sexta-feira, 28 de junho de 2019

Acordo entre União Europeia e Mercosul finalmente sai

União Europeia e Mercosul tentaram fazer um acordo comercial conjunto, como dois blocos econômicos, por vinte anos, e só agora conseguiram. 

Ironicamente, Bolsonaro ajudou a concluir o negócio, contrariando todo o seu discurso contrário ao Mercosul e às pautas defendidas pelo Velho Continente - limitação no uso de defensivos agrícolas considerados altamente nocivos ao meio ambiente, preservação das áreas indígenas, respeito aos acordos internacionais como o de Paris. 

O acordo prevê diminuição ou até eliminação das tarifas de produtos industrializados europeus, como chocolates, vinhos, queijos e produtos farmacêuticos. Isso irá pressionar a indústria local, brasileira e argentina. Ou os fabricantes reagem a essa competição, ou vendem suas ações para outras empresas. Por outro lado, os produtos agropecuários da América do Sul também terão taxas menores, permitindo o incremento nas exportações. Isso também pressionará o agronegócio a produzir insumos com melhor qualidade. Superando a questão concorrencial, os produtos industriais daqui e dos nuestros vecinos também terão isenção nas taxas, quando forem exportados para os europeus, e portanto não cabe a comparação com os antigos pactos coloniais, quando a América era dominada pelos colonizadores e conquistadores europeus. 

Este acordo precisa da aprovação dos legislativos, como o Parlamento Europeu e o Congresso Nacional, e deve levar alguns anos para ser efetivamente implementado. A adaptação será difícil, principalmente do lado de cá do Oceano Atlântico. Os mais otimistas projetam a geração de milhares de novos empregos. Já os pessimistas e os nacionalistas cogitam um cenário bem diverso, com mais desemprego.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Podem pedir música no Fantástico!

Pela terceira vez, a Seleção Brasileira não teve cacife para vencer a retranca paraguaia numa Copa América e foi disputar a vaga nos pênaltis!

Mesmo com um a mais, pois Balbuena, o zagueiro paraguaio ex-Corinthians, foi expulso!

Pelo menos, desta vez, venceram. 

E Gabriel Jesus foi o responsável pela classificação, convertendo o último pênalti! Só agora fez gol nessa competição, pois no tempo normal não produziu nada de relevante. 

Aleluia! Jesus salvou o Brasil nos pênaltis! (E Alisson também, ao defender a primeira cobrança paraguaia, de Gustavo Gómez, jogador palmeirense) - Foto de Marcelo Zambrana/Agif



ARGH !!!

Senado tipifica o crime de caixa 2, mas...

... colocaram a chamada lei de abuso de autoridade no pacote!

Ontem, o Senado aprovou um pacote anticorrupção que pune o caixa 2 com reclusão de 2 a 5 anos, podendo ser maior em caso de doação ilegal. Além disso, a corrupção finalmente passa a ser um crime hediondo, ou seja, inafiançável, tanto no caso dos corrompidos quanto no dos corruptores. 

Por outro lado, o Senado também fez questão de aprovar uma versão modificada da antiga lei de 2016, proposta por Renan Calheiros - aquele mesmo, ex-presidente do Senado e com dezenas de inquéritos nas costas. Entretanto, o texto foi tão podado que se tornou quase inofensivo para a Lava Jato. As grandes mudanças foram as denúncias por terceiros de procuradores agindo explicitamente de forma político-partidária, a proibição de se manifestar falando de processos em andamento e a punição: 6 meses a 2 anos de detenção e multa. 

Continua a ser uma retaliação à Força Tarefa, mas na prática não vai dar grandes dores de cabeça, a não ser para as "estrelas" do movimento, como Deltan Dallagnol, que já chiou contra a nova lei. E, para ser uma verdadeira lei contra abuso de autoridade, deveria incluir policiais, delegados, parlamentares e pessoas em cargos executivos, pois só se falou dos juízes e procuradores. 

O pacote tem boa chance de ser votado e aprovado sem emendas pelos deputados, e depois poderá ir para a análise do presidente Jair Bolsonaro. 


N. do A.: Por falar nele, a mídia não o deixa em paz após o episódio do sargento da FAB com pasta de cocaína; o presidente ainda se manifestou nas redes sociais depois da opinião de Angela Merkel sobre o meio ambiente no Brasil, com a sua franqueza habitual ("o Brasil tem muito a ensinar à Alemanha"); pior ainda é a prisão de assessores do PSL ligados ao Ministério do Turismo (o que pode esclarecer mais a respeito dos "laranjas" usados nas eleições do ano passado e das "candidatas fantasmas" para burlar a cota de candidaturas femininas) e a nova pesquisa do Ibope/CNI indicou aumento da reprovação e queda na aprovação do governo atual: 32% consideram o governo ótimo ou bom, e a mesma porcentagem de quem acha o governo regular ou ruim/péssimo. E as cobranças por medidas mais efetivas para melhorar o país continuam. O presidente deve mostrar um repertório mais amplo de atuação, pois a chuva de decretos não está surtindo o efeito esperado, graças à rejeição no Congresso. 

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Início da viagem de Bolsonaro ao Japão


A reunião de cúpula em Osaka será nos dias 28 e 29 deste mês

Jair Bolsonaro viajou para Osaka, onde será realizada a reunião de cúpula do G20. Lá, serão debatidos temas espinhosos, como a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, e países como Venezuela e Irã. 

Durante a viagem, um incidente de altíssima gravidade ocorreu. Na escala da viagem, em Sevilha, Espanha, descobriram, em uma mala, 39 kg de pasta de cocaína, em posse do sargento do Grupo de Transporte Especial da FAB Manuel Silva Rodrigues. Ele estava em um dos aviões, o VC-2 Embraer 190, que acompanhavam a aeronave presidencial.

O presidente foi envolvido em mais um escândalo de proporções internacionais envolvendo um sargento da FAB (Alan Santos/PR)

O vice-presidente Hamílton Mourão atribuiu o fato ao terrível problema do tráfico de drogas, ao qual nem os militares estão imunes. Mourão e Bolsonaro disseram que Silva Rodrigues deve ser exemplarmente punido. Ele trabalhava como comissário de bordo na FAB desde 2016, acompanhando voos oficiais também de Dilma e Temer. 

Pelas circunstâncias, e pela mala estar com o conteúdo tão pobremente camuflado, permitindo a fácil localização da droga, muitos desconfiam que seja algo plantado, para prejudicar a imagem de Bolsonaro e associá-lo a atividades criminosas. Ele já é alvo de diversas acusações, desde estimular garimpos ilegais na Amazônia até estimular o uso de armas para um hipotético "autogolpe", ainda que isso resulte em guerra civil. Isso sem falar nos casos envolvendo seus ministros. Isso foi atenuado com a rápida punição do sargento, e a manifestação de Bolsonaro demonstrando sua intolerância com "tamanho desrespeito ao nosso país". Mesmo assim, ele, Mourão e o sargento preso terão muito a explicar. Uma das perguntas a serem feitas: como um conteúdo como esse foi parar no avião, mesmo com todo o aparato de segurança?

Esse episódio pode arruinar ainda mais a imagem do Brasil no exterior, e terá efeito nas reuniões do presidente com os líderes do G20. O presidente se reunirá com o americano Donald Trump, o chinês Xin Jinping, o francês Emmanuel Macron, o indiano Narendra Modi, o príncipe saudita Mohammed bin Salman e, naturalmente, o japonês Shinzo Abe.


N. do A.: Enquanto isso, uma foto de um salvadorenho e sua filha de 2 anos, mortos por afogamento no Rio Grande, comove o mundo, mostrando o drama das pessoas assoladas pelo desespero, tentando entrar ilegalmente nos Estados Unidos. Não cabe culpar Donald Trump nem qualquer autoridade americana por esta tragédia, mas se trata de um problema do qual o presidente dos Estados Unidos e dos outros países não podem fugir se houver interesse em resolver, ou ao menos administrar, esta crise humanitária. A foto é terrivelmente triste e não será mostrada aqui. 

terça-feira, 25 de junho de 2019

Não foi desta vez

No STF, houve o esperado julgamento do habeas corpus de Lula pela Segunda Turma. E, ao contrário do que os defensores do ex-presidente esperavam, nenhum dos recursos para beneficiá-lo foi aceito.

Por 4 votos a 1, com a discordância de Ricardo Lewandowski, decidiram por adiar o julgamento da suspeição de Sérgio Moro e do habeas corpus a Lula. A defesa queria evitar que o benefício fosse julgado para o segundo semestre, sem sucesso.

Por 3 votos a 2, com a discordândia de Lewandowski e de Gilmar Mendes, não vão soltar Lula de forma preventiva, até o processo anterior ficar concluído.

Com isso, aquele que foi considerado o chefe do Quadrilhão vai continuar na cadeia, mas a situação de Sérgio Moro ainda não é nada confortável. Ele foi aos Estados Unidos, sem divulgar a agenda, enquanto mais detalhes do vazamento são divulgados pelo site The Intercept, e Glenn Greenwald é hostilizado pelos deputados durante sua acareação dentro da Câmara. Ele volta a dizer que o conteúdo é autêntico e o ex-juiz é o chefe da Força Tarefa (tarefa estranha a magistrados, por ser de investigadores), para grande irritação de muitos parlamentares, que chegaram a partir para os insultos pessoais, aludindo à homossexualidade e às posições políticas do jornalista e de seu companheiro, David Miranda, do PSOL.

Lula e seu nêmesis, o ministro Moro, continuam a motivar e dar sequência a esta trama de mau gosto, enquanto a corrupção e a rapina, apesar de todo o empenho para combatê-las, ainda atormentam o país. 

segunda-feira, 24 de junho de 2019

Velhos problemas

1. A ponte do Jaguaré ficou interditada, atrapalhando o trânsito em toda a cidade, devido a um incêndio em moradias irregulares sob ela. Mais uma vez, o patrimônio público é estragado por causa de algumas pessoas que estão em local errado, movidas pelos instintos de sobrevivência e não pela razão, por estarem privados de condições mínimas para viverem dignamente. Desta vez, não houve mortes, ao contrário do ano passado, quando o prédio Wilton Paes de Almeida foi incendiado e destruído por fato semelhante. As prefeituras tinham a responsabilidade de evitar a ocupação das pontes e viadutos por este pessoal. Tinham condições de fazer. Mas não fizeram. 

2. Da mesma forma, prenderam os líderes do Movimento Sem Teto no Centro (MSTC), responsáveis pela tragédia do edifício Wilton. Dizem lutar pela moradia, mas são acusados de ocupar irregularmente um prédio que não lhes pertence, e sim ao Governo Federal, no Largo do Paiçandu. E ainda exploravam economicamente os moradores, cobrando-lhes valores extorsivos como aluguel dos espaços. Não se pode simplesmente colocar o MSTC na clandestinidade, mas é necessário apurar as acusações contra eles e puní-los se houver provas. Isso também é parte do déficit habitacional na cidade de São Paulo, problema crônico que precisa ser enfrentado pela prefeitura, mas sem demagogia e de acordo com a lei. 

3. Outro problema, diferente, é a precariedade na formação das jogadoras de futebol. Isso já foi abordado antes quando a Seleção Brasileira feminina fracassou nas Olimpíadas do Rio em 2016, e continua a ser um assunto, mas só quando ocorrem novos revezes. De novo, vão apontar a falta de planejamento da CBF e de interesse do público no esporte, ainda visto como uma prática masculina, para depois tudo ser esquecido. As "meninas" foram derrotadas pela equipe francesa por 2 a 1, na prorrogação, pelas oitavas-de-final da Copa do Mundo, na França. Não faltou empenho do time brasileiro, mas outra vez dependeram de jogadoras veteranas, como Marta, Cristiane e Formiga, que jogaram, provavelmente, sua última Copa. 

4. Por falar em futebol, os gramados dos estádios brasileiros mostram novamente seu estado precário de conservação, servindo como desculpa para o mau desempenho de alguns jogadores, como Messi, da Seleção Argentina, e Suárez, do Uruguai. Eles estão acostumados aos gramados europeus, e na Europa um campo como o do Beira-Rio, por exemplo, seria execrado e o clube responsável pagaria uma bela multa. Mas é neste estádio de Porto Alegre onde a Seleção Brasileira jogará, contra o Paraguai, a mesma equipe que já os eliminou duas vezes nos pênaltis, em gramados também precários, na Argentina (2011) e no Chile (2015). Os canarinhos precisam lidar com a retranca paraguaia, e não podem culpar o gramado, se houver um terceiro revés. É capaz de sugerirem que cada jogador pastasse por lá. Ou pedisse música no Fantástico, de acordo com uma velha piada.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

O inverno começa quente

Faz quase vinte graus Celsius por aqui em São Paulo, no momento da redação desta postagem. Nunca senti um começo de inverno tão quente. 

Em Brasília, onde as temperaturas costumam ser mais altas do que na capital paulista, o clima está realmente quente, e não só no sentido literal, devido ao escândalo dos vazamentos publicados pelo site The Intercept. A defesa do ex-presidente Lula se empenha em tentar a liberdade de seu cliente, e recorre à Procuradoria-Geral da República, que tem dúvidas sobre a autenticidade do conteúdo vazado. Os advogados devem insistir, com o argumento da suspeição de Moro por ele estar falando com a Força-Tarefa, logo a sentença seria nula e, neste caso, valeria a expressão latina In dubio pro reo (a dúvida favorece o réu). Mas para muitos magistrados e juristas o caso não é assim tão simples, e depende do julgamento do STF. 

Isso tudo não é tão relevante para os destinos do mundo. No Hemisfério Norte, onde é verão, existem locais bem próximos de uma "ebulição", como no Golfo Pérsico, onde um drone americano foi derrubado por forças iranianas. Isso despertou a fúria do presidente americano Donald Trump, e por um triz ele não mandou responder militarmente ao que ele considera um ato de guerra. Desde ontem, o preço do petróleo aumentou signficativamente. No dia 19, custava pouco mais de US$ 61, e agora está em mais de US$ 65. A escalada da tensão naquela região da Ásia Ocidental pode significar aumentos maiores e impacto no preço dos combustíveis em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde já ninguém está contente na hora de abastecer. Sem falar no encarecimento dos produtos industrializados, onde o plástico, cujas matérias primas são derivados do petróleo, é fundamental. 

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Ranking das melhores universidades latino-americanas

Recentemente, foi liberado o ranking da QS World University Rankings 2020, indicando quais foram as melhores universidades latino-americanas no ano de 2018. 

A má notícia: a USP perdeu a liderança. Em certas épocas, disputava a primazia com a Unicamp, mas agora quem ocupa o topo da lista é a Universidad Católica, do Chile. 

A boa notícia: mais universidades brasileiras estão no Top 50: além da USP e da Unicamp, também foram bem a UFRJ (9º), a UNESP (11º), a PUC-RJ (12º), a UFMG (15º), a UFRS (18º), a UFSC (21º), a UNIFESP (31º), a UFPR (33º), a UFSCar (34º), a PUC-SP (46º), a PUC-RS (49º) e a UFF (50º). 

O QS World leva em consideração a qualidade de ensino, a empregabilidade dos alunos e a produção científica dos pesquisadores, principalmente em termos de relevância (número de citações e publicações com Qualis A ou B). 


N. do A.: Muitos temem a piora em rankings futuros com a atual política do MEC, mas boa parte das universidades brasileiras mais conceituadas ou são estaduais ou instituições privadas. Além disso, nem todos os bolsistas de pós graduação são financiados por agências federais de fomento (a FAPESP, por exemplo, é estadual).

terça-feira, 18 de junho de 2019

Moro e a Seleção feminina

Sérgio Moro, apesar das denúncias e das ilações contra ele, ainda tem prestígio junto ao presidente Bolsonaro. O time de futebol feminino, apesar de seus problemas, venceu as italianas por 1 a 0 na Copa do Mundo, e vai para a próxima fase. No entanto, ambos ainda continuam ameaçados. 

O ministro da Justiça pretende ir ao programa do Ratinho explicar sobre o episódio dos vazamentos divulgados pelo site The Intercept, expondo relações ilegais de cumplicidade entre o então juiz e Deltan Dallagnol. Ratinho, antes de ter programa próprio, fazia parte da equipe do programa Cadeia Neles, apresentado pelo já falecido Luís Carlos Alborghetti, conhecido pelo temperamento irascível e pela defesa de medidas duras contra a criminalidade, exaltando o trabalho de Moro quando ele ainda era um jovem e ainda pouco conhecido juiz em Curitiba. 

Enquanto isso, o site libera novos vazamentos, sugerindo que Moro estava tentando proteger o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso das investigações da Lava Jato. FHC é acusado de ter recebido propina da Odebrecht, a construtora envolvida visceralmente com o Quadrilhão do PT e, agora, está com uma dívida de R$ 98 bilhões, por causa da qual pediu, ontem, recuperação judicial. Vale lembrar que a Lava Jato NÃO foi responsável pela bancarrota na empresa, usada e abusada pelos seus donos e principais executivos, em conluio com os governos de Lula e Dilma, políticos, doleiros e empresários envolvidos no maior escândalo de corrupção em nossas plagas. 

No meio dos escândalos, Rodrigo Tacla Duran, o advogado e doleiro que acusou de corrupção um amigo do ex-juiz (Carlos Zuccolotto), voltou ao noticiário, dizendo ser vítima de extorsão de advogados ligados à Lava Jato, principalmente um sócio da mulher de Moro (Marlus Arns) para não ser preso. Duran nunca foi devidamente investigado, e nem os apontados por ele como autores de delitos. 

Por outro lado, setores da imprensa e da oposição culpam Moro por sua suposta participação na vitória de Jair Bolsonaro nas eleições do ano passado, inviabilizando a candidatura do ex-presidente Lula, apontado como o grande chefe do Quadrilhão, mas condenado, por enquanto, apenas por delitos menores como a posse suspeita do sítio de Atibaia e do triplex do Guarujá, em sentenças que podem vir a ser anuladas, colocando em dúvida a lisura do responsável por elas e a sua fama de seguidor da lei.

Se Sérgio Moro corre perigo de ver seus planos irem para as calendas gregas, na mesma situação está a Seleção Feminina. Elas conseguiram vencer as italianas com gol de Marta, cobrando um pênalti duvidoso, mas, por conta dos resultados, não escaparam do terceiro lugar no grupo, devido à vitória das australianas sobre as jamaicanas por 4 a 1. O saldo de gols favoreceu as rivais da Oceania, que ficaram com o segundo lugar. Apesar da derrota, o time italiano não perdeu o primeiro lugar.

Marta (dir.) e Thaisa comemoram o gol que deu a vitória à Seleção (AFP)

Na próxima fase, é bem possível que a equipe brasileira, com poucos talentos jovens e excessivamente dependente de Marta e Cristiane, enfrente as donas da casa, ou seja, as francesas. Será uma dura provação jogar com um time considerado favorito, e ainda apoiado pela torcida local. O sonho do inédito título na Copa do Mundo de futebol feminino continua em xeque. Porém, o time conseguiu jogar melhor do que nas duas partidas anteriores, e a "rainha" Marta conquistou mais um feito: fazer 17 gols em Copas, sendo artilheira isolada na história dessa competição. Mal comparando, ela supera os 16 gols do alemão Klose nas Copas masculinas.


N. do A.: A respeito das eleições de 2018, vistas como fortemente influenciadas por Sérgio Moro, continuam as denúncias de fake news nas redes sociais para beneficiar o atual mandatário, e muitos expõem essa notícia como se os usuários das redes fossem todos estúpidos e manipuláveis, e as fake news fossem fator tão importante para o resultado das urnas. As milhões de notícias mentirosas liberadas de forma criminosa a mando de certas empresas difamavam, igualmente, Haddad e Bolsonaro.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

BNDES sob nova direção

Gustavo Montezano foi escolhido como novo presidente do BNDES, posto sob suspeita por Bolsonaro desde quando ele era deputado, por financiar empreendimentos suspeitos em países como Angola, Venezuela e Cuba, quando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social estava subordinado ao governo petista. 

Montezano já fazia parte do governo, como secretário adjunto da Secretaria de Desestatização e Desinvestimento, e foi ex-sócio do BTG Pactual. 

Paulo Guedes havia confiado em Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda de Dilma, para a presidência da entidade, mas agora ele o acusa de "deslealdade" por ter nomeado, como diretor do Mercado de Capital, o advogado Marcos Barbosa Pinto, ex-assessor do BNDES ainda no primeiro governo Lula e colaborador do então ministro da Educação Fernando Haddad na criação do ProUni.

A presença de Barbosa, embora seja um nome técnico, foi muito mal vista pelos bolsonaristas, ávidos para tentarem desvendar a chamada "caixa preta" do banco. Há anos há a suspeita de haver desvios bilionários durante os governos petistas, fora os já citados financiamentos para as obras em países aliados da época, como o famigerado porto de Mariel (Cuba), sem a necessária contrapartida, isto é, o pagamento das dívidas contraídas pelos governos locais.

Bolsonaro e Guedes obtiveram uma vitória quando Barbosa e Levy se demitiram, mas com Montezano à frente do BNDES é possível haver uma gestão mais responsável, embora não necessariamente seja uma garantia de abrir a tal "caixa preta". 

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Manifestação com menos participantes e mais violência

Hoje, as manifestações contra os cortes na Educação e a reforma da Previdência tiveram menor participação, comparadas com as de maio. Por outro lado, houve uma certa tendência à radicalização, com pessoas sendo detidas, algo que não ocorreu nos dias 15 e 30 do mês passado. 

Os motivos para haver menos gente disposta a protestar foram a pauta dos cortes estar começando a cansar, e a consequente predominância dos protestos anti-reforma, algo de menor apelo entre os estudantes e a população em geral, menos resistente ao tema do que os funcionários públicos e as categorias organizadas (principalmente os sindicalizados pela CUT). Em São Paulo, a Justiça mandou multar o Sindicato dos Metroviários e dos Motoristas e Cobradores da SPTrans em caso de paralisação. Só houve interrupção em parte da rede do metrô, e ela foi normalizada ao longo do dia. 

No entanto, mais gente esteve disposta a colocar fogo em ruas, estradas e trilhos de trens, visando paralisar os transportes e atrapalhar quem estava querendo manter a rotina. Houve confrontos em São Paulo (14 presos), no Rio de Janeiro, em Vitória. Essa atitude não ajudou a atrair mais gente para protestar contra o governo. A mesma coisa pode se dizer em relação à presença do MST e do MTST.

Pior é o atropelamento de cinco manifestantes em Niterói por um motorista, que foi detido, mas logo liberado. Apesar de ninguém se ferir seriamente, o ato não pode ser considerado próprio de gente civilizada. 

Mesmo essas tentativas de paralisar as cidades não foram suficientes para inquietar o governo. Jair Bolsonaro foi tranquilamente para São Paulo assistir ao início da Copa América, no Morumbi, e ver Philippe Coutinho e Everton "Cebolinha" fazerem os gols na vitória por 3 a 0 sobre a Bolívia. 

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Mais para 13 a 0 do que para 106 a 105

Anteontem, o Golden State Warriors impediu a conquista antecipada do título, na grande final da NBA, pelos Toronto Raptors. Ganhou por apenas um ponto, 106 a 105, e forçou a realização de mais dois jogos. O primeiro será jogado hoje, às 10 da noite no horário de Brasilia.

Também anteontem, na Copa do Mundo de futebol feminino, a seleção americana, franca favorita a levar o título, enfrentou o frágil time da Tailândia e não perdoou: 13 a 0 ( !!! ). Alex Morgan fez cinco tentos, e é a artilheira isolada da competição.

A derrota de hoje da Seleção feminina na mesma Copa, para as australianas, foi de 3 a 2. Um gol de diferença. Porém, as brasileiras estavam ganhando, de 2 a 0, com gols da "rainha" Marta (ainda não totalmente recuperada de uma lesão) e Cristiane, quando o jogo começou a mudar, e Foord fez um gol nos acréscimos do primeiro tempo. No segundo tempo, sem as duas veteranas, e com a perda de Formiga, suspensa pelo segundo cartão amarelo, as brasileiras deixaram as australianas empatarem. E a zagueira Mônica foi a vilã do jogo, fazendo gol contra e tornando a classificação para a fase final bastante incerta, pois elas vão precisar jogar com a forte equipe italiana.

Marta marcou na sua quinta Copa, mas não conseguiu evitar a derrota para a Austrália (Pascoal Guyot/AFP)

Perder por um gol não é como perder por um ponto no basquete, um esporte totalmente diferente, onde os placares são bem mais dilatados. E os Raptors têm grande chance de conquistarem o título, se ganharem hoje. Já o time do Brasil vê a conquista da taça, a primeira delas numa Copa, ainda como utopia.

É possível imaginar um confronto entre as brasileiras e as americanas nesta Copa, se as primeiras vieram a conseguir a classificação. Caso as "meninas do futebol" não controlarem a ansiedade e aprenderem a jogar coletivamente, sem depender tanto das suas estrelas, um desastre virá, talvez comparável ao 8/7 sofrido pelo time masculino cinco anos atrás. Ou, na pior das hipóteses, aos 13 a 0 nas tailandesas.


N. do A.: Uma série de derrotas atormentam o governo Bolsonaro, que não conseguiu, por decisão do STF, extinguir os conselhos federais criados para fiscalização e controle da sociedade sobre as ações das estatais (para muitos, esses conselhos eram inúteis e só serviram para consumir o NOSSO DINHEIRO). Também não conseguiu emplacar o decreto das armas na CCJ do Senado, e a OIT, a Organização Internacional do Trabalho, ameaça colocar o Brasil na "lista suja" do trabalho infantil. Sem falar na reforma da Previdência, cujo formato está a se afastar daquele proposto por Paulo Guedes, impondo regimes de transição principalmente para as mulheres, retirando a capitalização e as aposentadorias rurais do texto, e deixando os Estados e municípios de fora. Todas essas derrotas, e mais o desgaste do ministro da Justiça, Sérgio Moro, podem deixar o governo bastante fragilizado, caso não houver capacidade de reação, capaz de aumentar a popularidade  e/ou melhorar os indicadores sociais e econômicos. Nisso, Bolsonaro e o time feminino da CBF estão parecidos. 

quarta-feira, 12 de junho de 2019

terça-feira, 11 de junho de 2019

Moro no mesmo caminho de Savonarola?


Sérgio Moro deixou de ser visto como ex-juiz rigoroso por muitos que torciam por um Brasil menos corrupto (Divulgação)

Este blog já contou algo sobre Girolamo Savonarola, o frade com fama de moralista e rigoroso que mandou e desmandou em Florença até cair vítima de seus inimigos, entre eles o papa Alexandre VI, e ser destruído em 1498 (leia AQUI).

Estará acontecendo a mesma coisa com o ministro da Justiça Sérgio Moro? As conversas entre ele e alguns procuradores da Força Tarefa, com destaque para Deltan Dallagnol, foram hackeadas e depois acabaram publicadas, de forma editada, no site The Intercept, conhecido por sua postura dita "de esquerda" e por denunciar o escândalo do NSA, cujos dados foram vazados com a ajuda de Edward Snowden. 

O site tem como um dos donos o jornalista e jurista Glenn Greenwald, marido (latu sensu) do deputado federal David Miranda, ex-suplente de Jean Wyllys, ambos do PSOL.Greenwald, premiado com o Pulitzer pela sua abordagem sobre o NSA, é acusado de querer destruir a Lava Jato e a reputação de Sérgio Moro e seus procuradores, divulgando conversas secretas (e em desacordo com o Código de Processo Penal) entre o juiz e os procuradores às vésperas de nova manifestação contra Bolsonaro, com o intuito final de lançar dúvidas sobre a lisura e a legitimidade das eleições de 2018. Enfim, uma trama em favor do ex-presidente Lula. 

Independente desse procedimento ser considerado também ilegal, produzindo provas ilícitas, o episódio destrói a reputação do ministro da Justiça e lança ainda mais questionamentos sobre a sua isenção no julgamento de Lula e dos réus que estavam sob sua responsabilidade. 

Tudo isso precisa ser apurado pela Justiça, investigando tanto os denunciados quanto os denunciantes. E ela precisa fazer um trabalho muito bom e rigoroso, pois ela também está seriamente questionada. 

A imagem do Judiciário ficou prejudicada, tornando-a tão ruim quanto a dos outros dois poderes. 

Em última análise, a democracia e o futuro do Brasil estão ameaçados. 

Quanto a Moro, ele corre o risco de ser destruído como o frade Savonarola, ao menos em sentido figurado, em favor de alguém visto como uma espécie de papa Alexandre VI: Lula, também influente e poderoso, mas considerado imoral e corrupto pelos seus inimigos. Espera-se que não seja no sentido literal, pois este blog já contou a respeito do que fizeram com o religioso italiano. As ambições de Moro para integrar o STF ou vir a ser presidente da República já estão nesse caminho.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

O time da Seleção feminina estréia na Copa do Mundo. Mas...

Ontem, a Seleção Brasileira feminina estreou na Copa do Mundo, sediada na França, e venceu a limitada Jamaica, até com certa facilidade, apesar de depender muito das veteranas, sobretudo Cristiane, a autora dos três gols na partida. 


A Seleção feminina estreou bem graças a Cristiane (no meio), mas as más notícias chamaram mais a atenção do que a Copa do Mundo da França (Getty Images)

Infelizmente, a repercussão da Copa do Mundo feminina não é tão grande quanto o escândalo envolvendo o jogador da Seleção masculina, Neymar. Aliás, nem o atacante do PSG é o assunto mais comentado do momento. 

A explosão de um barco no Acre, o acidente que matou 10 pessoas na rodovia que liga Taubaté a Campos do Jordão (a SP-123), assim como o assassinato de uma família (o jovem ator Rafael Miguel e seus pais) por um sociopata, que não aceitava o relacionamento da sua filha com o ator, conseguiram ganhar mais espaço até do que o futebol. E nem estas são as piores notícias.

Explodiu uma bomba capaz de fazer muita gente repensar o que fez na vida e destruir as ilusões a respeito de supostos heróis da pátria, despertar velhos mitos e questionar os novos. É assunto para a próxima postagem.

sexta-feira, 7 de junho de 2019

Qual foi a ideia mais imbecil da semana?

a. O Tite convocar o William no lugar de Neymar.

b. A trama de Najila para tentar arrancar dinheiro de Neymar.

c. Neymar se envolver com a Najila.

d. (Esta não tem nada a ver com as anteriores) Uma moeda única para o Mercosul.

e. Chega de ideias imbecis! Que tal pensarmos em algo que preste para as nossas vidas?


N. do A.: Sobre a alternativa d, ela é realmente estúpida, pelo menos a curto prazo, porque reúne duas economias desajustadas. Os indicadores econômicos da Argentina são péssimos: 40% de inflação, desvalorização acelerada frente ao dólar, risco de calote na dívida interna. O Brasil, por outro lado, tem péssima distribuição de renda, máquina estatal inchada e corrompida, péssimo ambiente para os negócios. Uma moeda única, nessas circunstâncias, seria um abraço mútuo, de afogados num naufrágio. 

quinta-feira, 6 de junho de 2019

75 anos do dia D

Líderes das potências ocidentais foram comemorar os 75 anos do dia D, evento que marcou decisivamente o rumo da II Guerra Mundial. 

No dia 6 de junho de 1944, tropas aliadas compostas por forças da Resistência Francesa, e tropas americanas, britânicas, canadenses e de outros países componentes dos Aliados, desembarcaram na Normandia, vindos da Inglaterra (Portsmouth) via Canal da Mancha, e iniciaram em território francês a Operação Overlord.

Parte do território francês estava anexada ao III Reich e a outra parte era governada por meio de um governo colaboracionista, conhecido como regime de Vichy. Em toda a França ocupada havia um grande contingente de tropas alemãs, comandadas pelo famoso Marechal Rommel (1894-1944), o "Raposa do Deserto".

As forças aliadas foram constituídas de dois exércitos, o primeiro comandado pelo general americano Omar Bradley (1893-1981) e o segundo, pelo general britânico Sir Miles Dempsey (1896-1969), recebendo ordens diretas dos comandantes Dwight Eisenhower (1890-1969) e Bernard Montgomery (1887-1975). Levaram algum tempo para desenvolver uma estratégia muito bem feita, pois precisavam vencer a forte presença dos alemães no território a ser reconquistado, e expulsar os invasores da França.

De início, sofreram muitos revezes e muito sangue aliado foi derramado na difícil missão, e apenas depois de meses de luta conseguiram libertar o território francês. Paris só foi libertada em 25 de agosto de 1944. Enquanto isso, os alemães, cercados também pelos soviéticos na Frente Oriental, foram aos poucos sendo minados, inclusive politicamente, resultando em um atentado contra Hitler naquele mesmo ano (20 de julho). Rommel, ferido nos combates da Normandia e implicado na conspiração, foi forçado a cometer suicídio, em outubro. 

75 anos depois, ainda havia sobreviventes da luta pela libertação da França, e eles participaram das festividades, apesar da nonagenários. A maior parte dos veteranos era de origem norte-americana. Eles foram homenageados e condecorados com a Légion D'Honneur pelo presidente francês Emmanuel Macron, na presença de Donald Trump, do primeiro-ministro canadense Justin Trudeau e da demissionária primeira-ministra britânica Thereza May, que deve deixar o cargo amanhã. 

A cerimônia representou uma pausa nas discussões sobre o Brexit, evento que desgastou politicamente a Grã-Bretanha e provocou o fim do mandato de May, que se viu obrigada a renunciar no dia 24 de maio. Boris Johnson é o favorito, no Partido Conservador, para disputar as eleições governamentais, e conta com o apoio nada discreto de Trump por sua posição aguerridamente pró-saída da União Européia, mas Johnson demonstra não ter a mesma simpatia pelo governante americano. Em 2015, um vídeo mostrava o então prefeito de Londres dizendo que o candidato à presidência pelo Partido Republicano era de uma "ignorância estonteante". Mas isso tudo ficou esquecido em território francês, por algumas horas, em prol de um evento que marcou o começo do fim de um conflito que marcou a humanidade para sempre. 

Macron (esq.) e Trump (mais ao centro) junto aos veteranos do dia D, em Colleville-sur-Mer, na Normandia (Reuters)

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Bolsonaro em Goiás. E o Congresso...

Jair Bolsonaro foi até Aragarças, em Goiás, para promover o projeto Juntos Pelo Araguaia, em conjunto com os governos de Goiás e do Mato Grosso. Neste projeto, a intenção é recuperar o rio Araguaia, comprometido pelo desmatamento ilegal e pelos esgotos. A iniciativa, feita no dia do Meio Ambiente, também é uma resposta aos críticos, que apontam o presidente como aliado dos desmatadores. 

Enquanto isso, sua nova medida provisória vai ser analisada pelo Congresso. Ela prevê aumentar para 40 pontos o limite para a suspensão do CNH, além de outras medidas como não multar quem não usa a cadeirinha para crianças e afrouxar as regras para motoristas usuários de drogas e outras substâncias ilícitas, como os "rebites" usados pelos caminhoneiros. Se os deputados e senadores tiverem bom senso, devem rejeitar ou simplesmente esquecer essa medida do governo, que é uma ode aos maus costumes no trânsito, e votar as reformas e o pacote anti-crime, que são mais importantes para o país. 

Por enquanto, eles estão interessados em engessar o Executivo: a Câmara votou pelo "orçamento impositivo", que destina mais dinheiro às emendas parlamentares. O efeito colateral disso é o risco maior de se fazer "pedaladas fiscais" para o governo driblar a Lei da Responsabilidade Fiscal. Isso foi um dos motivos para a ex-presidente Dilma Rousseff ser cassada. 

terça-feira, 4 de junho de 2019

Da série 'Energias renováveis no Brasil', parte 5 (final)

Este blog escreveu sobre as energias renováveis com potencial para sustentar o Brasil e contribuir para a diminuição da dependência em relação às fontes esgotáveis, como carvão e petróleo. Mas nem todas as formas presentes são viáveis. 

Um exemplo é a energia geotérmica. O Brasil está no meio de uma placa tectônica, e seu território, embora imenso, não está próximo de nenhuma grande falha geológica. Isso é bom em termos de segurança para a população, pois falhas geológicas são constantes fontes de terremotos, além de serem locais onde se concentram os vulcões. Por outro lado, não é possível extrair energia a partir do calor emanado dessas regiões. Existem fontes termais isoladas, usadas como atrações turísticas, mas não próprias para exploração energética. Em outros países, o vapor subterrâneo é usado para movimentar turbinas para a produção de eletricidade, mas à custa de alto investimento e o risco de liberação de sulfeto de hidrogênio, um gás tóxico e corrosivo. Isto talvez não compense a independência em relação ao clima, ao contrário das energias hidrelétrica, eólica e fotovoltaica (a de biomassa também, embora indiretamente, por depender do crescimento de plantas). 

Outro tipo de energia com baixo potencial de desenvolvimento por aqui é a das marés, ou maremotriz. O Brasil possui baixa diferença no nível das marés, ao contrário de países como o Canadá. Aproveita-se a vazão enquanto o nível do mar vai baixando, na transição entre a maré alta e a baixa, para o funcionamento de turbinas semelhantes às usadas nas usinas hidrelétricas. Este tipo de energia exige elevados investimentos para construir usinas com suficiente capacidade de armazenamento de água, e equipadas para suportar a salinidade. Ainda não existem usinas maremotrizes no nosso país. 

Os mares também são aproveitáveis para outras fontes de energia, a das ondas (ondomotriz) e a térmica. No primeiro caso, aproveita-se o poder das ondas para o funcionamento das turbinas produtoras de eletricidade, e no segundo caso, utiliza-se a diferença térmica entre a superfície e o fundo do mar, significativamente mais frio. Teoricamente, estas formas são mais favoráveis para a exploração no Brasil se comparadas à energia maremotriz, mas também exigem altos investimentos para as usinas poderem suportar os movimentos (pouco previsíveis) do mar e os efeitos do sal. Existem estudos e até pequenas usinas experimentais, como a do porto de Pecém, no Ceará. Esta construção é pioneira na América Latina, mas ainda está em fase de construção, apesar do início das obras no longínquo 2012. Espera-se gerar 100 kW, sendo portanto um projeto educacional e não parte da malha energética. As obras foram bancadas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

A usina de ondas de Pecém é um projeto experimental construído com tecnologia essencialmente brasileira; ela possui braços de 22 m, e está próxima de grandes usinas termelétricas (Divulgação)

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Orgulho e vergonha de maio

Antes de anunciar o ganhador do selo da "Vergonha", é bom lembrar que Neymar já ganhou este mesmo selo em abril, e portanto ficará de fora. Ele ainda pode vir a receber o outro certificado, o de "vergonha mundial", no final deste mês, principalmente se conseguir a proeza de ser preso por estupro (ou divulgação de material pornográfico ao tentar se defender), e isso não deve ser desprezado. Sua capacidade para cometer desatinos extracampo, decorrentes de sua falta de maturidade e de superego, só é superada pela de fazer gols e gestos teatrais em campo.

Aliás, mesmo que ele não tivesse ganho nenhum selo, ele não poderia ser considerado para o mês de maio. O escândalo aconteceu no sábado passado, ou seja, já no dia primeiro deste mês. 

Mas esqueçamos, por ora, estes acontecimentos. Primeiro, o selo de "Orgulho Nacional", que vai para Marcelo Gleiser, ganhador do Prêmio Templeton, noticiado pela mídia como sendo o Nobel da espiritualidade. O astrônomo brasileiro, primeiro latino-americano contemplado com o Templeton, defende a harmonia entre a ciência e a religião, e recebeu a medalha no mês passado, dia 29.

Marcelo Gleiser defende a ciência como caminho para entender o mistério da existência humana

Quanto ao outro selo, vai para os manifestantes bolsonaristas que arrancaram a faixa em prol da educação no prédio da UFPR. Ser a favor da educação não é, a princípio, ser contra as pautas defendidas por eles e pelo presidente: fim da corrupção, reforma da Previdência, aprovação das medidas anti-crime do Sérgio Moro e do saneamento econômico promovido por Paulo Guedes. Ou tudo isso só é conseguido à custa de um povo ignorante e alienado? Pelo menos certos países como Canadá, Cingapura, Coréia do Sul, Japão (para não citar países comunistas ou influenciados pelo marxismo) provam o contrário. 

O ato virou pretexto para os manifestantes do dia 30 chamarem os bolsonaristas de inimigos da educação

Liverpool no céu (e Neymar no inferno)

Enquanto o craque mais leviano e inconsequente dos últimos tempos, Neymar, está enfrentando uma acusação de estupro, feita por uma suposta chantagista, alguns de seus colegas da Seleção Brasileira, o goleiro Alisson e o atacante Roberto Firmino (mais Fabinho, que infelizmente não foi convocado por Tite) estão comemorando um título junto com seus colegas do Liverpool. Não é qualquer coisa: é o título da UEFA Champions League. 

O time do Liverpool faturou a taça mais cobiçada do futebol, graças a Alisson (centro)

Foi uma final inglesa, contra o surpreendente time do Tottenham, que nunca chegou tão longe na competição mais badalada do mundo futebolístico. Houve um pênalti questionável cobrado e convertido pelo astro dos Reds, o egípcio Salah, bem no início do primeiro tempo, mas o destaque, até o intervalo, foi a aparição de uma mulher de maiô, tentando "promover" o site do namorado. 

A bela loira de maiô foi o destaque do jogo no primeiro tempo (Sérgio Perez/Reuters)

No segundo tempo, o Tottenham foi perigoso e exigiu bastante da defesa do time vermelho, principalmente do goleiro brasileiro, considerado o melhor do jogo junto com o defensor Virgil van Dijk. Um dos que fez Alisson trabalhar foi o compatriota Lucas Moura, ex-São Paulo e ex-PSG. Só no fim da partida o Liverpool conseguiu acabar com as esperanças do rival de branco: Origi, que substituiu Firmino no segundo tempo, fez o segundo gol. 

Foi a consagração de um time longe de ser o mais badalado do mundo, mas com um dos técnicos mais prestigiados, o alemão Jürgen Klopp. O Liverpool quase conseguiu no ano passado, mas foi impedido por Sérgio Ramos, que machucou Salah, e pelo antigo goleiro, o alemão Karius, dispensado pelo clube para dar lugar ao ex-goleiro do Inter de Porto Alegre. 

Tanto ele quanto Firmino ainda não se apresentaram à Seleção, pois estão comemorando a conquista. Para eles, o ano não está perdido, mesmo se não conseguirem a Copa América. Já Neymar...