Quando o prédio Wilton Paes de Almeida foi abaixo naquele desabamento, no dia primeiro deste mês, revelou-se uma antiguidade no edifício vizinho, que por pouco não teve o mesmo destino:
Se você vê a reaparição do histórico anúncio como o "lado bom" da tragédia do edifício Wilton, vá em frente porque não tem mais hospício no Brasil (divulgação) |
Para quem não sabe, Caracu é a cerveja preta apreciada com ovo, amendoim e outras misturas bizarras afrodisíacas. Muito cultuada para quem acha as cervejas loiras muito aguadas e quer variar um pouco, e é mais adequada para as épocas de frio. Há quem diga que é bom para as mães porque aumenta o leite, mas efeito mais certo mesmo é deixá-las de porre deixando os bebês abrindo o berreiro de fome.
O prédio Caracu despertou em alguns um saudosismo de fazer os adeptos da oitentolatria parecerem modernosos - afinal, o anúncio é dos anos 1950, do tempo em que o velho presidente Temer era uma criança, para se ter noção da antiguidade. E o incendiado Wilton ainda não existia, pois só foi construído em 1961.
Isto também parecia um sinal do que viria dias depois. Um aviso, e infelizmente ninguém esteve nem aí, até aparecer a greve dos caminhoneiros, que motivou o acordo entre quem se intitulou "lideranças" e o popularíssimo e queridíssimo governo Temer.
Assinaram uma porção de vantagens para a categoria, e principalmente para os empresários do transporte, e não só um mero alívio de impostos. Temer aceitou e agora vai ter que se virar para custear tudo isso. Mas a solução como sempre está aí: o NOSSO DINHEIRO, que financiou de tudo: Transamazônica, Ferrovia Norte-Sul, governo Collor, Máfia do Orçamento, Máfia dos Precatórios, Máfia-de-qualquer-coisa, reeleição, mensalão, petrolão... afinal, é só mais uma "contingenciazinha" a mais além dessas que este blog citou.
Mesmo com o acordo assinado e publicado, nada dos caminhoneiros saírem dos bloqueios nas estradas, porque eles disseram que as tais lideranças não os representavam, deixavam os transportadores autônomos e as empresas pequenas na mão e só os caciques ganhavam. Até os gatos da Velhinha de Taubaté ficaram com a pulga atrás da orelha!
É um acordo legítimo. Legítimo Caracu!
Os beneficiados pela paralisação entraram com a cara e o governo, ou melhor, o povo brasileiro, entra com o resto!
Lembra os acordos feitos pela Petrobras: no governo Dilma, para financiar a farra e sangrar os cofres da empresa, e em 2016, vinculando o preço do combustível ao barril de petróleo no mercado internacional como se tudo fosse importado e a maior parte não fosse extraído aqui. Os dois também tinham a marca do touro bravo, mudando quem entrava com a cara: a quadrilha do petrolão no primeiro caso, os acionistas da Petrobras e o governo Temer no segundo. O povo fazia o mesmo papel de agora...
Depois dessa, melhor é tomar mesmo uma Caracu para curtir a happy hour.
Um brinde ao histórico acordo do governo (do site "Cerveja? Gosto sim!") |
N. do A.: Este blog fez como os políticos e quebrou a promessa de não abordar de novo o assunto, mas o próximo post será diferente. Mesmo!
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