sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A parca repercussão das Paralimpíadas 2012

Nos portais e nos jornais ainda se dá muito pouco espaço aos Jogos Paralímpicos, onde atletas mostram como eles conseguem driblar suas limitações físicas e, muitas vezes, intelectuais.

Há realmente muito pouco destaque. No Uol, há mais espaço para notícias fúteis, como aquela do pastor que cheirou a Bíblia, ou do Camaro novo da dupla sertaneja Munhoz e Mariano. O portal iG dá destaque aos pitacos da Luana Piovani. E ambas falam do que o Justin Bieber anda fazendo, divulgando seu filme (vaiado no festival de Veneza, onde os considerados melhores levam o cobiçado prêmio Leão de Ouro) e sua foto no Twitter portando uma pistola. Belos exemplos.

Tirando isso, na parte de esportes o futebol domina, com destaque para a "novela" envolvendo Paulo Henrique Ganso no Santos, e as especulações sobre sua possível saída do elenco. Também se fala muito do Campeonato Brasileiro.

Enquanto isso, o André Brasil, nadador paralímpico, conquistou a segunda medalha de ouro para o Brasil. Vão superar e muito as três ganhas pela delegação olímpica brasileira. E olhe que a performance da delegação paralímpica nem é tão espetacular. No momento, os chineses vão faturando 13 ouros.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Paralimpíadas 2012 - O Brasil começa relativamente bem

Começo uma série sobre o evento esportivo mais importante para atletas com limitações físicas, as Paralimpíadas (antes chamadas de Paraolimpíadas).

Já há algum tempo os atletas paralímpicos conseguem mais medalhas do que os seus colegas sem deficiências. No primeiro dia de competições, os brasileiros já ganharam medalha. 

Primeiro, vou abordar a medalha de bronze no judô, um esporte que sempre reserva boas surpresas. Michele Ferreira, na categoria até 52 kg. Ela já havia ganho um bronze em Pequim, e voltou a ganhar uma medalha da mesma cor agora. Nem precisou lutar, pois a francesa Sandrine Martinet se machucou. Michele Ferreira tem apenas 15% da visão, sendo praticamente cega. Ela treina intensamente com atletas que possuem visão normal. 

A natação mostrou mais bons exemplos: na categoria S10, com menor grau de limitação física, André Brasil ganhou a prata nos 200 m medley

Last but not least, um termo comum no local das Paralimpíadas deste ano (mais usado por lá do que nos EUA), mais um atleta brasileiro fatuou uma medalha. De ouro. É o nadador Daniel Dias, que conquistou o alto do pódio ao disputar os 50 m categoria S5, com grau médio de deficiência (ele não tem o antebraço direito). Dias já havia ganho um ouro em Pequim, e voltou a ser o melhor hoje. Clodoaldo Silva, maior medalhista paralímpico, competiu na mesma prova e ficou em quinto lugar.

Daniel Dias é um exemplo para os outros atletas - e para todos nós




César Peluso vai mesmo se despedir

O ex-presidente do STF, e seu membro mais velho, Cezar Peluso, votou pela condenação de João Paulo Cunha e dos responsáveis pelo "valerioduto", ou seja, Marcos Valério e seus sócios. 

É uma de suas últimas participações no Supremo. No próximo dia 3, ele é obrigado a se aposentar, por força da lei, pois vai completar 70 anos. É lamentável, pois uma pessoa dessa idade tem muita vitalidade ainda e conta com bastante experiência, mas assim diz a Constituição. (Lamentável também é o direito ao valor integral do salário durante a aposentadoria, privilégio negado à maioria da população, mas isso são outros quinhentos...). 

Cezar Peluso pendura a toga no começo do mês que vem e não vai julgar os outros mensaleiros

Peluso mostrou que idade não significa decrepitude, quando desmontou a farsa montada pela defesa, que queria a condenação por "caixa 2", como se isso também não fosse um ataque ao NOSSO DINHEIRO (só porque a pena é mais leve e implicaria em novo julgamento, pela Justiça Eleitoral). Leia aqui a matéria sobre isso.

Os ministros que ainda faltavam votar, com exceção do presidente Carlos Ayres Britto, também contribuíram para condenar os réus.

Outros figurões do mensalão não serão julgados por Peluso. Com isso, o perigo de um empate é considerável. E dois dos réus são peças-chave do esquema: o "chefão" José Dirceu e o "delator" Roberto Jefferson. 



P.S.: Com a condenação, João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara que favoreceu o esquema de mensalão, ficará inelegível até 2026. Ele certamente terá que renunciar à sua candidatura à prefeitura de Osasco (imaginem um prefeito de uma cidade tão grande com uma ficha tão suja, não tanto quanto a do Maluf...). E Marcos Valério vai para a cadeia (não se sabe exatamente por quanto tempo, embora Peluso estipulasse a pena em 16 anos de reclusão).

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O STF começa a votar para valer

Agora os outros 9 membros do STF estão começando a votar pela condenação ou absolvição dos réus, acusados de pilhar o suado dinheiro do povo. Joaquim Barbosa, relator do processo, e Ricardo Lewandowski, o revisor, já deram seus veredictos.

Já há maioria simples na condenação de Marcus Valério e seus sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz. Os seis ministros que votaram consideraram os três culpados por corrupção ativa e peculato, isto é, o chamado "valerioduto" para financiar a campanha dos mensaleiros. A decisão ainda não é definitiva porque Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello, César Peluso e o atual presidente Carlos Ayres Brito ainda não votaram, enquanto Luís Fux, Carmem Lúcia, Rosa Weber e Dias Toffoli (até ele, apontado como advogado do PT) se juntaram a Joaquim Barbosa, o relator, foram contra Valério e Cia. O revisor Ricardo Lewandowski acabou também por votar a favor da condenação, apesar das rusgas contra o colega redator do caso.

O ex-diretor de marketing do BB, Henrique Pizzolato, acusado de corrupção passiva por aceitar R$ 326 mil do valerioduto, também deve ser condenado, caso não haja mudanças de votos.

Já Luiz Gushiken, atualmente fora da política, mas acusado de favorecer o esquema do mensalão durante sua gestão como ministro da Secom (Secretaria da Comunicação), foi inocentado, considerando os votos dados até agora. Nenhum dos 6 ministros o considerou culpado, pelo menos não até o momento.

Neil Armstrong (1930-2012)

Neil Armstrong, conhecido como o primeiro homem a pisar na Lua, faleceu anteontem aos 82 anos.

Neil Armstrong entrou para a História no dia 20 de julho de 1969. Desde então ele foi considerado um herói para o povo americano (Foto: Reprodução/NASA)

Ele foi o comandante da Apollo 11, em julho de 1969, durante a corrida espacial entre os dois grandes protagonistas da Guerra Fria: os EUA e a URSS. Os soviéticos haviam lançado o primeiro satélite artificial em 1957 (o Sputnik), e isso motivou os americanos a tentarem algo mais ousado. O Projeto Mercury, elaborado dois anos depois, preparou o terreno para uma viagem tripulada para o nosso satélite natural. Muitas missões não-tripuladas foram feitas, antes de lançar algum ser vivo (macacos) ao espaço. Armstrong, Edward "Buzz" Aldrin e Michael Collins foram os três ocupantes da Apollo 11, lançada no dia 16 de julho. Quatro dias depois, a nave pousou em solo lunar, Armstrong e Aldrin desceram e fincaram a bandeira norte-americana. Na ocasião, foi dita a frase "That's one small step for a man, one giant leap for mankind" ("Um pequeno passo para um homem, um grande salto para a humanidade"). 

O evento foi muito comemorado pelos americanos, sendo um marco no desenvolvimento da tecnologia espacial, e uma vitória nacional contra os inimigos soviéticos. 

O trio voltou no dia 24 de julho, sendo resgatado próxmo à costa do Hawaíi, no Pacífico. 

Depois da aventura, Neil Armstrong, homem reservado, limitou-se a fazer algumas aparições públicas e conferências, exaltando a importância do evento para a tecnologia e o conhecimento humanos e evitando polêmicas com aqueles que não acreditavam nos feitos do trio da Apollo 11. Só voltou a ser notícia quando teve de fazer uma cirurgia de emergência para desentupir artérias cardíacas, no último dia 7. Ele não resistiu.

A partir de então, outras viagens à companheira-mor do nosso planeta foram feitas. E novas missões tripuladas para fora do nosso mundo, também. 


P.S.: Até hoje muito se questiona se eles realmente realizaram a façanha. Apontam supostas correntes de ar durante as filmagens na Lua, diferenças no tamanho da Terra vista da Lua segundo fotos tiradas de lá, entre outros indícios. As tecnologias para modulação (câmeras), transmissão (satélites) e recepção (aparelhos de TV) não podiam nem ser comparadas às atuais. No entanto, muitos apontam que a transmissão de vídeo e áudio entre os astronautas e a equipe de monitoramento foi feita em tempo real (isso segundo algumas fontes). A baixa qualidade das imagens, para facilitar as transmissões à Terra, contribui para a polêmica.

No entanto, é difícil confiar piamente em qualquer uma das versões, contaminadas pelo viés ideológico. Muitas das vozes contrastantes foram influenciadas por diversas "teorias de conspiração", mais ou menos distanciadas da realidade e próximas da fofoca ou do anti-americanismo, enquanto, por outro lado, a "conquista da Lua" foi marcada, como é compreensível, por maciça propaganda. E o marketing tem um talento especial para exagerar ou mitificar um feito.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A campanha municipal começa de verdade

Desde ontem, os brasileiros precisam aguentar assistir uma hora diária de horário eleitoral, sem falar nos intermináveis reclames dos candidatos à prefeitura e às vagas nas câmaras municipais. 

Isso é o preço da democracia, muito mais barato do que um regime ditatorial onde não há eleições, ou elas são fraudadas por quem está no poder. Também é possível, ainda que de forma pouco transparente, analisar as propostas de cada candidato. 

Aqui em São Paulo, onde os candidatos não vêm agradando a quem quer ver a cidade avançar de verdade, é uma tarefa um tanto árdua. O candidato do PT Fernando Haddad apareceu ao lado do padrinho Lula. Michel Temer, vice-presidente, apareceu no programa do PMDB, cujo candidato é Gabriel Chalita. José Serra não apareceu ao lado de FHC, mas fez algo ainda mais arriscado: mostrou sua relação com o atual prefeito, Gilberto Kassab. O tucano ainda foi alvo de críticas, particularmente de Haddad, o qual lembrou a gestão de Serra entre 2005 e 2006, encurtada pela candidatura à Presidência da República. 

Mais divertido foi ver alguns candidatos a vereador, ontem. Marcelinho Carioca, Kiko do KLB, Marquito (programa do Ratinho), etc. Divertido, mas preocupante: muitas figuras seguem o exemplo de Tiririca, tornando a coisa excessivamente histriônica, para não dizer uma autêntica palhaçada. E votar em um vereador decente é tão importante quanto em um prefeito capacitado. 

A campanha vai se estender até o dia 7 de outubro, pelo menos. Depois algumas cidades terão segundo turno. São Paulo tem chances totais disso acontecer. 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Ele reza a cartilha

O presidente da Rússia Vladimir Putin foi alvo do grupo de rock Pussy Riot, formado apenas por mulheres, e só por isso foi condenado a 2 anos de prisão. 

Não importa se o gosto da música é para lá de duvidoso, como se nota aqui. Na canção, elas ridicularizam a Igreja Ortodoxa Russa, acusada de temer mais ao presidente russo do que a Deus, e fazem a paródia de uma canção. 

Alguns podem alegar que 2 anos é uma pena leve. Nem se fossem 2 semanas. 

Com este episódio, o atual governo russo confirma a tradição de seus antecessores, de ódio à soberania do povo e à liberdade. A Rússia jamais teve uma democracia de verdade, e isso é mais uma prova. Ainda mais se considerarmos que eles apoiam tiranias como a da Coréia da Norte e da Síria. 

Desse jeito não será a Virgem Maria que vai levar Putin, e sim aquele sujeito de muitos nomes.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O novo pacote para a macroeconomia

Dilma anuncia investimentos para fazer uma 'faxina' na precária infra-estrutura brasileira (Agênicia Brasil, pelo portal do Correio Brasiliense)

Enquanto alguns dos seus correligionários está às voltas com o julgamento do Mensalão e outros aliados seus estão ainda sob suspeita por participarem do esquema de Carlinhos Cachoeira, a presidentA Dilma resolvou fazer algo a favor do nosso país, ao contrário dos citados senhores. 

O plano chama-se Plano de Investimentos e Logística, cujas metas são: 

- melhorar os investimentos em ferrovias e rodovias; 
- mehorar a logística de transporte, por meio da criação da Empresa de Planejamento em Logística (EPL); 
- investir na construção do Ferroanel, para desviar o transporte de cargas de São Paulo e facilitar a vinda de produtos para o Porto de Santos;
- nos próximos passos, a meta é atingir também portos e aeroportos,

 Parte das rodovias e ferrovias federais será concedida para a iniciativa privada. As rodovias a serem concedidas (e não "privatizadas", segundo Dilma) são, entre outras, a BR-153, chamada de Transbrasiliana, entre Anápolis (GO) e Palmas (TO), e a BR-116, no trecho mineiro. Serão investidos R$ 42 bilhões.

Os investimentos em ferrovias serão ainda mais polpudos: R$ 91 milhões, e isso é bom, porque nosso sistema ferroviário é precaríssimo. Além do Ferroanel, haverá melhorias também nas estradas de ferro que ligam São Paulo ao porto de Santos, Belo Horizonte a Salvador, Salvador a Recife, Rio de Janeiro a Vitória, Uruaçu (GO) a Campos (RJ).  

Isto é necessário, mas por si só não é suficiente, pois precisamos fazer, além disso, outras reformas, como a fiscal e a tributária, para estimular realmente a economia e colocar o Brasil no lugar em que ele merece. E, é claro, é preciso melhorar, e muito, a educação pública: a maior parte das escolas apresentaram péssimas notas, segundo avaliação do Ideb. 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Defesa de Jefferson confirma a denúncia

Durante depoimento, o advogado de defesa de Roberto Jefferson, Luiz Fernando Corrêa Barbosa, diz que Lula não só sabia como foi o mandante do esquema conhecido como mensalão, em 2005. 

Luiz Fernando Corrêa Barbosa, advogado de Roberto Jefferson, o delator do mensalão

Ele aproveitou para criticar o procurador Roberto Gurgel por não chamar o ex-presidente para depor.

Por outro lado, ele não chama o mensalão pelo nome; dizendo que é um sofisticado esquema de caixa 2. Manobra para fazer seu cliente pegar uma pena mais leve. 

NÃO É um simples caixa 2. E mesmo se fosse, é crime eleitoral grave. Roubo do NOSSO DINHEIRO, mesmo assim. Como era esperado, eles usam sagazmente a lei para escaparem das punições.

Enquanto a defesa dos mensaleiros continua a afrontar a inteligência do STF - e a nossa - devemos nos lembrar do ano em que estamos. As eleições municipais serão mais uma chance para escolhermos quem não se apropria do dinheiro público. Precisamos mostrar quem manda no país: nós, membros da sociedade civil, ou os gatunos que se dizem representantes da nação.

domingo, 12 de agosto de 2012

Olimpíadas 2012 - Agora é com o Rio

Londres cumpriu sua missão com louvor e foi palco de uma das Olimpíadas mais inesquecíveis da História. Na cerimônia de encerramento, que chegou à proeza de ser melhor do que a abertura, o prefeito Eduardo Paes, do Rio, recebeu a bandeira olímpica, para assumir a enorme responsabilidade de fazer os "melhores Jogos Olímpicos da História", como chegou a proclamar a presidentA Dilma (quando as obras para as Olimpíadas ainda estão patinando). 

A tarefa não vai ser nada fácil: superar Londres em matéria de organizar os Jogos (AP)

Já chegou a hora do Rio de Janeiro começar a acelerar as obras. Mas como a prioridade, no momento, é a Copa do Mundo, há motivos sérios para preocupação, ainda mais se considerarmos os atrasos nas obras da própria Copa. 

Com razão, muitos vão achar que tanto a Copa quanto as Olimpíadas terão impacto devastador nas finanças do país, acostumado a fazer obras muitíssimo mais caras do que as previstas. Superfaturamento é pouco para definir o que se faz aqui. O termo mais adequado é roubalheira

Não vai adiantar o COB querer fazer do Brasil uma potência olímpica, ainda mais com um prazo tão curto, se a organização dos Jogos não for decente. O Rio jamais vai alcançar a pontualidade de Londres, e tampouco o sistema de transportes e alojamentos será tão eficiente quanto o da capital inglesa. Rezar para São Judas Tadeu, Santa Edwiges ou Santa Rita de Cássia também será inútil. A tarefa é demais até para eles. 

E a questão das festas de abertura e encerramento? Nesse quesito também o Rio vai ter de se esforçar muito. Na cerimônia que põs fim aos Jogos, Londres investiu na cultura pop, com The Who, Liam Gallagher, Queen, Spice Girls, Stomp, Muse, Eric Idle (dos mestres do humor Monty Python), e "trouxe" John Lennon para cantar, 32 anos depois de seu assassinato por um fã enlouquecido. Freddie Mercury também "apareceu" após morrer de AIDS em 1991. O Rio até trouxe uma amostra do que pode fazer, na cerimônia de encerramento, e como era até esperado trouxe um Brasil literalmente para inglês ver. Samba, índios, Iemanjá, Carnaval. Bonito, sim, mas bem estereotipado. Ah, e o rei Pelé, representante do esporte que nunca trouxe ouro para o Brasil, apareceu, para ser ovacionado no estádio olímpico. 

Eduardo Paes e seu sucessor na prefeitura do Rio, assim como o COB, terão muito o que fazer a partir daí. Enquanto isso, o mundo e o Brasil voltam à realidade. The dream is over, como disse John Lennon. 

Olimpíadas 2012 - A maratona e o show de basquete

A maratona é o clímax dos Jogos Olímpicos e, mesmo que o Brasil, com Marílson dos Santos, Paulo Roberto e Frank Caldeira, não seja uma referência nesta modalidade, merece destaque por aqui. 

Como muitas vezes ocorre, os africanos dominaram a mais longa das corridas. Mas não foram os quenianos e sim um ugandense, Stephen Kiprotich, o herói de seu país, ganhador da primeira e única medalha - e ainda por cima de ouro - de Uganda, outro país da África, próximo ao chamado "Chifre" do continente, onde estão os vizinhos Etiópia e Quênia. 

O vencedor da maratona não é do Quênia (Daniel Garcia/AFP)

Uma das últimas finais desta olimpíada foi a do basquete masculino, com o espetacular "Dream Team" enfrentando a Espanha. Foi uma final digna de ser chamada assim, com os espanhóis dificultando ao máximo a vida dos americanos. A disputa foi mais equilibrada do que se pensava. Apesar da derrota, os espanhóis fizeram 100 pontos, apenas 7 a menos do que as atuais referências do basquete mundial. Uma prata quase com valor de ouro, ao contrário daquelas ganhas em Wembley. 

Olimpíadas 2012 - Duas medalhas inesperadas no final

No último dia das competições, o Brasil conquistou duas medalhas. Isso recai na velha história da notícia boa e da ruim. 

E como é costume, primeiro vou contar a ruim: o time de Bernardinho perdeu o ouro, a cor esperada, e veio a prata. O resultado contra a fortíssima seleção russa não seria lamentável, se o Brasil não estivesse a ponto de fechar o jogo: 23 a 20 no terceiro set; os russos estavam desesperados, mas não entregues. Era deles a pressão, pois a Rússia não ganhava ouro desde que se tornou um país separado das outras repúblicas ex-soviéticas. E enquanto Bernardinho colocava o já rodado Giba para tentar administrar o resultado, a mudança de postura dos gigantes (o craque Dmitri Muserskly, por exemplo, tem 2,18 m) surtiu efeito e eles salvaram o set perdido. A partir daí, quem se deu mal foi o Brasil, que chegou a ficar atrás em 7 pontos (22 a 15), conseguiu esboçar uma reação mas ela era muito difícil: 25 a 22. O quinto set foi relativamente fácil para os russos, que estavam animados enquanto os brasileiros estavam apáticos: 15 a 9 no tie-break, e uma medalha de prata que ninguém queria. Pelo menos não tem gosto de ferro enferrujado pois o adversário não era o México ou qualquer outro país sem muita tradição esportiva. 

Os russos não facilitaram e eles vingaram as compatriotas, eliminadas pelas brasileiras nas quartas-de-final; enquanto isso, o time de Giba, Bruninho e Ricardinho lamenta mais um ouro perdido (AFP)

A notícia boa veio depois: Yane Marques salvou o atletismo brasileiro do vazio ao conquistar medalha de bronze numa das modalidades esportivas mais difíceis, o pentatlo moderno, uma combinação de esgrima, natação, hipismo, tiro e corrida. Essa é uma modalidade pouco conhecida por aqui. O fato dela só perder da número 1, a lituana Laura Asadauskaite, e da representante local Samantha Murray, é muito significativo para um país que precisa valorizar mais os esportes e não só o futebol e o vôlei. 

Até a suada apresentação de Yane Marques, o Brasil não sabia o que era ganhar alguma coisa no pentatlo moderno (Darren Staples/Reuters)

Com essas duas medalhas, o Brasil passou a ter 17, o maior número da história olímpica. Mas o fato de apenas 3 serem de ouro confirma a fama do maior país do Hemisfério Sul ser um anão olímpico. Muito se cobra e pouco se faz para isso mudar. As Olimpíadas do Rio não serão um prodígio para o Brasil e parecem ser mais uma fonte de problemas e aborrecimentos do que de medalhas. Mas só veremos isso se confirmar (ou ser desmentido) em 2016. 

sábado, 11 de agosto de 2012

Olimpíadas 2012 - Uma prata que não é de ferro

Esquiva Falcão foi a esperança de um histórico ouro no boxe olímpico e, na sua frente, havia o seu arqui-rival, Ryota Murata, um japonês 5 anos mais velho (27 contra 22 anos) e mais experimentado. 

 Esquiva Falcão (o de vermelho) mostrou que não foi para Londres a passeio. Mesmo assim, o japonês venceu por apenas um ponto (Bruno Santos/Terra)

O capixaba bem que tentou, foi para cima do adversário, mas ele se defendia bem. Em decisão polêmica, houve a vitória por 14 a 13. Um ponto apenas, a favor de Murata. O brasileiro foi punido com uma falta, e uma outra cometida pelo japonês não foi considerada pelo juíz.

Pelo menos, a prata o consagrou como o maior boxeador olímpico brasileiro da História, e seu estilo de luta o habilita para ganhar um ouro em 2016, quando ele certamente terá mais experiência e, com a prata de hoje, mais condições financeiras (espera-se). O esforço dele foi válido, ainda mais considerando as precárias condições do boxe nacional, a falta de patrocínio dos lutadores, a polêmica administração da Confederação Brasileira de Boxe, a CBBoxe, alvo de ataques dos críticos e dos atletas, inclusive a pugilista medalha de bronze Adriana Araújo. 

Olimpíadas 2012 - O jamaicano não se cansa de ganhar

No revezamento 4 x 100 m masculino, a equipe jamaicana deu um show e não só o semi-lendário Usain Bolt brilhou: seus companheiros foram também responsáveis não só pelo ouro mas também pela quebra do recorde olímpico, conquistado pelos próprios jamaicanos em Pequim: 36s84 contra 37s10. Os americanos se esforçaram para superar o recorde olímpico, mas tiveram de se contentar com a prata. 

O 'rei de Londres' ganhando mais uma (AP)

Esta foi a sexta medalha de ouro da carreira do jamaicano, e a terceira na capital  britânica.

Os canadenses foram desclassificados na prova, marcando a participação decepcionante do país nas Olimpíadas (ganharam ouro só na ginástica de trampolim, mas em compensação levaram um número considerável de medalhas de bronze, até mais que o Brasil: 12 contra 8). O bronze do revezamento acabou ficando para a equipe de Trinidad e Tobago.

Olimpíadas 2012 - Bicampeãs!

Elas estavam desacreditadas na primeira fase, pegaram um grupo difícil, perderam partidas importantes, quase não passaram e ainda tiveram de enfrentar nada menos que a temível seleção russa, numa partida desgastante e sofrida. Depois de uma semifinal mais tranquila, contra as japonesas, encontraram-se com um time que já as derrotou, por 3 sets a 1 na primeira fase.

Por outro lado, o time rival tinha um retrospecto muito mais confortável, perdendo apenas 2 sets e vencendo todos os jogos. Estavam no mesmo grupo das rivais da grande final, derrotaram-nas pelo placar acima e depois de uma semifinal sem tropeços contra as coreanas, ficaram com o favoritismo, que parecia se confirmar no primeiro set, quando venceram facilmente por incríveis 25 a 11, algo difícil de digerir para qualquer time. 

Os times em questão foram, respectivamente, as brasileiras e as norte-americanas. Foram as brasileiras que tiveram de sofrer e superar principalmente o nervosismo para avançarem. E foram elas que começaram mal o jogo das finais hoje.

No segundo set, após o referido desastre no começo, foi tudo diferente. Depois de um certo equilíbrio, as brasileiras colocaram os nervos no lugar e se acertaram, fechando o segundo set com facilidade em 25 a 17. 

O sempre forte time americano sentiu o golpe e elas trataram de tentar a reação. As brasileiras não deixaram: o terceiro set fechou em 25 a 20. 

Já o quarto set, sempre difícil para as verde-amarelas, foi um teste de nervos. Mais para a torcida do que para Fabiana, Fernandinha, Fernanda Garay, Paula Pequeno, Sheila, Jaqueline e outras. Elas tomaram conta do jogo, apesar de alguns erros, e fecharam o set - e o jogo em 25 a 17. 

Repetiu-se Pequim, inclusive no placar: 3 sets a 1. 

As meninas do vôlei, lideradas por José Roberto Guimarães, conquistaram um bicampeonato inédito. Após o vôlei feminino ganhar o ouro pela primeira vez na capital chinesa, a dose repetiu-se. Mérito, também, do técnico Zé Roberto, comandando a terceira equipe a vencer uma final em Jogos: primeiro, foi em 1992, comandando o time masculino em Barcelona, e as outras duas foram com o feminino.

Elas, mais o técnico, mostraram garra e competência. Foi o que faltou nas seleções de futebol. 

A comemoração: jogadoras do vôlei brasileiro compensaram a frustração provocada pela Seleção de Mano (Marcelo del Pozo/Reuters)

Olimpíadas 2012 - A maldição ganha força, e Fabiana Murer pode respirar aliviada

 E a zebra riu em Wembley: "Gold for Brazilian soccer?? HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!"

A representante brasileira do salto com vara que praticamente abandonou a competição por "medo do vento" deixou de ser o maior alvo das piadas e das críticas feitas pela torcida, pois a seleção brasileira de futebol tinha tudo para ganhar o ouro olímpico, e viu seu sonho ser adiado para o Rio 2016. 

Havia um grande estímulo (em dinheiro) para as medalhas: R$ 180 mil para cada um, cedidos pela CBF. Caso ficasse na prata, eles não veriam a cor desse dinheiro. 

E a Seleção não mereceria ser alvo dessas piadas se o adversário fosse uma Espanha ou uma Grã-Bretanha. Se fosse a França, a fama de fregueses deles ia se solidificar, mas não seria tão vergonhoso. Nem se o adversário fosse a Argentina, nossos hermanos e arqui-rivais. Mas o adversário foi o México, que nunca ganhou medalha alguma no futebol, nem mesmo quando o país sediou uma Olimpíada, em 1968 (ficaram em quarto lugar, melhor colocação desde então). 

Para tornar a piada ainda mais engraçada, os mexicanos fizeram um gol relâmpago aos 28s, de Peralta, graças a uma falha incrível de Rafael Silva, considerado o arquivilão do jogo. O Brasil sentiu o golpe e custou a se acertar em campo. Só depois da entrada de Hulk é que houve maior eficiência nas finalizações, infelizmente não convertidas em gol. 

No segundo tempo, os verde-amarelos atacavam e os mexicanos só se defendiam. Peralta voltou a marcar aos 24 min., mas estava impedido. Nova ofensiva mexicana, porém, resultou em um gol, para desespero dos brasileiros. Somente nos acréscimos Hulk descontou e fez o gol de honra, que a esta altura seria insuficiente para cobrir a desonra. O resultado foi uma das maiores e mais vexatórias ZEBRAS da história olímpica do futebol.

Com isso, o cargo de Mano Meneses está ameaçado, os jogadores vão ganhar uma prata com gosto de ferro (enferrujado) e o sonho do ouro continua a ser um suplício de Tântalo. Azar deles, e da CBF.

Certamente vão dizer que o mundo vai acabar antes que a Seleção ganhe uma única medalha de ouro olímpica. Se os catastrofistas estiverem errados, e Mano Menezes, José Maria Marin, Neymar, Rafael, João Havelange, Ricardo Teixeira não serem aniquilados junto com o resto da humanidade no tal dia 21 de dezembro de 2012, os canarinhos ainda vão tentar no Rio de Janeiro em 2016, mas a cobrança será maior. MUITO maior.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Olimpíadas 2012 - Mais atletas na final

Se Adriana Araújo já fez história nas Olimpíadas, Esquiva Falcão fez ainda mais: vai para as finais do boxe, algo nunca visto antes na história deste país, parafraseando o Ali Babá dos 40, aliás, 38 ladrões do Mensalão. 

Esquiva Falcão tornou-se o maior boxeador da história olímpica brasileira (Jack Guez/AFP)

Para chegar à final inédita, o capixaba enfrentou o britânico Anthony Ogogo, e chegou a derrubá-lo. Somente o japonês Ryota Murata está no caminho dele para o ouro. Murata é o arqui-rival do brasileiro, e já o derrotou. Agora Falcão terá sua revanche. E isso tudo porque ele, como a maioria dos atletas, sofre com a falta de patrocínio. Imagine se ele recebesse a mesma verba do César Cielo.

Outros que não queriam só o bronze passaram às finais e vão disputar o ouro, mas isso não é surpresa: o vôlei masculino passeou na disputa com a Itália, uma das seleções mais fortes, e lhes impõs um placar de 3 sets a 0, com parciais de 25-21, 25-12 e 25-21. No segundo set, a Itália sofreu um apagão na quadra e os brasileiros não perdoaram. Os outros dois foram mais equilibrados. 

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Olimpíadas 2012 - Duas medalhas no vôlei de praia...

... nenhuma delas de ouro. Este é o saldo do Brasil, o inventor da modalidade na década de 1950.

Parabéns a Alison e Emanuel pela conquista. Só é preciso acalmar a torcida, inconformada por eles terem perdido a final para dois alemães. E a Alemanha só tem litoral no gelado Mar do Norte e no ainda pior Mar Báltico. Contudo, a dupla alemã Brink e Reckermann estava se preparando duramente para estas competições. E o resultado dessa dedicação traduziu-se na medalha de ouro.

 Alison (à esq., jogando contra Reckermann) foi o parceiro de Emanuel, medalha de ouro em Atenas em 2004

Embora seja um grande resultado para o Brasil se compararmos com o pífio desempenho em Pequim - um bronze para Juliana e Larissa e agora uma prata para a dupla masculina, foi mais um revés para o COB e para os patrocinadores brasileiros, que gostam de se promover às custas dos atletas. 

Pelo menos, o Brasil parou de ganhar bronze. Que o diga Diogo Silva, do taekwondo, medalha de ouro no Pan de 2007, que não ganhou o seu na disputa pelo terceiro lugar. Mas ele também é um dos que ainda continuam a ser pouco beneficiados por patrocínio. Ele tentou e lutou, e agora a disputa por medalha fica para 2016, no Rio.


P.S.: os EUA voltaram a ficar na frente do ranking, e uma das medalhas de ouro foram conquistadas pelas americanas, que estavam querendo devolver a derrota no Mundial de 2011 para as japonesas, e as venceram por 2 a 1, ganhando a terceira medalha de ouro seguida; a vantagem americana pode ampliar-se diante da China nos próximos dias, quando há as provas de atletismo e as finais no basquete e também no vôlei feminino (mas neste último caso isso depende das brasileiras, que vão disputar ouro com as sobrinhas de Uncle Sam).

Olimpíadas 2012 - Mais uma de Bolt - e das meninas do vôlei

Usain Bolt mostrou de novo o seu talento nos 200 m rasos e fez 19s32, depois de fazer 9s63 nos 100 m rasos. É a primeira vez que alguém vence as duas provas numa Olimpíada. Com isso, o jamaicano confirma seu nome na lista dos maiores do esporte, e também é um dos orgulhos nacionais de seu país ao lado do imortal Bob Marley.

Usain Bolt dá seu recado aos críticos (AP)

Na prova, outros dois jamaicanos também não deram chance e um deles, Yohan Blake, ainda tentou roubar a cena para pegar o ouro do compatriota, mas não conseguiu. 

Graças a Bolt, a Jamaica está agora com 3 ouros, portanto à frente do Brasil no quadro de medalhas. Outros países também estão à frente do nosso país, como Coréia do Norte (4 ouros), Irã (4 ouros), Nova Zelândia (3 ouros). Sem comentários...

Por falar em Brasil, as meninas do vôlei não deram chance para as japonesas e venceram fácil: 25-18, 25-15 e 25-18. Portanto, 3 sets a 0, num jogo que vale como aquecimento para a grande final contra as americanas. De novo, elas, como em Pequim. 

 Agora elas voltarão a ver as norte-americanas, que deram trabalho em 2008 - e não vão facilitar também em 2012 (Reuters)


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Olimpíadas 2012 - Larissa e Juliana levam medalha...

... e antes de bronze do que nenhuma. 

Elas brigaram devido à derrota na semifinal e parecem ter voltado às pazes na disputa pelo bronze (Getty Images)

Mais uma vez, houve sofrimento e elas ainda estavam sentindo bastante a derrota para as americanas Ross e Kessy por 2 sets a 1. 

Isso pôde ser notado no primeiro set, onde elas foram dominadas facilmente pelas chinesas Xue e Zhang. O placar ficou em 11 a 21. 

No segundo set, houve um certo equilíbrio, mas as chinesas passaram a colocar a mão na medalha quando fizeram 15 a 17. Houve a reação das brasileiras e elas fecharam o jogo por 21 a 19. 

A partir dai, quem passou a sofrer psicologicamente foram as chinesas, que estavam tão perto da medalha. E elas foram derrotadas no tie-break, por 15 a 12. 

Larissa e Juliana poderiam estar na final e rever Walsh e May, as suas arqui-rivais? Sim, mas elas assumiram os riscos e suaram o biquini para conquistar o que era possível. E conseguiram o bronze, um feito que merece respeito pela torcida, ainda mais porque em Pequim o vôlei de praia brasileiro ficou sem medalha. Agora são 7 medalhas vermelhas contra apenas 2 douradas e só 1 prateada. Isso vai certamente mudar, principalmente porque no vôlei de quadra masculino, o time comandado por Bernardinho despachou facilmente os argentinos, por 3 sets a 0, e também vão para as semifinais, enfrentar a Itália, que humilhou os americanos pelo mesmo placar, ou seja, 3 sets a 0.

P.S.: Adriana Araújo foi derrotada na semifinal, mas como no boxe estar nesta fase já rende medalha, ela ganhou o bronze. Foi a centésima medalha do Brasil numa Olimpíada, reflexo do nanismo esportivo do nosso país até agora. Para comparar, a China tem até o momento 76 medalhas só nestes Jogos (35 ouros, bem mais do que os 22 ouros de TODA a campanha olímpica brazuca).

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Olimpíadas 2012 - Maureen Maggi, Fabiana Murer, jóqueis...

Sem a mesma garra que demonstrou em 2008, quando ganhou o ouro em Pequim, Maureen Maggi não conseguiu saltar além de 6,37 m, longe de sua melhor marca, e nem sequer vai às finais.

Ela, como era esperado, pediu desculpas aos brasileiros pelo fracasso. Não é tão constrangedor quanto aquelas feitas pela equipe de hipismo: um dos cavalos, Maestro St. Lois, perdeu a ferradura e isso desencadeou uma série de erros - até mesmo Rodrigo Pessoa errou bastante e perdeu 5 dos 46 pontos da equipe - que culminaram no oitavo (e último) lugar dos brasileiros, antes acostumados a ficar sempre entre os medalhistas. A desculpa, de ferir os ouvidos, feita pelo montador do cavalo que perdeu a ferradura, José Reynoso: 

Falta incentivo no nosso esporte no Brasil. A cultura europeia é voltada ao cavalo. No Brasil, as pessoas têm um cachorro em casa. Aqui [em Londres] você vê cavalo nos terraços.

Foi pior do que culpar o vento, coisa feita por Fabiana Murer, durante as eliminatórias do salto com vara. Por sinal, outra das mais favorecidas pelos patrocinadores que volta para o Brasil sem nada, e com a fama de ser... "cabeça-de-vento".

Voltando ao hipismo, nada contra o incentivo a esse esporte, mas do jeito que foi colocado eles querem mamar no NOSSO DINHEIRO, como os mensaleiros, que receberam incentivo para votar a favor do governo em 2005, ou as organizações da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

Enquanto isso, a pugilista Adriana Araújo pode vir a ganhar ouro se vencer suas rivais na semifinal e depois na luta decisiva. O também pugilista Esquiva Falcão está na mesma. E eles nem sonham em ter o mesmo tratamento dos figurões da Olimpíada, que, com exceção de Alison e Emanuel, das seleções do vôlei de quadra (e da Seleção de futebol, que é um caso à parte), decepcionaram a torcida e ainda "choraram o leite derramado" como se isso rendesse medalha.

Olimpíadas 2012 - Agora só falta derrotar o México

Ninguém apostava muito no futebol masculino com Mano Meneses à frente. Ele chegou a ficar com a moral tão baixa quanto a de Lazaroni na Copa de 1990. Mas agora o caminho ficou fácil para o técnico da seleção calar (em parte) os críticos. 

Leandro Damião definiu o jogo que colocou o Brasil de volta a uma final olímpica (isso não acontecia desde 1988...) (Andrew Yates/AFP)

Eles tiveram de enfrentar a surpreendente Coréia do Sul nas semifinais. E mais uma vez não jogaram nada no primeiro tempo. Para sorte deles, os coreanos também foram apenas esforçados, e tudo o que conseguiram foi assustar um pouco a zaga. Após um início pavoroso, os brasileiros abriram o placar, aos 37 min., com jogada de Neymar, Oscar e Rômulo, que finalizou. 

No segundo tempo, com a maioria dos torcedores contra os canarinhos - e a favor do time asiático - o Brasil foi auxiliado de forma descarada pelo árbitro Pavel Kralovec, da República Tcheca, responsável por mandar seguir o jogo quando Kim Hyunsung sofreu uma falta dentro da área por Sandro. 

Desestabilizados, os sul-coreanos não foram páreo para a seleção de Mano. Leandro Damião brilhou e fez dois gols, para definir o jogo, aos 11 e 19 min. Depois, a partida ficou de novo desinteressante e Mano resolveu substituir Marcelo, o herói Damião e Juan. E o Brasil está a uma vitória da inédita medalha de ouro. E vai enfrentar o México, que derrotou o Japão por 3 a 1.

P.S.: A CBF, em seu apreço peculiar pela ética, anunciou R$ 180 mil para cada jogador se eles ganharam o ouro (e nada, se a medalha for de prata). Para atletas como Sarah Menezes e Arthur Zanetti, que sofreram com a falta de patrocínio e nem de longe ganham salários como os de Neymar e cia. (e mesmo assim já ganharam medalhas de ouro, coisa que ainda falta na seleção de futebol), seria um dinheirão. Este é o país do Mensalão, do dinheiro na cueca, dos sanguessugas, do roubo sistemático ao NOSSO DINHEIRO.

Olimpíadas 2012 - E as russas é que choraram

 O espírito olímpico voltou hoje e as meninas do vôlei estão de novo na briga pelo bicampeonato (UOL)

As meninas do vôlei já se cansaram de tanto chorar por causa da Rússia, a algoz dos Mundiais de 2006 e 2010 e, principalmente, da Olimpíada de 2004, quando as brasileiras perderam um jogo que aparentemente estava ganho e foram eliminadas da briga pelo ouro (em Atenas, ficaram apenas em quarto lugar, refletindo a falta de condições emocionais das jogadoras naquele momento). 

Pois elas enfrentaram as russas novamente, e logo no primeiro jogo "mata-mata". Quem perder iria para casa mais cedo. Para piorar a situação, a "carrasca" Ekaterina Gamova estava entre elas. Foi ela a maior responsável por todas as eliminações traumáticas do Brasil.  

E parecia que a sina ia repetir-se no primeiro set: 26 a 24. Mas no segundo set foi a vez das russas vacilarem e ficarem bem atrás no placar (18 a 11). O problema é que elas reagiram e a partida terminou em 22 a 25. O terceiro set mostrou uma atuação lamentável das brasileiras, que perderam por 25 a 19. No quarto e decisivo set, a equipe de José Roberto acordou aos poucos após começar com a mesma apatia - o que poderia significar novo revés - e acordaram com apetite para o tie-break: 22 a 25. No último set, novo drama: as russas ficaram a um ponto de fechar o jogo e causar a choradeira, agravada por um erro de arbitragem que reverteu um ponto que seria das brasileiras. No entanto, as russas tiveram seis match points salvos pelas brasileiras, algo parecido com o ocorrido em 2004 mas de forma inversa, e o inesperado (para o país europeu) foi a eliminação: 19 a 21. 

Gamova e as outras russas tiveram motivos para chorar e as ex-freguesas se vingaram mandando-as de volta para casa. 

Se as brasileiras mostrarem o mesmo espírito, desde que não cometam tantos erros para não merecerem o sofrimento de hoje, podem vir a se tornar bicampeãs. Nada mal para um time que começou de forma relativamente ruim estas Olimpíadas. 

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Os réus depõem

O STF ouve, hoje, o depoimento dos responsáveis pela milionária rapina feita com o NOSSO DINHEIRO. José Dirceu, Roberto Jefferson, José Genoíno e o ex-tesoureiro Delúbio Soares, entre outros, depuseram. O advogado deste último confessou que o dinheiro do PT era mesmo "ilícito" e por isso os mensaleiros não podiam usar transferências bancárias. Ele confirmou a existência de caixa dois, mas não o mensalão. 

Chegou-se, no caso dos advogados de José Genoíno, cujo irmão foi flagrado com dinheiro na cueca, a comparar os acusadores com os nazistas. Antes de acusarem os petistas de considerar todo opositor um seguidor de Hitler, isso é um mero recurso de defesa, e todos os réus precisam ter esse direito. 

Os próximos a depor serão, entre outros, o "testa-de-ferro" do esquema, Marcos Valério. O ex-careca tem muito a dizer sobre a quadrilha que saqueou o Brasil. 



Olimpíadas 2012 - Brasil sai do marasmo e ganha segundo ouro

Depois dos baques causados pelo insucesso de Daniele e Diego Hypolito, Fabiana Murer e, de certa forma, César Cielo e Robert Scheidt, que ficaram "só" no bronze, o Brasil finalmente teve gosto de assistir a um atleta no alto do pódio. Arthur Zanetti, para quem é do ramo, fez tudo o que sabia, mas para a maioria, desacostumada a ver um esporte como ginástica com argolas, foi uma (grata) surpresa. 

Arthur Zanetti surpreendeu o favorito Chen Yibing e conquistou o segundo OURO brasileiro (Ivo Gonzalez)

Ele precisou fazer uma apresentação impecável para derrotar o chinês Chen Yibing, seu grande rival e favorito ao ouro. O chinês, é claro, não gostou de ficar "apenas" com a prata, mas isso faz parte do esporte. 

Ainda hoje, a pugilista Adriana Araújo venceu a marroquina Mahjouba Oubtil por pontos e vai às semifinais. No boxe e outras lutas, quem vai às semis garante pelo menos o bronze. Isso encerra um jejum de 44 anos do Brasil no esporte, ou seja, uma das grandes "sinas" da delegação foi desfeita.

E mais: no vôlei de praia, Alison e Emanuel sofreram para derrotar os poloneses por 2 a 1, parciais de 21-17, 16-21 e 17-15; como se pode ver no placar, o terceiro set não foi nada fácil. Agora eles vão para as semifinais e se vencerem partem para ganhar o ouro.

Para finalizar, não se pode esquecer do fenômeno Usain Bolt. Ontem, o jamaicano mostrou por que reina no mais típico esporte olímpico, os 100 m rasos. Ele fez 9s63, com direito a uma largada ruim. Nos metros finais, ele mostrou por que é considerado "The Legend", deixando os rivais para trás. O recorde olimpico conquistado pelo jamaicano quase foi arruinado por um ato anti-desportivo feito por um torcedor, que jogou uma garrafa de água bem na pista. O torcedor foi preso e ainda levou um tapa da judoca Edith Bosch, que se irritou com essa falta de respeito. Castigo merecido.

Sai Michael Phelps, entra Usain Bolt, para reinar em Londres (Fabrizio Bensch/Reuters)


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Olimpíadas 2012 - Ferro demais

A delegação brasileira sofre no momento as consequências de ter um elenco tão heterogêneo. De um lado, atletas sem apoio financeiro e muitas vezes nem equilíbrio emocional suficiente (basta ver o número de gente chorando e se lamentando). Do outro, nomes de talento como a já citada judoca Sarah Menezes e os atletas (ainda poucos) ganhadores de medalhas que vestem o verde-amarelo. 

De Londres, há notícias boas e ruins para a torcida brasileira. Primeiro, as notícias ruins, que são particularmente terríveis.

As seleções femininas de basquete e de futebol eram esperança de medalha, mas a eliminação de ambas foi um balde de água gelada nos ânimos dos torcedores.

Já era esperado o fiasco do basquete feminino. Elas não venceram nenhum dos quatro jogos disputados, e a derrota para o Canadá por 79 a 73 confirmou a eliminação das brasileiras.

O que não se esperava era o time de Marta e Cristiane ir tão mal. A Seleção feminina era cobrada desde 1996, e nas Olimpíadas de 2004 e 2008 elas tinham chances reais, mas enfrentaram as norte-americanas, e perderam. Nestes Jogos, elas não vão nem para as semifinais. Depois de uma primeira fase mediana, com lampejos de talento, mas em geral sem muita empolgação, as meninas do futebol tiveram de enfrentar as japonesas nas quartas-de-final, e o resultado foi amargo: 2 a 0. Marta não estava inspirada e a zaga mostrou fragilidade diante das rivais. As japonesas e seu time sem craques mostraram por que ganharam o último Mundial, e logo contra as americanas, que também avançaram junto com a França. No momento, o jogo entre as britânicas e as canadenses ainda não foi finalizado.

Com a derrota, a 'maldição' da falta de medalhas de ouro para o futebol só deve ser 'quebrada', mesmo, por Neymar e cia.

 Marta estava em campo, mas foram as japonesas que fizeram o gol (Getty Images)

César Cielo era a grande esperança de ouro para os brasileiros nos 50 m livre, mas precisava enfrentar um forte adversário, o americano Cullen Jones. E o também brasileiro Bruno Fratus também prometia se sair bem, em sua primeira Olimpíada. Com o tempo de 21s61, Fratus até que saiu bem. Mas nem ele, nem Cielo, e muito menos Jones, ganharam a prova. O ouro foi para o francês Florent Manaudou, que completou a prova em 20 segundos e 34 centésimos. Jones conquistou a prata com um tempo de 20 centésimos a mais e Cielo, o bronze, apenas 5 centésimos mais lento que o americano. O campeão brasileiro diz que se arrependeu de ter disputado os 100 m, onde só conseguiu foi ficar mais cansado e conquistou um decepcionante sexto lugar.

 Cielo mostra a sua medalha com a cor diferente daquela ganha em Pequim (Michael Dalder/Reuters)

Nem só más notícias a delegação brasileira anda produzindo. Além do bronze com gosto de ferro de Cielo, finalmente o Brasil passou a ganhar mais do que aquelas três medalhas do primeiro dia. A quarta medalha foi ontem: Mayra Aguiar conquistou um bronze no judô. Rafael Silva, na categoria pesado, também conquistou a sua medalha de bronze. Com isso, o judô confirma a sua fama de sempre trazer medalhas para o Brasil. Por outro lado, a raridade nas conquistas mostra o quando ainda precisaremos evoluir para sermos considerados uma potência olímpica. É uma tarefa cujos resultados não serão vistos nem no Rio em 2016, e nem nas três Olimpíadas seguintes - e isso no caso de haver uma política séria para o esporte.


quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O julgamento do ano

Começou o julgamento do maior escândalo político brasileiro no século XXI, ocorrido em 2005 e que envolveu gente graúda de todos os partidos, principalmente o PT, e também financiadores como Marcos Valério. Finalmente os 11 ministros do STF avaliarão os 38 acusados de saquear o NOSSO DINHEIRO, entre os quais o denunciante, Roberto Jefferson (PTB), que traiu os seus comparsas. 

Independentemente do resultado, a vida política do Brasil não será a mesma. 

Roberto Jefferson, o grande denunciante do grande assalto ao NOSSO DINHEIRO - e também um dos réus

Se a grande maioria dos réus for inocentada, mesmo com provas cabais do contrário, nosso país estará confirmando a má fama, segundo a qual mesmo quem não está à margem da sociedade age à margem da lei. 

Pelo contrário, se pelo menos uma parte dos réus for devidamente punida com a cassação dos direitos políticos, estaremos dando um passo rumo a um país decente. Só não é possível obrigar todos eles a devolverem tudo o que roubou, mesmo na pouco provável hipótese de condenar todos os réus do mensalão. Aí seria uma revolução até mais forte e efetiva do que aquela ocorrida em 1789, na França. 

Aguardemos os próximos capítulos dessa nova novela da vida real. Ela poderá ser bastante longa, talvez estender-se até 2013. Isso se os teóricos do dia 21 de dezembro estiverem errados.