quinta-feira, 31 de maio de 2018

Cadê o nome dos pré-candidatos a deputado?

Foi prometido aqui anunciar nomes para deputados federais e estaduais pelo Estado de São Paulo. 

Apenas nomes avulsos são divulgados, e é muito difícil expô-los todos aqui. 

Este blog, aliás, está novamente se prendendo a poucos temas, principalmente nos últimos dias. No mês que vem, quando for possível, haverá maior diversidade, mesmo considerando a Copa do Mundo. E na próxima postagem serão divulgados o Orgulho e a Vergonha Nacional do mês. 


N. do A.: A abordagem da Copa será diferente daquela feita em 2010 e 2014. Talvez isso cause um "efeito borboleta" e faça a Seleção da CBF ganhar o hexa... hehehe!

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Parlamentarismo sem plebiscito não funciona

O autor deste blog defende o parlamentarismo por considerá-lo o sistema mais adequado para o Brasil (em uma postagem anterior, tratei disso AQUI há praticamente um ano).

Mas não adianta achar que um sistema é melhor que o outro sem a concordância da maioria da população. E, como toda democracia, deve-se respeitar a vontade dessa maioria.

Há uma PEC tratando de mudar a Constituição para instituir o sistema parlamentarista, a ser julgado pelo STF no mês que vem, mas ele nada diz como isso será implantado, nem quando.

Em 1961, após a pitoresca renúncia de Jânio Quadros, o parlamentarismo foi imposto como solução casuística para tentar "diluir" os "estragos" causados pelas reformas do governo João Goulart, por meio de uma emenda constitucional votada e aprovada no Congresso. Dois anos depois, foi rejeitado num plebiscito, quando ele estava em vigor, e o presidencialismo venceu. "Jango" acabou derrubado por um golpe militar naquele primeiro de abril de 1964 e um novo período na História do Brasil começou.

Trinta anos após o plebiscito de 1963, veio outro, em 1993, respaldado pela Constituição de 1988, e a sociedade mudou consideravelmente, nos costumes e nos pensamentos, mas rejeitou o parlamentarismo, por apenas 30,8% dos votos válidos. A maioria desse percentual queria a república - havia também a opção da monarquia.

Desde então, a mudança de mentalidade da população foi ainda mais rápida, devido à maior abertura para os outros povos causada pela globalização e pelo movimento globalista, e principalmente por causa da Internet. Mais pessoas sabem que os países mais avançados são parlamentaristas.

Porém, um sistema desses precisa de outras reformas para funcionar de forma mais adequada, como o voto distrital misto, maior fidelidade partidária e agremiações com ideologias mais firmes e claras. Atualmente, vigora o voto proporcional, deputados e senadores têm grande liberdade para entrar e sair de uma variedade imensa de grupos políticos amorfos movidos por interesses particulares e defesas de grupos organizados - os "partidos" brasileiros.

Prevê-se que isso seja implantado em 2022. Fala-se na adoção do parlamentarismo desde então, mas isso depende da emenda constitucional a ser analisada pelo Judiciário e votada pelo Legislativo. Mas uma mudança neste sentido imposta, e não sujeita a votação popular, não será bem aceita pelos brasileiros, por maior que pareça ser a passividade da maioria. Ignorar a vontade de milhões de pessoas é um risco alto, ainda mais em tempos de verdadeira aversão à política.

Se houver um parlamentarismo criado dessa forma, ele irá sofrer muita rejeição, e só provocaria mais instabilidade. A possibilidade de desastre será bem menor, embora obviamente exista, caso houver participação popular antes de se tomar uma decisão tão importante quanto mudar um sistema de governo.


N. do A.: Este blog não considera a possibilidade de haver guerra civil ou movimentos para derrubar a ordem institucional entre 2018 e 2022, principalmente uma "intervenção militar" (leia-se GOLPE). Ainda há razões para achar que o Brasil será minimamente administrável neste período, e não será, strictu sensu, um Bananistão ou uma Botocúndia. E há uma coincidência, também: caso houver um plebiscito em 2023, ele será feito 30 anos depois do último, em 1993, mesmo período de tempo a separar esta decisão popular da outra, de 1963. Todavia, seria uma "jabuticaba jurídica" determinar, por uma PEC, plebiscitos sobre mudanças de formas de governo a cada 30 anos.

terça-feira, 29 de maio de 2018

Da série 'Tirinhas', parte 7

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E que Ele tenha piedade dos caminhoneiros, dos baderneiros, dos apoiadores dessa paralisação, do governo (há governo?!), de todos os brasileiros! E de mim, por fazer essa tirinha!

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Pesquisas para o Senado em São Paulo

De acordo com os números do Ibope para as eleições para o Senado Federal, o petista Eduardo Suplicy lidera as intenções de voto entre os paulistas, com 30%, o que se explica mais pela simpatia pessoal com o candidato do que com o partido, execrado no Estado. 

José Luís Datena mostra ainda a força dos outsiders mesmo por aqui. O apresentador do Cidade Alerta e candidato do DEM está com 26% das intenções. 

Marta Suplicy, representante do MDB, também está com boas chances: são 18%. 

Representante do Podemos, antigo PTN, Mário Covas Neto tem chances mais remotas, com 12%. O Major Olímpio, do PSL (partido de Jair Bolsonaro), possui 10% das intenções. 

Existem apenas duas vagas para o Senado para o Estado de São Paulo. 


N. do A.: Na mesma pesquisa, o Ibope aponta uma briga boa entre João Doria (PSDB) e Paulo Skaf (MDB), com 22% e 15% das intenções de voto; Luiz Marinho (PT) tem apenas 4%, e Márcio França (PSB), ainda pouco conhecido mesmo sendo o atual governador, fatura 3%, mas é o candidato com maior potencial de crescimento. Muita coisa ainda irá acontecer até outubro.

Mais um campeonato do Real Madrid na Champions, ou "Vetus Ordo Annorum"


Pela terceira vez consecutiva, o Real Madrid ganhou a Champions League. É o maior vencedor de todos os tempos na maior competição de futebol entre clubes do mundo. 

Conseguiu isso graças ao elenco talentoso chefiado por Cristiano Ronaldo, formado por Sérgio Ramos, Marcelo, Kroos, Casemiro, Navas, Isco, Asensio, Carvajal, etc. Também existe méritos de sobra no comando de Zinedine Zidane, um dos mais vitoriosos futebolistas da História. 

Também houve a colaboração das falhas dos adversários ao longo da competição. O Paris Saint-Germain se ressentiu de Neymar e, mesmo com ele, iria sucumbir por falhas individuais como as do meia Lo Celso no jogo de ida e de Daniel Alves na volta. A Juventus também não conseguiu, devido às falhas defensivas, que sobrecarregaram o goleiro Buffon – e a arbitragem polêmica também não ajudou. Pior do que os times anteriores foram os erros do Bayern de Munique, de defesa com Rafinha e o goleiro Ulreich, e também de ataque por falta de capricho nas finalizações. 

O Liverpool não se deu conta de quanto os times pagam caríssimo por errarem diante dos merengues, e pecou nas finalizações do trio Salah, Mané e Firmino, e principalmente na defesa com o inseguro goleiro Karios, um dos principais vilões do torneio ao aceitar dois gols e ser comparável, por aqui, com goleiros considerados pífios como Alex Muralha, quando jogava no Flamengo. Tudo ficou mais complicado depois que Salah foi lesionado no ombro por Sérgio Ramos, em lance de “judô” execrado por todo o mundo, não intencional mas imprudente. Depois disso o “faraó do Liverpool” foi obrigado a sair, correndo o risco de desfalcar a seleção egípcia na Copa do Mundo. 

Resultado: vitória dos Golias da Espanha contra os Davis da Inglaterra, por 3 a 1. Além dos dois gols aceitos pelo famigerado Karios, teve o golaço de Gareth Bale, de bicicleta, fazendo os amantes do futebol lamentarem o fato do País de Gales não estar na Copa. Mané fez o gol de honra. 

Bale imitou CR7 e fez um gol de bicicleta, para selar o tricampeonato (Getty Images)

Marcelo e Casemiro esperam levar outro troféu em julho na Rússia, assim como levaram anteontem no Real (Getty Images)

Não faltam lamentações de torcedores de outros times, dizendo que o Real Madrid é normalmente tratado de forma muito complacente pela arbitragem, ou faz pacto com o tinhoso, ou é integrante dos Illuminati, a suposta organização que governa o mundo, segundo os teóricos da conspiração, que cismam com o lema Novus ordo seclorum, a Nova Ordem dos Séculos constante na nota de um dólar. Esse lema não se encaixa no campeão Real Madrid. É melhor dizer que ele é parte da “Velha Ordem dos Anos”, a “Vetus ordo annorum”, por ser um clube tradicional, competitivo e financeiramente poderoso, ganhador de outros 12 campeonatos europeus.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Mês do Caracu

Quando o prédio Wilton Paes de Almeida foi abaixo naquele desabamento, no dia primeiro deste mês, revelou-se uma antiguidade no edifício vizinho, que por pouco não teve o mesmo destino: 

Se você vê a reaparição do histórico anúncio como o "lado bom" da tragédia do edifício Wilton, vá em frente porque não tem mais hospício no Brasil (divulgação)

Para quem não sabe, Caracu é a cerveja preta apreciada com ovo, amendoim e outras misturas bizarras afrodisíacas. Muito cultuada para quem acha as cervejas loiras muito aguadas e quer variar um pouco, e é mais adequada para as épocas de frio. Há quem diga que é bom para as mães porque aumenta o leite, mas efeito mais certo mesmo é deixá-las de porre deixando os bebês abrindo o berreiro de fome.

O prédio Caracu despertou em alguns um saudosismo de fazer os adeptos da oitentolatria parecerem modernosos - afinal, o anúncio é dos anos 1950, do tempo em que o velho presidente Temer era uma criança, para se ter noção da antiguidade. E o incendiado Wilton ainda não existia, pois só foi construído em 1961.

Isto também parecia um sinal do que viria dias depois. Um aviso, e infelizmente ninguém esteve nem aí, até aparecer a greve dos caminhoneiros, que motivou o acordo entre quem se intitulou "lideranças" e o popularíssimo e queridíssimo governo Temer. 

Assinaram uma porção de vantagens para a categoria, e principalmente para os empresários do transporte, e não só um mero alívio de impostos. Temer aceitou e agora vai ter que se virar para custear tudo isso. Mas a solução como sempre está aí: o NOSSO DINHEIRO, que financiou de tudo: Transamazônica, Ferrovia Norte-Sul, governo Collor, Máfia do Orçamento, Máfia dos Precatórios, Máfia-de-qualquer-coisa, reeleição, mensalão, petrolão... afinal, é só mais uma "contingenciazinha" a mais além dessas que este blog citou. 

Mesmo com o acordo assinado e publicado, nada dos caminhoneiros saírem dos bloqueios nas estradas, porque eles disseram que as tais lideranças não os representavam, deixavam os transportadores autônomos e as empresas pequenas na mão e só os caciques ganhavam. Até os gatos da Velhinha de Taubaté ficaram com a pulga atrás da orelha!

É um acordo legítimo. Legítimo Caracu!

Os beneficiados pela paralisação entraram com a cara e o governo, ou melhor, o povo brasileiro, entra com o resto!

Lembra os acordos feitos pela Petrobras: no governo Dilma, para financiar a farra e sangrar os cofres da empresa, e em 2016, vinculando o preço do combustível ao barril de petróleo no mercado internacional como se tudo fosse importado e a maior parte não fosse extraído aqui. Os dois também tinham a marca do touro bravo, mudando quem entrava com a cara: a quadrilha do petrolão no primeiro caso, os acionistas da Petrobras e o governo Temer no segundo. O povo fazia o mesmo papel de agora...

Depois dessa, melhor é tomar mesmo uma Caracu para curtir a happy hour

Um brinde ao histórico acordo do governo (do site "Cerveja? Gosto sim!")

N. do A.: Este blog fez como os políticos e quebrou a promessa de não abordar de novo o assunto, mas o próximo post será diferente. Mesmo!

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Trégua

Após horas de negociações e desentendimentos entre governo e lideranças dos caminhoneiros - e entre os próprios caminhoneiros - houve um acordo para suspender as manifestações por 15 dias, ou mais, se houver algum juízo. 

Ficou acertada a isenção da Cide e o repasse à Petrobras de aproximadamente R$ 5 bilhões para custear os 10% de desconto no preço do óleo diesel para as refinarias, por um mês, além de possibilitar novos acordos para diminuir os preços dos pedágios a caminhões sem carga. E o Senado ainda votará, em breve, a reoneração da folha de pagamentos para, ao mesmo tempo, garantir a isenção da Cide e respeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal (pelo menos formalmente). Em linguagem informal: outros setores (e o povo brasileiro) irão pagar a conta. Para quem parou e mandou parar o Brasil, o acordo é mais vantajoso do que um presente de mãe.

Quanto ao desabastecimento causado pelas paralisações, ele será revertido aos poucos, e isso vai levar tempo bem maior do que os quatro dias de bloqueios, ainda mais porque muitos radicalizados vão querer continuar as paralisações. Podemos conviver com alguns preços assustadores em alguns produtos, principalmente alimentos perecíveis como leite e hortaliças, pelo menos por enquanto.

E, por enquanto, chega de tratar sobre esse mesmo assunto. Amanhã este blog tratará de algo mais ameno, o que pode ser qualquer outro, como o cancelamento da reunião para o dia 12 de junho entre os bombásticos presidentes Trump e Kim Jong-un. 

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Governo cede aos caminhoneiros, mas...

A greve dos caminhoneiros já está fazendo o governo ceder em alguns pontos para diminuir o preço do diesel e suspender a política de preços flutuantes por 15 dias. Já se percebe o estrago na livre circulação de qualquer mercadoria, cujo transporte depende fundamentalmente do transporte rodoviário - algo não visto nos países desenvolvidos, cuja malha ferroviária é muitíssimo maior e melhor, e o transporte por caminhões, embora importante, não é tão vital para a economia. Também significa uma crise no transporte público, também baseado nos ônibus a diesel, inclusive em São Paulo, onde 40% da frota pode não circular amanhã.

Se os caminhoneiros aceitarem, isso é uma vitória do governo, embora à custa da imposição de um privilégio para uma única categoria. 

Caso isso não for aceito, é um sinal mais grave: os caminhoneiros querem mesmo usar suas manifestações como força política, e isso seria aproveitado pelas forças apoiadoras do antigo status quo (antes do impeachment de 2016). Sindicatos ligados à CUT podem apoiar os manifestantes e fazer os trabalhadores pararem. Fala-se até em fazer uma "greve geral", algo nunca saído do papel, para combater Temer e tentar a libertação do ex-presidente Lula, além da suspensão ou cancelamento das reformas trabalhista e previdenciária; para isso, precisariam conseguir a adesão da Força Sindical, que não é tão entusiasta de Lula mas também é contra o fim do imposto sindical. 

Um ou outro cenário pode deixar os mercados novamente furiosos, e o dólar, até então contido pelas intervenções do BC, pode voltar a tentar furar o teto dos R$ 4,00. Os transtornos causados pelos manifestantes exigirão do governo responsabilidade, resiliência, energia, habilidades e competências operacionais e administrativas, sob pena de vivienciarmos acontecimentos que irão definir, negativamente, os rumos do Brasil nas próximas décadas.

terça-feira, 22 de maio de 2018

Henrique Meirelles é o candidato do MDB

O presidente Michel Temer reconheceu que suas chances de reeleição são mínimas e concordou com o anúncio de Henrique Meirelles como pré-candidato à Presidência da República pelo MDB. Meirelles foi o grande responsável pela recuperação econômica após a terrível situação deixada pela presidente cassada Dilma Rousseff. No entanto, apesar de não ser alvo da Lava Jato, ele é palatável apenas para os mercados e alguns setores empresariais: sem carisma, excessivamente técnico e de pouco apelo junto à maioria da população. 

Meirelles (à direita) vai defender o legado do governo atual na campanha deste ano (Beto Barata/PR)

Enquanto isso, falta definir os nomes para eleições no Legislativo. Este blog volta ao assunto para mostrar possíveis nomes para representar o Estado de São Paulo no Congresso, de preferência ainda neste mês. 

Três pautas do dia

Existem dois assuntos que mereceriam bastante atenção da mídia, preocupada demais com um terceiro. Os temas são estes: 

Tema 1: A greve dos caminhoneiros; 

Tema 2: A prisão iminente de Eduardo Azeredo; 

Tema 3: A saída do técnico Fábio Carille, do Corinthians. 


Tema 1

Pela segundo dia consecutivo, os caminhoneiros protestam contra os seguidos aumentos no preço do óleo diesel

Eles julgam pagar impostos demais sobre o combustível, e para isso lutam para diminuir a carga tributária, considerada altíssima. 

Isso fez o governo zerar a Cide para o diesel, nada fazendo em relação à gasolina, também extremamente taxada, e usada pelos motoristas comuns. Não pretende mexer nos reajustes diários conforme o valor do petróleo no mercado internacional, e nem no PIS/Cofins, atualmente em R$ 0,4615 o livro, de acordo com o site da Fecombustíveis, a federação nacional do comércio de combustíveis e lubrificantes. E o governo não pode nem cogitar interferir em outro imposto, responsabilidade dos Estados, o ICMS, que varia de 12% a 25%, dependendo de cada "unidade da federação". 

Obviamente, os manifestantes não aceitaram, e vão continuar a pressionar o governo federal para mexer no PIS/Cofins e os governos estaduais para diminuírem o ICMS, mas isso, além de criar privilégios para a categoria, ainda diminuem o montante financeiro a um Estado ineficiente e ávido. Eles também não escondem o desejo de revogar o reajuste diário dos combustíveis e voltar o velho sistema de tabelamento. 

Pior do que isso é verificar a radicalização do movimento, que bloqueou estradas inclusive com pneus incendiados, atrapalhando o direito de ir e vir dos outros, que não têm esperança nem força corporativa para obrigar o governo a diminuir a tributação sobre a gasolina (e o álcool). 



Tema 2

Outro tema importante é a iminente prisão do ex-governador mineiro Eduardo Azeredo, condenado em duas instâncias a 20 anos de prisão; o Tribunal de Justiça de Minas Gerais rejeitou o último recurso e agora decretou o cumprimento da sentença.

Azeredo, filiado ao PSDB, foi apontado como o líder do "Mensalão Tucano", um termo indevido para um esquema de desvio de dinheiro público para o reeleger na campanha eleitoral de 1998, utilizando estatais mineiras (a empresa de saneamento Copasa e a mineradora Comig); no final, ele conseguiu a reeleição; é chamado pelo nome popular porque teve o auxílio do empresário Marcos Valério, atuante também no "mensalão petista", que envolvia compra de votos de parlamentares por membros do governo Lula, anos depois.

O Ministério Público concluiu as investigações da roubalheira em 2007, e Azeredo, então senador, foi denunciado por peculato (atividades estranhas ao seu cargo) e lavagem de dinheiro pela Procuradoria-Geral da República. Mais tarde, em 2009, o STF acolheu a denuncia. A ação se arrastava até 2014, quando o ex-governador passou a exercer o cargo de deputado federal. Ele renunciou e o caso foi para a primeira instância, mas ao contrário do que o PSDB mineiro esperava, o processo foi julgado com certa rapidez, e ele foi condenado a 20 anos e dez meses de prisão pelos crimes a ele atribuídos pelo MP. A segunda instância o condenou a uma pena ligeiramente menor, 20 anos e um mês, em 2017.

Exercendo o seu direito de defesa, Azeredo enviou vários recursos, mas o último deles foi negado hoje, e agora ele pode ser preso a qualquer momento. Caso isso realmente acontecer, diminuirá o burburinho feito pelos petistas e simpatizantes a respeito da impunidade para os tucanos. Resta saber quando haverá o ressarcimento dos cofres mineiros: pede-se a devolução de R$ 5,17 milhões - uma fortuna, embora bem menos do que os R$ 100 milhões desviados pelo "mensalão petista".



Tema 3

Este tema, o da transferência do técnico Fábio Carille para o Al-Wehda da Arábia Saudita, após estudar a proposta do Al-Hilal, dos Emirados Árabes, foi exaustivamente comentado e divulgado pela mídia, com mais entusiasmo do que os temas acima. Ele passará duas temporadas ganhando um salário equivalente a R$ 1 milhão por mês, muito mais do que os rendimentos obtidos no Corinthians. O episódio rendeu atritos do técnico com a imprensa, a ponto dele chamar boa parte dela de "mentirosa" e receber em resposta uma noção de repúdio, tendo de se retratar depois. Osmar Loss, auxiliar de Carille, irá assumir o posto. 

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Considerações sobre a "eleição" venezuelana

Ontem, aconteceram as eleições na Venezuela, consideradas fraudulentas por qualquer alma sensata dentro e fora do país.

Nicolas Maduro conseguiu o seu intento: vencer por alegados dois terços dos votos válidos, com o uso intensivo dos chamados "pontos vermelhos", para estimular o povo a votar com a ajuda dos "carnês da pátria" e promessas de ajuda financeira (incríveis 10 milhões de bolívares, cifra que impressiona mas é equivalente a R$ 40,00) em caso de voto (no atual presidente). 

Mesmo com a "generosidade", mais da metade da população não compareceu. 

Nicolas Maduro vai ter seis anos, graças às "democráticas eleições bolivarianas" em seu país (Carlos García Rawlins/Reuters)

Simpatizantes do presidente venezuelano, cada vez mais raros e vistos como excêntricos, saudaram o resultado, enquanto os demais estão desolados. Nada podem fazer a respeito da "democrática eleição bolivariana", um termo totalmente de acordo com a nossa era de "pós-verdades", ou mentiras deslavadas encaradas como verdades por vontade de alguns: o ato orquestrado pelos maduristas viola explicitamente os valores democráticos, não é uma eleição reconhecível como tal e o termo "bolivariana" é uma mistificação, pois em comum com a doutrina de Simón Bolívar só existe o autoritarismo; o general "libertador da América" não aprovaria um governo populista com base marxista, conduzido tão canhestramente por pessoas com falta de capacidade e de superego.

O resultado de ontem vai redobrar o empenho de Maduro em fazer, com menos arte e sutileza, e mais intensidade e exuberância, a arte na qual os governantes latino-americanos são peritos: matar os pobres de fome e os ricos de raiva, enquanto culpa forças externas, neste caso o "imperialismo americano", bancos, empresários e outros "sabotadores", pela atual situação do país. Nem mesmo a alta expressiva nos preços do petróleo, do qual depende a economia local, conseguirá reverter o estrago.

Enquanto isso, os Estados Unidos, a Argentina, o Chile e o México, entre outros países, já anunciaram sanções ao governo "eleito". O Brasil também não reconhece o resultado, mas tomou uma posição menos assertiva, adotando posição da ONU, que não respalda sanções unilaterais. 

E os venezuelanos que não fugirem do país terão mais seis anos para padecer, caso Maduro consiga levar seu mandato adiante. 


N. do A.: No Brasil, a alta do petróleo e os impostos incidentes sobre os combustíveis derivados (particularmente o diesel) provocaram protestos dos caminhoneiros em todo o Brasil e dores de cabeça aos proprietários de veículos. As altas lembram o período sombrio da hiperinflação. Por causa disso, o governo está estudando medidas para administrar o problema.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

O que será publicado nos jornais de amanhã

1. O dólar está num ritmo assustador de valorização. Fechou a R$ 3,74 nesta sexta-feira. Para efeito de comparação, na sexta-feira anterior, valia R$ 3,60, ou seja, valorização de quase 4%. Nesse ritmo, a moeda americana ultrapassará a barreira dos R$ 4,00 até o final do mês. O principal fator, ao contrário do que se divulga, é a incerteza no cenário eleitoral brasileiro.

2. A Estação Espacial Internacional está sobrevoando o Brasil e ela pôde ser vista no final da tarde no céu, sobre a capital paulista.

3. Em Havana, um avião com 104 passageiros sofreu um gravíssimo acidente logo após a decolagem e caiu, deixando apenas 3 sobreviventes em estado crítico. 

4. José Dirceu vai finalmente cumprir sua sentença: 30 anos de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação na rapina que lesou a Petrobras e o resto do Brasil. Falta o ex-governador mineiro Eduardo Azeredo fazer o mesmo, pois ele também foi condenado por ser o chefe do "mensalão mineiro" ou "mensalão tucano" e ainda vai recorrer ao STJ para evitar a prisão. 

5. Doleiro René Maurício Loeb está na Alemanha graças ao desmazelo de setores da Operação Lava Jato, que deixou o operador fugir do país em um navio de luxo. 

6. Classificação do filme Deadpool 2, um dos mais irreverentes e violentos baseados em super-heróis da Marvel, baixa para 16 anos. Antes, só maiores de idade podiam assistir as cenas envolvendo o "mercenário tagarela". O filme começou a ser exibido na última quinta.

7. Mais um tiroteio nos Estados Unidos em escola mata ao menos nove estudantes e um professor; o agressor tinha 17 anos, era de origem grega e tinha problemas psicológicos. O ataque foi realizado no Texas e só não foi pior do que um evento parecido na Flórida, em fevereiro passado, quando houve 17 mortes.

8. Terminam as inscrições para o ENEM 2018. A prova já se tornou o principal meio de ingresso às faculdades e universidades do Brasil. 

9. Risco de conflito no Oriente Médio envolvendo o Irã e cortes na extração de petróleo pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) fizeram o petróleo continuar a US$ 80 o barril. A matéria prima cara é a justificativa para o governo anunciar novo aumento nos combustíveis. Caminhoneiros ameaçam parar na segunda-feira por causa dos impostos embutidos sobre o óleo diesel. A gasolina (e o álcool) também é extremamente taxada. 

10. Logicamente, vão divulgar mais informações sobre o casamento do príncipe Harry e da atriz americana Meghan Markle; uma delas diz respeito ao comparecimento do príncipe-consorte Phillip, marido da rainha Elizabeth II; ele estará junto da rainha e do restante da família real, apesar da saúde precária. 

E muito pouco será dito a respeito da Copa do Mundo, que começará em menos de um mês. Só se fala dos clubes: a rescisão de contrato do Guerrero no Flamengo e a possível ida do treinador do Corinthians, Fábio Carille, para comandar o Al Hilal, nos Emirados Árabes, ganhando mais que o triplo do salário recebido no clube paulista. 

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Vergonha mundial

A Polícia Civil iniciou uma megaoperação, chamada Luz da Infância, para combater a pornografia infantil, e deteve 251 pessoas. Entre esse número espantoso de gente, haviam policiais, advogados e profissionais de saúde. 

Foram apreendidos vários terabytes (1 terabyte = 1.000 gigabytes ou 1 trilhão de bytes) de material explorando sexualmente crianças e adolescentes de ambos os sexos. A distribuição de fotos e vídeos com esse conteúdo rende de 3 a 6 anos de cadeia, e o armazenamento, de 1 a 4 anos. Esses crimes violam o artigo 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 

Obviamente, um escândalo tão grande tem repercussão no exterior. Os detidos não merecem apenas o selo de "Vergonha Nacional", e sim o de "Vergonha Mundial", caso isso existisse. E infelizmente isso é só uma pequena amostra do que acontece por aqui. Aliás, o Brasil nem é o maior consumidor nem o maior produtor dessa abominação: outros países estão em situação ainda pior, como os Estados Unidos e a Rússia.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

30 anos de uma novela que permanece atual

Uma das novelas da Globo mais comentadas e estudadas, Vale Tudo estreou no dia 16 de maio de 1988, há exatamente trinta anos. 

Escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Basseres, já falecida, a trama prendeu a atenção de milhões de telespectadores, nos tempos áureos da televisão, sem Internet, TV a cabo e politicamente correto. 

Discutia-se abertamente a corrupção, questionando se valia a pena ser honesto no Brasil. Pelo que se podia entender da trama e de sua conclusão, a resposta é não. Os vilões principais, representados pelo casal Maria de Fátima (Glória Pires) e César (Carlos Alberto Riccelli) e pelo empresário corrupto Marco Aurélio (Reginaldo Faria), ficaram impunes e ricos. Só o personagem mais detestável teve o tradicional castigo: a empresária Odete Roitman (Beatriz Segall). 

O carreirismo de Maria de Fátima e os golpes de seu amante, mais a roubalheira sistemática praticada por Marco Aurélio, que ainda fez o gesto da "banana" ao fugir do país, despertou ódio nos brasileiros, mas nada se comparava aos atos da esnobe, manipuladora, autoritária e também corrupta Odete Roitman, que fazia questão de escarnecer de tudo o que representava o Brasil ou os brasileiros. Ela foi morta por acidente pela mulher de Marco Aurélio, Leila, mas antes se fez uma campanha famosíssima, entre 23 de dezembro de 1988 e 6 de janeiro de 1989 (data do fim da novela): "Quem matou Odete Roitman". 

A corrupção, assunto infelizmente ainda muito em voga, foi explorada pela novela Vale Tudo por meio do personagem Marco Aurélio (Divulgação/Rede Globo)

A novela foi exportada para vários países e adaptada pela Telemundo, de Puerto Rico, braço da poderosa NBC, como Vale Todo, em 2002, mas causou estranheza nos telespectadores da América Latina, acostumados às tramas mais "água-com-açúcar". Eles não podiam aceitar tantos personagens vilões e ver a honesta Raquel (Regina Duarte) ser vítima de tantas maldades da filha Maria de Fátima. 

Outros temas abordados foram a homossexualidade, principalmente a feminina (as personagens Laís de Cristina Prochaska e Cecília, de Lala Deheinzelin), o alcoolismo da frágil e insegura Heleninha (Renata Sorrah) e o desemprego, principalmente entre as pessoas mais velhas, como o personagem Bartolomeu (o já falecido Cláudio Corrêa e Castro). 

Muitos lamentam que novelas como essa não sejam mais feitas, mas Vale Tudo, por outro lado, influenciou e muito os trabalhos posteriores, ao investir mais nos antagonistas e fazê-los serem os verdadeiros astros dos enredos, deixando os mocinhos em segundo plano. Exemplos são os famigerados Felipe Barreto (O Dono do Mundo), Nazaré (Senhora do Destino) e Carminha (Avenida Brasil).

Atualmente, a principal novela é Segundo Sol, que acabou de estrear no horário das nove (o novo horário nobre, desde 2011), mas como as outras não terá o poder de impacto de Vale Tudo, uma novela que questionou como nenhuma outra a ética de um país. 

terça-feira, 15 de maio de 2018

Slogan do governo

Foi um desastre grotesco a ideia de colocar um slogan como "O Brasil voltou, 20 anos em 2". 

Além de sua proposta insolente de comparar o presidente Michel Temer com Juscelino, cujo mote era "50 anos em 5", ainda mostra um conceito fundamentalmente equivocado. 

O Brasil não avançou 20 anos em 2, de acordo com a intenção dos marqueteiros. Entre os aspectos positivos, a economia melhorou depois do desastre representado pelo governo Dilma, os juros básicos da Selic estão em patamar civilizado e a inflação está controlada, além de haver maior empenho em sanear a Previdência e fazer as reformas, dolorosas mas infelizmente fundamentais para garantir o desenvolvimento econômico. Por outro lado, o desemprego teima em continuar alto, minando principalmente os empregos com carteira assinada, a miséria ainda é um problema seriíssimo, a infra-estrutura continua muito precária, não houve um planejamento macroeconômico digno de nota, os investimentos ainda estão escassos e as agências de classificação de risco punem sem piedade o Brasil, colocando-o no "grau especulativo".

Tudo isso sem considerar a amarga situação política na qual este governo está profundamente inserido, e onde tudo parece em decomposição moral, principalmente após a descoberta do Mensalão no governo Lula e do "Quadrilhão", maior esquema de corrupção do século XXI, durante o desastroso governo de Dilma Rousseff. Será um desafio reverter esse quadro e, ao mesmo tempo, cuidar da administração do Brasil, e até os Candangos da Praça dos Três Poderes sabem que essa tarefa levará muito mais tempo do que um ou dois mandatos, talvez mais que os 20 anos do slogan.

Também indica que o governo Temer está completando 2 anos, mas ele só passou a governar de fato depois do impeachment de Dilma, no final de agosto. No dia 12 de maio de 2016, a então  presidente foi afastada temporariamente.

Outro problema sério é a concepção, na qual todos, inclusive os apoiadores do governo, concordam: é uma frase muitíssimo mal feita. O sentido da frase é dúbio. Pode-se interpretar como avanço de 20 anos em 2, ou retrocesso, mesmo se a posição da vírgula mudasse de lugar. Neste caso, o sentido seria apenas um, totalmente em desacordo com as intenções oficiais: 

"O Brasil, voltou 20 anos em 2". 
"O Brasil voltou 20 anos, em 2".

É o mesmo sentido da frase sem a vírgula:

"O Brasil voltou 20 anos em 2".

Logo, a frase mostra mais a qualidade do marketing do governo do que a do próprio governo. E isso foi custeado com NOSSO DINHEIRO, já tão debilitado pela corrupção e pelas más gestões.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Israel comemorou 70 anos com nova embaixada americana


Donald Trump mandou inaugurar a nova embaixada americana em Jerusalém, como prometeu - agradando a Benjamin Netanyahu (na foto à direita de 2017 junto com Trump - fonte: Ronen Zvulan/Reuters)

No dia 14 de maio de 1948, Israel voltou a ser um país independente após um período de dominação romana seguido de séculos de exílio após as grandes campanhas de destruição de Jerusalém em 70 e 135. 

Para os israelitas, o dia foi glorioso, pois foi o fim de uma grande luta por um Estado independente. Para os árabes, que estavam ocupando as terras desde o século VII, era um acontecimento terrível, daí o dia da fundação do Estado Hebreu ser considerado o Nakba, o "dia da catástrofe". 

Desde então, Jerusalém se tornou um palco de disputas religiosas e políticas, pois hebreus e muçulmanos palestinos consideram-na como sua capital indissolúvel. Os cristãos consideram a cidade e todo o seu entorno como a Terra Santa, pois Jesus Cristo nasceu na região (em Belém, na atual Cisjordânia, segundo a tradição) e passou sua vida a pregar em várias cidades, até a sua execução nos arredores da "grande cidade sagrada". 

Para não piorar ainda mais os conflitos na região, que sofreu com pelo menos três grandes guerras (o conflito árabe-israelense ainda em 1948, a Guerra dos Seis Dias de 1967 e a Guerra de Yon Kippur de 1973), os outros países instalaram suas embaixadas em Tel Aviv, a maior cidade de Israel. Porém, em um gesto nada diplomático, o presidente americano Donald Trump anunciou a transferência de sua embaixada para o bairro de Amona, na parte ocidental de Jerusalém, a capital de Israel segundo o governo de Benjamin Netanyahu, grande aliado de Trump e entusiasta da transferência. 

Hoje, quando o moderno estado de Israel completa 70 anos, Trump cumpriu sua promessa. Por causa disso, milhares de palestinos tentaram cruzar o muro da fronteira de Gaza, instigados pelo Hamas, partido que governa o pequeno território e nunca reconheceu a existência do "país inimigo". As forças israelenses responderam ferozmente e pelo menos 58 pessoas foram mortas e, segundo fontes árabes, mais de 2.200 foram feridos. 

Outros países enviaram representantes para participar do gesto de Trump, mas boa parte dos países ocidentais, mesmo aliados como Reino Unido, França e Espanha, boicotaram a cerimônia. Logicamente, todos os países muçulmanos não tiveram ninguém para representá-los. E o Brasil também se negou a mandar alguém para lá. 


N. do A.: Para boa parte do que ainda resta da torcida pela Seleção Brasileira, e também para muitos jogadores que aguardavam a chamada, o "dia da catástrofe" chegou. Tite anunciou os convocados, e se a maioria não gerou grande surpresa - Neymar, Gabriel Jesus, Philippe Coutinho, Roberto Firmino, Marcelo e outros foram mesmo colocados na lista da Copa, como era esperado - alguns nomes desagradaram, como Fred e Taison, ambos do Shakhtar Donetsk, no lugar de, por exemplo, Luan e Arthur, do Grêmio. Outros jogadores que não agradam a muitos, como Fagner e Ederson, também estão na lista. Nomes até então frequentes, como Rodrigo Caio, Diego, Diego Souza, Alex Sandro, Rafinha Alcântara e Giuliano, ficaram de fora. E outros, como Gabriel Barbosa (o "Gabigol") e o goleiro Weverton, considerado um dos heróis da campanha do ouro olímpico de 2016, tinham chances reduzidas e a lista de hoje só confirmou isso. Pelo menos Tite fez justiça para alguns jogadores como Geromel, que irão à Rússia. 

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Bolsonaro fala aos seus

Depois da divulgação de um documento da CIA, escrito pelo ex-agente da Cia William Colby, revelando intenções ocultas dos ex-presidentes Ernesto Geisel e João Figueiredo, mostrando que eles não são tão moderados quanto se pensava (leia mais AQUI e fique estarrecido com os planos dos dois, com a participação ativa de outros altos oficiais como o general Mílton Tavares de Souza, para eliminar supostos "subversivos perigosos" à revelia da lei), políticos de todas as matizes, jornalistas, analistas políticos e historiadores comentaram bastante sobre o documento e sua repercussão. 

Alguns pré-candidatos à Presidência também comentaram. Um deles é Jair Bolsonaro. Segundo ele, mostrando que gosta de falar a seu público fiel: 


"Quem nunca deu um tapa no bumbum do filho e, depois, se arrependeu? O que pode ter acontecido com este agente da CIA (Colby)? Quantas vezes você falou num canto ali que tem que 'matar mesmo', 'tem que bater', 'tem que dar canelada'. Ele deve ter ouvido uma conversa como esta, fez um relatório e mandou"


Vídeo do Youtube com a fala de Bolsonaro sobre o memorando da CIA divulgado pelo governo americano


O pré-candidato do PSL justificou a atitude de Geisel, dizendo que era para combater a guerrilha que ameaçava, segundo os seguidores dele, transformar o Brasil numa ditadura comunista. A guerrilha, aliás, foi desmantelada antes, no governo do antecessor de Geisel, general Emílio Garrastazu Médici, à custa de repressão violenta, com assassinatos e desaparecidos políticos. 

E ainda insinuou que a divulgação do material era para prejudicar sua candidatura. Bolsonaro é simpatizante do antigo regime militar (1964 a 1985) e, principalmente, da época menos terrível, após a revogação do AI-5 (1978) pelo mesmo Geisel que se apresentava como o presidente da abertura enquanto planejava fazer execuções extrajudiciais com Figueiredo. 

Jair Bolsonaro, com isso, prova ser um candidato para um público específico, e deverá ir muito além disso se quiser conquistar votos de mais gente e pensar em ir ao segundo turno. 

Por outro lado, isso mostra o quanto é importante saber cada vez mais a respeito de um período tão sombrio quanto o regime militar. Não é revisionismo nem campanha para difamar as forças armadas, e sim uma forma de aprender mais sobre a nossa história. 

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Prenderam o Dollynho!



Ou melhor, o presidente da fábrica de refrigerantes Dolly, acusado de sonegação fiscal. E agora, Dollynho?

quarta-feira, 9 de maio de 2018

O Youtube é um perigo para quem tem ataques de saudosismo

Se existe algum terreno perigoso e traiçoeiro com a aparência mais inofensiva possível, este lugar é a Internet. Sites contendo pornografia, incentivo a práticas ilícitas e toda forma de informação inútil destinada apenas a fazer os usuários da rede perderem tempo existem aos montes, sem falar naqueles afetados por pragas virtuais como malwares, ramsonwares, spywares e vírus. 

Um outro perigo é menos insidioso, mas também capaz de fazer um belo estrago na cabeça do usuário: o vício em coisas antigas. Este blog já dedicou espaço a várias esquisitices adoradas por gente vidrada nos anos 1980 ("Oitentolatria") e 1990 ("Noventolatria"). Gente muito longe da velhice dizendo "No meu tempo era melhor". Tempo de infância, diga-se. 

O Youtube é um lugar onde esses adoradores do passado gostam de frequentar. Antes, colocavam imagens gravadas originalmente em fitas VHS, muitas delas com qualidade questionável, para mostrar programas e comerciais típicos do final do século passado. Muita coisa era bizarra, mas os apreciadores acham o máximo. Modismos, cortes de cabelo, roupas, velharias, programas, coisas atualmente vistas como escandalosas mas encaradas como normais na época (como propagandas de cigarro em horários acessíveis às crianças, com jovens vendendo saúde e sem advertências para alertar sobre a ameaça à saúde representada pelo fumo), e empresas atualmente inexistentes (como o Mappin, a Mesbla, o Banco Nacional e a Telesp, por exemplo) foram e ainda são mostrados aos montes no Youtube. 

Mais recentemente, canais são dedicados exclusivamente a falar das recordações, um prato cheio para os oitentólatras e noventólatras. Alguns desses são o "Canal Velharia", o "Arca da Fuzarca", o "Anos90" e o "Nerd Show", aliás este último não é exatamente "nerd", mas um espaço cheio de antiguidades para mostrar os gostos da infância no final do século passado. 

Cuidado! Para quem tem ataques de saudosismo, o Youtube e outros espaços da Internet são locais de perdição!

terça-feira, 8 de maio de 2018

Breves considerações sobre a decisão de Trump


Donald Trump abandonou o acordo com o Irã (cuja bandeira serve de plano de fundo nesta fotomontagem)

Donald Trump já demonstrava, sem pudor ou sutilezas diplomáticas, as reservas do governo americano atual e boa parte da opinião pública estadunidense sobre o acordo nuclear iraniano, considerado, para eles, ineficiente. 

Já na campanha de 2016, ele já prometeu ações mais duras contra os "inimigos" dos EUA, em contraponto às realizações de Barack Obama, seu antecessor, mais voltado para o diálogo e um dos responsáveis pela formulação do acordo iraniano, feito em 2015. Uma das promessas era abandonar o acordo, o que significa a anulação deste na prática.

No ano seguinte, Trump já demonstrou seu respeito aos compromissos de campanha, ao não certificar o acordo, um claro sinal do que iria acontecer cedo ou tarde. E aconteceu agora. 

O presidente americano cumpriu outra promessa, mas ameaçou ainda mais a estabilidade na Ásia Ocidental.

De fato, a documentação firmada em 2015 não impediu o Irã de se afirmar como potência regional, deixando os países aliados do Ocidente na região inquietos. Não deu mostras de respeitar o acordo, como teria demonstrado documentos obtidos (de forma clandestina) pela inteligência de Israel. Gerou pretextos para o belicoso e ambicioso príncipe Mohammed ibn Salman, governante de facto da Arábia Saudita, manter uma guerra no Iêmen, à custa de milhares de mortes e não só de rebeldes houthis, apoiados pelo Irã. O conflito entre sauditas e iranianos causou sérios efeitos colaterais nas relações entre os países da região, e o mais afetado foi o pequeno Qatar, que ousou romper com o alinhamento político com Riad e está enfrentando o isolamento diplomático.

Por outro lado, a retirada dos Estados Unidos vai tornar tudo ainda pior. Sem o acordo, o Irã pode desenvolver seu programa nuclear mais explicitamente. Sanções econômicas têm limitado poder de dissuação, como mostra o caso da Coréia do Norte. O Irã tem aliados perigosos como a Síria, e poderosos como a Rússia. Aumentarão os conflitos contra os inimigos sauditas e israelenses, e uma crise do petróleo tem maior chance de acontecer, pois o Golfo Pérsico possui as maiores reservas exploráveis dessa fonte energética. 

Enfim, mais um caso de preferir ter um acordo ruim e falho do que um "não acordo".

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Enquete do momento

Para você, quem será o futuro presidente do Brasil? (Atenção: as opções não refletem a opinião deste blog)

a) Alguém que vai depender do Congresso para governar, mas infelizmente elegerão velhos nomes ou gente sem capacidade para representar seus eleitores; 

b) Um futuro denunciado pela Procuradoria-Geral da República, pois vai roubar o NOSSO DINHEIRO; 

c) Alguém considerado ilegítimo, porque o impeachment de 2016 foi uma trama para tirar o PT do poder e impedir o maior estadista deste país, Lula, de voltar a liderar o nosso povo; 

d) Um nome forte para botar ordem no Brasil, fechando o Congresso e governando sob estado de exceção, com direito até a ações extremas como prisões arbitrárias, pena de morte, tortura e confisco de ativos financeiros, como a poupança; 

e) Não faço a menor ideia e nem quero saber.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

O orgulho e a vergonha de abril

Como já foi feito antes, todo começo de mês este blog aponta quem merece os selos. Mas já aviso: está difícil fazer uma avaliação, a ponto de, mais de uma vez, o autor deste espaço cogitar em desistir dessa iniciativa. 

Primeiro, os bons exemplos, dignos do "orgulho nacional". Este blog não conseguiu encontrar nada extraordinário, embora boas ações feitas por brasileiros comuns não faltem - infelizmente, a grande maioria não tem divulgação na imprensa. Sérgio Moro foi levado, sim, em consideração, por ter feito cumprir a sentença de prisão contra o ex-presidente Lula, e o fez com rapidez. Em compensação, ele disse no mês passado a respeito do auxílio-moradia, esse privilégio execrável, e justificou dizendo que era para compensar a falta de aumento dos juízes, que já ganham muito em relação aos brasileiros comuns...

Então, fiquei sabendo da iniciativa feita no mês passado de estudantes da escola Cejar, de Aquidauana, cidade do Mato Grosso do Sul. Recentemente, esta mesma escola foi palco de uma briga divulgada no Youtube, em 2014, mostrando que esta escola sofre dos mesmos problemas das demais. No entanto, as estudantes do ensino médio Camila Rocha Oliveira, Clara Bianca e Juliana Ximenes, no mês passado, arrecadaram lacres de alumínio em prol de pacientes vítimas de câncer. Os lacres foram enviados ao Hospital do Câncer em Barretos, um dos maiores do Brasil, e a destinação dos artefatos é a venda para reciclagem, custeando parte das despesas no hospital.

Uma atitude louvável: ajudar um hospital para tratamento de câncer, mesmo com lacres de alumínio que não renderão muita verba adicional (Luiz Guldo Jr.)

Depois, os exemplos ruins, e o Brasil está infestado deles. Dois dos piores foram muito comentados. 

Um deles foi a militância da presidente do PT e sua presidente, Gleisi Hoffmann, explorando politicamente a prisão de Lula e tratando o ex-presidente como um "mártir" e um "perseguido político", quando ele só foi cumprir a sua sentença de 12 anos por uma das várias acusações feitas pela Lava Jato, e nem é a mais grave: receber o triplex do Guarujá como propina da Odebrecht, uma das co-protagonistas da grande rapina. Na verdade, muitos apontam Lula como o grande chefão dessa horda que prejudicou severamente a nação, mas é necessário tanto formalizar as provas disso quanto ter a coragem de investigar mais a fundo todo esse caso, respeitando-se a Constituição - e, para isso, não basta a propaganda feita por muitos membros da força tarefa da PF e do Ministério Público.

Outro é a demonstração cabal de carreirismo político feita pelo ex-prefeito João Dória Jr., agora candidato ao governo paulista. Ele queria mesmo era ser candidato à Presidência, mas Geraldo Alckmin está praticamente consolidado, e suas realizações na Prefeitura não foram o suficiente para ele ganhar projeção nacional. Repetir à exaustão dizendo que não é um político não adiantou muito, e tampouco iniciativas como a famigerada "farinata" para amenizar o problema crônico da desnutrição. Não se pode esquecer dos vários projetos travados, mas a culpa não é necessariamente dele, e sim da Câmara Municipal. Projetos como a desocupação de prédios estão travados - e o desastre do edifício no Primeiro de Maio trágico da cidade não é, por si só, garantia de que isso vá acelerar. Outros, como a reforma nas Unidades Básicas de Saúde e a construção de piscinões contra as enchentes, também não vão muito melhor. E a reformulação das linhas de ônibus - um projeto criado na gestão de Fernando Haddad revivida por Dória - não agrada nem um pouco os paulistanos e pode prejudicar sua campanha, embora signifique uma maior racionalização no sistema, com menos micro-ônibus pequenos e apertados. 

Foi uma decisão difícil, mas necessária, pois apenas um vai receber o selo da "Vergonha". O critério é a reincidência. Só se abandona um cargo público uma vez para embarcar em outra aventura. Já um ato de militância pode ser repetido à exaustão, não sendo exclusivo de determinado mês. Logo, quem recebe o selo de abril é mesmo o ex-prefeito. 

Ele já prometeu cumprir o mandato até o fim, mas "cortou-o" para disputar o governo de São Paulo (Folhapress)

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Finalmente o STF vota sobre o "foro privilegiado" para parlamentares

Finalmente retomaram a votação sobre o fim do foro especial por prerrogativa de função, mais conhecido como "foro privilegiado", para deputados e senadores. O ministro Dias Toffoli estudou o caso e deu seu voto, favorável à posição do relator Luiz Roberto Barroso, mas pedindo um texto mais objetivo, dizendo que o parecer de Barroso permitia muitas interpretações. Como está no texto, ainda haverá foro para resguardar deputados e senadores em casos de crimes ligados ao exercício do mandato. Para Toffoli, e também para Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski, era melhor se os crimes cometidos após a diplomação continuassem cobertos pelo foro, mesmo os comuns. Mesmo assim, acabaram votando a favor do relator.

No entanto, a votação ainda não terminou porque o único a não votar, Gilmar Mendes, tinha farta documentação para questionar a ideia de restringir o foro pela via do Judiciário e não no Legislativo, onde tramita uma lei ainda mais abrangente, não poupando juizes, procuradores e outros protegidos por essa excrescência. Afinal, é preciso haver no Brasil um pouco mais de igualdade jurídica, pela qual lutaram os iluministas três séculos atrás.


N. do A.: Este blog deixa para amanhã a "premiação" de quem é considerado "Vergonha Nacional" de abril e, por outro lado, quem merecer ser o "Orgulho Nacional". Ambas as tarefas foram difíceis, um por excesso de candidatos e outro pelo motivo oposto: faltavam concorrentes. 

Mais uma tragédia em São Paulo - até quando?

Novamente a desídia do poder público e a exploração da miséria alheia feita por certos "movimentos sociais" resultaram na deterioração de um local tombado ao longo dos anos, resultando no desastre de ontem. 

O cruel e horrível destino do edifício Wilton Paes de Almeida, no Centro de São Paulo. Pior é a possibilidade de haver mortes nesta tragédia (Handout)

O Edifício Wilton Paes de Almeida, erguido em 1961, não era um projeto exemplar para a cidade. Seguia as tendências da época, usando vidro demais, tornando imperativo o uso de ar-condicionado em cidades tropicais e subtropicais como São Paulo. Mesmo assim, foi tombado pelo Patrimônio Histórico, em 1993. Infelizmente, com o tempo se tornou uma das várias vítimas do desmazelo das autoridades públicas, especializadas em tratar os patrimônios DE TODOS como se fosse DE NINGUÉM. Não cuidaram do prédio e nem evitaram, com a energia necessária e garantida pela lei, a invasão do prédio, ocupado há seis anos por 150 famílias de pessoas sem-teto, insufladas por grupos criminosos que se dizem "movimentos sociais"

Não ajuda em nada o fato da população também não saber valorizar suas cidades, entregando-as ao abandono e fazendo atos de anticidadania, como jogar lixo em qualquer lugar e se omitir quando alguém viola o espaço de todos, por meio de pichações, vandalismo e, neste caso, invasões organizadas. Deve-se diferenciar os verdadeiros movimentos que lutam pelos direitos dos sem-teto e das comunidades desfavorecidas, estes merecedores de apoio, daqueles oportunistas que se beneficiam da miséria do povo e o exploram, como parece ser o caso do Movimento de Luta Social por Moradia (MLSM), acusado de cobrar aluguel dos ocupantes do prédio, sem dar as mínimas condições de habitabilidade ao local.

Por causa do desabamento, outros prédios, que também já estavam em condições lastimáveis, ficaram em situação ainda pior. O prédio situado no outro lado da rua Antônio de Godói, local da catástrofe, também pegou fogo, dando mais trabalho para os bombeiros, induzido pelo forte calor do incêndio no Wilton Paes de Almeida. A Igreja Luterana, também tombada pelo Patrimônio Histórico, também sofreu danos terríveis - 80% da estrutura foi destruída - e sua restauração, tal como foi concebida, pode demorar anos e consumir, segundo avaliações, 5 mlhões de reais. 

É necessário apurar as responsabilidades das lideranças da invasão e também as da União, dona do imóvel, e da Prefeitura. Porém, ainda mais prioritário é encontrar possíveis soterrados, cuidar dos desabrigados e localizar os outros locais habitados irregularmente, para evitar novas tragédias como essa. Ao menos o prefeito Bruno Covas, ocupando o cargo desde a casuística saída de João Dória Jr., está fazendo algo neste sentido.