Michel Temer vai nomear para o STF o seu ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. Com isso, vai acabar abrindo uma vaga para o ministério.
Se escolhesse, por exemplo, o jurista Ives Gandra Filho, outro cotado para a cadeira de Teori Zavascki, também seria criticado pela oposição, pois Gandra tem perfil conservador, é filiado à Opus Dei - parte da Igreja Católica acusada no passado de dar suporte ao regime de Francisco Franco, ditador da Espanha entre 1938 e 1975 - e se opõe ao aborto. Pelo menos Temer teria menos trabalho.
Para os aliados, foi bom porque abre uma vaga para um nome de acordo com os gostos políticos e coloca um servidor do governo atual.
Temer também deu um sinal para a Operação Lava Jato, pois Moraes não interferiu significativamente nos trabalhos dos procuradores e juízes envolvidos na árdua tarefa de investigar a corrupção. O ainda ministro da Justiça irá para a Primeira Turma caso for aprovado na sabatina feita pelo Senado, e irá fazer o papel de revisor do caso Odebrecht, cujo relator é Edson Fachin, da Segunda Turma.
Agora resta colocar um novo nome para a Justiça. Falam em Antônio Anastasia, jurista, ex-governador de Minas pelo PSDB, relator do impeachment de Dilma no Senado e cuja campanha foi movida por dinheiro de empreiteiras, entre as quais OAS, Andrade Gutierrez e a onipresente Odebrecht. Outro nome bastante cotado é o da ex-ministra do STF Ellen Gracie Northfleet, ligada ao PSDB porém com perfil mais técnico do que o de Anastasia, e potencialmente mais fácil de agradar a opinião pública, por ser mulher. Ela se destacou pelo criterioso trabalho no Supremo, presidindo a Corte entre 2006 e 2008. Um outro nome lembrado pela mídia é o de Carlos Ayres Britto, também ex-ministro do STF e de grande saber jurídico. Ayres atuou de forma igualmente elogiável na Corte, sendo presidente em 2012, quando foi obrigado a aposentar-se por limite de idade, aos 70 anos.
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