segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Da série 'Tabela Períodica como você nunca viu', parte 5, ou 'O grupo da morte'

A família 15, ou 5A, é talvez o maior balaio de gatos, dito, elementos químicos, da Tabela Periódica. Se a família 4A reunia elementos que nada tinham a ver um com o outro (carbono em relação ao estanho, por exemplo), a família do lado é ainda mais diferente. Um deles nem sólido é, e justamente ele batiza o grupo, dito 'do nitrogênio'.


Poderia também ser chamado de grupo da morte, pois todos eles formam compostos capazes de matar seres humanos, animais, vegetais... enfim, uma verdadeira quadrilha. Se eles fazem amizade com o hidrogênio, formando os hidretos, tornam-se verdadeiros "Bashares al-Assad", como veremos a seguir.

Nitrogênio: É o único gás do grupo e, sendo um não-metal, adora fazer sexo com os metais, formando os chamados 'nitretos'. O mais comum, porém, é fazer surubas, já que adora a companhia do oxigênio. Aliás, a combinação desses dois elementos gasosos resulta em um poluente violento, os óxidos de nitrogênio. Contudo, quando o nitrogênio resolve ser mau de verdade, faz uma combinação com três hidrogênios de uma vez, formando a terrível, mas não muito, amônia, um gás muito fedorento, corrosivo e capaz de fazer estragos na saúde. Pior é quando faz combinações literalmente explosivas como a nitroglicerina e o TNT. Todavia, em geral não é um elemento tão perverso, pois sem ele não haveria proteínas. Quando dois átomos de nitrogênios se reúnem, formam uma substância muito boa praça, chamada de gás nitrogênio, maior componente do ar atmosférico. Por esse motivo, e por sua natureza não sólida, o nitrogênio é considerado uma aberração pelos companheiros de grupo. 

Fósforo: Ele é um não-metal, também, como o nitrogênio, é bem mais perigoso e gosta de posar de mau, embora perto do seu primo arsênio ele pareça até muito bonzinho. Adora sexo grupal, principalmente envolvendo o oxigênio, e sempre com metais, formando os chamados 'fosfatos'. Dessa forma tanto pode ser um veneno para o meio ambiente quanto um importante alimento para plantas. Quando há oportunidade, para ficar violento mesmo ele sequestra três hidrogênios e forma a fosfina, gás mortífero que, quando não mata por sufocamento, explode. A fosfina só existe porque é empregada na indústria eletrônica para dopar o silício dos microprocessadores (sim, o silício é viciado em certos tóxicos...). Existem duas raças de fósforo: o branco, que é um skinhead, e o vermelho, que parece um índio dos filmes de faroeste, bravio e disposto a pegar em armas, embora não seja tão feroz quanto o seu equivalente branco. 

Arsênio: Este é um assassino psicótico, com mais vontade de matar do que o Dexter do seriado americano ou o Charles Bronson nos filmes de Hollywood. Não suporta ver um ser vivo por perto: quer mandá-lo para "sentar no colo do capeta", como diria o saudoso Alborghetti. Tem verdadeiro trauma de criação, por ser em parte metal por causa do sua aparência, e em parte não-metal, pela tendência de querer fazer sexo com os metais e ser componentes de ácidos e não formar bases (metais dignos desse nome fazem o contrário). Para não ser vítima de chacotas por parte dos outros elementos devido à sua androginia a la "Marilyn Manson", desenvolveu uma personalidade criminosa. Para conseguir fazer uma vítima indefesa, gosta de forçar amizades com o oxigênio, formando o chamado 'arsênico', e com o hidrogênio, formando a arsina. Aliás, já dá para reparar que os elementos do grupo ficam sequestrando três hidrogênios, e este é o segundo que forma um gás matador cujo nome termina em 'ina'.

Antimônio: O antimônio é um elemento que tenta afirmar sua personalidade de metal, tanto é que adora fazer amizade com o enxofre para formar uma substância também de aspecto metálico, antigamente chamado de stibium, ou estibinita, um sulfeto usado para maquiar as dondocas do Império Romano. Dai seu símbolo ser 'Sb' e não 'An'. Também, como qualquer metal faz, não perdoa os halogênios, os não-metais loucos por sexo, "traçando" três ou até cinco deles de uma vez. Apesar de suas tentativas, os outros metais continuam discriminando-o porque ele quebra ao invés de amassar e conduz muito mal a corrente elétrica. Nos relacionamentos, ele tenta rejeitar os outros metais, mas no fundo quer um relacionamento bem indecente com eles, principalmente se o oxigênio estiver por perto. Por ser um enrustido, também desenvolveu uma personalidade perturbada. Quando resolve ser mau - adivinhem - sequestra três hidrogênios para formar um gás chamado de estibina, quase tão capaz de fazer viúvas quanto a já citada arsina.

Bismuto: Este tem uma personalidade mais bem resolvida que o antimônio, por se comportar realmente como um metal, apesar de ser ainda meio fajuto por sua baixa capacidade de formar fios ou chapas, ao contrário do ferro, alumínio, zinco, cobre, ouro e outros. Na verdade, também é um bissexual, preferindo os não-metais. Está sempre presente nas ligas metálicas fáceis de derreter, como o metal de Wood, usado nos fusíveis das redes elétricas. Ao contrário dos outros, é usado em medicamentos para salvar vidas, e não tirá-las. Este metal não nega ser participante do grupo, pelo menos num aspecto: o hábito de sequestrar três hidrogênios para formar uma substância gasosa (neste caso um líquido em baixa temperatura) chamada de bismutina (ou bismutano). Felizmente, ele não consegue segurar o hidrogênio por muito tempo, para sorte dos seres viventes. 

Ununpentium: Por fim, temos um elemento de número 115 ainda sem nome e artificial. Só se pode afirmar, com certeza, que é um metal bissexual, como o bismuto, mas não se sabe exatamente como ele vai se comportar, nem se vai adquirir o vício de pegar três hidrogênios para fazer mais um gás com nome terminado em "ina" capaz de matar todo mundo. Talvez nem isso seja preciso para ele ter a má fama dos outros elementos da família, devido ao fato de ser radioativo.

O fim da MTV Brasil


Milhares de jovens brasileiros cresceram assistindo a MTV Brasil, emissora mantida pelo grupo Abril (o mesmo da revista Veja). De início muito apreciado pelos videoclipes e pelos programas por onde passavam os últimos sucessos, brasileiros e estrangeiros, com o tempo perdeu parte do apelo musical, enquanto o gosto do povo brasileiro por música popular de qualidade começava a mudar. 

Ao mesmo tempo, acentuou-se o caráter regional. O tradicional festival VMA, transmitido pela MTV mundial, por aqui virou o VMB, apresentado por personalidades cultuadas e que premiou os melhores músicos brazucas em cada modalidade. Houve a produção de vários programas Made in Brazil: Disk MTV, Top Top, Piores Clipes do Mundo, Gordo a Go Go, Covernation, Rock Gol, Acústico MTV... Dessa forma, a emissora revelou vários talentos, como Cuca, Sabrina Parlatore, Gastão, Astrid, Fernanda Lima, Cazé, Thunderbird, Dani Calabresa, Penélope Nova, Didi Wagner, Marcos Mion, Marcelo Adnet, Marina Person e outros. Consagrou também o João Gordo (o líder da banda Ratos de Porão e também apresentador) e a Daniela Cicarelli, que comandou o programa Beija Sapo.

Com o tempo, a música foi dando lugar a animações, de início produções americanas como Beavis and Butt-Head, Aeon Flux e O Garoto Enxaqueca (Migraine Boy). Depois vieram os desenhos produzidos na chamada "Drogaria MTV de Desenhos Animados", como Megaliga MTV de VJs Paladinos e Fudêncio e Seus Amigos. Posteriormente, o nome do estúdio mudou para Estricnina. 

O humor ganhou força nesse período, surgindo o Comédia MTV e o consagrado Hermes e Renato, onde não economizaram no "politicamente incorreto" e lançaram os impagáveis Joselito, Boça, Away de Petrópolis e os "metaleiros" do Massacration. 

Mas tudo isso é passado. A MTV Brasil voltou ao domínio da Viacom e se tornou um canal pago, disponível apenas para quem tem TV por assinatura. Como canal aberto, já era considerado uma emissora para poucos. Agora a exclusividade aumentou, e teme-se que a nova MTV seja mais uma dessas que passam transmitindo enlatados norte-americanos. O tempo irá dizer. 


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Dilma enxerga um novo problema para o Brasil

Nossa presidentA, empenhada contra a bisbilhotice do governo americano, está às voltas com um novo inimigo: a revista 'The Economist', cuja capa da semana mostrou o Cristo Redentor despencando das alturas após alçar voo. 

Pode-se criticar a revista por usar termos como 'biquini fio-dental' como se o Brasil se reduzisse à cidade do Rio de Janeiro com uma imensa zona rural, ou falar apenas do pré-sal e da agricultura, tal como se fala num mísero exportador de commodities. Ou ainda de receitar práticas consideradas liberais demais para serem aceitas pela mentalidade de uma boa parte dos formadores de opinião e mesmo dos empresários brasileiros, acostumados à idéia do Estado provedor de tudo. Mas ela não está inventando nenhum fato novo. É o que muitos brasileiros sentem. O país parece perdido, mesmo com as manifestações do meio de ano, que tentaram mobilizar os descontentes com os rumos dados pelo governo. 

A 'The Economist' coletou vários dados fornecidos por empresas e até pelo Planalto para fazer sua análise. Para ler o conteúdo (em inglês), clique AQUI.

Em novembro de 2009, a mesma revista publicou na capa o mesmo Cristo decolando, dizendo que a economia brasileira está bem, apesar da crise generalizada naquele ano.

Nesse período de quase quatro anos, o Brasil fez o quê? Criou mais ministérios, contratou mais gente, criou 64 mil novos cargos comissionados (num período de 2008 a 2012) quando deveria cortá-los, afrouxou o rigor fiscal. Investiu pouquíssimo em infra-estrutura e preocupou-se mais com as obras na Copa do Mundo e nas Olimpíadas 2016. O resultado disso é o aumento da inflação e a disparada do dólar nos últimos tempos, somados ao baixo crescimento econômico, persistência da miséria e da violência no nosso país. 
 A revista britânica, em capas de 2009 (menor) e 2013. O Brasil estragou (o voo)? (Divulgação)

Para piorar, os números divulgados hoje pelo governo mostram que o analfabetismo parou de cair e até subiu um pouco: 8,6% em 2011 e 8,7% em 2012. A simples diminuição na queda desse indicador social é preocupante. Um aumento, mesmo que represente aparentemente pouco, indica um governo que não trabalha a favor do país.

Dilma, a defensora do Brasil, insinuou que a 'The Economist' aposta contra o Brasil em manifestações supostamente dela no Twitter. Ela tem razões para a jactância, diante dos novos números de popularidade: 54% segundo o Ibope. Em junho, auge da temporada de protestos, ela ficou nos 30%. Estes números darão trabalho para os analistas políticos, e dificultarão a melhoria na visão da nossa estadista, que julga fazer a coisa certa. Segundo a presidentA, os outros são a causa do problema, não as medidas de um governo que importa médicos cubanos e acolhe sugadores do NOSSO DINHEIRO.

Não faltava mais nada

Depois de dois dias conseguiram apagar a combustão resultante de reação química de nitrato de potássio em um depósito de fertilizantes em São Francisco do Sul, Santa Catarina. A empresa responsável pelo armazenamento da carga perigosa tentou se defender, alegando que cumpria todas as normas. Como por aqui no Brasil é fácil dar desculpas e difícil punir os responsáveis, justifica-se o temor de que desastres desse tipo ou piores venham a acontecer em qualquer outro ponto deste país. Não faltam acusações de ser mais um caso envolvendo corrupção e falta de fiscalização, ou simples negligência de funcionários da empresa. Todas elas precisam ser provadas pelo Ministério Público e pela Justiça. Como estamos numa terra onde a injustiça governa até o governo, o risco de tudo ficar como está até piorar é grande.

Casas e até um hospital da cidade precisaram ser evacuados. O porto de São Francisco precisou parar e milhares de caminhões ficaram sem poder depositar suas cargas. Vários atingidos pela fumaça corrosiva ainda estão em tratamento no hospital, e o caso mais grave envolve um bombeiro, David Marcelino, atualmente respirando com ajuda de aparelhos numa UTI em Joinville, cidade próxima. Fora ele, nenhuma outra vítima corre risco de morte.

O dono da empresa também trabalhava na estatal Águas de Joinville, responsável pelo abastecimento de água da região afetada, segundo informações do portal UOL. Ele foi nomeado pelo prefeito joinvillense Udo Dohler em janeiro, e quando a catástrofe ocorreu ele se demitiu, alegando motivos particulares. Coincidência?

Como já escrevi na segunda, esta semana prometia ser dura de aturar. Os brasileiros vão precisam sofrer, apanhar muito, até serem tratados dignamente e verem as coisas funcionando decentemente nesta terra imensa e maltratada.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O país dos 32 partidos

Com a aprovação pelo TSE do PROS, o tal Partido Republicano da Ordem Social, e do Solidariedade, do Paulinho da Força, o Brasil ganha mais duas legendas partidárias. 

Servirá mais para complicar a vida do eleitor, pois esses partidos já nascem com os vícios dos já existentes: falta de idéias coerentes e poucas propostas realmente inovadoras para beneficiarem seus eleitores. Já nascem como partidos nanicos, sem expressão, satélites dos partidos maiores. E vão engordar a base de sustentação do governo petista. Provavelmente se o PT um dia for derrotado nas urnas, eles poderão negociar o apoio ao novo governo, mesmo se ele for tucano ou DEMocrata. 

A idéia principal do PROS, entre várias outras sem muita profundidade, é a criação do imposto único, uma idéia já apresentada anos atrás como uma panacéia, mas cuja aplicação é muito difícil, sabendo-se que nenhum país cobra só um tipo de imposto. Dizem ser contra a corrupção, mas não mostram muitos projetos nesse sentido. Aliás, todos os partidos dizem ser contra essa praga nacional, até mesmo o PMDB e o PT. 

Já o Solidariedade é uma cópia do antigo partido polonês. O Paulinho da Força sonha em ser um Lech Walesa, mas não quer lutar contra o governo, e sim aderir a ele, para convencê-los a ouvir mais os trabalhadores filiados à Força Sindical (e não só à CUT, a agremiação vinculada ao PT) e abolir o fator previdenciário que arrocha os vencimentos dos aposentados, servindo de quebra-galho enquanto não se adota uma reforma na Previdência Social decente.

Não ficará "só" nisso. Novas siglas poderão surgir para aumentar o número de balaios, como já escrevi em uma postagem recente. Uma delas é a da Marina Silva, o Rede Sustentabilidade, que ainda não tem o número mínimo de assinaturas pela sua criação: 492 mil. 

Enquanto isso, nosso governo se empenha em dizer que os problemas do Brasil são outros. Ontem, a presidentA vociferou contra a espionagem norte-americana, acusando-a de atentar contra a soberania nacional, como se a bisbilhotagem fosse praticada apenas pelo Obama e não por seus antecessores desde a Guerra Fria. E o Brasil, enquanto isso, não se preparou contra a espionagem, adotando medidas mais efetivas para proteger os dados do governo e das empresas. Pelo menos, conseguiu a atenção da mídia internacional, que estava na conferência da ONU para tratar de assuntos como a guerra civil na Síria, o programa nuclear iraniano e o terrorismo islâmico que atacou no Quênia.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Da série 'Tabela periódica como você nunca viu', parte 4

A família 4A é muito diferente das anteriores até então vistas, que só tinham metais com algumas exceções. Parece que um elemento não tem nada a ver com outro: são mais diferentes entre si do que entre um ser humano e um marciano. Só têm em comum o fato de terem 4 elétrons na última camada eletrônica, e, portanto, serem elementos muito esquisitos, como veremos a seguir.

Este balaio reune o carbono, o silício, o germânio, o estanho, o chumbo e o fleróvio. O primeiro definitivamente não é metal. O silício não é metal mas em certos aspectos se parece com um. O germânio é metal, mas às vezes não parece. O estanho e o chumbo são dois metais, enquanto o último a ser citado, com um nome parecido com aqueles que os pais bêbados colocam nos filhos (tipo: Dulcicleide, Aristêmio, Fuleco, Jacinto Aquino Rego), ainda por cima é artificial. 


Carbono: É um não metal que ora é encontrado na forma mais vagabunda possível, sob forma de prosaico grafite para lápis, vendido a R$ 1,99 ou pouco mais que isso em qualquer papelaria, ou então sob caríssimo diamante, que vale milhões de dólares por pedrinhas. Um é mole como o miolo dos que votam em político em troca de um sapato. Outro é o material mais duro conhecido, capaz de riscar qualquer outro, menos as garras do Wolverine (*). Enquanto um é negro mas não é afro-descendente, o outro é transparente, sem cor alguma. Quando esse elemento com brutal crise de identidade está combinado com outros elementos, prefere as relações de amizade (ligações covalentes) com outros não-metais e até com os metais como o ferro (essa relação é o aço). Só há troca-troca se ele estiver participando com outro não-metal e um metal insaciável. Carbonato é o nome da suruba entre o carbono, o metal e o oxigênio. O carbono tem o estranho gosto por filas, as cadeias carbônicas, responsáveis pelos plásticos e pela composição de animais e plantas. Para piorar, sempre tem que levar uns amigos com ele (hidrogênio, nitrogênio, oxigênio e alguns outros infelizes) para enfrentarem essas filas, às vezes monstruosas, de bilhões de átomos, e até em forma de espiral (DNA). Sem isso, não existiria gente, cachorro, tartaruga, baleia, árvore, musgo, nada. O estudo dessa bizarrice do carbono é chamado de "química orgânica", o terror dos vestibulandos.

Silício: O silício, na aparência, é muito diferente do carbono. Parece um metal, mas não é (daí ser chamado às vezes de semimetal): tem brilho como um metal mas quebra como um vidro. É duro como diamante, e sua cor é mais parecida com a do grafite. Sua característica mais marcante é ser um semicondutor, ou seja, conduz pior do que um metal e melhor do que um não metal. É o elemento preferido dos geeks pois sem ele não haveria computadores, tablets, smartphones, etc, e nem óculos e lentes de contato, visto que muitos geeks são míopes e o silício é componente básico do vidro usado nos óculos e do silicone que compõe as lentes de contato. Por causa deste último produto, também é muito apreciado pelas mulheres que querem mais peito e bunda, e pelos travecos pelo mesmo motivo. Quimicamente, esse elemento indeciso é muito parecido com o carbono: não gosta que enfiem elétrons na sua eletrosfera, nem enfia os seus nos outros elementos. Prefere as amizades (covalências) e só gosta de troca-troca se for com outro elemento, principalmente o oxigênio (silicato é o nome dessa indecência). A única exceção é com o flúor, que é um não-metal muito insaciável e é componente do ácido fluorídrico, que transforma qualquer vidro em meleca.

Germânio: Este metal é muito indeciso. É quase branco, e não é escuro como o silício. É também mais mole e às vezes amassa como um metal ao invés de quebrar. Conduz quase tão mal quanto o silício, e como ele não está a fim de doar seus 4 elétrons mais externos nem receber outros 4 para completar a eletrosfera. Também gosta do flúor e dos outros halogênios, conhecidos por serem não-metais tarados. Muitas vezes a-do-ra um sódio ou potássio, metais garanhões, por perto. Por essas características, era chamado de semimetal. 

Estanho: Como seu nome diz, é um metal estranho. Derrete muito fácil, quando amassa emite um som horroroso chamado às vezes de "grito de lata" (tin, em inglês, significa tanto estanho quanto lata, que é um aço estanhado). Em temperaturas baixas parece que vai virar um não-metal em algumas partes, chegando até mesmo a virar um pó escuro parecido com grafite moído. Os químicos comparam isso a uma doença, chamada de "peste de estanho". Mesmo quando não chega a esse extremo de querer mudar de sexo natureza, é um bissexual, como o alumínio: transa com não-metais mas fica louco perto do sódio, potássio e outros metais alcalinos, principalmente nas surubas relações complexas envolvendo não-metais. Não gosta muito da solidão e faz ligas com outros metais, para formar, por exemplo, o bronze, com o cobre.

Chumbo: Por fim, temos o chumbo, um elemento pesadão, muito diferente do estanho. Ao contrário daquele, é venenoso. Os antigos diziam que o chumbo era o mais velho dos metais. Um ancião rabugento e agressivo, diga-se, pois causa a morte ou a loucura nos seres humanos. É usado nas munições das armas, nos venenos e, por incrível que pareça, como aditivo de gasolina e até nas aparentemente inofensivas tintas, sendo responsável pelo envenenamento de muita gente ao longo dos séculos. Além disso, é um tarado. Tenta enfiar seus elétrons - às vezes quatro, mas principalmente dois - nos não-metais incautos (principalmente oxigênio e halogênios), e na maior parte das vezes não consegue, justificando parcialmente a sua fama de velho. Isso também poderia explicar porque ele tem um gênio tão ruim. 

Fleróvio: O infeliz elemento artificial batizado com esse nome pela IUPAC, para homenagear um físico nuclear soviético que só os camaradas mais íntimos conheciam, chamado de Georgy Flyorov (1913-1990). Por enquanto não serve para nada, e deve ser, quimicamente, parecido com o chumbo. Deve ser um metal ainda mais bravo, principalmente por ter de aguentar esse nome ridículo. O nome provisório não era tão ruim: ununquatrium, devido à latinização do seu número atômico (114).



(*) Stan Lee batizou o metal inventado por ele de adamantium, em homenagem ao diamante.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A semana não começou bem

Greve dos bancários atinge mais agências e deixa os clientes com mais dificuldade para pagarem suas contas e sacarem seu suado dinheiro obtido pelo trabalho. 

O ataque num shopping de Nairobi, capital do Quênia, país do leste africano, acabou de ser controlado pelo exército, mas 62 pessoas foram assassinadas pelos terroristas vinculados à Al Shabab, grupo radical islâmico que quer tomar o poder na vizinha Somália e recebe apoio da al-Qaeda. 

Houve até um tornado no estado de São Paulo, que atingiu Taquarituba, cidade próxima à divisa com o Paraná. Dois morreram e houve muita destruição. Tornados são raríssimos no Brasil. 

Esta semana promete ser terrível, pior do que a anterior, quando decidiu não encerrarem o julgamento do mensalão, deixando o gosto amargo da injustiça e da impunidade, ambas escravizadoras da nossa pátria. A mídia terá poucos motivos para destacar alguma notícia mais amena. Pelo menos, na semana passada, houve o Rock in Rio, com pelo menos dois dias (quinta e domingo, quando acabou) que justificariam o título do evento. Iron Maiden e Bruce Springsteen foram os destaques do última dia, ao lado de Sepultura, Slayer e Bon Jovi.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Da série 'Tabela Periódica como você nunca viu', parte 3, ou 'Por que chamam de grupo do boro e não do alumínio'?

O próximo grupo é a chamada família 3A, composta na maior parte de metais que, no seu envolvimento com os não-metais, acabam perdendo três elétrons. Por ter essa quantidade de elétrons, acabam sendo muito promíscuos, isso quando não resolvem variar as relações, já que praticamente todos tem tendências bissexuais muito acentuadas. 

Este é o chamado "grupo do boro", mas o alumínio é o mais conhecido de todos. Do boro, só se conhece a água boricada e o ácido bórico. Quase ninguém viu na vida o jeitão do boro. Só porque ele é o que aparece mais em cima da tabela periódica, o grupo tem de ser batizado assim. Para piorar, a criatura é um não-metal. 



A seguir, as características desse grupo: 

Boro: É o elemento que batiza o grupo, mas este é um não-metal e tem comportamento muito esquisito. Só gosta de relações quando está com os amigos não-metais. Ou seja, para fazer sexo com um metal, precisa ser com o oxigênio ou outro não-metal, senão nada de relação. De vez em quando ele concorda em sair sem outra companhia com um metal, mas a relação (chamada de "boreto") é um chove-não-molha tão enjoado que deveria ser chamado de "boloreto". O boro não gosta de dar três elétrons, pois ficaria só com dois. E ao mesmo tempo não quer cinco elétrons, pois não tem tesão para isso. Ele é chamado, muitas vezes, de semi-metal, embora os poucos gatos-pingados que o tenham visto em estado quase puro neguem que ele tenha aparência metálica. Para ver, clique aqui

Alumínio: Este é o mais conhecido e popular de todos. É um depravado de marca maior. Adora troca-trocas com o oxigênio, mas o resultado da relação (o óxido de alumínio) impede maiores aventuras. Gosta dos halogênios, e quer logo três deles de uma vez, pois gosta de doar seus três elétrons na última camada. Ao mesmo tempo, aprecia variar o cardápio, saindo com o sódio ou o potássio, ou outro metal alcalino, para fazer surubas loucas, pois sempre precisa ter um não-metal no meio. Esse metal detesta ficar sem companhia e muitas vezes forma ligas com outros metais. É superabundante, e está presente nas panelas, carrocerias de veículos, peças mecânicas, condutores elétricos, pedras preciosas (ui!), semipreciosas, não-preciosas, vagabundas, enfim, em toda parte. 

Gálio: Como o alumínio, o gálio é um pervertido que gosta de não-metais e de outros metais. Porém, ele não tem a mesma fama do seu primo famoso. Só se lembram dele quando estudantes o colocam na mão para vê-lo derreter, pois esse metal esquisitão funde a 29 graus Celsius. Na engenharia ele é mais conhecido, como componente do semicondutor arseneto de gálio, numa relação ambígua com o venenoso arsênio, um elemento muito indeciso que não sabe se é metal ou não. 

Índio: Só se lembram dele quando estudantes inventam um composto que não existe chamado de "cupreto de índio" (termo odiado pelos adeptos do politicamente correto, pois isso para eles é preconceito racial). Este elemento presente em nossas matas é difícil de encontrar. Geralmente está se engraçando com um não-metal, ou mais raramente interagindo com grupos de metais e não metais para uma suruba verdadeiramente selvagem. Ao contrário dos habitantes humanos que levam esse nome, que precisam ser durões e valentes para sobreviverem na floresta, é um elemento mais mole que Macunaíma, fácil de derreter e principal componente do metal de Field, usado em fusíveis para derreter diante da menor sobrecarga elétrica.

Tálio: O tálio é um caso curioso nessa família de metais bissexuais. Não gosta muito de outros metais por perto, ele nitidamente prefere os não-metais para se envolver mais intensamente. Porém, ninguém gosta muito dele, por ser muito venenoso e peçonhento, tanto é que os raticidas tem esse metal na composição. Toda essa amargura, dizem, é porque o tálio é um enrustido, louco para participar das mesmas festas dos seus familiares alumínio e gálio, mas que não vai para não dar pinta. 

Unúntrio: Elemento artificial, ou seja, inventado pelos físicos e químicos, ainda não tem um nome decente. Até a IUPAC, o órgão que dá as regras na Química mundial, se decidir, vai ter de aguentar esse nome ridículo, derivado do número 113, por ter 113 prótons. Pior é ser chamado de "eka-tálio". Deve ser um metal bem revoltado e que posa de machão, como o tálio. 


Não houve o enterro

Chiquinho Scarpa não enterrou seu precioso Bentley e anunciou que tudo era uma ação em prol da doação de órgãos no Brasil. 

Realmente, é uma ação de 'marketing', comparando seu carrão com os órgãos, que poderiam ser aproveitados para outras pessoas ao invés de serem enterrados com o resto do corpo. O número de doações é muito baixo, e o estoque de rins, córneas, fígados e outros órgãos transplantáveis é sempre baixo.

Não é ato de loucura do 'Conde', afinal quem iria enterrar um Bentley de R$ 1 milhão para ser xingado e ridicularizado, visto como um doido que joga dinheiro fora, num país onde milhões de pessoas passam fome e nem fazem a mínima idéia de viver como Scarpa, que vai continuar a ter o seu precioso automóvel nas mãos. 

Mesmo assim, o episódio continuará registrado na série 'Mondo Cane'. Havendo enterro ou não, a notícia é uma bizarrice, mesmo tendo por finalidade chamar a atenção por uma causa nobre. 

Da série 'Mondo Cane', parte 26 - O caso do Chiquinho

Chiquinho Scarpa pretende enterrar hoje o seu Bentley avaliado em R$ 1,5 milhão, em 'cerimônia' com ampla divulgação na imprensa. 

Parece incrível, digno de constar nesta série mesmo. Para mais detalhes, leia aqui

Cada um tem o direito de fazer o que quiser com o seu patrimônio, mas, se não é alguma ação de marketing ou mera ameaça só para aparecer na mídia, é algo que só Freud explica. Se um "mero mortal" resolvesse fazer isso seria posto imediatamente em tratamento psiquiátrico ou iria ser levado à força para uma sessão de 'descarrego', se a família do sujeito fosse evangélica. Alguns anos antes, havia manicômios, camisa-de-força, eletrochoque, sossega-leão... 

Como Scarpa é milionário, ele não é tachado de louco, mas de excêntrico. E seu nível de excentricidade lembra o caso do Howard Hughes, o magnata e aviador americano famoso por sua verdadeira fobia por germes, evitando todo contato com a comida preparada por outras pessoas e exigindo que seus empregados tivessem níveis anormalmente altos de limpeza. Com o tempo, tudo piorou, a tal ponto que ficou sem comer direito e sua saúde deteriorou-se rapidamente. Nos últimos anos, segundo relatos, parecia um "zumbi". Pelo menos ele não anunciava para a imprensa o enterro de algum de seus bens.

É altamente improvável que ele realmente faça um ato digno de ser comparado aos de Hughes e outros casos como o de Calígula e seu cavalo nomeado senador. Isso é certamente um ato de marketing. Retorno a este blog após o enterro (ou não) do carro. 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Uma rápida olhada para a Suprema Corte americana

No sistema americano, a Suprema Corte (popularmente chamada de "SCOTUS", a sigla para Suprem Court of the United States), como aqui, é a instância máxima da Justiça. O que eles decidem, é para se acatar, e ponto final. Suas decisões, aliás, afetam toda a sociedade norte-americana e, indiretamente, o mundo. Eles tem a sagrada tarefa de defender a Constituição. Com exceção da influência sobre o mundo, tudo isso se aplica ao nosso Supremo Tribunal Federal.

Como aqui, os juízes são nomeados pelo presidente e submetidos a votação no Senado. A maneira de um juíz entrar é semelhante nos casos americano e brasileiro. Como ele deixa a Suprema Corte é muito diferente: os juízes americanos só deixam de ser ministros com a morte ou quando eles são condenados pelos colegas de algum crime. Por aqui, eles tem de deixar a vaga livre quando atingem os 70 anos, como se essa idade fosse uma sentença de senilidade, ainda mais nos dias atuais, quando pessoas de 90 anos continuam ativas e em pleno domínio das faculdades mentais, apesar das limitações físicas. 

Na Suprema Corte americana, 4 dos 9 membros são considerados anciãos. O mais velho, ou a mais velha, é a juíza Ruth Ginsburg, com 80 anos. A mais jovem é Elena Kagan, com 53. Por aqui, dos 11 ministros, 2 a mais que no Supremo americano, o mais próximo da aposentadoria é Celso de Mello, que se destacou hoje ao dar o voto de Minerva do fim ou não do julgamento do mensalão. Comentarei isso mais adiante. O mais jovem é José Antônio Dias Toffoli, que ainda vai fazer 46 anos. Atualmente existem apenas 2 mulheres no STF. Nos EUA, são 3. Há um negro, Clarence Thomas, por lá. Aqui, é nada menos que o presidente, Joaquim Barbosa.

Os membros da Suprema Corte americana não estão acima do bem e do mal. São sujeitos a falhas, como todas as pessoas, mas é preciso ter um certo esforço para procurar por escândalos envolvendo os 9 nomes. Raramente são alvos de ofensas, diferente daqui.

Na SCOTUS, só há julgamentos para questões constitucionais, como a legalização do aborto ou da união civil gay. Vez ou outra, eles julgam os atos da Presidência ou do Legislativo. No STF, eles precisam julgar até mesmo crimes banais. A tarefa por aqui é bem mais dura, ao contrário do que muitos pensam. O Supremo daqui vive sobrecarregado de processos, e ainda teve de lidar com os mensaleiros, responsáveis pela rapinagem contra o NOSSO DINHEIRO.


P.S.:Aqui no Brasil, embora esperada, a votação de Celso de Mello causou escãndalo na sociedade, por desempatar a favor dos réus, cujas penas podem diminuir ou prescrever antes de serem executadas. Ricardo Lewandowski, Teori Zavascki, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso o já citado Toffoli, votaram a favor dos recursos para beneficiar os mensaleiros. Todos nomeados pela gestão petista. Eles decidiram dessa forma, e quem está fazendo o papel do bode expiatório da opinião pública é o decano Celso, o mais antigo da casa, que já decidiu várias vezes contra as vontades do PT. Só resta acatar a decisão do STF, por mais hediondas que sejam as consequências para o país. A impressão é que a cadeia é realmente somente para pobres ou vítimas, de algum ardil inimigo ou do arbítrio policial. 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

R$ 8,8 milhões do contribuinte para o Rock in Rio 2013 (sic)!!!

Ainda que o Rock in Rio 2013 fosse dedicado exclusivamente ao rock e contar com Rolling Stones, AC/DC, Led Zeppelin, Sepultura, e todas as bandas de sucesso, não justifica o uso da Lei Rouanet para custear o empreendimento. 

São quase R$ 9 milhões, tungados do NOSSO DINHEIRO. Contribuintes que não apreciam o tipo de música tocado no empreendimento de Roberto Medina, uma salada estranha de ritmos (o axé de Ivete Sangalo, o pop da Beyoncé e de Justin Timberlake, Ivan Lins, Maria Gadú, Mallu Magalhães, Afroreggae, Lenine, Alicia Keys, Olodum, Maria Rita, coisas tão semelhantes ao rock como uma laranja em relação a uma jabuticaba) custeada até por quem não curte música.

Os empresários da indústria cultural brasileira, assim como muitos artistas, estão acostumados a sorver dinheiro público por décadas e não será de um ano para outro que isso irá mudar. Porém, um dia essa mudança de mentalidade, de alguma forma, precisará acontecer. A lei Rouanet virou pretexto para verdadeiros butins. NOSSO DINHEIRO precisa custear o que realmente precisa de verbas: educação, saúde pública, segurança. O Rock in Rio 3 já tem patrocínio de várias empresas privadas e não necessita de um centavo dos contribuintes brasileiros. 

Chegou a hora de ajustar os rumos do nosso país, que é para todos e não só para alguns.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Da série Tabela Periódica como você nunca viu - parte 2

Para continuar a série sobre a tabela periódica, abordo agora os metais chamados de "alcalino-terrosos". Muita gente se pergunta por que esses metais tem esse nome. Dizem que os óxidos desses metais eram por muito tempo chamados de "terra", na antiguidade. Agora esse termo só serve para confundir quem não é químico. 


Esses elementos são todos metais doidos para fazer um troca-troca com os não-metais e até alguns elementos metálicos homossexuais menos eletropositivos. Porém, o berílio, menor membro desse grupo, às vezes causa vergonha na família, como se pode notar abaixo: 

Berílio (Be): Possui apenas 4 elétrons, sendo 2 no nível mais externo, ou seja, perderia metade de seus elétrons durante o troca-troca com os não-metais, e por isso ele parece meio indeciso quanto à sua sexualidade. Às vezes muda de time e fica amigo dos não-metais, fazendo relações de amizade (covalentes) e não de sexo (iônicas), e se envolve numa suruba relação mais intensa com os metais alcalinos. É encontrado nas pedras preciosas (ui!) como a esmeralda, o que piora as coisas. Por isso, o pequeno berílio é motivo de piada entre os membros da sua família.

Magnésio (Mg): O magnésio, ao contrário do berílio, não costuma querer relações mais íntimas com outros metais, embora às vezes participe de umas festas bem loucas envolvendo vários elementos. Às vezes os amigos de seu grupo acham que ele também é meio "delicado" demais, por não reagir muito com a água nem com o oxigênio. Além disso, ele é encontrado em leite de magnésia, clorofila e outras substâncias. Parte da explicação é o fato de ter só 12 elétrons, sendo 2 usados para o troca-troca com os não-metais. 

Cálcio (Ca): Este elemento posa de valentão por ser componente dos ossos, dentes e conchas dos animais e adorar os não-metais e a água. Às vezes entra numa briga feia com o estrôncio. Os dois se estranham muito. 

Estrôncio (Sr): Disputa com o cálcio o direito de acasalar com os não-metais e também gosta de água. Frequentemente invade o território do cálcio, causando muitos estragos. 

Bário (Ba): Este elemento também gosta de posar de cabra-macho, e sendo maior do que o cálcio e o estrôncio, bota-os para correr na disputa pelos não-metais. Ele se acha um Golias, por ser forte e pesadão (o termo bário vem de "barium", que significa "pesado" em latim).

Rádio (Ra): Este é o mais selvagem de todos os membros do grupo. É violento, e às vezes solta partículas alfa, beta e gama para todo o lado. Daí se entende porque há o termo "radiação" e "radioatividade". Ninguém gosta muito dele por perto, devido à sua agressividade e falta de controle emocional.

Na próxima postagem, vou começar a abordar os elementos da família 3A, que está mais à direita da tabela periódica, entre os elementos "B" e os não-metais.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Marco Aurélio Mello votou

Ele empatou a decisão: 5 a 5. Agora cabe ao decano do STF, Celso de Mello.

Os mensaleiros, porém, podem não ter muitos motivos para comemorar, pois o veterano do Supremo, apesar de ser favorável ao acolhimento dos embargos infringentes, pode decidir o contrário, apenas para evitar maior desgaste do Judiciário, que concentrou seus esforços no julgamento dos quadrilheiros.

Cabe a ele decidir, sem interferências externas, apenas de acordo com a Constituição e com o bom senso.

Até a próxima quarta, o Brasil vai saber o resultado. Depois, os mensaleiros terão de cumprir as penas da lei, com os benefícios legais garantidos. Ou seja, mesmo a maior pena, dada a Marcos Valério, será convertida em regime semi-aberto em pouco tempo (um sexto da pena). Melhor isso do que a impunidade.

5 a 4 para um novo julgamento

Uma nova decisão, por enquanto, está ameaçando tornar o Brasil refém de uma tradição indesejada: pizza no final dos inquéritos. 

Foi decisão do próprio STF aceitar o julgamento dos embargos infringentes, capazes de arrastar o julgamento do Mensalão por anos. Isso significaria, na prática, a impunidade para os ladrões do NOSSO DINHEIRO. 

Por enquanto, 5 votaram a favor dos recursos: Teori Zavascki, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso. Contra os recursos, votaram Carmem Lúcia, o presidente Joaquim Barbosa e Luís Fux. Gilmar Mendes acabou de votar também contra. Faltam apenas os votos de Celso de Mello e Marco Aurélio Mello. É possível que este último vote contra. Segundo os analistas, Celso de Mello, decano do STF e o responsável pela palavra final em caso de empate, será a favor dos recursos, o que pode adiar o fim dessa novela. 


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Felipe Massa sairá mesmo da Ferrari

Após uma relativamente longa carreira na Ferrari, aguentando cobranças e piadas sobre sua condição de "segundo piloto" da Ferrari, principalmente após Fernando Alonso entrar na equipe, o brasileiro Felipe Massa vai sair da escuderia italiana ao final do contrário, sem uma definição, até agora, qual a escuderia onde ele irá ingressar, caso continuar na F-1. 

A última vez que ele venceu foi naquela corrida de Interlagos, em 2008. Ele venceu, mas não conseguiu o campeonato, perdido para Lewis Hamilton, e com direito a polêmica com Timo Glock. Desde então houve a contratação de Alonso, o episódio da mola do Barrichello que o atingiu na cabeça, e resultados modestos, com um ou outro pódio. Houve a saída de Lula da presidência, a eleição de Dilma, a reeleição de Obama, a morte de Oscar Niemeyer, as sentenças para os mensaleiros. O Corinthians e o Atlético Mineiro ganharam a Libertadores pela primeira vez, sendo que o time paulista, em 2008, estava na série B do Brasileiro. Na época da última vitória de Massa, este blog não existia.

O jeito é rezar para que Ele tenha piedade de mim !

Felipe Massa teve de conviver com gente com o talento de Alonso e Sebastian Vettel, um piloto ainda novato em 2008, competindo na Toro Rosso, que ainda viria a se chamar Red Bull. Outros pilotos, convenhamos, mostraram ser melhores que ele: Kimi Raikkonen, Jason Button, Mark Webber e o próprio Lewis Hamilton. Não era exatamente um sucessor de Senna, mas também não era exatamente a "massa falida" das piadas, pois experiência e dedicação não lhe faltavam. O problema é a nossa cultura do "vira-latas" que muitas vezes o atrapalha e o impediu de alcançar seu potencial. Essa mesma cultura, aliás, vive em nossas cabeças, e somos nós, brasileiros, os responsáveis pela maior parte das críticas e gozações contra ele.

Ele ainda não definiu seu futuro, mas com certeza a decisão cabe a ele, que poderá dizer se fica ou segue o caminho de Rubens Barrichello, atualmente na Stock Car após muitas peregrinações em outras modalidades do automobilismo.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Da série Tabela Periódica como você nunca viu - parte 1

Para ferrar alegrar o começo da semana, resolvi não comentar sobre notícias como o provável suicídio do cantor Champignon (ex-Charlie Brown Jr.), a possibilidade de Felipe Massa sair da F-1, os escândalos da espionagem feita pela NSA na Petrobras ou os acontecimentos vindos de Brasília.

Uma das mais estudadas ferramentas exigidas pelos vestibulares e pelos ENEM's é a tabela periódica da química. Para muitos, é um tormento ter de estudar as propriedades dos elementos químicos. Vou começar a série falando de alguns deles, o hidrogênio e os metais alcalinos. Nas próximas postagens, falarei, em seguida, dos metais alcalino-terrosos, dos elementos que ficam na direita chamados de "elementos representativos", dos gases nobres, dos metais de transição e, por fim, dos metais pouco lembrados chamados de "lantanídeos e actinídeos". 

Não levem demasiado a sério estas definições, se não querem ver suas respostas comentadas pelo Jô Soares no programa dele. Para se ter uma idéia, farei uma analogia entre as trocas de elétrons, característica mais marcante dos elementos químicos, com as relações sexuais amorosas. 

Hidrogênio (H)
O hidrogênio, elemento químico número 1, só tem um próton e um elétron. Para isso, ele tem que dar duro e mostrar que, apesar de ser o menorzinho da turma, é muito marrento. Está presente nos ácidos, nos hidróxidos (como a soda cáustica), nas estrelas, na bomba H. Está na família 1A só por convenção, pois também tem um elétron no último nível energético. Não tem uma personalidade muito definida, sendo um gás em temperatura ambiente e um metal perto do zero absoluto, a temperatura mais fria possível. Gosta de se enturmar com quase todo tipo de elemento, às vezes para enfiar um elétron na eletrosfera de um não-metal ou de um conjunto deles (como ocorre nos ácidos), em outras para pegar um elétron de alguns metais reativos (nos hidretos), mas na maior parte das vezes quer fazer amizade e não sacanagem troca de elétrons, em uma relação chamada de ligação covalente. O hidrogênio adora a companhia do oxigênio, e é o maior amigo desse não-metal.

Metais alcalinos
Esses metais são os mais promíscuos da tabela periódica. Gostam de enfiar seus elétrons na eletrosfera de outros elementos, principalmente não-metais, mas às vezes nos outros metais menos "definidos" como tais. Vivem atrás do oxigênio e dos chamados halogênios, como o cloro, elementos não-metais também doidos por um troca-troca. São eles: 
- Lítio (Li): O elemento conhecido pelas baterias dos celulares e dos tablets é o menor do grupo e também o mais pobre, com apenas 3 elétrons. Por isso reluta mais em se envolver com os elementos que gostam de um elétron.
- Sódio (Na): Apesar de ter somente 11 elétrons, está louco para dar o mais externo deles para os não-metais. Não resiste a um oxigênio ou a um halogênio: logo quer uma relação. O cloro é um dos maiores parceiros sexuais deste metal insaciável, formando o sal de cozinha. Também adora uma suruba relação mais complexa, dando seu elétron para combinações de não metais ou não metais e metais gays
- Potássio (K): É um elemento muito citado no filme do Borat, e como ele é doido pelo sexo oposto. Ele faz tudo o que o sódio faz e com ainda mais entusiasmo. 
- Rubídio (Rb): Este elemento raro é também muito sedutor para os não-metais, principalmente para a famosa parceira entre o hidrogênio e o oxigênio, chamada água. Ele não perdoa. 
- Césio (Cs): Pervertido de marca maior, muitas vezes também se encontra sob forte instabilidade emocional, soltando todo tipo de partícula radioativa. Os habitantes de Goiânia sofreram, anos atrás, por causa de sua ira. Adora os não-metais e a água mais do que os outros metais anteriores. 
- Frâncio (Fr): Sim, existe um elemento ainda mais tarado do que o césio. Este elemento também sofre de sérios problemas emocionais, soltando partículas alfa, beta, gama, e se pudesse soltaria partículas com qualquer letra grega, até o ômega. Ele literalmente se derrete por uma boa relação selvagem: na temperatura ambiente, acima de 27 graus Celsius, ele é líquido. Para a sorte dos não-metais, é muito raro.  


A tara dos elementos alcalinos pelos halogênios, segundo o cartunista Nick Kim
(Talvez um de vocês, cavalheiros, poderiam me dizer o que há do outro lado da janela que vocês acham tão atraente...?)

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Da série: "Como seria o Brasil se...", parte 1

A Semana da Pátria lembra a semi-lendária história do príncipe D. Pedro ter gritado "Independência ou Morte" para libertar o Brasil de Portugal. Já fiz uma postagem antiga a respeito do episódio e do subsequente governo do monarca, filho do notório D. João VI.

D. Pedro I tinha tendências autoritárias, conforme os registros. Não tinha o perfil de um libertador, mas de um déspota. A corte que o cercava, formada por portugueses, era considerava como uma súcia de parasitas, uma das razões da impopularidade de D. Pedro I junto aos brasileiros e sua futura abdicação, ao lado da questão sucessória em Portugal, causada pela morte de seu pai e a disputa entre a filha Maria da Glória e o tio D. Miguel, apoiado pela famigerada mãe Carlota Joaquina.

Apesar de não ser um governante com tanto medo das idéias liberais vindos da Revolução Francesa quanto sua mãe ou seu irmão, D. Pedro I tinha alguns sérios conflitos com as idéias mais arejadas dos Andradas. O mais famoso deles, José Bonifácio, chamado de "Patriarca da Independência" por seu papel no processo de emancipação, era um dos mestres da Maçonaria, uma das sociedades mais contravertidas da História, cujas idéias eram francamente contrárias ao absolutismo monárquico.

Há contravérsias sobre as idéias de José Bonifácio sobre a transferência da capital brasileira para o interior do Brasil (ler aqui). De qualquer forma, isso enfrentaria grande resistência da corte, e muitos, se conhecessem o projeto, tachariam-no de louco e inexequível. Mesmo se deixassem D. Pedro I governar até o fim e ele não tivesse uma vida não curta - 36 anos ao morrer, em 1834 - ele certamente não aprovaria a ideia.

Talvez José Bonifácio, homem muito mais culto e inteligente do que D. Pedro I, o convencesse da adoção de ideias mais liberais. O Brasil poderia adotar um plano para abolir aos poucos a escravidão e passar a preservar melhor as liberdades individuais, mas educação para todo o povo e eleições livres eram consideradas, na época, algo muito radical. Sua Majestade Imperial, provavelmente, não cederia tanto. O próprio José Bonifácio sabia que não era possível mudar o sistema econômico sem afrontar os interesses da elite agrária. O Brasil continuaria a ser uma monarquia escravista produtora de café e cana-de-açúcar.

E se D. Pedro I resolvesse resistir e ficar? Com certeza viveria mais tempo, embora dificilmente escaparia da tuberculose, sua causa-mortis. A doença era uma das maiores causas de óbito na época.

Talvez seu filho que o sucederia, D. Pedro II, não tivesse idéias tão moderadas, como demonstrou ao longo de seu reinado. Ou então ele poderia levar a cabo a ideia aparentemente absurda de construir uma futura capital no meio do cerrado, décadas antes do nascimento de Juscelino Kubitscheck. Ou, por outro lado, seu pai não conseguir vencer a insatisfação de muitos de seus súditos, a qual descambaria para uma guerra civil capaz de provocar a secessão de territórios como Pernambuco, levando a cabo as idéias revolucionárias de Frei Caneca e outros. Como resultado, D. Pedro II herdaria um reino em dissolução. Neste último caso, não haveria mais o Brasil como ele é hoje.

São algumas hipóteses dignas de interesse, mas que não podem sobrepujar os fatos: D. Pedro I renunciou, houve a regência, o longo reinado de D. Pedro II e o golpe de 1889 que resultou na República e a posterior - aliás, bem posterior - chegada da democracia em nosso país após séculos de governos discricionários.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Dois casos da nossa Justiça próximos do fim (?)

Neste mês dois casos de ampla repercussão nacional puseram a prova a justiça do Brasil. 

Primeiramente, o caso da chacina na Vila Brasilândia. Tudo nos leva a crer em um rápido desfecho, Chegaram à seguinte conclusão: o menino Marcelo Pesseguini, de apenas 13 anos, foi o autor das mortes de quatro pessoas. Verdadeiro prodígio, pois os tiros foram certeiros, como os de um profissional experiente. Infelizmente, o menino não poderá se defender, pois também está morto, supostamente por suicídio. Há quem conteste essa versão, com base em indícios de arrombamento. Para muitos, outra pessoa atirou e forçou o garoto a disparar contra si próprio. 

Bem mais demorado e meticuloso foi o julgamento do mensalão. O Supremo está analisando os últimos recursos, e não tardará a dar voz de prisão aos chefes da quadrilha. Houve alguns recuos, para suavizar as penas de alguns réus, como foi o caso de Breno Fischberg, ex-sócio da corretora Bônus-Banval. Ele não foi o único membro dessa empresa a ser punido, mas foi o mais penalizado, recebendo pena superior a de seu colega Enivaldo Quadrado. Fischberg recebeu pena de cinco anos e Quadrado, pouco mais de três anos, pelos mesmos crimes - lavagem de dinheiro. Decidiu-se a favor do réu, como é de praxe em países mais avançados - a despeito das penas por lavagem de dinheiro serem, na opinião da maioria dos cidadãos comuns, muito brandas, assim como as de outros crimes chamados de "colarinho branco". Os sócios da Bônus-Banval não vão ficar na cadeia, porque suas penas são inferiores a quatro anos, e nesse caso há penas alternativas, além de multa. 

Quanto aos deputados envolvidos, eles continuam sem os seus mandatos. Ao contrário do emético caso Natan Donadon, o STF não vai deixar o Congresso decidir a respeito, para não haver o risco de se criar uma espécie de "bancada da cadeia" no Legislativo, algo não visto em outros países dignos de serem assim considerados. 

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Vêm aí mais partidos

Como se já não bastasse a profusão de partidos políticos cuja representatividade junto à população é questionável, ainda há o risco de se criar novas agremiações. 

Enquanto uma reforma política não vem para tentar transformar o nosso sistema em algo mais parecido com uma democracia de verdade - algo de reduzido interesse para os nossos representantes, beneficiados com o esquema atual - alguns insatisfeitos com o PT, o PMDB, o PSDB, o PP, o DEM e outras siglas resolveram dar novas crias: 

- o Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, o mais conhecido desses possíveis novos partidos, que defende o desenvolvimento sustentável com certo viés socialista;

- o Partido Republicano da Ordem Social (PROS), de Eurípedes Gomes de Melo Jr., cuja bandeira é a redução de impostos; 

- o Solidariedade, criado por Paulinho da Força Sindical, inspirado no partido Solidariedade da Polônia; muitos acham que isso é só uma fachada, pois acusam Paulinho de ser mais um pelego; 

- o Partido Militar Brasileiro (PMB), que defende o fortalecimento das Forças Armadas e das PM's, a prisão perpétua e a redução da maioridade penal; 

- o Partido Ecológico Nacional (PEN), de Adilson Barroso, com as mesmas propostas do Rede Sustentabilidade; 

- o Novo, presidido por José Dionísio Amoedo, defensor do livre mercado e das idéias liberais, pelo menos na teoria. 

Além deles, querem ressuscitar a famigerada Arena, a Aliança Renovadora Nacional, partido criado durante o regime militar para dar-lhe sustentação e verniz democrático numa época marcada pela opressão. 

Pensava-se que as medidas para dificultar o acesso de novos partidos ao fundo partidário, um montante formado por verbas de doações, multas eleitorais e outros recursos financeiros, iriam surtir efeito. Pelo visto, a resposta é não.