sexta-feira, 11 de maio de 2018

Bolsonaro fala aos seus

Depois da divulgação de um documento da CIA, escrito pelo ex-agente da Cia William Colby, revelando intenções ocultas dos ex-presidentes Ernesto Geisel e João Figueiredo, mostrando que eles não são tão moderados quanto se pensava (leia mais AQUI e fique estarrecido com os planos dos dois, com a participação ativa de outros altos oficiais como o general Mílton Tavares de Souza, para eliminar supostos "subversivos perigosos" à revelia da lei), políticos de todas as matizes, jornalistas, analistas políticos e historiadores comentaram bastante sobre o documento e sua repercussão. 

Alguns pré-candidatos à Presidência também comentaram. Um deles é Jair Bolsonaro. Segundo ele, mostrando que gosta de falar a seu público fiel: 


"Quem nunca deu um tapa no bumbum do filho e, depois, se arrependeu? O que pode ter acontecido com este agente da CIA (Colby)? Quantas vezes você falou num canto ali que tem que 'matar mesmo', 'tem que bater', 'tem que dar canelada'. Ele deve ter ouvido uma conversa como esta, fez um relatório e mandou"


Vídeo do Youtube com a fala de Bolsonaro sobre o memorando da CIA divulgado pelo governo americano


O pré-candidato do PSL justificou a atitude de Geisel, dizendo que era para combater a guerrilha que ameaçava, segundo os seguidores dele, transformar o Brasil numa ditadura comunista. A guerrilha, aliás, foi desmantelada antes, no governo do antecessor de Geisel, general Emílio Garrastazu Médici, à custa de repressão violenta, com assassinatos e desaparecidos políticos. 

E ainda insinuou que a divulgação do material era para prejudicar sua candidatura. Bolsonaro é simpatizante do antigo regime militar (1964 a 1985) e, principalmente, da época menos terrível, após a revogação do AI-5 (1978) pelo mesmo Geisel que se apresentava como o presidente da abertura enquanto planejava fazer execuções extrajudiciais com Figueiredo. 

Jair Bolsonaro, com isso, prova ser um candidato para um público específico, e deverá ir muito além disso se quiser conquistar votos de mais gente e pensar em ir ao segundo turno. 

Por outro lado, isso mostra o quanto é importante saber cada vez mais a respeito de um período tão sombrio quanto o regime militar. Não é revisionismo nem campanha para difamar as forças armadas, e sim uma forma de aprender mais sobre a nossa história. 

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