A greve dos caminhoneiros já está fazendo o governo ceder em alguns pontos para diminuir o preço do diesel e suspender a política de preços flutuantes por 15 dias. Já se percebe o estrago na livre circulação de qualquer mercadoria, cujo transporte depende fundamentalmente do transporte rodoviário - algo não visto nos países desenvolvidos, cuja malha ferroviária é muitíssimo maior e melhor, e o transporte por caminhões, embora importante, não é tão vital para a economia. Também significa uma crise no transporte público, também baseado nos ônibus a diesel, inclusive em São Paulo, onde 40% da frota pode não circular amanhã.
Se os caminhoneiros aceitarem, isso é uma vitória do governo, embora à custa da imposição de um privilégio para uma única categoria.
Caso isso não for aceito, é um sinal mais grave: os caminhoneiros querem mesmo usar suas manifestações como força política, e isso seria aproveitado pelas forças apoiadoras do antigo status quo (antes do impeachment de 2016). Sindicatos ligados à CUT podem apoiar os manifestantes e fazer os trabalhadores pararem. Fala-se até em fazer uma "greve geral", algo nunca saído do papel, para combater Temer e tentar a libertação do ex-presidente Lula, além da suspensão ou cancelamento das reformas trabalhista e previdenciária; para isso, precisariam conseguir a adesão da Força Sindical, que não é tão entusiasta de Lula mas também é contra o fim do imposto sindical.
Um ou outro cenário pode deixar os mercados novamente furiosos, e o dólar, até então contido pelas intervenções do BC, pode voltar a tentar furar o teto dos R$ 4,00. Os transtornos causados pelos manifestantes exigirão do governo responsabilidade, resiliência, energia, habilidades e competências operacionais e administrativas, sob pena de vivienciarmos acontecimentos que irão definir, negativamente, os rumos do Brasil nas próximas décadas.
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