sexta-feira, 31 de julho de 2015

Será um prenúncio? Ou um ato isolado?

Ontem, alguém tentou explodir a sede do Instituto Lula, no Ipiranga, com uma bomba caseira. 

Parece um sinal de radicalização política, pois a paciência do povo brasileiro com Dilma está quase esgotada, devido à incrível combinação de piora econômica com crise política e a enxurrada de descobertas feitas pela Operação Lava-Jato a respeito da promiscuidade entre empreiteiras e políticos. 

Não está descartada a possibilidade de ser um mero ato de alguém desequilibrado, sem vínculos com grupos radicais, agindo por conta própria. 

De uma forma ou outra, o responsável precisa ser punido, pois o uso de bombas contra qualquer propriedade é, obviamente, um crime. É, sim, um ato terrorista, ainda que sem feridos ou mortos. Deve haver uma séria investigação a respeito, sem atribuir culpas antecipadamente. 

Por outro lado, esse ato, apesar de condenável, era esperado, diante do atual cenário. Os ânimos ainda podem acirrar-se ainda mais com os protestos do dia 16 e os anúncios das chamadas "pautas-bomba", medidas, como o novo cálculo de reajuste das aposentadorias, que aumentam os gastos do governo quando é imperativo diminuí-los. Além disso, Brasília ainda se apega aos cargos comissionados e aos 39 ministérios como um usuário de crack ao seu cachimbo para fumar a sua estimada pedra. 

O povo, como sempre, está pagando a conta dos vícios, da irresponsabilidade, da demência e da fraqueza moral de gente que costuma deliberadamente esquecer-se dos motivos pelos quais foram eleitos. Muitos de nós, brasileiros, não aguentamos tanta espoliação. Por muito menos do que se fez neste país, houve massacres, guerras civis, revoluções e outras medidas não desejadas pelos pacatos e quase passivos cidadãos desta terra. 

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Não é possível!!

Em janeiro, postei umas previsões que julguei furadas, por serem pessimistas demais para terem respaldo na realidade. 

Sem querer, porém, algumas das "profecias" estão se cumprindo, mais precisamente as duas primeiras de uma série de 22 (ler AQUI), em decorrência de: 

1. O Brasil vir a perder em breve o grau de investimento. 

2. Descobrirem um rombo no NOSSO DINHEIRO ainda maior, diante não só do caso Petrobras, mas também devido às investigações no setor elétrico e na Eletronuclear, responsável pela construção da usina Angra 3. 

3. Combinação indigesta de inflação, recessão e juros altos (ontem a Selic subiu para 14,25%).

4. Perda da governabilidade. Dilma Rousseff está delegando suas responsabilidades para os líderes do Poder Legislativo, principalmente Michel Temer, Renan Calheiros e Eduardo Cunha. Ela está perdendo o controle até de si própria, de acordo com os discursos feitos de improviso pela nossa governante. Um deles, feito para anunciar a criação de 15 mil vagas no Pronatec Aprendiz, tornou-se viral da Internet.

Dilma fez questão de reforçar as metas para o Pronatec em discurso (assistir um trecho AQUI)

Repetirei as tais previsões, com uma primeira análise. Poderei vir a fazer uma revisão posterior com as outras, não expostas aqui.



O Brasil vai entrar em recessão, com queda de -2% em 2015. 

Já estamos bem próximos disso. O Relatório Focus já fala em -1,76% de queda, decorrente da má gestão do governo Dilma. Em reunião com os ministros, ela teve a pachorra de culpar a Operação Lava Jato pelo descalabro, quando na verdade os culpados são os alvos de Sérgio Moro & Cia. 


A inflação vai ficar em 10,1% neste ano. 

As últimas previsões já falam em 9,23%, portanto muito próximo de ultrapassar os dois dígitos.


Não gostei de ter acertado essas previsões...



P.S.: Para tentar consertar seu governo, nesta semana Dilma anunciou o programa "Dialoga Brasil", com o objetivo de discutir questões relevantes com os internautas. Como o acesso à Internet não é tão amplo assim e, entre os usuários da rede, cada vez menos deles estão dispostos a dialogar com o governo, esta iniciativa pode repetir a sina de muitas das boas intenções feitas ao longo da nossa história. 

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Da série Pan 2015, parte 8 - Terminou

Ontem, os Jogos Pan-Americanos terminaram. 

É possível, por meio dos resultados obtidos, apontar tendências para o esporte nacional em um evento muito mais abrangente e importante, as Olimpíadas do Rio. 

Primeiro, as más impressões. No atletismo, não se pode esperar muito, pois nossos atletas tiveram dificuldade, e apenas Juliana Santos conseguiu um ouro, nos 5000 m, e Yane Marques foi campeã no pentatlo moderno; elas podem fazer bonito no Rio. O vôlei de ambos os sexos e o futebol masculino ficaram sem ouros, e podem gerar decepções nas Olimpíadas se não houver uma mudança de postura por parte dos técnicos e dos jogadores. Na ginástica artística, nada se pode esperar da maior parte dos atletas dessa modalidade, a não ser, é claro, Arthur Zanetti. O hipismo também não brilhou, e a tendência é o Brasil ficar bem atrás dos europeus neste esporte. Vale lembrar que o Pan é menos relevante do que os torneios mundiais para as Olimpíadas. 

Temos, contudo, boas notícias. Vários atletas se deram bem em modalidades onde o Brasil tem tradição (judô, natação, tênis de mesa) e mesmo em outros esportes (canoagem, tiro, esgrima). Handebol e futebol feminino se deram bem no Pan, mas durante os Jogos Olímpicos a história tenderá a ser outra. É preciso ver como todos eles se saem diante de europeus, asiáticos, africanos, australianos, neozelandeses, além dos grandes atletas das Américas. 

No quadro de medalhas, um ranking que não tem muita serventia se não acompanharmos os jogos, o Brasil ficou atrás apenas do Canadá e dos EUA, superando Cuba, outrora potência esportiva relevante. Os 41 ouros brasileiros são bem menos do que os 78 canadenses e os 103 americanos, e não superam os 48 de Guadalajara, mas por si só não mostram piora no cenário esportivo do país. 

Portanto, nada de muito otimismo, mas também não se pode dizer que iremos mal em "casa". Não dá para anunciar um fiasco (como o da Seleção da CBF) antecipadamente. É bem possível que haja motivos, pelo menos alguns, para sorrir durante os Jogos de 2016. 


sábado, 25 de julho de 2015

Da série Pan 2015, parte 7 - Brasil consolida-se no quadro de medalhas. No entanto...

Este foi o penúltimo dia de competição e os Jogos Pan-Americanos de Toronto foram um bom teste para as competições mundiais e, principalmente, as Olimpíadas do Rio. 

Mostremos primeiro as decepções. 

Primeiro, as meninas do vôlei. Elas jogaram pior do que as americanas nos dois primeiros sets. No terceiro, chegaram a fazer 19 a 12, mas as americanas souberam reagir e fecharam o jogo. Uma derrota dolorosa, mas o time formado por Fernanda Garay, Camila Brait, Adenísia, vai assimilar bem, mesmo porque é um mistão (Dani Lins e Carol, entre outras, estão no Grand Prix e também perderam para os Estados Unidos hoje, também por 3 sets a 0 para uma equipe muito mais forte em relação à que ganhou o ouro no Pan). 

O futebol masculino foi outra decepção. Foi o primeiro bronze, com gosto de ferro, numa vitória de Pirro contra a "poderosa" equipe do Panamá. De virada, diga-se: os adversários da América Central abriram o placar, e Luciano levou a partida para a prorrogação, para haver mais dois gols de Lucas Piazon e novamente Luciano. Mesmo com os 3 a 1, esta equipe, que não é a olímpica, está fadada ao esquecimento. 

No hipismo por equipes, o Brasil também foi apenas razoável, mas canadenses, venezuelanos e, principalmente, americanos, saíram-se melhor. 

Por fim, o atletismo, onde o Brasil depende de alguns nomes para brilhar. Foram meros coadjuvantes, diante de canadenses e norte-americanos. Por sorte, os atletas verde-amarelos não foram os únicos a falhar. Embora o cubano Richer Perez tivesse ganho o ouro na maratona, seus companheiros não foram tão bem e Cuba perdeu definitivamente a chance de ultrapassar o Brasil no quadro de medalhas: 35 contra 41 ouros.

Agora, as boas notícias.

Na esgrima, a equipe masculina conquistou a prata na categoria florete, encerrando uma das melhores participações nesta luta. Mesmo assim, faltou o ouro. Quem sabe no próximo Pan...

O futebol feminino mostrou categoria, com direito a um gol incrível de Maurine, o segundo dos quatro feitos contra as colombianas. Elas bem que tentaram, mas não foram páreo para a Seleção Brasileira, mesmo sem Marta. Os 4 a 0 trazem um pouco de otimismo, mas as Olimpíadas prometem  ser - e certamente serão - muitíssimo mais duras.

Não existe "martadependência" na Seleção Feminina de Futebol (Rafael Ribeiro/CBF)

Temos dois ouros (equipe masculina e Hugo Calderano) e três pratas (outros individuais e equipe feminina) no tênis de mesa. Um bom resultado, mas poderia ser melhor. Calderano teve de vencer o compatriota Gustavo Tsuboi, e os dois ocuparam os melhores lugares do pódio.

Um ouro inesperado foi para o boliche, esporte que não costuma dar muitas alegrias aos brasileiros: Marcelo Suartz conseguiu, ao derrotar o venezuelano Amleto Monacelli, além do americano Devin Midvell e o canadense Dan Maclelland.

No handebol masculino, algo parecido com o handebol feminino: Tiveram de enfrentar a equipe argentina, e conseguiu vencê-la na final, para deleite da torcida, principalmente aqueles ávidos pela tradicional rivalidade esportiva. Houve uma diferença fundamental: precisaram enfrentar duas prorrogações e fazer 29 gols, contra 27 dos hermanos.

Ouro também no basquete masculino, coisa rara de se ver. A equipe teve de enfrentar a desconfiança da torcida brasileira e o apoio da torcida local pelos adversários. Houve sofrimento, mas os brasileiros levaram a melhor sobre os canadenses: 85 a 71. 

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Da série Pan 2015, parte 6 - Brasileiras são penta no handebol

A dois dias para o final das competições, Cuba está se saindo bem no atletismo, justamente onde os brasileiros mais têm dificuldade para conseguirem bons resultados. Não tão bem, porém, e ainda estão atrás dos brasileiros no quadro de medalhas: 31 contra 35 ouros. 

Um dos atletas da ilha caribenha, Pedro Pichardo não deu chance aos adversários e pulou 17,54 m, conseguindo o ouro no salto em distância. Denia Caballero superou a compatriota Yaimé Perez na prova de lançamento de disco, deixando a americana Gia Lewis Smallwood amargando o posto mais baixo do pódio. 

Os brasileiros vêm se esforçando, com alguns bronzes, como o da equipe feminina de esgrima, que tomaram a medalha das cubanas por 38 a 29, e o de Jucilene de Lima e Júlio César de Oliveira, ambos no lançamento de dardo. Houve também a prata de Roland Julião, prata no lançamento de disco. Nada mal.

No basquete masculino, os brasileiros já superaram o time B dos Estados Unidos e agora venceram a República Dominicana por 68 a 62, para disputarem o ouro com o Canadá. A Seleção Brasileira de Vôlei Masculino está no momento seguindo o caminho das meninas ao enfrentaram os porto-riquenhos. No momento, ganham por 2 sets a 0.

O melhor, porém, ficou para o handebol feminino. Depois de um começo pífio, e ainda por cima contra as argentinas, chegando a levar 7 a 2, as brasileiras reagiram, principalmente no tempo final, e terminaram o jogo com 25 gols contra 20 das hermanas. Conquistaram o pentacampeonato e o ouro no Pan.

Assista abaixo um pequeno resumo, a partir das transmissões da Record, que vem deixando a desejar na transmissão dos jogos, dos quais tem os direitos de transmissão. Pior faz a Globo, que nem destaque dá às competições no Globo Esporte ou no Jornal Nacional.


Pelo menos alguns brasileiros dão alegrias, enquanto outros fazem de tudo para arruinarem a vida do país, ao desencadearem mais um dia terrível para a economia, com o dólar disparando e já chegando aos R$ 3,34, e a Bovespa caindo 1,13%, para atingirem 48.848 pontos, menos nível desde março. Tudo por conta do maior escândalo político do Brasil no século XXI, que a Operação Lava Jato está tentando desmantelar. 

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Da série Pan 2015, parte 5 - Sufoco no vôlei, Fabiana Mürer e ouro no caratê

Neste dia, o Brasil voltou a ganhar medalhas de ouro, após um dia marcado pelo atletismo, onde o Brasil ainda tem muito a evoluir: Flávia de Lima foi uma das poucas a se dar bem, ao ganhar o bronze nos 800 m rasos. O ouro veio em outro esporte, o caratê: Valéria Kumizaki, após tentativas no Rio e em Guadalajara, conseguiu seu primeiro ouro, aliás, o primeiro ouro no caratê, ao derrotar por pontos a canadense Kate Campbell. Douglas Brose já foi campeão mundial de caratê, mas só havia ocupado o posto mais baixo do pódio em um Pan. Conseguiu seu intento ao derrotar o venezuelano Jovanni Martinez.

Douglas Brose exibe a sua medalha de ouro e segura o boneco que representa a mascote Pachi (USA Today Sports)

Voltando ao atletismo, temos Fabiana Mürer, em duelo pessoal com Yarisley Silva, atual melhor do mundo. Deu a lógica. Mürer não conseguiu superar a cubana, que pulou 4,85 m. A brasileira conseguiu saltar até 4,80 m e ficou com a medalha de prata.

Bem pior estava a Seleção de futebol, que conseguiu perder de virada do Uruguai. Com um a mais, o Brasil teve dificuldade e só conseguiu abrir o placar no segundo tempo, com Clayton, em pênalti mal cobrado que virou rebote. Dodô foi expulso, os uruguaios cresceram, e fizeram dois gols em apenas um minuto, com Schettino e Castro. O futebol brasileiro definitivamente não é mais o mesmo, desde antes do 8/7. 

No vôlei, houve duas consequências notáveis de se montar duas seleções femininas, uma para o Grand Prix e outra para o Pan. No primeiro caso, Dani Lins, Gabi, Carol e suas companheiras foram derrotadas sem piedade pelas sempre terríveis russas por 3 sets a 0 (25/19, 28/26 e 25/19), mas desta vez sem choro, porque ainda estão na fase de grupos. No segundo, foi a vez de Fernanda Garay e Mari sofrerem: as portorriquenhas começaram muito melhor e venceram os dois primeiros sets, ameaçando perigosamente tirar as brasileiras das finais: 18/25 e 24/26. Zé Roberto Guimarães, comandando em Toronto, ordenou a reação, e as brasileiras aos poucos tomaram conta do jogo. Venceram os sets finais por 25/22, 25/19 e 15/11. Felizmente, nas Olimpíadas do Rio, Zé Roberto só terá que montar um time. 

Assuntos muito comentados que ofuscam os holofotes em Brasília

Mesmo com notícias arrepiantes vindas de Brasília, como o rebaixamento das metas de superávit primário, de 1,13% para 0,15% e as descobertas vindas da Operação Lava Jato (respaldadas por investigações da Odebrecht feitas na Suíça e nos Estados Unidos), muita gente estava comentando outros assuntos: 

1. O uso da cúrcuma pela filha de Gilberto Gil, a Bela, preocupada em estimular o uso de produtos naturais. Ela escova os dentes com este produto, e muita gente cornetou a prática. Bela Gil afirmou não ter lançado nenhum modismo, afinal ninguém vai deixar de usar cremes dentais só por causa de uma subcelebridade. 

2. Na Copa Libertadores da América, o Internacional deu vexame e perdeu feio do Tigres por 3 a 1, acabando com o sonho de ganhar o terceiro título e ter o privilégio de ser escorraçado do Mundial de Clubes pelo Barcelona numa suposta final (pois somente um Poliana dos pampas iria sonhar com o time de Nilmar conseguindo algo contra o time de Neymar - e Messi, Suárez, Iniesta...). Quem acabou ganhando a vaga é o River Plate, pois o Tigres é time do México, um país fora da Conmebol.

3. Continua a polêmica sobre o gesto de continência adotado por muitos atletas brasileiros nos jogos Pan-Americanos (o Pan 2015), a grande maioria militares na ativa. Boa parte dos críticos vê isso como uma espécie de atentado à democracia, enquanto outros vêem respeito às Forças Armadas, das quais eles são representantes. Ainda associam qualquer gesto militar como os anos de chumbo, o que é paranóia ou mistificação, ou ambas as coisas. 

4. Existem os atuais assuntos vindos da televisão, como o "book rosa", catálogo de modelos usadas para programas sexuais, abordado na novela das onze, Verdades Secretas, da Globo, assim como o MasterChef, as séries de TV por assinatura (principalmente Game of Thrones) e as novas-antigas fofocas sobre celebridades.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Nossa pátria educadora

A catástrofe representada pelo gigantesco esquema de corrupção na Petrobras, mais a falta de capacidade gerencial do nosso governo pode comprometer o futuro da nossa população. 

Para tentar economizar, a presidente Dilma está mandando cortar em todos os setores possíveis (de acordo com a visão particular dela e de seus correligionários). Um dos setores mais atingidos é a educação.

Já contingenciaram a verba do Proap, responsável pelo financiamento de viagens de alunos para participarem de seminários (algo necessário para a divulgação e publicação de artigos científicos), o que é péssimo. Muito pior, porém, é tirar verbas do ensino fundamental. Com isso, serviços como a melhoria da infraestrutura das escolas, o serviço de transporte de alunos, compra e distribuição de livros didáticos, ficam comprometidos, ameaçando a formação de futuros cidadãos.

Medidas tomadas pela Pátria (Des)Educadora (dados do Ministério da Educação)

Para piorar, todo esse esforço parece inútil, pois os Três Poderes não cumprem sua parte, agravando a sensação de haver privilégios injustificáveis. Ainda por cima, a meta de superávit primário, divulgada hoje, baixou de 1,13%, uma meta já considerada modesta, para ridículos 0,15%, ou 8,747 bilhões de reais, insuficientes para pagar os juros da enorme dívida pública. Ou seja, este governo gasta no que não deve e não gasta no que deve, utilizando termos não técnicos para descrever as atuais circunstâncias.

Dilma Roussef está se saindo um tipo peculiar de estadista, diferente de uma Juscelino ou Getúlio de saias. Sua gestão como presidente da Pátria Educadora vai deixar um legado a ser lembrado por dezenas de anos, quando o Brasil conseguir superar os efeitos deste governo e passar a ser uma nação realmente justa e respeitável (caso isso ocorrer um dia).

terça-feira, 21 de julho de 2015

Brasil em ebulição

Começa mais uma semana de turbulências na política brasileira. 

A Operação Lava-Jato está em curso e já condenou ex-executivos da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, Eduardo Leite e José Ricardo Auler. Além disso, Marcelo Odebrecht foi formalmente indiciado. Enquanto isso, está enfrentando tanto a ira do governo, cujos membros foram responsáveis pelos conluios com as empreiteiras e pela roubalheira na Petrobras, quanto a de Eduardo Cunha, que mandou seus advogados tentarem sustar todas as atividades, a pretexto de haver atropelamento das atribuições do STF. 

Cunha mandou despachar 11 processos de impeachment contra Dilma e fez na sexta um pronunciamento relativamente suave, em contraste com as ameaças de rompimento com o governo. Ele temia ir muito longe em sua raiva contra o PT, e ao mesmo tempo precisava ser firme e ao mesmo cauteloso contra supostos abusos cometidos pela Operação Lava-Jato, cujas ações possuem certo respaldo da população, cansada da impunidade. Por isso, a ação no STF contra Sérgio Moro e seus comandados foi feita sem grande alarde.

Logo, existem três grandes forças oponentes: Sérgio Moro, Eduardo Cunha e o PT. Cada um ataca os outros dois e tenta se defender deles. Existe ainda uma quarta força, as empreiteiras, combatidas por Moro e financiadoras do PT e, por hipótese, de Cunha. 

Dentro e, principalmente fora de Brasília, os ânimos da blogosfera, a favor e contra o governo continuam exaltados. Simpatizantes do PT demonizam Cunha, enquanto os opositores tentam provar por A mais B que Dilma é mais uma Maria Louca do que uma presidente. Ambos saúdam os trabalhos da Operação Lava-Jato, mas apenas quando investigam os adversários. Blogs mais moderados, porém, analisam os fatos, e não as versões, e não se comportam como torcidas organizadas. 

Enquanto isso, os brasileiros tentam levar sua vida normalmente, sofrendo com a alta das tarifas, a economia combalida e velhos problemas estruturais que impedem o país de ser mais justo para com seus cidadãos. A curto prazo, tudo será mais difícil de suportar, ainda mais porque o Brasil já é visto como um país onde não é tão seguro investir, e essa sensação pode ser respaldada pelas notas a serem divulgadas pelas agências de classificação de risco, principalmente a Moody's. 

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Da série Pan 2015, parte 4 - Brasil já tem mais de 100 medalhas, mas...

Quando se fala de Brasil, sempre há contravérsia em tudo, inclusive no esporte.

Sim, neste Pan de Toronto o Brasil está muito bem no ranking, em um incrível terceiro lugar, atrás apenas de Canadá e EUA e à frente de Cuba, considerada uma potência esportiva. Os atletas brasileiros conquistaram 102 medalhas, sendo 30 de ouro. Thiago Pereira é o maior medalhista da história dos Jogos Pan-Americanos. Modalidades como canoagem conseguiram a proeza de ter levado todas as medalhas possíveis (os atletas ganharam 3 ouros, 6 pratas e 5 bronzes). Judô e natação continuam dando muita alegria à torcida.

Por outro lado, certas modalidades estão mostrando suas deficiências. O basquete feminino, por exemplo, que perdeu do Canadá por um placar avassalador (91 a 63), teve de disputar o bronze com Cuba e também se deu mal: 66 a 62. Por conta disso, não se deve esperar muito das meninas. Nenhuma delas pode se equiparar a grandes nomes desse esporte, como Hortência e Paula, jogadoras dos anos 1990. Outra modalidade bem mais destacada por aqui é o futebol masculino, abalado para sempre pelo 8/7: conseguiram ceder um empate com o Panamá quando estavam vencendo por 3 a 0. Se vacilaram contra um time que não é nem de longe tão brilhante como o da Argentina ou do Uruguai, também há o risco fortíssimo do Brasil não ganhar nada importante no futebol internacional nesta década.

Outro esporte onde o Brasil não correspondeu foi o tênis. Com os principais tenistas privilegiando os torneios mundiais, as promessas das quadras ficaram sem medalha. Nenhum deles até agora chega a ser um Guga ou uma Maria Esther Bueno, mas não se pode perder a esperança porque eles ainda estão adquirindo experiência. A situação do tênis de mesa é bem diferente. Ainda estamos no começo das disputas por medalha, mas os atletas brasileiros começaram muito bem, com 12 vitórias até agora.

Quanto à modalidade mais importante do Pan, o atletismo, o Brasil não tem grandes pretensões, embora, na maratona, Adriana da Silva tenha conseguido a prata, um resultado, ainda assim, um tanto decepcionante porque ela foi campeã em 2011. Neste ano, a peruana Gladys Tejeda venceu. Caio Sena Bonfim foi bronze na marcha atlética (20 km), prova sempre ridicularizada devido ao "rebolado" dos competidores. O elenco brasileiro não conta com Maurren Maggi, que se aposentou neste ano. O maior destaque é mesmo Fabiana Mürer, que ainda não estreou. Vale lembrar que as provas de atletismo estão ainda no começo. 

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Uma falsa sensação de anarquia no Brasil

As paixões políticas vigentes no Brasil estão acirradas, a ponto de se ter uma sensação incômoda: o Brasil se transformou numa espécie de torcida, onde os líderes das organizadas estão se digladiando entre si, com direito a balas perdidas e rojões atingindo inocentes. 

No entanto, a realidade não é bem essa. 

A Operação Lava-Jato está agindo com eficácia inédita para um agente da Justiça aqui no Brasil, com certo açodamento e pirotecnia, mas em geral o trabalho é digno de nota. Tiveram a coragem de investigar as atividades de ninguém menos que Luís Inácio Lula da Silva, o ex-presidente, e suas ligações com a Odebrecht em obras feitas no exterior: Cuba, Venezuela, República Dominicana e Angola. Por enquanto a investigação está só no início e não há provas concretas, mas algo de novo irá acontecer. 

Por outro lado, Eduardo Cunha e Renan Calheiros ameaçaram retaliar o PT, devido aos seus nomes serem citados na chamada "lista de Janot", ou seja, os políticos acusados de envolvimento no Petrolão pelo ex-procurador geral da República. Cunha, em discurso, praticamente reduziu a aliança com o partido de Dilma a mera formalidade. Enquanto isso, Renan mandou abrir duas CPI's, a dos fundos de pensão e a do BNDES.

Deputados ligados ao governo, mais o PSB, fizeram um grupo para protestar contra o suposto "autoritarismo" de Eduardo Cunha, acusando-o de impor uma agenda particular à Câmara. Porém, não deixaram claro quais as violações feitas por Cunha ao regimento. Parece mais uma questão ideológica, pois o peemedebista tem ideias conservadoras demais para o gosto do grupo. 

Pode parecer que o Brasil será assolado por uma crise política equivalente a um terremoto de magnitude 9 na escala Richter. Contudo, as instituições ainda funcionam, as pessoas (ainda) estão levando uma vida considerada normal, os índices de inflação e queda do PIB ainda são considerados administráveis, embora altíssimos, o número de saques a supermercados e lojas não é digno de nota (isso é bom) e há pouquíssima gente se manifestando (isso não é necessariamente bom).

Ninguém está pegando em armas para fazer uma revolução, mesmo porque vigora o Estatuto do Desarmamento (a vigência de estatutos é mais uma prova de que o Brasil não pode ser considerado fora de controle) e apenas uma minoria pensa, a sério, em mandar a Dilma e seus asseclas para a guilhotina.

Muitos falam do risco do Brasil se tornar a Grécia, ainda mais porque a Moody's está na iminência de deixar o Brasil mais próximo de perder seu grau de investimento com um rebaixamento quase certo em sua nota (por enquanto, Baa2). Diferenças gritantes na diversidade econômica, PIB, população economicamente ativa e, principalmente, área ocupada (a Grécia é um naco de terra perto do Brasil) inviabilizam o argumento.

Isso é só reflexo de uma crise forte, que assola a política, a economia e a vida de todos nós. Como toda crise, ela terá fim, e o Brasil continuará existindo, pois ela está bem longe de ter o poder de destruição apregoado por muita gente. 

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Da série Pan 2015, parte 3 - O rei do Pan é apenas um dos destaques

Thiago Pereira conquistou o bronze nos 200 m peito e participou do revezamento 4x200 m livre, juntamente com Luiz Altemir, João de Lucca e Nicolas Oliveira. O quarteto conquistou o ouro e, com isso, o "Rei do Pan" termina sua participação nos Jogos Pan-Americanos. Conseguiu seu objetivo. Somando suas participações em Santo Domingo, no Rio e em Guadalajara, o nadador carioca já ganhou 23 medalhas, superando Gustavo Borges, por sinal seu amigo. 

Não é o fim da carreira de Thiago, que ainda vai participar das Olimpíadas no Rio, em busca de uma inédita medalha de ouro olímpica, algo já conseguido pelo "arquirrival", o paulista Cesar Cielo, que não disputa em Toronto. É uma missão quase impossível (embora não totalmente), pois os ouros foram conquistados por equipes, e na disputa individual o "Rei" parecia não ser tão majestoso.

Nos 200 m peito, outro Thiago conquistou o ouro, com sobrenome Simon. O já citado João de Lucca ganhou nos 200 m livres, e também coleciona uma medalha dourada. 

Em outra modalidade, levantamento de peso, Fernando Reis conseguiu erguer 235 kg no arremesso, algo estupendo principalmente para os não-atletas, e subiu no alto do pódio. Durante a sua sessão, ele teve de erguer, ao todo, 435 kg, quase meia tonelada.

O "brutamentes" Fernando Reis não fez o ouro ir apenas para os nadadores (Divulgação/COB)

Decepção apenas na ginástica artística, categoria celebrizada nos Pan anteriores. Daniele Hypolito e suas companheiras conquistaram "apenas" o bronze. Espera-se melhor resultados nas Olimpíadas, onde os ginastas brasileiros, com exceção de Arthur Zanetti, não brilharam.

Outras medalhas foram comemoradas, e algumas nem tanto, como a prata de Emerson Duarte, no tiro esportivo, pois ele sabia que tinha chance de algo melhor, e por um ponto não conseguiu. Também uma prata amarga no polo aquático, mas os brasileiros estavam enfrentando o time americano, que já havia levado cinco ouros seguidos. Desta vez o ouro americano não veio tão fácil (11 a 9).

Reação diferente tiveram as duplas de badminton: Lohaynny e Luana Vicente, Daniel Paiola e Hugo Arthuso, ganharam medalhas de prata, as primeiras da modalidade na história do Pan.

terça-feira, 14 de julho de 2015

A apreensão na Casa da Dinda e outros assuntos

O senador Fernando Collor continua a aparecer nas manchetes de jornais por motivos pelos quais ele não gostaria de passar. O presidente cassado da República viu sua casa - a famigerada Casa da Dinda - ser vistoriada pela Polícia Federal a mando de Rodrigo Janot, procurador-geral, e sua coleção de carrões acabou apreendida. Eram três carros de altíssima categoria: um Lamborghini Aventator de quase quatro milhões de reais, uma Ferrari 458 e um Porsche Panamera. 

Ninguém pode acusar o ex-presidente de mau gosto para carros (Folha)

Renan Calheiros, aliado e conterrâneo de Collor, protestou contra a ação da PF, dizendo que a operação, batizada de "Politéia", era uma invasão e uma "intimidação". Tanto Collor como Renan são acusados de se beneficiarem indevidamente do NOSSO DINHEIRO, segundo a Operação Lava Jato. 

Outros líderes tiveram também suas propriedades vasculhadas: os senadores Fernando Bezerra (PSB-PE) e Ciro Nogueira (PP-PI). 

Este não foi o único assunto comentado pelos brasileiros. A CPI do Futebol tomou corpo com a eleição de Romário, o ex-jogador e atual senador pelo PSB do Rio de Janeiro, como presidente, e o mesmo Collor dos carrões como membro da comissão. O Senado também aprovou modificações no Estatuto da Criança e do Adolescente que pune com mais rigor os menores infratores, e isso foi visto com bons olhos pelo Planalto, apesar de ser um projeto do "inimigo" José Serra, pois isso enfraquece - mas nem de longe neutraliza - a posição dos defensores da redução da maioridade penal.

Da série Pan 2015, parte 2 - Terça-feira atlética

O termo (dia da semana) gorda não parece o mais adequado para definir a atual situação das equipes brasileiras nestes Jogos Pan-Americanos. Gordo não combina com esporte, com o perdão do "politicamente correto" vigente. Está mais para atlético, mesmo. 

Neste dia os brasileiros mostraram competitividade, o que pode ser um bom indicador para as Olimpíadas, um evento bem mais exigente. Tivemos as atuações de Arthur Zanetti, conhecido mundialmente pela sua atuação em Londres-2012, e Thiago Pereira. Porém, a boa notícia para os torcedores não veio apenas dessas estrelas. 

Jacqueline Ferreira se encarregou de ser a primeira brasileira a ganhar uma medalha no levantamento de peso, conseguindo erguer 230 kg. A nadadora Joanna Maranhão faturou também o bronze nos 200 m borboleta. Seu namorado, o judoca Luciano Correa, venceu a disputa contra Marc Deschernes e ganhou nada menos do que o ouro. O casal acabou sendo um dos destaques da competição e foi comentado nas redes sociais. Infelizmente nem todos por esse motivo, pois Joanna foi uma das que apareceram para palpitar sobre a redução da maioridade penal num vídeo. Durante as competições é melhor esquecer esse episódio infeliz. 

Zanetti conquistou o ouro nas argolas, logo após outra grande performance do canoísta baiano Isaquias Queiroz, medalha de ouro pela segunda vez, na categoria C1 200m. Como era esperado, ele fez uma apresentação de grande qualidade. Precisava, pois ele, campeão mundial e medalhista de ouro em Olimpíadas, curiosamente não tinha uma vitória em um Pan. 

Arthur Zanetti após a conquista do ouro no Pan (Ezra Shaw/Getty Images)

Thiago Pereira, o já tarimbado nadador, nem precisou se esforçar muito (aliás, nem um pouco) pois seus companheiros Matheus Santana, João de Lucca, Bruno Fratus e Marcelo Chiegherini vencem a prova de revezamento 4x100 m, desbancando os quartetos americano e canadense. Os donos da casa, mesmo com a torcida a favor, só ficaram com a prata. Thiago se classificou para as finais dos 100m crawl e ganhou o direito de receber a medalha por equipes, devido a uma curiosa regra dos Jogos. 

Leonardo de Deus, outro nadador, também se deu muito bem, mas na modalidade 200m borboleta. Também ganhou a medalha dourada. 

David Moura foi mais um atleta a conquistar a torcida. Judoca, subiu no ponto mais alto do pódio ao vencer Freddy Figueroa na final dos pesados. Mayra Aguiar poderia engrossar a lista, mas perdeu para a americana Kayla Harrison, simplesmente campeã olímpica e considerada "arquirrival" da brasileira. Ela até se saiu bem, mas acabou cometendo alguns erros, enquanto a americana foi mais constante. Mesmo assim, a medalha de prata foi um bom resultado e um estímulo para as Olimpíadas do Rio. 

Com os resultados acima, o Brasil subiu de posição, superando o México e conquistando o quinto lugar no quadro de medalhas. O número de ouros dobrou só nesta terça. 

Neste dia, também houve uma inédita medalha de ouro para a Guatemala, país da América Central, com o ginasta Jorge Veja, de apenas 19 anos e 1,48 m. Ele fez uma apresentação surpreendente e superou os americanos. 

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Da série Pan 2015, parte 1 - Brasil empolga apesar das ressalvas

As competições dos Jogos Pan-Americanos em Toronto, Canadá, começaram na semana passada e o Brasil, mesmo mostrando suas limitações em termos técnicos e financeiros (a velha questão do patrocínio para a maioria dos atletas), consegue empolgar. 

À parte os resultados no triatlo e nos saltos ornamentais sincronizados, para citar algumas decepções, os competidores do Brasil mostram competência. 

Hoje, na canoagem, destaque para Isaquias Queiroz, na prova individual categoria C1 (canoa com uma pessoa) 1000 m, venceu a prova e ficou com o ouro hoje. Também foi digna de elogios a atuação da dupla Ingrid de Oliveira e Giovanna Pedroso, que surpreendeu e conquistou a prata nos saltos sincronizados. Nada mal, considerando que Ingrid, em sua primeira exibição, caiu de costas na água. Ela também se destacou pela beleza física. Outro destaque foi a jovem ginasta Flávia Saraiva, com apenas 15 anos, que superou rivais bem mais velhas e experientes e ficou com o bronze. Por fim, temos o veterano Tiago Camilo do judô, ganhador do sexto ouro brasileiro (e terceiro na carreira dele no Pan). 

Isaquias Queiroz (ao centro) foi o destaque entre os brasileiros hoje (Jeff Swinger/USA Today)

Antes, houve vários momentos importantes protagonizados pelos brasileiros. As primeiras medalhas vieram do judô, esporte onde o Brasil sempre tem chance de medalha, com destaque para os ouros de Charles Chibana, judoca da categoria 66 kg, que venceu o canadense Antoine Bouchard na final, e Erika Miranda, também judoca, mas na categoria 52 kg, que derrotou a também representante do país-sede, Ecaterina Guica. Depois, Felipe Wu se destacou no tiro esportivo, com pistola de ar, vencendo competidores fortes como o americano Jay Shi. Tivemos também a grande exibição de Marcel Strümer, na patinação artística. Ele conseguiu o quarto ouro do Pan, e se tornou tetracampeão. 

A primeira medalha do Brasil foi de Nathalia Brígida, bronze no judô na categoria 48 kg. 

Além disso, tivemos atuações de destaque no judô (uma prata e cinco bronzes, além dos ouros já citados), hipismo (bronze), ginástica artística (equipe feminina conquistou o bronze), canoagem (equipe masculina e Gilvan Ribeiro em apresentação individual ganharam prata) e até o rúgbi (bronze). 

Tivemos ainda o começo das disputas de atletismo, vôlei de praia (masculino e feminino, com destaque para a dupla Lili e Carolina Horta) e futebol (onde o time, formado por jovens, goleou na estreia o Canadá por 4 a 1 e em nada lembrou a decadente seleção principal, marcada por fiascos memoráveis). 

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Papa Francisco alvo das críticas dos conservadores

O Papa Francisco é alvo, atualmente, de várias críticas vindas dos setores conservadores da Igreja Católica e também de parte da mídia. 

Ele é acusado ora de ser simpatizante do socialismo e adversário do capitalismo, ora de criticar aquilo que não compreende, por suposta ingenuidade, visão estreita da realidade mundana, ou particular entendimento do que seria a luta por justiça social.  

Por outro lado, ele recebe o apoio dos setores progressistas da Igreja justamente por isso, o que não deixa de ser curioso. 

Quando era o cardeal Jorge Maria Bergoglio, eram os setores progressistas que não simpatizavam com ele. Acusavam-no de leniência durante a ditadura militar argentina, uma das mais sanguinárias da América Latina no século XX. Essa tese, sem fundamento, foi defendida pela presidente Cristina Kirchner. A partir de sua elevação ao pontificado, a presidente aparentemente esqueceu a oposição, movida aparentemente pelo sentimento patriótico de ter um papa argentino. Daí em diante, Sua Santidade arrefeceu as críticas ao governo kirchnerista.

Cardeais e bispos da ala conservadora, por outro lado, não gostam das críticas do papa à Cúria Romana, tradicional corpo administrativo, taxada certa vez (no final do ano passado) de ter "Alzheimer espiritual", esquecendo-se das tarefas evangelizadoras, entre outros termos considerados muito agressivos. 

Setores da mídia que lamentam as atitudes do papa viam com simpatia os seus hábitos simples, de utilizar o transporte público, e sua disposição para reformar a Igreja. Porém, eles se incomodaram com as frequentes críticas ao capitalismo, bem mais frequentes do que as dirigidas contra as ideias marxistas que ainda permeiam parte dos sacerdotes católicos principalmente na América Latina. Também a encíclica Laudato Si, com preocupações ambientais, foi vista como um recado aos capitalistas. Os recentes discursos contra o capitalismo, chamado de "ditadura sutil", também foram mal ouvidos, embora em tese não contrariem a doutrina social da Igreja, que sempre desestimulou o materialismo. 

Um episódio incomodou mais do que tudo isso: em sua viagem à América do Sul, durante passagem na Bolívia, o papa recebeu como presente de Evo Morales uma estranha cruz em formato de foice-e-martelo. Morales é visto como um ditador populista que faz pastiche das ideias do marxismo e de Bolívar para tentar se perpetuar no poder. 

Evo constrangeu o papa com a sua "cruz" (Osservatore Romano/Reuters)

O objeto, considerado herético pela doutrina católica, desagradou o papa, que não o recusou para não tentar ofender o anfitrião. Seria uma reprodução de um jesuíta espanhol, Luís Espinal, trucidado pela ditadura boliviana aos 48 anos, em 1980. Espinal era vinculado à Teologia da Libertação, ramo da Igreja progressista que mesclava o socialismo com a doutrina social da Igreja.

Por causa do "regalo", muitos criticaram o papa, acusando-o de ser simpatizante dos "vermelhos", deixando de lado o fato do pontífice não ter gostado da mistura de cruz com o símbolo máximo do comunismo.

Este episódio é mais uma mostra das dificuldades sofridas por uma Igreja que perde fieis para os pastores evangélicos e o Islã, enquanto está mergulhada em disputas que remetem à velha Guerra Fria. O esforço para a reforma da Igreja e de seu caráter evangelizador, e a recorrente defesa das posições tradicionais contra o aborto, a pedofilia e os desvios de comportamento dos padres, deve se sobrepor às ideologias políticas. Este é um trabalho que cabe à assessoria de Francisco, o "papa dos pobres". 

quarta-feira, 8 de julho de 2015

A goleada que o Brasil continua levando

Não é só no futebol onde o Brasil perde feio. Hoje faz um ano que a Seleção Brasileira levou 7 a 1 da Alemanha na Copa do Mundo em pleno Mineirão, naquele episódio grotesco apelidado de "Mineiratzen". 

É bom que se diga: a Seleção Brasileira deve ser considerada, mais propriamente, a Seleção da CBF. Para boa parte dos torcedores este time não é digno de representar a pátria brasileira e está a serviço de uma entidade privada e não de uma nação. 

O zagueiro David Luiz, uma das vítimas do 8/7 na Copa. Já os brasileiros têm muito mais motivos para chorar do que ele. 

Pior, muito pior do que uma das mais extravagantes e bizarras goleadas da história do futebol, mais uma comédia satírica do que uma tragédia, é a derrota dos brasileiros na sua vida cotidiana. Estamos perdendo por um placar muito pior do que 7 a 1. 

Perdemos com a corrupção desenfreada contra NOSSO DINHEIRO. 

Perdemos com a falta de transparência nas decisões dos governos. 

Perdemos com as pedaladas fiscais e os truques que os governos fazem para arrecadar mais dinheiro ou para lesar os contribuintes. Não é só Brasília que faz isso: hoje mesmo o governo paulista decidiu, repentinamente, atrasar os repasses da Nota Fiscal Paulista em seis meses, e ainda por cima destinando não mais 30% do ICMS, mas apenas 20%. Para compensar isso, destinaram os outros 10% na premiação dos sorteios mensais, onde muito menos gente acaba ganhando. 

Perdemos com a violência que destrói indivíduos e famílias inteiras. 

Perdemos com a recessão, a inflação e o desemprego, que ameaçam destruir todas as conquistas econômicas de milhões de pessoas. 

Perdemos com o uso político rasteiro de um benefício social, o Bolsa-Família, uma esmola que mal dá para ajudar a aliviar a miséria e condena famílias a dependerem do governo federal, tornando-as reféns dele. 

Perdemos com este vazio aberrante de poder, causado por uma governante que deixou de representar satisfatoriamente a vontade do povo. Enquanto isso, a oposição e o PMDB estão mais atuantes e, embora reprimam com mais eficiência os abusos do Planalto, também eles próprios tomam decisões que envergonham seus representados, particularmente os eleitores mais esclarecidos. 

Perdemos com a falta de investimentos em setores que realmente precisam: educação de qualidade, saúde pública decente, segurança. 

Perdemos com o uso indevido da Petrobras, da Caixa, do BNDES e outras propriedades NOSSAS, e não dos governos. 

Perdemos com os critérios estranhos para as obras (necessárias) de infra-estrutura, sem licitação ou fiscalização adequadas, visando beneficiar terceiros. 

Perdemos com as condições que podem tornar este país uma economia especulativa. Fatalmente as agências de classificação de risco vão rebaixar as notas de crédito soberano do nosso país, e poderemos perder o grau de investimento. 

Perdemos com a atroz política energética do nosso país, condenando-nos a pagar pelo rombo bilionário nas contas das distribuidoras de energia devido à seca histórica e às falhas de gerenciamento. 

Perdemos com a má gestão dos recursos naturais, e não só a água, ameaçando o abastecimento da população e o meio ambiente. 

Perdemos com a falta de visão de longo prazo demonstrada pelos nossos representantes. 

E, finalmente: 

Perdemos com a nossa própria falta de iniciativa para exigirmos nossos direitos e cumprirmos com as nossas obrigações, como cidadãos que deveríamos ser. 

Até quando iremos aguentar um placar tão adverso? Nós, brasileiros, teremos futuro assim?

terça-feira, 7 de julho de 2015

Clima (mais) acirrado

Em entrevista à Folha de S. Paulo, a presidente Dilma se pronunciou a respeito das inúmeras suspeitas que pesam contra ela e seus aliados, e de seu enfraquecimento político, como bem demonstram as últimas pesquisas de popularidade. 

A entrevista pode ser lida AQUI

Não podia ter gerado maior repercussão, ainda mais porque a presidente se mostrou agressiva e desafiante diante dos adversários, praticamente tratados como inimigos. O PSDB criticou a postura supostamente "imperial" de Dilma, enquanto o maior beneficiado por uma eventual renúncia ou impeachment da presidente até novas eleições, o PMDB, assegura que não há motivos ainda para a cassação de mandato, apesar da verdadeira tempestade de denúncias envolvendo todo o poder de Brasília e as empreiteiras, assim como a situação cada vez mais opressiva para o nosso povo, em questões sócio-econômicas: desemprego, inflação, recessão, criminalidade.

As falas lembram o passado dela, quando ela lutou na guerrilha contra a ditadura militar, e chegam a aludir a uma tentativa de suicídio, o que é boato. Não consta que ela tenha o perfil de Getúlio Vargas, o ex-ditador suicida e "pai dos pobres", apesar do grande apego ao poder demonstrado por ambos. 

Para muitos analistas, Dilma está acuada. Ela e boa parte do PT estão vendo na oposição e no PMDB como conspiradores. Porém, nem o governo pode cogitar algo mais radical devido à sua fragilidade e ao maior respeito (por enquanto) às instituições democráticas em relação aos governos ditos "bolivarianos" na América do Sul, e nem os "inimigos" se mostram tão ávidos para tirar a presidente a qualquer custo, pois estão preocupados com as possíveis consequências: agravamento da instabilidade institucional, economia ainda pior, descrédito ainda maior nos políticos e na Justiça. 

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Destaques no fim de semana esportivo

No fim de semana que passou, houve vários acontecimentos no mundo do esporte. 

1. Houve o prosseguimento das partidas em Wimbledon no sábado, mas, como é tradição, no primeiro domingo do torneio ("Middle Sunday"), não houve atividade, para fazer a manutenção nas quadras. Roger Federer levou susto contra o australiano Sam Groth, o 68 do ranking ATP, mas avançou para as oitavas-de-final do torneio. Rafael Nadal já foi eliminado, mas o responsável, Dustin Brown, foi eliminado no sábado pelo sérvio Victor Troicki. 

2. Nas finais do Mundial de Vôlei de Praia, em Haia, houve duas duplas brasileiras no topo do pódio. Foi um grande dia para o Brasil na competição. No sábado, Agatha e Bárbara Seixas venceram a final, por 2 sets a 0, contra as também brasileiras Fernanda Berti e Taiana, e outra dupla brasileira, Juliana e Maria Elisa, completou o pódio totalmente verde-e-amarelo, ao vencerem por 2 sets a 0 a dupla alemã Holtwick e Semmler. Domingo, foi a vez de Alison e Bruno Schmidt vencerem, por 2 sets a 1, a dupla holandesa Nummendor e Varenhorst, "estragando" a festa local. Evandro e Pedro Solberg ficaram com o bronze ao vencerem os americanos Lucena e Brunner. 

As campeãs do vôlei de praia Agatha e Bárbara Seixas (Divulgação/FIVB)

3. Lewis Hamilton venceu em Silverstone, ou seja, em seu país natal, a Inglaterra. Nico Rosberg fez a dobradinha da Mercedes nos pontos mais altos do pódio, e Sebastian Vettel ficou em terceiro. Felipe Massa mais uma vez teve de amargar o quarto lugar, após liderar o início da corrida por culpa da estratégia da Williams, que o fez perder posições. Valtteri Bottas, companheiro e rival de Massa, sofreu mais ainda com essas mesmas falhas e ficou em quinto. 

4. Na grande final da Copa do Mundo feminina, as americanas convenceram e impuseram uma goleada sobre as japonesas, antigas algozes de 2011: 5 x 2, com show da meio-campista Carli Lloyd, que fez três gols, um deles fora da grande área. Foi uma resposta convincente diante da humilhação sofrida quatro anos atrás, quando as japonesas foram campeãs após cobranças de pênaltis. As inglesas ficaram com o terceiro lugar, vencendo as alemãs por 1 a 0. Aí não teve gol da Alemanha. 

5. Enquanto isso, no combalido futebol brasileiro, o Atlético Mineiro conseguiu a liderança do Brasileirão ao vencer o Internacional por 3 a 1 no Beira-Rio, descontando aquela partida na qual os mineiros foram eliminados da Libertadores. Outro que se destacou foi o Palmeiras, com dois gols de Dudu sobre a Ponte Preta, que até então estava bem no campeonato. Já o Santos foi uma decepção, perdendo do vice-líder Grêmio por 3 a 1 e amargando a zona de rebaixamento, sem Robinho, que não renovou contrato e foi para o Guangzhou Evergrade, o time chinês treinado por Felipão. 

6. The last but not the least: os chilenos souberam parar Messi, relativamente apagado na grande final da Copa América, e neutralizar Agüero, Pastore e Higuaín. Por outro lado, Arturo Vidal, Alexis Sánchez, Vargas e, principalmente, Valdívia, também não conseguiram marcar. Depois de uma sofrida prorrogação, onde houve um equilíbrio maior do que o esperado - afinal, a Argentina era de longe a favorita, mesmo jogando na casa do adversário, mas os chilenos não se apavoravam com isso -, houve a temida cobrança de pênaltis. Após a tentativa bem sucedida de Messi, Higuaín e Banega foram os vilões para a torcida argentina, pois desperdiçaram suas cobranças e não incomodaram o competente goleiro Bravo. Os chilenos não desperdiçaram nenhuma das quatro cobranças, e Sánchez usou da cavadinha para enganar Romero e selar o destino dos hermanos. Triste fim para um time que massacrou o Paraguai por 6 a 1 - mostrando o que poderia ter feito contra o caquético time de Dunga - e um dia inesquecível para os chilenos, que viram seu time conquistar a Copa América pela primeira vez. 

Pela primeira vez, o Chile conquista um título internacional (Reuters)

A quimera moderna

Quimera tanto pode significar aquele monstro da mitologia, que parece um leão mas com uma cabeça de bode pendendo no dorso e uma outra de serpente no lugar da cauda, como também um sonho impossível, tão fantasioso quanto a criatura aludida. 

 A quimera sonhada por Tsipras (esq.), e o monstro que originou o termo

Domingo passado, os gregos foram a um referendo para exercerem sua vontade quanto ao futuro de seu país, mergulhado numa dívida de mais de 300 bilhões de euros. Eles foram dar a resposta à quimera, no sentido de sonho fantasioso, criada pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras, do partido radical Syriza. 

Segundo a ideia de Tsipras, muito parecida com o bolivarianismo sul-americano (porém sem chegar a ser tão populista, pois a Grécia não tem uma população tão abaixo da linha de pobreza), dizer "não" seria o "fim do sacrifício", ou seja, nada de destinar tanto dinheiro aos bancos do resto da Europa à custa do povo. 

Pois bem, 61% dos gregos aceitaram a ideia, e o "não" venceu. Não querem pagar mais impostos nem terem os salários e os benefícios previdenciários arrochados para seguir os ditames do FMI e das potências do continente. Trocaram o certo - mais desemprego e pobreza - pelo duvidoso, pois tanto pode haver uma nova negociação, com outros termos, como também haver uma história parecida com aqueles tragédias antigas de Sófocles, com fuga de investidores e a saída da zona do Euro, causando ainda mais sofrimento do que no caso de vitória do "sim". 

Esta foi a quimera, no sentido de sonho, que pode causar estragos ao país como se fossem causados pela criatura, o outro significado do termo. 

quinta-feira, 2 de julho de 2015

As férias escolares começaram

Foi-se o tempo em que as férias escolares eram tempo de brincar na rua, gastar energia, passear.

Isso só acontece agora nas pequenas cidades e nas periferias das metrópoles, mas até nesses lugares as crianças estão evitando sair muito de casa, devido à violência. 

Entre a classe média e alta, as tradicionais brincadeiras deram lugar aos jogos nos smartphones e nos videogames, além das redes sociais, do Whatsapp e da Internet em geral.  

No passado, haviam várias possibilidades da molecada se divertir, com bolas e piões para os meninos e bonecas para as meninas. Podia-se empinar pipas em mais lugares, sem medo dos fios elétricos. Haviam mais parquinhos e campinhos de várzea. 

Com o crescimento preocupante da criminalidade de um lado e as facilidades da tecnologia de outro, isso mudou. 

Agora, há uma profusão de eletrônicos portáteis, sem falar na televisão, um meio de entretenimento visto como democrático (pois até os mais precários barracos têm este aparelho) porém sempre questionável ao longo de sua história, mas cuja programação anda pior, com algumas exceções. Os programas educativos, comuns anteriormente, são raros, dando lugar a desenhos amalucados com conteúdo muitas vezes mais voltado para adultos com certo gosto infantil do que para as crianças - isso quando não se dá prioridade à programação adulta, como é o caso da Globo e da Band, entre as emissoras de tevê aberta. 

Por outro lado, os pais se preocupavam com os machucados dos filhos após as brincadeiras na rua ou o risco de se perderem ou ficarem até muito tarde. Agora têm de se preocupar com o sedentarismo dos filhos, a programação inadequada na tevê e o consumo de energia elétrica (cujo aumento de preço neste ano é fora da normalidade) decorrente das diversões modernas para a criançada. 

E isso vai ser uma constante ao longo deste mês. Vivam as férias!

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Nova pesquisa do CNI/Ibope mostra o descontentamento do povo

A popularidade da presidente, que ainda não voltou da viagem aos Estados Unidos, nunca foi tão escassa. Nenhum presidente da Nova República alcançou essa proeza. Nem mesmo José Sarney durante as eleições de 1989, enfrentando uma inflação de mais de 1% por dia. 

O gráfico é bem parecido com o do Datafolha, mas exibe números ainda piores (CNI/Ibope)

São números muito expressivos. O povo não aguenta mais os desmandos, a corrupção na Petrobras, a inflação, a recessão, o desemprego e a falta de segurança. 

Se Dilma está com uma imagem terrível, a ponto de 2 em cada 3 entrevistados rejeitá-la (aliás, pouco mais do que isso), a popularidade do Congresso, já há anos em baixa, deve estar igual ao da presidente: enquanto o Senado aprova escandalosos 59% de aumento para os funcionários do Judiciário, a Câmara fez fracassar o avanço da mudança para a maioridade penal aos 16 anos, como quer a maior parte da sociedade: faltavam 5 votos para a PEC ser aprovada, e agora estão elaborando um texto mais suave, que exclui roubo e terrorismo entre os chamados crimes hediondos, para se ter ideia do nível das concessões.