segunda-feira, 31 de março de 2014

50 anos do golpe

Neste dia lamenta-se os 50 anos do golpe militar que derrubou João Goulart.

Já fiz várias postagens a respeito do golpe, feito com o pretexto de afastar um suposto perigo comunista. As intenções dos apoiadores eram boas: afastar um governo incompetente, corrupto, intervencionista e incapaz de conter a alta da inflação, que estava em 70%. Porém, a combinação de boas intenções com a ruptura da ordem constitucional levou a um período ainda mais difícil. 

A liberdade foi sufocada. Foram feitas torturas, desaparecimentos políticos, morte. A corrupção não foi controlada, e sim ficou velada, protegida pela censura à imprensa. Acusavam o governo Jango de aparelhar o Estado e intervir demais na economia. O governo militar fez a mesma coisa, porém conseguindo apoio dos Estados Unidos. Fizeram intervenções na economia para ela crescer, de acordo com a idéia de Delfim Netto, um dos ministros da Fazenda na época: fazer crescer o bolo para depois dividi-lo. Boa parte do bolo foi surrupiado para financiar obras superfaturadas e inúteis como a Transamazônica. 

Fala-se muito do perigo comunista, e de fato haviam grupos terroristas radicais cuja intenção era aplicar os ideais de Che Guevara e implantar regimes socialistas igualmente solapadores da liberdade. Porém, eles não tinham o apoio da população e estavam condenados naturalmente ao fracasso. Os militares não quiseram esperar e implantaram o AI-5, o quinto dos Atos Institucionais, inspirado na "linha dura" do governo. Com isso passamos bem longe da democracia. A chamada "guerrilha" foi reprimida duramente, mas ganhou uma aura de mártir que viria a beneficiar os sobreviventes - alguns deles fundaram o PT, o atual partido do governo.

Como o Executivo fazia o papel do Legislativo, o Congresso virou uma congregação de gente disposta a conseguir favores. Havia o MDB e a Arena, alvos de uma famosa piada: "O MDB dizia 'sim' para o governo e a Arena dizia 'sim, senhor'!". E quem discordava de verdade foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional.

A ditadura já estava sofrendo desgastes com a pressão por liberdade e o fracasso da política econômica, que resultou na alta da inflação, até então controlada. Em 1979 a inflação já era pior do que a de 1963: 77%. No mesmo ano, veio a Lei da Anistia e a abertura política, com a volta de boa parte dos exilados. Voltaram as eleições diretas para parlamentares, governadores dos Estados e prefeitos.

Contudo, a democracia veio bem aos pouquinhos, de acordo com as diretrizes do regime. Em 1985, houve eleição indireta para presidente, com a vitória de Tancredo Neves. A esperança de um novo país, porém, dissipou-se com a doença e a morte dele e a posse de José Sarney, primeiro civil a governar o país de facto após 1964. Uma Constituição democrática só apareceu em 1988. Eleições diretas para presidente, só em 1989, resultando no desastre representado por Fernando Collor. A inflação galopante só foi controlada em 1994.

Para piorar ainda mais a fama desse período negro, não é HOJE a verdadeira data dos 50 anos de golpe. É AMANHÃ, dia primeiro de abril. Fala-se do movimento ter começado na madrugada do dia 31 de março para o dia seguinte, conhecido por ser o dia da mentira. Pois bem, se é na madrugada já é depois da meia-noite, como se aprende no ensino fundamental. E essa mentira acabou virando uma verdade. 

Felizmente, a ditadura agora faz parte do passado. Um regime como aquele, seja militar, socialista, fascista ou "bolivariana", não pode voltar mais e nem ser implantado por aqui. Viva a democracia!

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