terça-feira, 4 de junho de 2019

Da série 'Energias renováveis no Brasil', parte 5 (final)

Este blog escreveu sobre as energias renováveis com potencial para sustentar o Brasil e contribuir para a diminuição da dependência em relação às fontes esgotáveis, como carvão e petróleo. Mas nem todas as formas presentes são viáveis. 

Um exemplo é a energia geotérmica. O Brasil está no meio de uma placa tectônica, e seu território, embora imenso, não está próximo de nenhuma grande falha geológica. Isso é bom em termos de segurança para a população, pois falhas geológicas são constantes fontes de terremotos, além de serem locais onde se concentram os vulcões. Por outro lado, não é possível extrair energia a partir do calor emanado dessas regiões. Existem fontes termais isoladas, usadas como atrações turísticas, mas não próprias para exploração energética. Em outros países, o vapor subterrâneo é usado para movimentar turbinas para a produção de eletricidade, mas à custa de alto investimento e o risco de liberação de sulfeto de hidrogênio, um gás tóxico e corrosivo. Isto talvez não compense a independência em relação ao clima, ao contrário das energias hidrelétrica, eólica e fotovoltaica (a de biomassa também, embora indiretamente, por depender do crescimento de plantas). 

Outro tipo de energia com baixo potencial de desenvolvimento por aqui é a das marés, ou maremotriz. O Brasil possui baixa diferença no nível das marés, ao contrário de países como o Canadá. Aproveita-se a vazão enquanto o nível do mar vai baixando, na transição entre a maré alta e a baixa, para o funcionamento de turbinas semelhantes às usadas nas usinas hidrelétricas. Este tipo de energia exige elevados investimentos para construir usinas com suficiente capacidade de armazenamento de água, e equipadas para suportar a salinidade. Ainda não existem usinas maremotrizes no nosso país. 

Os mares também são aproveitáveis para outras fontes de energia, a das ondas (ondomotriz) e a térmica. No primeiro caso, aproveita-se o poder das ondas para o funcionamento das turbinas produtoras de eletricidade, e no segundo caso, utiliza-se a diferença térmica entre a superfície e o fundo do mar, significativamente mais frio. Teoricamente, estas formas são mais favoráveis para a exploração no Brasil se comparadas à energia maremotriz, mas também exigem altos investimentos para as usinas poderem suportar os movimentos (pouco previsíveis) do mar e os efeitos do sal. Existem estudos e até pequenas usinas experimentais, como a do porto de Pecém, no Ceará. Esta construção é pioneira na América Latina, mas ainda está em fase de construção, apesar do início das obras no longínquo 2012. Espera-se gerar 100 kW, sendo portanto um projeto educacional e não parte da malha energética. As obras foram bancadas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

A usina de ondas de Pecém é um projeto experimental construído com tecnologia essencialmente brasileira; ela possui braços de 22 m, e está próxima de grandes usinas termelétricas (Divulgação)

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