Dória nas pesquisas foi impressionante, e indicava a tendência do empresário ganhar no primeiro turno, embora possa haver uma forte probabilidade de estacionar num valor próximo ao da última pesquisa, realizada ontem mesmo: 

(Fonte: Datafolha)

O mesmo instituto de pesquisa também indicou o crescimento de Haddad, mas ele estacionou, como se pode ver no resultado das urnas. Chamam a atenção os desempenhos pobres de Russomanno, Marta e Erundina.

JOÃO DÓRIA JR. (PSDB) - 53,29%
Fernando Haddad (PT) - 16,70%
Celso Russomanno (PRB) - 13,64%
Marta Suplicy (PMDB) - 10,14%
Luíza Erundina (PSOL) - 3,18%
Major Olímpio (SD) - 2,02%
Ricardo Young (Rede) - 0,45%
Levy Fidélix (PRTB) - 0,37%
João Bico (PSDC) - 0,10%
Altino (PSTU) - 0,08%
Henrique Áreas (PCO) - 0,02%

Parte das explicações recaem sobre o maior tempo no horário político, devido às coligações (PSDB - DEM - PPS - PSB - PV - PP e outros sete partidos nanicos), mas também não se pode negar o uso da máquina política por Geraldo Alckmin e a enorme rejeição ao PT e à política na cidade. Houve insinuações que os institutos de pesquisas tentaram induzir os eleitores a votar no tucano. Algo digno de atenção é o número de votos brancos e nulos: 3.096.304, contra 3.085.187 (mais de 11.000 votos a mais).

Amanhã este blog vai comentar sobre os candidatos a vereador em São Paulo, e os eleitos mais conhecidos.