quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Estudos sobre os "sem candidato" nas grandes capitais

Em São Paulo, João Dória Jr. já foi eleito com um número relativamente pequeno de votos válidos. Por isso, o assunto "eleições 2016" já esgotou por aqui, mas não no resto do país - e este blog está continuando a abordá-lo ao invés de esquecê-lo. 

Fora a capital paulista, Salvador, Natal, João Pessoa, Teresina, Palmas, Boa Vista e Rio Branco, além das cidades pequenas e médias, as demais capitais e boa parte das grandes cidades do interior continuarão a sofrer com campanhas desinteressantes, quando não são francamente ofensivas à inteligência do eleitor, que terá de escolher entre dois candidatos porque não pode se dar ao luxo de deixar a cidade sem nenhum prefeito. 

Por isso, a porcentagem de votos brancos, nulos e indecisos, em geral, é bastante grande nas cidades com segundo turno. Fazendo uma amostra com as capitais mais conhecidas do país, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Manaus e Belém do Pará, temos alguns índices altíssimos. O caso do Rio será abordado com mais detalhes, por ser a segunda maior cidade do país. 

No Rio, dois candidatos não conseguem agradar muita gente: Marcelo Crivella, filiado à Igreja Universal, e Marcelo Freixo, o socialista com cara de "burguês" da Zona Sul, são rejeitados e vistos como problemas e não soluções para a "Cidade Maravilhosa", que já sofre com a violência, o trânsito, a falta de saneamento básico e um Orçamento arruinado pelos gastos com as Olimpíadas e Paralimpíadas, que foram um sucesso retumbante mas deixaram um prejuízo enorme nas contas. São 22% de brancos e nulos, e 3% de indecisos, segundo o Ibope desta quinta.

Em Belo Horizonte, os dois candidatos estão tecnicamente empatados: Alexandre Kalil (PHS), com 39% e João Leite, com 36%. Não tenho muito a dizer sobre os perfis dos dois candidatos, mas o número de brancos e nulos também é alto: 20%; 5% ainda não escolheram.

O PT está ainda bem vivo no Recife, onde o candidato João Paulo sofre para tentar concorrer com o atual prefeito, Geraldo Júlio, do PSB, o partido de Eduardo Campos, morto tragicamente quanto concorria à Presidência da República, em 2014. Pelo menos aqui o número de brancos e nulos é mais baixo, embora faça a diferença na hora do voto: 11,4%, segundo o blog de Vinícius de Santana; 8,7% estão na dúvida.

Na capital gaúcha, Porto Alegre, é mais difícil achar dados atualizados. Na pesquisa do dia 21, do Ibope em conjunto com a filiada da Rede Globo, a RBS, Nelson Marchezan Jr., do PSDB, é o líder, com 45%, enquanto Sebastião Melo, do PMDB, tem 33%; o número de brancos e nulos é alto: 18%, e o de indecisos está na média: 5%.

Também não há dados atualizados sobre o pleito de Curitiba, onde René Leprevost, do PSD, está ligeiramente na frente, enquanto Rafael Greca, do PMN, ex-prefeito de Curitiba e ex-ministro do Esporte no governo Fernando Henrique, tem 39% das intenções de voto, 5% a menos que o rival; o número de brancos e nulos é maior do que essa diferença (12%), e 5% não souberam responder.

Fortaleza apresenta uma disputa entre Roberto Cláudio, do PDT, e o Capitão Wagner, do PR, com vantagem de 9% para o primeiro, com 45% das intenções de voto; o número de brancos e nulos não assusta, embora seja maior que a diferença entre os candidatos: são 12%. 8% ainda não opinaram.

Em Belém do Pará, o Ibope ainda não avaliou, e as consultorias apontam números muito próximos entre o tucano Zenaldo e Edmilson, do Solidariedade, e um número relativamente modesto de brancos e nulos, em torno de 10%; o número de indecisos também varia conforme o instituto de pesquisa, conforme informa um blog local de nome inusitado (A Perereca da Vizinha): entre 7 e 10%.

Os manauaras têm de escolher entre Marcelo Ramos (PR) e o atual prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB), este último um ex-parlamentar bastante atuante e conhecido no Brasil todo; uma pesquisa dada pelo Instituto Diário de Pesquisa (IDP), divulgada pelo Diário do Amazonas, indica um número baixo de eleitores sem candidato: 5,5% de brancos e nulos, e 5,8% de indecisos; Arthur Virgílio tem vantagem sobre o rival em 9 pontos percentuais: 45% contra 36%. O Ibope ainda não divulgou números naquela cidade.

Como se vê, o número de eleitores sem candidato em geral é alto, e é maior em cidades consideradas de alto engajamento político (Rio e Belo Horizonte). Nas cidades mais afastadas, o número de indecisos, em geral, é maior do que o de votos considerados inválidos, e apresenta resultados mais moderados. 

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