domingo, 30 de outubro de 2016

Tudo se definiu

Os prefeitos das grandes cidades onde houve segundo turno já foram eleitos, depois de uma campanha marcada pelas restrições orçamentárias provocadas pela proibição das empresas doarem aos candidatos. Esta situação pode se repetir em 2018, ou não, caso o Legislativo reveja a decisão tomada no ano passado, quando Dilma ainda era a presidente. 

Primeiro, o Rio de Janeiro, em uma campanha tumultuada: Marcelo Crivella (PRB) foi eleito prefeito do Rio de Janeiro com 59,36% dos votos válidos, derrotando Marcelo Freixo (PSOL). Muitos lamentam um membro da Igreja Universal comandar a segunda maior cidade do país. Outros comemoram a derrota de um chamado "socialista da Zona Sul". E há muita gente que acha as duas coisas, a ponto da soma dos votos brancos e nulos mais as abstenções ser maior do que os votos destinados ao vencedor: mais de 2 milhões, contra menos de 1,7 milhão para Crivella. 

Marcelo Crivella virou o novo prefeito do Rio (divulgação)

Em Porto Alegre, Nelson Marchezan (PSDB) foi reeleito com 60,5% nas urnas. A campanha no segundo turno teve trocas de acusações e agressões, e até uma morte suspeita: o coordenador de campanha do candidato derrotado, Sebastião Melo (PMDB), foi encontrado morto no dia 17.

Alexandre Kalil (PHS) teve 52,98% dos votos em Belo Horizonte. Outro que teve uma decisão apertada, marcada pela baixaria e acusações mútuas entre ele e João Leite (PSDB). Kalil foi presidente do Atlético Mineiro, e concorreu com um apadrinhado de Aécio Neves, que teve de engolir mais uma derrota política. 

Rafael Greca (PMN) obteve 53,25% dos votos em Curitiba. Também houve uma campanha de baixo nível, com muitos ataques entre os candidatos: Ney Leprevost (PSD) e o prefeito eleito trocaram acusações pesadas, com sérios questionamentos do caráter de ambos. Triste destino para uma cidade apontada há alguns anos atrás como modelo de planejamento urbano. 

Zenaldo Coutinho (PSDB) foi reeleito em Belém, com 52,33%. Houve também uma polarização entre os dois candidatos na capital do Pará. Edmilson Rodrigues, do PSOL, era muito temido pelas forças conservadoras de lá, embora Zenaldo não seja propriamente integrante de uma delas. 

Arthur Virgílio Neto (PSDB) ganhou mais um mandato em Manaus, levando 55,96%. Houve também uma vantagem apertada nesta cidade. Marcelo Ramos (PR) foi seu oponente. 

Roberto Cláudio (PDT) venceu em Fortaleza (53,57%). Ciro Gomes foi decisivo para a vitória do pedetista, que superou o Capitão Wagner (PR), tido como representante da chamada "direita". 

Geraldo Júlio (PSB) se reelegeu em Recife com 61,3%. O petista João Paulo foi derrotado. 

Em outras capitais: Marquinhos Trad (PSD) foi eleito em Campo Grande; em São Luís, Edivaldo Holanda (PDT) ganhou; Rui Palmeira (PSDB) é o novo prefeito de Maceió; Emanuel Pinheiro (PMDB) venceu em Cuiabá; Aracaju teve a vitória de Edvaldo Nogueira, do PCdoB; Gean Loureiro (PMDB) venceu apertado Ângela Amin (PP) em Florianópolis; Dr. Hildon (PSDB) é o novo prefeito em Porto Velho; Clécio é o representante da REDE ao vencer em Macapá; Luciano (PPS) venceu no sufoco em Vitória. 

Nas grandes cidades do interior paulista, Guti (PSB) venceu em Guarulhos com 83,5% dos votos; Orlando Morando (PSDB) venceu no reduto do PT, São Bernardo do Campo; Paulo Serra (PSDB) venceu fácil na vizinha Santo André; Crespo (DEM) é o novo prefeito em Sorocaba; Duarte Nogueira (PSDB) foi eleito em Ribeirão Preto; em Diadema, vitória de Lauro Michels (PV); Rodrigo Ashiuchi (PR) faturou as urnas em Suzano; Átila Jacomussi (PSB) ganhou em Mauá; em Jundiaí, deu Luís Fernando Machado (PSDB); Gilson de Souza (DEM) é o novo prefeito de Franca; na litorânea Guarujá, deu o Dr. Suman (PSB); Gazzetta (PSD) venceu em Bauru.

Com estes resultados, houve um grande derrotado: o PT, que foi desalojado nas principais cidades do país após a queda de Dilma. Por outro lado, a grande quantidade de gente que não votou ou invalidou seu voto mostra uma grande insatisfação com a política. Caso não houver um esforço convincente para se fazer uma reforma política que melhore as relações entre eleitores e eleitos, a tendência é piorar, a ponto de alimentar extremismos e campanhas salvacionistas.

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