segunda-feira, 31 de março de 2014

50 anos do golpe

Neste dia lamenta-se os 50 anos do golpe militar que derrubou João Goulart.

Já fiz várias postagens a respeito do golpe, feito com o pretexto de afastar um suposto perigo comunista. As intenções dos apoiadores eram boas: afastar um governo incompetente, corrupto, intervencionista e incapaz de conter a alta da inflação, que estava em 70%. Porém, a combinação de boas intenções com a ruptura da ordem constitucional levou a um período ainda mais difícil. 

A liberdade foi sufocada. Foram feitas torturas, desaparecimentos políticos, morte. A corrupção não foi controlada, e sim ficou velada, protegida pela censura à imprensa. Acusavam o governo Jango de aparelhar o Estado e intervir demais na economia. O governo militar fez a mesma coisa, porém conseguindo apoio dos Estados Unidos. Fizeram intervenções na economia para ela crescer, de acordo com a idéia de Delfim Netto, um dos ministros da Fazenda na época: fazer crescer o bolo para depois dividi-lo. Boa parte do bolo foi surrupiado para financiar obras superfaturadas e inúteis como a Transamazônica. 

Fala-se muito do perigo comunista, e de fato haviam grupos terroristas radicais cuja intenção era aplicar os ideais de Che Guevara e implantar regimes socialistas igualmente solapadores da liberdade. Porém, eles não tinham o apoio da população e estavam condenados naturalmente ao fracasso. Os militares não quiseram esperar e implantaram o AI-5, o quinto dos Atos Institucionais, inspirado na "linha dura" do governo. Com isso passamos bem longe da democracia. A chamada "guerrilha" foi reprimida duramente, mas ganhou uma aura de mártir que viria a beneficiar os sobreviventes - alguns deles fundaram o PT, o atual partido do governo.

Como o Executivo fazia o papel do Legislativo, o Congresso virou uma congregação de gente disposta a conseguir favores. Havia o MDB e a Arena, alvos de uma famosa piada: "O MDB dizia 'sim' para o governo e a Arena dizia 'sim, senhor'!". E quem discordava de verdade foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional.

A ditadura já estava sofrendo desgastes com a pressão por liberdade e o fracasso da política econômica, que resultou na alta da inflação, até então controlada. Em 1979 a inflação já era pior do que a de 1963: 77%. No mesmo ano, veio a Lei da Anistia e a abertura política, com a volta de boa parte dos exilados. Voltaram as eleições diretas para parlamentares, governadores dos Estados e prefeitos.

Contudo, a democracia veio bem aos pouquinhos, de acordo com as diretrizes do regime. Em 1985, houve eleição indireta para presidente, com a vitória de Tancredo Neves. A esperança de um novo país, porém, dissipou-se com a doença e a morte dele e a posse de José Sarney, primeiro civil a governar o país de facto após 1964. Uma Constituição democrática só apareceu em 1988. Eleições diretas para presidente, só em 1989, resultando no desastre representado por Fernando Collor. A inflação galopante só foi controlada em 1994.

Para piorar ainda mais a fama desse período negro, não é HOJE a verdadeira data dos 50 anos de golpe. É AMANHÃ, dia primeiro de abril. Fala-se do movimento ter começado na madrugada do dia 31 de março para o dia seguinte, conhecido por ser o dia da mentira. Pois bem, se é na madrugada já é depois da meia-noite, como se aprende no ensino fundamental. E essa mentira acabou virando uma verdade. 

Felizmente, a ditadura agora faz parte do passado. Um regime como aquele, seja militar, socialista, fascista ou "bolivariana", não pode voltar mais e nem ser implantado por aqui. Viva a democracia!

sexta-feira, 28 de março de 2014

Os transtornos de personalidade

Antigamente, as pessoas que se comportavam de maneira fora do convencional eram simplesmente chamadas de "loucas". Com o desenvolvimento da psicanálise, os "loucos" foram divididos em vários grupos, e até muitos considerados "sãos" foram enquadrados neles, desde que sejam capazes de infligir dano aos outros e a eles próprios. 


Os chamados "transtornos de personalidade" foram listados em alguns sites, como o do Dr. Galeno Alvarenga. 

Personalidade Anti-Social: Não são os portadores de "fobia social" - estes são abordados mais adiante - mas todos aqueles que sentem prazer em causar dano aos outros, adotar comportamentos ofensivos, fazer pouco caso das convenções sociais, debochar das leis, usar a violência quando quer algo. Não consegue arrumar emprego porque não consegue reconhecer a autoridade dos patrões. É muito fácil um anti-social se tornar um criminoso. Atualmente, "black blocs" e toda a sorte de bandidos que "tocam o terror" no Brasil podem ser considerados assim. 

Personalidade Borderline: Para eles, não existe meio-termo nem ponderação. Quando são contrariados, partem para a briga. Nas relações sociais, ora puxam saco, ora "detonam", às vezes tendo como alvo a mesma pessoa. Podem causar muitos estragos, inclusive neles mesmos. São os chamados "limítrofes". ou TPB, uma sigla parecida com TPM. De fato, parecem estar sempre com TPM, mesmo os homens. A cantora Amy Winehouse foi um desses casos. São confundidos com os portadores de transtorno bipolar (uma enfermidade mental causada por traumas psíquicos, não um transtorno de personalidade), que também tem variações de humor muito grandes, mas não com tanta frequência. 

Personalidade Dependente: Não suportam ficar sozinhos, porque estão habituados a esperar tudo dos outros. Apresentam completa falta de iniciativa, precisam consultar os outros até para ir ao banheiro. Nos relacionamentos, sempre tende a agradar para não perder a pessoa amada, muitas vezes manipulando-a para tê-la sempre ao seu lado. A auto-estima é geralmente baixa. Mulheres em alguns países islâmicos, oprimidas pela cultura machista, podem desenvolver esse transtorno. 

Personalidade Esquiva: Apresentam as características de pessoas com "fobia social" porque evitam fazer qualquer coisa que os façam motivos de crítica ou de zombaria. Estão sempre ansiosos, pensando no que fazer para não "pagarem mico", quando precisam interagir socialmente. São extremamente tímidos, até a medula dos ossos. Por isso, evitam compromissos interpessoais o mais possível. Muitos tendem ao completo isolamento. O escrito J. D. Salinger, que nunca aparecia em público, parece ser um exemplo.

Personalidade Esquizóide: Não são esquizofrênicos, mas apresentam também comportamento bizarro. São os chamados "esquisitões", com baixa interação social, fuga da realidade, falam todo tempo de assuntos estranhos, e parecem nunca demonstrar sentimentos. Geralmente não são violentos, mas parecem sempre estar sob efeito de algum alucinógeno, mesmo sem suportar o cheiro de um "baseado". Paulo Coelho é sempre confundido com um, devido aos seus temas esotéricos. 

Personalidade Esquizotípica: São muitas vezes confundidos com os esquizóides, por não conseguirem se adequar à realidade. Julgam ter algum tipo de poder sobrenatural, de serem mais próximos de Deus do que os outros, e facilmente recaem em algum tipo de fanatismo religioso. Quando não são religiosos, julgam ter a capacidade de comunicação com os extraterrestres, vendo-os em diversos lugares, ou então teme-os de forma intensa, pensando em abdução, implantes de chips e até vivissecção. 

Personalidade Histriônica: Parecem estar sempre num palco, dramatizando tudo. Gostam de manipular as pessoas, e nos relacionamentos, se o seu par não faz o que ele(a) quer, são capazes de fazer escândalos e perturbar o infeliz insistentemente. Nas relações sociais e nas festas, querem sempre ser o centro das atenções, ficando frustrado(a)s quando não conseguem. Quando se interessam por alguém, usam de todos os meios, até os mais escandalosos, para seduzir. Cleópatra foi um exemplo disso. 

Personalidade Narcisista: Como os "histriônicos", os "narcisistas" gostam de ser o centro das atenções, mas sempre para mostrar que são superiores à "ralé" que os rodeiam. Quando encontram alguém que não se submete às suas vontades, brutalizam-no impiedosamente. Gostam de se vestir bem, e acham que são os mais elegantes, ou os mais espertos. Odeiam ser criticados, tratando os críticos como se fossem inimigos a serem aniquilados. Por outro lado, adoram ser admirados e bajulados. Muitos governantes, principalmente os tiranos, sofrem com esse transtorno. 

Personalidade Obsessiva-Compulsiva: Os pacientes desse transtorno podem ser de várias formas. Geralmente são certinhos ao extremo, às vezes tidos como "chatos", porque exigem pontualidade, tudo precisa estar no lugar, e poder entrar em parafuso quando não seguem suas regras. São tão apegados aos seus pontos de vista que tratam os discordantes como um inquisidor lida com um herege na Idade Média. Não confundam com o transtorno obsessivo-compulsivo, ou TOC, aquele onde o sujeito fica verificando várias vezes se esqueceu a chave do carro ou lava as mãos diversas vezes ao dia, mas NÃO é a mesma coisa: pessoas com TOC, como o cantor Roberto Carlos, não se preocupam excessivamente com regras. Dizem que um exemplo de personalidade obsessiva-compulsiva, por seguir muito a lei, defender seus pontos de vista e impô-los aos outros, é o jornalista Reinaldo Azevedo, da revista Veja

Personalidade Paranóide: Parecem estar sempre com medo dos outros, achando que todos conspiram contra ele. A menor crítica é motivo de ressentimentos e até planos de vingança. Costumam confundir elogios com manifestações interesseiras ou críticas veladas. São um tormento para seus cônjuges, desconfiando de traições. Quando eles fazem as críticas, são geralmente impiedosos e intransigentes, muitas vezes cruéis. Muitos acham que o jornalista Olavo de Carvalho é um caso assim, acusando-o de ver comunistas por toda a parte. 

Para fazer um teste de maluquice tendências a certos transtornos de personalidade, clique aqui (teste em inglês). 

quinta-feira, 27 de março de 2014

Bovespa dá o recado

Saíram novos resultados das pesquisas mostrando que a popularidade de nossa presidentA caiu, dos 43% no final do ano para 36%. Os descontentes com o governo aumentaram: antes, eram 20%, agora já são 27%. 

Outra notícia aparentemente ruim é o número de assinaturas no Senado para a aprovação de uma CPI para a Petrobras, em pleno ano eleitoral. Muitos já desconfiam que a gestão na Petrobras seja pior do que o escândalo do Mensalão. Se aqui fosse o Egito e Dilma fosse Mohammed Mursi, já teria sido enforcada e muitos iriam querer ver sua cabeça espetada num poste. 

A queda na popularidade e a ameaça de uma CPI, ao invés de colocar pânico na Bovespa, surtiu efeito contrário. Os investidores ficaram animados. A Bolsa disparou: 3,5%, e o dólar caiu bastante, para R$ 2,26. Antes, estava em mais de R$ 2,30 e ameaçava ir a R$ 2,40. 

Resta saber qual será o resultado das eleições. Vai depender não só de Dilma e do PT, mas do Eduardo Campos, visto como uma alternativa para manter as conquistas do petismo sem os escândalos e os vícios adquiridos desde a posse de Lula (leia-se Mensalão, sanguessugas, dólares na cueca e agora o caso Petrobras), ou de Aécio Neves, o herdeiro político do avô, Tancredo Neves, considerado o "pai" da Nova República e cuja morte ainda é lamentada (não é para menos, bastando ver quem ocupou o Planalto depois).



P.S.: Eu fiz referência ao Egito, e a pesquisa do Ipea parece trazer números vindo de lá, uma nação islâmica. Segundo consta, a maioria dos entrevistados acha que mulher usando roupas curtas "merece ser atacada", ou seja, é digna de estupro; mesmo a constatação que a maioria não aceita o espancamento de mulheres pelos seus maridos não invalida a seguinte impressão: no Brasil são difundidas e enraizadas idéias não só machistas, mas também coniventes com atos considerados obscenos.

terça-feira, 25 de março de 2014

Finalmente está saindo

O Marco Civil da Internet, que irá regulamentar a rede no Brasil, finalmente está saindo do papel. 

Graças aos acordos firmados entre o governo e parte da base dita "aliada" mas contrária à posição da chamada "neutralidade da rede" (garantia de fornecimento de serviços da mesma forma e da mesma velocidade para todos, o que na prática não existe em lugar algum do mundo, mas é menos desigual em países desenvolvidos do que nos emergentes) e da instalação de data centers em território brasileiro para o controle de dados pelas empresas de telefonia e proteção contra a espionagem de outros países (muitos dizem que isso substituiria a bisbilhotice do NSA pela arapongagem de Brasília), o projeto foi aprovado na Câmara e vai para o Senado. 
Quanto à "neutralidade", ela pode ser definida melhor em lei complementar, dependendo da vontade do Executivo e do Legislativo. Já a idéia dos data centers foi abandonada pois isso, segundo as empresas, iria encarecer o custo.

A Internet será melhor regulamentada, com regras sobre privacidade e crimes digitais. Não agradou a todos, porque o governo teve de fazer concessões às empresas, e a concorrência entre elas é considerada muito limitada pela concentração nas mãos de poucos. 

O Marco Civil, portanto, não é uma panacéia para melhorar a Internet no Brasil, comprometida não só pelos planos oferecidos pelas empresas de telefonia e provedores, considerados lamentáveis em termos de velocidade e relação custo-benefício, mas também pela qualidade ainda muito ruim da infra-estrutura nas telecomunicações.

segunda-feira, 24 de março de 2014

O Brasil deu a mão à palmatória

 
Por causa da grande dívida pública e problemas de gestão amplamente divulgados pela imprensa, como o rumoroso caso da Petrobras, a agência Standard&Poor's rebaixou a nota dos títulos brasileiros. Foi ela mesma a primeira a dar o selo de investment grade para o país, em 2008. 

Nosso país está agora com a nota mais baixa entre os chamados países com suficiente segurança para investir: BBB-. Isso pode abrir um precedente para as outras agências, a Moody's e a Fitch, rebaixarem a nota do Brasil. 

É um duro castigo para o país, por indicar que estamos negligenciando o nosso futuro. Não é possível acontecer algo diferente com uma gestão como a da Petrobras, repleta de erros gravíssimos que, em países desenvolvidos, provocariam simplesmente um rigoroso processo de impeachment do governante que permitiu esse descalabro e cadeia para os responsáveis diretos. Além disso, temos problemas no combate à inflação, estagnação econômica, infra-estrutura precária, falta de ferrovias, rodovias precárias, portos mais eficientes, impostos excessivos e quase sem retorno, entre outras mazelas. 

Algo terá de ser feito para mudar esse rumo. As eleições presidenciais vão nos dar a chance de escolher a continuidade, representada pela nossa presidentA, ou arriscar uma troca de comando, que pode (ou não) representar uma guinada para o merecido progresso do país. 

sexta-feira, 21 de março de 2014

A lição de Voltaire

Estamos às voltas com notícias terríveis de corrupção e descaso com o NOSSO DINHEIRO, e não apenas em Brasília. 

Desde a licitação do metrô em São Paulo envolvendo a Siemens, a Alstom e o governo Alckmin, até a recente compra de uma refinaria comprada pela Astra por pouco mais de US$ 43 milhões e vendida pela Petrobras pela cifra de US$ 1,13 bilhões, passando pela violência dos crimes - inclusive o vandalismo - e a sensação de impunidade... 

A imprensa internacional já esculachou com a imagem do nosso país e a Copa nem começou. Teme-se que os desdobramentos futuros façam do nosso país uma espécie de pária internacional. O Brasil, em uma visão benevolente, seria visto como uma nação de Macunaímas e Tietas que só pensam em sexo e carnaval, com um governo inepto manipulado pelos corruptos e pela Fifa. Em uma visão menos complacente, então...

Tudo parece enlouquecer por aqui. Mas, como lembrou o personagem Cândido, "devemos cuidar do nosso jardim". O personagem de Voltaire é aquele jovem cândido até no nome que teve de levar muita "porrada" na vida até aprender a não se deixar iludir pelo Dr. Pangloss e sua conversa de otimismo irreal (alguma semelhança com os discursos dos nossos governantes?), Ele afirmou isso quando o mundo ao seu redor estava à beira da ruína.

Ou seja, vamos continuar a levar a nossa vida. Só esperar que algo desastroso ou milagroso aconteça no nosso país não resolverá os problemas que cada um de nós precisa enfrentar. 

quarta-feira, 19 de março de 2014

Está será uma década maldita?

Esta década será lembrada por acontecimentos inimagináveis nos anos anteriores, mesmo em 2009, e poderá representar uma ducha de água gelada na cabeça de quem sonha com um mundo melhor. 

Com os acontecimentos acumulados entre 2011 e 2014 (2010 não foi um ano tão traumatizante, apesar da eleição da Dilma ser uma desgraça na opinião de muitos), quem sofre de angústia e pavor do futuro terá motivos para justificar suas neuroses. 

2011 foi o ano de tsunami seguido da catástrofe na usina de Fukushima, no Japão. Conseguiram matar o Osama bin Laden, chefe da al-Qaeda e responsável pelos terríveis acontecimentos no 11/9/2001, mas nem por isso a sensação de segurança melhorou. No Brasil houve o "Massacre do Realengo". No leste da África mais um país miserável e povoado por gente faminta surgiu, o Sudão do Sul. 

2012 virou parte do folclore como "o ano em que o mundo não acabou". Porém, muitas personalidades se foram sem ver o "não-fenômeno" ocorrido em 21 de dezembro, como Hebe Camargo, Chico Anysio, Whitney Houston, Neil Armstrong e Oscar Niemeyer. Houve tragédias como a do Costa Concórdia, a venda de empadas de carne humana em Pernambuco e a eleição do Fernando Haddad para prefeito de São Paulo. 

2013 ficou marcado como o ano da primeira renúncia de um papa desde a Idade Média (Bento XVI). Apesar da escolha auspiciosa de Francisco, outros fatores foram estarrecedores, como o atentado na Maratona de Boston, a tragédia da boate Kiss com números dignos de massacre, a delação de um ex-funcionário do NSA que causou escândalo no mundo inteiro ao explicitar a espionagem norte-americana, os "black blocs", o programa "Mais Médicos", o golpe militar no Egito e a guerra civil na Síria. 

2014 ainda está no começo e já foi marcado pela anexação da Criméia à Rússia graças a um referendo contestado pelo Ocidente. Outras regiões do Leste Europeu podem redesenhar o mapa do mundo, como a Ossétia do Sul, a Abcásia e um lugarejo chamado Transdnístria (entre a Moldova e a Romênia). Essas regiões têm sua independência estimulada pela Rússia. Não se pode esquecer o sumiço do avião malaio com 239 pessoas a bordo, um mistério ainda sem solução. Neste ano ainda irá acontecer muita notícia digna de multiplicar os cabelos brancos na cabeça, e espero que a Copa não seja uma delas - embora muito provavelmente possa ser. 

O jeito é sossegar, pois ainda temos os anos de 2015 a 2019 para comprovar se esta será uma década maldita ou não. Isso depende muito das atitudes cometidas por nós, habitantes desse planeta. 

terça-feira, 18 de março de 2014

Vem aí uma possível bomba

Querem organizar, pelas redes sociais, no dia 22 de março (sábado), uma espécie de reedição da "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", feita em 1964 e parte da trama que derrubou o então presidente João Goulart. 

A "Marcha" foi um protesto contra a suposta tomada do poder pelos comunistas, por meio de Jango, visto como um serviçal dos "vermelhos" mas, na verdade, apenas um populista que agiu de forma inábil contra a crise e não assimilou as lições dadas pelo seu mestre Getúlio Vargas, o ditador. O desastre representado pelo governo Jango mais as conspirações contra ele acabaram por entregar o Brasil ao autoritarismo. 

Era também uma resposta contra a situação vigente no Brasil: inflação, corrupção, incompetência e falta de visão para solucionar os problemas do país na época. Mais ou menos como agora. 

A proposta dos manifestantes é protestar contra o governo federal e indicar medidas radicais cujo resultado pode desandar facilmente: impor intervenções no Planalto, no Congresso e no STF, intervir politicamente a pretexto de combater o "Foro de São Paulo", agremiação que reúne governos simpatizantes do socialismo e do "bolivarianismo", e organizar novas eleições apenas com "fichas limpas". É uma versão mais politicamente correta daquela marcha de 1964, com a facilidade da Internet. 

Para combater a manifestação, alvo de desdém ou de repulsa, os movimentos ditos "de esquerda" querem formar uma outra marcha chamada de "marcha anti-golpista", contra os chamados "fascistas" e "viúvas da ditadura". Pode haver um possível confronto aqui em São Paulo, palco dessas maluquices, com estragos, vandalismo, quebra-quebra, principalmente se houver um entrevero entre eles. Os locais e horários são muito semelhantes: a Marcha "da Família" sai da Praça da República às 15h em direção à Catedral da Sé. Os "antifascistas" vão começar a manifestação também na Praça da Sé, às 15h30, e dirigir-se à antiga sede do Doi-Codi, na r. Tutóia. Ai de quem não tem nada a ver com isso: eles vão bloquear as ruas por onde passarem, principalmente os defensores da "legalidade", que vão fazer um caminho mais longo e provavelmente vão passar pela Av. 23 de Maio, uma das principais vias da cidade.

Vejamos o que realmente irá acontecer no próximo sábado.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Vândalos atacam a CEAGESP

Mais uma vez houve protestos violentos, com destruição de patrimônio público e prejuízo para todos. Desta vez, o palco da selvageria foi na Ceagesp, mais conhecida como Ceasa.

Por causa das falhas durante a mudança na cobrança, agora automatizada - e sem a melhoria no acesso, causando congestionamentos imensos - os caminhoneiros revoltaram-se. Era para ser um protesto pacífico, mas lá estavam alguns radicais para começar a quebrar guaritas, vandalizar prédios, queimar caixotes e bloquear acessos.

Alega-se que o novo método de cobrança lesa os pequenos comerciantes, pois a cobrança, além de onerar os custos, dificulta ainda mais o acesso ao entreposto. Isso não é motivo para a bandalheira. Aliás, não existe nada que justificasse a barbárie na Ceagesp, a destruição e atos que afugentaram os compradores. Nem mesmo um sistema de cobrança que deveria funcionar adequadamente para não piorar o trânsito local, já terrível.

Seguranças e manifestantes ficaram feridos durante os confrontos. A Tropa de Choque chegou tarde e a muito custo tentou reprimir os ânimos exaltados.

O acontecimento é capaz de estragar a reputação do Ceasa frente aos consumidores de hortifrutigranjeiros, e irá comprometer também a distribuição dos alimentos. São Paulo já está bem próxima do limite da habitabilidade e não merece mais um problema desses. 

quarta-feira, 12 de março de 2014

Briga entre PT e PMDB rendeu frutos amargos

2014 promete não ser um ano confortável para o PT. 

Já é certo que Dilma vai ser a candidata à presidente. No caso, os eleitores vão escolher se vão lhe dar mais 4 anos de mandato. Porém, muitos petistas queriam a volta de Lula. É pouco provável que consigam alguma coisa, mas isso indica falta de união até mesmo entre eles. 

Para tornar o ambiente palaciano ainda mais desconfortável, o maior aliado, o PMDB, está às rusgas com o partido da estrela vermelha. Por negarem maior influência no governo, mais verbas e o nome de Vital do Rego para a Integração Nacional. Dilma vetou, pois queria Eunício Oliveira, também do PMDB, para o cargo. O motivo: evitar o confronto com os aliados do PROS, particularmente os irmãos Gomes, Ciro e Cid Gomes, que coordenam a campanha para o governo do Ceará. Eunício teria de abrir mão dessa candidatura. 

Dilma disse recentemente que o PMDB só lhe dava alegrias. Ela está mostrando os dentes de "felicidade"

A reação do partido que quer enfiar Rego na ministério (hehehe! não resisti) é a derrota do governo na Câmara quanto à implementação de uma comissão para investigar a Petrobras. Mal gerida e com péssimos números no balanço da empresa - fala-se em prejuízo bilionário - ela é uma das maiores ameaças ao NOSSO DINHEIRO. Uma investigação poderia esclarecer o que há de errado na gestão da gigante do petróleo. 

Eles podem dificultar fortemente a votação do Marco Civil, aquele projeto nebuloso que quer implantar a neutralidade da Internet por decreto e maior controle do governo na rede em troca de esforços para melhorar a qualidade do serviço, que é lento e caro, e também a segurança, precaríssima e que torna os dados presa fácil da NSA e outros espiões. 

A rebeldia do PMDB pode não parar por aí e já está fazendo o PSC, o partido do Marco Feliciano, anunciar também sua desvinculação da base aliada. Outros partidos também podem repensar a sua atual situação.

terça-feira, 11 de março de 2014

Ainda não acharam o avião

Ainda vão fazer um filme em Hollywood contando sobre o ocorrido...

Muitas notícias sobre o avião desaparecido do voo entre Kuala Lumpur e Pequim. Palpites e hipóteses, mas nada ainda está esclarecido. 

Fala-se de um simples desastre provocado por falha mecânica. Ou então o avião foi sequestrado por extremistas islâmicos com passaportes roubados. Talvez um atentado terrorista. Existe a hipótese, mais uma gaiatice do que coisa séria, de ser uma abdução alienígena. Se fosse assim, qual seria o interesse dos extraterrestres nos 239 ocupantes da aeronave?

Voltou-se, inclusive, a falar no seriado Lost, que no final mostrou ser mais um caso de acidente de avião e os personagens Jack, Kate, John Locke, Saywer, Sayid e outros passageiros estavam mortos.

Infelizmente, não há certezas, apenas dúvidas. Ainda não acharam sequer indícios do paradeiro do avião. Teme-se que as 239 possíveis vítimas nunca mais sejam encontrados, um caso semelhante ao do avião cargueiro da Varig que sumiu com pinturas de Manabu Mabe em 1979, sobre o Pacífico. Porém, o caso atual é ainda mais grave por ter mais vítimas.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Comerciais comprometedores envolvendo celebridades

Celebridades são seres humanos como outros quaisquer, sujeitos a erros. Entretanto, eles precisam cuidar melhor da imagem pública, pois são exemplos para os fãs e, por isso, precisam estar cercados de bons assessores para não cometerem deslizes, dos quais irão se arrepender. Uma das potenciais fontes de constrangimentos é a gravação de comerciais. Existem alguns que têm ou tiveram repercussão negativa, alvos de piadas ou de maledicência.

1. Roberto Carlos/Friboi
O cantor Roberto Carlos se meteu em mais uma enrascada. Ano passado, ele tentou aprovar uma regulamentação mais "rígida" (leia-se menos democrática) para as biografias. Agora, este comercial de carne. Logo Roberto Carlos, defensor das causas politicamente corretas e até então vegetariano. A Friboi já foi alvo de sátira por causa dos comerciais com o ator Tony Ramos, ano passado.

2. Antônio Fagundes/Boi Gordo
A Boi Gordo foi um dos maiores exemplos de pirâmide financeira. Antônio Fagundes, na época do comercial, protagonizava a novela "O Rei do Gado". Mal sabia o ator e vários investidores da arapuca no qual se meteram. Alegando não ter dinheiro, a Boi Gordo fechou as portas em 2004. Pelo menos, Fagundes aparentemente só fez o comercial, sem investir diretamente na "roubada".

3. Selton Mello/Schin
Muitos rejeitam a cerveja da marca sediada em Itu e recentemente vendida para a Kirin japonesa, comparando-a a outros líquidos nada palatáveis como água suja ou urina. Para eles, a imagem do ator está arruinada. Ainda mais respondendo por que beber Schin: "porque sim". Quem cresceu vendo o Castelo Rá-tim-bum sabe que isso não é resposta. 

4. Dustin Hoffman e Ricardo Macchi/Fiat
O ator norte-americano foi convidado pela Fiat para anunciar o Cinquecento, fazendo alusão à sua baixa estatura e ao seu talento. Ao seu lado, o folclórico Ricardo Macchi, tido como um dos maiores canastrões do Brasil, que parece um gigante perto do astro internacional. A propaganda não ajudou muito o "cigano Ígor" a se livrar da sua fama.

5. Wagner Moura/Dafra
Esta marca chinesa de motos recebeu muitas críticas de proprietários, devido à fragilidade ou dificuldade de encontrar peças de reposição. A propaganda rendeu até uma paródia muito popular na Internet, cuja divulgação foi proibida recentemente. Detalhe: ela foi feita cinco anos atrás. Este é o making of da propaganda, onde o ator baiano anunciava as motos de forma bem fanfarrona.

6. Sandy/Devassa
Outro comercial de cerveja do grupo Kirin, mostrando a cantora Sandy, até então exemplo de pureza e candura, como consumidora da Devassa, cujo público é voltado a pessoas com perfil bem diferente da irmã do Júnior (e, para muitos, com péssimo gosto para cervejas). A jovem filha do Xororó não conseguiu convencer muito como "devassa", com aquele jeito de princesa Disney.

7. Reinaldo Gianecchini/Um shopping do Piauí

O galã das novelas da Globo foi alvo de boatos sobre sua sexualidade, e quando ele teve câncer, muitos disseram que, na verdade, ele estava com AIDS. O comercial feito por ele causou burburinho e muitas gozações. O nome do estabelecimento, inusitado, lembrava o que ele gostava, segundo muitos.

8. Maradona/Guaraná Antarctica
Outra atração internacional, o ex-craque e ex-técnico da seleção argentina Maradona foi aparecer vestindo a camisa dos arquirrivais brasileiros ao lado de Ronaldo e Kaká. Tudo não passava de um pesadelo, movido ao excesso de consumo do guaraná Antarctica. O comercial era em 2006, durante a Copa na Alemanha.

9. Ronaldo/Fiat
Por falar em Ronaldo, aqui está mais um comercial da Fiat, possivelmente de 2011, onde o ex-craque e membro do COL, a famigerada entidade organizadora da Copa do Mundo deste ano, aparece bem mais magro. Desde os tempos de jogador, ele era lembrado por estar acima do peso. Boa parte dos telespectadores acharam que a magreza do Fenômeno era efeito do Photoshop.

10. Sandra Annemberg/McDonalds
No longínquo ano de 1987, a jovem atriz Sandra Annemberg aparecia vendendo hambúrgueres do McDonalds. Ela ficaria pouco tempo atuando. Depois, ela iria se tornar uma respeitável jornalista na Rede Globo. Vender hambúrguer na famosa cadeia do palhaço Ronald não parecia, assim como ainda não parece, ser algo tão respeitável.

Qual desses 10 comerciais é o melhor, digo, pior, exemplo de comerciais com celebridades "pagando mico" em troca de um aumento na sua conta bancária?

quinta-feira, 6 de março de 2014

Que se pode fazer para diminuir o desperdício de água?

O clima de Carnaval está se dissipando. Ainda se fala da apuração na Sapucaí, da comemoração da Unidos da Tijuca, que ano sim, ano não, ganha um título com seu desfile espetacular, principalmente na comissão de frente. Mas agora tratemos de voltar à realidade. E ela é dura, assolada por vários motivos, entre os quais o risco iminente de faltar água. 

Segundo a Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp), o desperdício hídrico em São Paulo, estado que agora enfrenta uma grande crise de abastecimento, é de 32,1%. Ou seja, de cada 100 litros que deveriam chegar às fontes de consumo (residências, fábricas, lavouras), menos de 68 chegam até o destino. Outros 32 litros se perdem, por falta de manutenção ou desvios provocados por moradias em situação irregular (os "gatos"). 

Isso tudo sem considerar o mau uso de boa parte da água que consegue chegar às residências, em banhos demorados demais e limpezas de calçadas com mangueiras. Ou, nas indústrias, devido aos métodos pouco eficientes para reaproveitamento da água consumida. A água está precisando urgentemente ser tratada como bem precioso que é. Mas estamos falando de água que não é usada por ninguém, e isso mereceria outro post.

Alguns podem alegar que 32,1% é abaixo da média no Brasil - 38,8%, de acordo com o Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento - mas comemorar esse fato é um sinal de alguém que precisa de tratamento psiquiátrico. Nos Estados Unidos, o desperdício é em torno de 15%. Falar do excesso de consumo dos americanos é também algo para outra postagem, mas pelo menos muito mais água chega para ser usada. Na França, as perdas são de 9%, e no Japão, país com escassez crônica de quaisquer recursos, não passa de 4%. E nesses países os cidadãos não estão nada satisfeitos.

Diminuir o enorme desperdício no Brasil é um desafio. A correta manutenção dos encanamentos, válvulas e tubulações do sistema de distribuição é necessária mas não suficiente. Diminuir a incidência de "gatos" implicaria em mandar desocupar várias moradias irregulares, e isso não é uma medida nada popular, mas tudo isso é porque o poder público não consegue ou não quer evitar a ocupação irregular e a exploração eleitoral desses novos "bairros". Acidentes como, por exemplo, o rompimento de tubulações subterrâneas devido a obras, precisam ser enfrentados com planejamento e estudo do terreno. 

A meta das autoridades paulistas é baixar o desperdício para 20%, uma meta palpável a médio prazo, mas ainda é elevadíssima. Enquanto isso, o sistema Cantareira continua a ter seus níveis de água cada vez menores. Agora, são 16%.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Voltei

Enquanto estava dando uma "trégua" no blog, aproveitando o descanso durante este "feriadão" representado pelos dias de folia, algumas tramas continuavam a ser feitas.

Primeiro, as notícias do mundo real, pois a vida continuou mesmo fora do Carnaval. Continuaram os protestos na Venezuela, a crise na Ucrânia, a questão da Criméia (re)tomada pelos russos, as mortes, os nascimentos, o Neymar não fazendo gol na partida entre o Barça e o Almería no Campeonato Espanhol, as tentativas da defesa dos mensaleiros em livrar seus clientes da cadeia, entre outros.

Ainda há a cerimônia do Oscar, com a tradicional elegância (ou deselegância) dos participantes e poucas surpresas na premiação. 12 Anos de Escravidão foi consagrado, mas Trapaça e O Lobo de Wall Street foram esnobados. Alfonso Cuarón, mexicano e primeiro diretor latino-americano a ganhar uma estatueta, dirigiu Gravidade, que, fora este prêmio, ganhou em várias categorias técnicas. Aliás, Sandra Bullock, desse último filme, não ganhou, pois precisou enfrentar a Cate Blanchett. Matthew McCornaughey faturou como melhor ator, deixando para trás o Chiwetel Ejiofor, que viveu o protagonista de Escravidão.

Depois, os eventos do Carnaval, estes menos impactantes, como a previsível vitória da Mocidade Alegre no Sambódromo paulista, a despedida de Bell Marques do Chiclete com Banana, as musas que frequentaram os camarotes e os trios elétricos, quem desfilou com quilos de fantasias e (poucos) gramas de tapa-sexo, etc. 

O clima de folia ainda não acabou. Quarta-feira de Cinzas virou mesmo uma extensão do Carnaval, principalmente em Salvador, Olinda e Recife. Depois do Carnaval ainda tem a Copa do Mundo e as eleições. Em 2014, o Brasil é uma festa, parafraseando um título do famoso livro de Hemingway.