segunda-feira, 21 de maio de 2018

Considerações sobre a "eleição" venezuelana

Ontem, aconteceram as eleições na Venezuela, consideradas fraudulentas por qualquer alma sensata dentro e fora do país.

Nicolas Maduro conseguiu o seu intento: vencer por alegados dois terços dos votos válidos, com o uso intensivo dos chamados "pontos vermelhos", para estimular o povo a votar com a ajuda dos "carnês da pátria" e promessas de ajuda financeira (incríveis 10 milhões de bolívares, cifra que impressiona mas é equivalente a R$ 40,00) em caso de voto (no atual presidente). 

Mesmo com a "generosidade", mais da metade da população não compareceu. 

Nicolas Maduro vai ter seis anos, graças às "democráticas eleições bolivarianas" em seu país (Carlos García Rawlins/Reuters)

Simpatizantes do presidente venezuelano, cada vez mais raros e vistos como excêntricos, saudaram o resultado, enquanto os demais estão desolados. Nada podem fazer a respeito da "democrática eleição bolivariana", um termo totalmente de acordo com a nossa era de "pós-verdades", ou mentiras deslavadas encaradas como verdades por vontade de alguns: o ato orquestrado pelos maduristas viola explicitamente os valores democráticos, não é uma eleição reconhecível como tal e o termo "bolivariana" é uma mistificação, pois em comum com a doutrina de Simón Bolívar só existe o autoritarismo; o general "libertador da América" não aprovaria um governo populista com base marxista, conduzido tão canhestramente por pessoas com falta de capacidade e de superego.

O resultado de ontem vai redobrar o empenho de Maduro em fazer, com menos arte e sutileza, e mais intensidade e exuberância, a arte na qual os governantes latino-americanos são peritos: matar os pobres de fome e os ricos de raiva, enquanto culpa forças externas, neste caso o "imperialismo americano", bancos, empresários e outros "sabotadores", pela atual situação do país. Nem mesmo a alta expressiva nos preços do petróleo, do qual depende a economia local, conseguirá reverter o estrago.

Enquanto isso, os Estados Unidos, a Argentina, o Chile e o México, entre outros países, já anunciaram sanções ao governo "eleito". O Brasil também não reconhece o resultado, mas tomou uma posição menos assertiva, adotando posição da ONU, que não respalda sanções unilaterais. 

E os venezuelanos que não fugirem do país terão mais seis anos para padecer, caso Maduro consiga levar seu mandato adiante. 


N. do A.: No Brasil, a alta do petróleo e os impostos incidentes sobre os combustíveis derivados (particularmente o diesel) provocaram protestos dos caminhoneiros em todo o Brasil e dores de cabeça aos proprietários de veículos. As altas lembram o período sombrio da hiperinflação. Por causa disso, o governo está estudando medidas para administrar o problema.

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