Não é só no futebol onde o Brasil perde feio. Hoje faz um ano que a Seleção Brasileira levou 7 a 1 da Alemanha na Copa do Mundo em pleno Mineirão, naquele episódio grotesco apelidado de "Mineiratzen".
É bom que se diga: a Seleção Brasileira deve ser considerada, mais propriamente, a Seleção da CBF. Para boa parte dos torcedores este time não é digno de representar a pátria brasileira e está a serviço de uma entidade privada e não de uma nação.
O zagueiro David Luiz, uma das vítimas do 8/7 na Copa. Já os brasileiros têm muito mais motivos para chorar do que ele.
Pior, muito pior do que uma das mais extravagantes e bizarras goleadas da história do futebol, mais uma comédia satírica do que uma tragédia, é a derrota dos brasileiros na sua vida cotidiana. Estamos perdendo por um placar muito pior do que 7 a 1.
Perdemos com a corrupção desenfreada contra NOSSO DINHEIRO.
Perdemos com a falta de transparência nas decisões dos governos.
Perdemos com as pedaladas fiscais e os truques que os governos fazem para arrecadar mais dinheiro ou para lesar os contribuintes. Não é só Brasília que faz isso: hoje mesmo o governo paulista decidiu, repentinamente, atrasar os repasses da Nota Fiscal Paulista em seis meses, e ainda por cima destinando não mais 30% do ICMS, mas apenas 20%. Para compensar isso, destinaram os outros 10% na premiação dos sorteios mensais, onde muito menos gente acaba ganhando.
Perdemos com a violência que destrói indivíduos e famílias inteiras.
Perdemos com a recessão, a inflação e o desemprego, que ameaçam destruir todas as conquistas econômicas de milhões de pessoas.
Perdemos com o uso político rasteiro de um benefício social, o Bolsa-Família, uma esmola que mal dá para ajudar a aliviar a miséria e condena famílias a dependerem do governo federal, tornando-as reféns dele.
Perdemos com este vazio aberrante de poder, causado por uma governante que deixou de representar satisfatoriamente a vontade do povo. Enquanto isso, a oposição e o PMDB estão mais atuantes e, embora reprimam com mais eficiência os abusos do Planalto, também eles próprios tomam decisões que envergonham seus representados, particularmente os eleitores mais esclarecidos.
Perdemos com a falta de investimentos em setores que realmente precisam: educação de qualidade, saúde pública decente, segurança.
Perdemos com o uso indevido da Petrobras, da Caixa, do BNDES e outras propriedades NOSSAS, e não dos governos.
Perdemos com os critérios estranhos para as obras (necessárias) de infra-estrutura, sem licitação ou fiscalização adequadas, visando beneficiar terceiros.
Perdemos com as condições que podem tornar este país uma economia especulativa. Fatalmente as agências de classificação de risco vão rebaixar as notas de crédito soberano do nosso país, e poderemos perder o grau de investimento.
Perdemos com a atroz política energética do nosso país, condenando-nos a pagar pelo rombo bilionário nas contas das distribuidoras de energia devido à seca histórica e às falhas de gerenciamento.
Perdemos com a má gestão dos recursos naturais, e não só a água, ameaçando o abastecimento da população e o meio ambiente.
Perdemos com a falta de visão de longo prazo demonstrada pelos nossos representantes.
E, finalmente:
Perdemos com a nossa própria falta de iniciativa para exigirmos nossos direitos e cumprirmos com as nossas obrigações, como cidadãos que deveríamos ser.
Até quando iremos aguentar um placar tão adverso? Nós, brasileiros, teremos futuro assim?
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