quinta-feira, 3 de maio de 2018

O orgulho e a vergonha de abril

Como já foi feito antes, todo começo de mês este blog aponta quem merece os selos. Mas já aviso: está difícil fazer uma avaliação, a ponto de, mais de uma vez, o autor deste espaço cogitar em desistir dessa iniciativa. 

Primeiro, os bons exemplos, dignos do "orgulho nacional". Este blog não conseguiu encontrar nada extraordinário, embora boas ações feitas por brasileiros comuns não faltem - infelizmente, a grande maioria não tem divulgação na imprensa. Sérgio Moro foi levado, sim, em consideração, por ter feito cumprir a sentença de prisão contra o ex-presidente Lula, e o fez com rapidez. Em compensação, ele disse no mês passado a respeito do auxílio-moradia, esse privilégio execrável, e justificou dizendo que era para compensar a falta de aumento dos juízes, que já ganham muito em relação aos brasileiros comuns...

Então, fiquei sabendo da iniciativa feita no mês passado de estudantes da escola Cejar, de Aquidauana, cidade do Mato Grosso do Sul. Recentemente, esta mesma escola foi palco de uma briga divulgada no Youtube, em 2014, mostrando que esta escola sofre dos mesmos problemas das demais. No entanto, as estudantes do ensino médio Camila Rocha Oliveira, Clara Bianca e Juliana Ximenes, no mês passado, arrecadaram lacres de alumínio em prol de pacientes vítimas de câncer. Os lacres foram enviados ao Hospital do Câncer em Barretos, um dos maiores do Brasil, e a destinação dos artefatos é a venda para reciclagem, custeando parte das despesas no hospital.

Uma atitude louvável: ajudar um hospital para tratamento de câncer, mesmo com lacres de alumínio que não renderão muita verba adicional (Luiz Guldo Jr.)

Depois, os exemplos ruins, e o Brasil está infestado deles. Dois dos piores foram muito comentados. 

Um deles foi a militância da presidente do PT e sua presidente, Gleisi Hoffmann, explorando politicamente a prisão de Lula e tratando o ex-presidente como um "mártir" e um "perseguido político", quando ele só foi cumprir a sua sentença de 12 anos por uma das várias acusações feitas pela Lava Jato, e nem é a mais grave: receber o triplex do Guarujá como propina da Odebrecht, uma das co-protagonistas da grande rapina. Na verdade, muitos apontam Lula como o grande chefão dessa horda que prejudicou severamente a nação, mas é necessário tanto formalizar as provas disso quanto ter a coragem de investigar mais a fundo todo esse caso, respeitando-se a Constituição - e, para isso, não basta a propaganda feita por muitos membros da força tarefa da PF e do Ministério Público.

Outro é a demonstração cabal de carreirismo político feita pelo ex-prefeito João Dória Jr., agora candidato ao governo paulista. Ele queria mesmo era ser candidato à Presidência, mas Geraldo Alckmin está praticamente consolidado, e suas realizações na Prefeitura não foram o suficiente para ele ganhar projeção nacional. Repetir à exaustão dizendo que não é um político não adiantou muito, e tampouco iniciativas como a famigerada "farinata" para amenizar o problema crônico da desnutrição. Não se pode esquecer dos vários projetos travados, mas a culpa não é necessariamente dele, e sim da Câmara Municipal. Projetos como a desocupação de prédios estão travados - e o desastre do edifício no Primeiro de Maio trágico da cidade não é, por si só, garantia de que isso vá acelerar. Outros, como a reforma nas Unidades Básicas de Saúde e a construção de piscinões contra as enchentes, também não vão muito melhor. E a reformulação das linhas de ônibus - um projeto criado na gestão de Fernando Haddad revivida por Dória - não agrada nem um pouco os paulistanos e pode prejudicar sua campanha, embora signifique uma maior racionalização no sistema, com menos micro-ônibus pequenos e apertados. 

Foi uma decisão difícil, mas necessária, pois apenas um vai receber o selo da "Vergonha". O critério é a reincidência. Só se abandona um cargo público uma vez para embarcar em outra aventura. Já um ato de militância pode ser repetido à exaustão, não sendo exclusivo de determinado mês. Logo, quem recebe o selo de abril é mesmo o ex-prefeito. 

Ele já prometeu cumprir o mandato até o fim, mas "cortou-o" para disputar o governo de São Paulo (Folhapress)

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