sexta-feira, 2 de julho de 2010

02/07 - A tradição contra a zebra

Gana é a remanescente do futebol africano na primeira copa do continente. E tinha pela frente a tradicional, embora cambalente, seleção uruguaia.

Deu Uruguai, a muito custo, e da pior forma: empatado em 1 a 1, passando pela desgastante prorrogação, com um a menos (Suárez, que cometeu a asneira de defender o gol com a mão no último minuto da prorrogação) e na cobrança de pênaltis. Se tivesse "matado" o jogo antes, pois jogou melhor do que Gana, principalmente no segundo tempo, poupar-se-ia do desgaste e a torcida se conformaria facilmente da superioridade do time sul-americano, talvez até torcendo a favor deles contra a Holanda (contra os holandeses, cujos descendentes são os mal-afamados africâneres ou bôeres, eles torceriam por qualquer um).

O time africano começou acuado, e só conseguiu reagir ao longo do jogo, até que nos descontos do primeiro tempo, Muntari chutou de longe e a bola entrou, abrindo o placar. Os uruguaios empataram aos 9 min. do segundo tempo. E assim foi até o lance de Suárez, que foi expulso. O pênalti decorrente disso foi mal cobrado, por Gyan, e o Uruguai teve uma sobrevida. A história mudou completamente, da inédita campanha de um time africano para as semifinais para a disputa de pênaltis.

Na cobrança, os uruguaios se assustaram com a cobrança, desta vez correta, de Gyan, e a perda de um pênalti mal cobrado. A favor da Celeste, um dia mal inspirado para Kingson, antes considerado o melhor goleiro da Copa. O sofrimento dos uruguaios terminou com Loco Abreu, que ainda tripudiou diante de sul-africanos e ganeses estarrecidos.

O Uruguai renasce. E a última seleção africana da Copa volta para casa, frustrando um continente que volta a lamentar com a miséria, a AIDS, a corrupção de seus governantes. A sina dos africanos nos Mundiais continua. E as vuvuzelas podem parar de tocar de vez justamente quando o mundo se acostumou com o 'timbre' e parou de associá-las às trombetas do Apocalipse.


P.S.: após eu ter feito a postagem anterior, o técnico Dunga anunciou sua demissão, prevendo uma chuva de críticas, em especial da Rede Globo, desafeta-mor do treinador. Colocou a viola no saco, sentindo-se duplamente derrotado. Pela Holanda e pela imprensa, que acabou dando razão ao ex-craque holandês Cruyff, que fez críticas amargas à falta de criatividade da nossa Seleção antes do jogo. No final das contas, porém, quem ficou com as batatas, como diria Quincas Borba, não foi nenhum deles. Foi o Extra, a loja de departamentos, que anunciou com antecedência, e antes mesmo do jogo contra o Chile, a eliminação dos canarinhos.

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