terça-feira, 22 de maio de 2018

Três pautas do dia

Existem dois assuntos que mereceriam bastante atenção da mídia, preocupada demais com um terceiro. Os temas são estes: 

Tema 1: A greve dos caminhoneiros; 

Tema 2: A prisão iminente de Eduardo Azeredo; 

Tema 3: A saída do técnico Fábio Carille, do Corinthians. 


Tema 1

Pela segundo dia consecutivo, os caminhoneiros protestam contra os seguidos aumentos no preço do óleo diesel

Eles julgam pagar impostos demais sobre o combustível, e para isso lutam para diminuir a carga tributária, considerada altíssima. 

Isso fez o governo zerar a Cide para o diesel, nada fazendo em relação à gasolina, também extremamente taxada, e usada pelos motoristas comuns. Não pretende mexer nos reajustes diários conforme o valor do petróleo no mercado internacional, e nem no PIS/Cofins, atualmente em R$ 0,4615 o livro, de acordo com o site da Fecombustíveis, a federação nacional do comércio de combustíveis e lubrificantes. E o governo não pode nem cogitar interferir em outro imposto, responsabilidade dos Estados, o ICMS, que varia de 12% a 25%, dependendo de cada "unidade da federação". 

Obviamente, os manifestantes não aceitaram, e vão continuar a pressionar o governo federal para mexer no PIS/Cofins e os governos estaduais para diminuírem o ICMS, mas isso, além de criar privilégios para a categoria, ainda diminuem o montante financeiro a um Estado ineficiente e ávido. Eles também não escondem o desejo de revogar o reajuste diário dos combustíveis e voltar o velho sistema de tabelamento. 

Pior do que isso é verificar a radicalização do movimento, que bloqueou estradas inclusive com pneus incendiados, atrapalhando o direito de ir e vir dos outros, que não têm esperança nem força corporativa para obrigar o governo a diminuir a tributação sobre a gasolina (e o álcool). 



Tema 2

Outro tema importante é a iminente prisão do ex-governador mineiro Eduardo Azeredo, condenado em duas instâncias a 20 anos de prisão; o Tribunal de Justiça de Minas Gerais rejeitou o último recurso e agora decretou o cumprimento da sentença.

Azeredo, filiado ao PSDB, foi apontado como o líder do "Mensalão Tucano", um termo indevido para um esquema de desvio de dinheiro público para o reeleger na campanha eleitoral de 1998, utilizando estatais mineiras (a empresa de saneamento Copasa e a mineradora Comig); no final, ele conseguiu a reeleição; é chamado pelo nome popular porque teve o auxílio do empresário Marcos Valério, atuante também no "mensalão petista", que envolvia compra de votos de parlamentares por membros do governo Lula, anos depois.

O Ministério Público concluiu as investigações da roubalheira em 2007, e Azeredo, então senador, foi denunciado por peculato (atividades estranhas ao seu cargo) e lavagem de dinheiro pela Procuradoria-Geral da República. Mais tarde, em 2009, o STF acolheu a denuncia. A ação se arrastava até 2014, quando o ex-governador passou a exercer o cargo de deputado federal. Ele renunciou e o caso foi para a primeira instância, mas ao contrário do que o PSDB mineiro esperava, o processo foi julgado com certa rapidez, e ele foi condenado a 20 anos e dez meses de prisão pelos crimes a ele atribuídos pelo MP. A segunda instância o condenou a uma pena ligeiramente menor, 20 anos e um mês, em 2017.

Exercendo o seu direito de defesa, Azeredo enviou vários recursos, mas o último deles foi negado hoje, e agora ele pode ser preso a qualquer momento. Caso isso realmente acontecer, diminuirá o burburinho feito pelos petistas e simpatizantes a respeito da impunidade para os tucanos. Resta saber quando haverá o ressarcimento dos cofres mineiros: pede-se a devolução de R$ 5,17 milhões - uma fortuna, embora bem menos do que os R$ 100 milhões desviados pelo "mensalão petista".



Tema 3

Este tema, o da transferência do técnico Fábio Carille para o Al-Wehda da Arábia Saudita, após estudar a proposta do Al-Hilal, dos Emirados Árabes, foi exaustivamente comentado e divulgado pela mídia, com mais entusiasmo do que os temas acima. Ele passará duas temporadas ganhando um salário equivalente a R$ 1 milhão por mês, muito mais do que os rendimentos obtidos no Corinthians. O episódio rendeu atritos do técnico com a imprensa, a ponto dele chamar boa parte dela de "mentirosa" e receber em resposta uma noção de repúdio, tendo de se retratar depois. Osmar Loss, auxiliar de Carille, irá assumir o posto. 

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