Quimera tanto pode significar aquele monstro da mitologia, que parece um leão mas com uma cabeça de bode pendendo no dorso e uma outra de serpente no lugar da cauda, como também um sonho impossível, tão fantasioso quanto a criatura aludida.
A quimera sonhada por Tsipras (esq.), e o monstro que originou o termo
Domingo passado, os gregos foram a um referendo para exercerem sua vontade quanto ao futuro de seu país, mergulhado numa dívida de mais de 300 bilhões de euros. Eles foram dar a resposta à quimera, no sentido de sonho fantasioso, criada pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras, do partido radical Syriza.
Segundo a ideia de Tsipras, muito parecida com o bolivarianismo sul-americano (porém sem chegar a ser tão populista, pois a Grécia não tem uma população tão abaixo da linha de pobreza), dizer "não" seria o "fim do sacrifício", ou seja, nada de destinar tanto dinheiro aos bancos do resto da Europa à custa do povo.
Pois bem, 61% dos gregos aceitaram a ideia, e o "não" venceu. Não querem pagar mais impostos nem terem os salários e os benefícios previdenciários arrochados para seguir os ditames do FMI e das potências do continente. Trocaram o certo - mais desemprego e pobreza - pelo duvidoso, pois tanto pode haver uma nova negociação, com outros termos, como também haver uma história parecida com aqueles tragédias antigas de Sófocles, com fuga de investidores e a saída da zona do Euro, causando ainda mais sofrimento do que no caso de vitória do "sim".
Esta foi a quimera, no sentido de sonho, que pode causar estragos ao país como se fossem causados pela criatura, o outro significado do termo.
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