sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Uma das músicas mais amargas que ouvi (os mais sensíveis não devem ler esta postagem)

Gustav Mahler (1860-1911), compositor austríaco do início do século passado, ficou conhecido por sua música angustiada, intelectualizada, às vezes perturbadora. Para se ter uma ideia da amargura de suas obras, uma das mais leves, a quarta sinfonia, inclui no final uma canção onde um soprano, representando uma criança, canta temas que incluem morte. 

Em outro extremo, existe uma outra canção orquestral chamada Kindertotenlieder. Em alemão, quer dizer "Canção sobre a morte da criança", sobre poemas do alemão Friedrich Rückert. Originalmente, o poeta chorava a morte de dois de seus filhos. Esta obra foi feita antes da morte da filha mais velha de Mahler, vítima de escarlatina, uma doença de pele que predispõe a infecções severas. 

É uma das obras mais sombrias da música erudita. Parece adequada a um episódio bem recente. Nesta semana, a cena de um menino sírio afogado na costa da Turquia, cuja família estava tentando fugir do caos provocado pelo Estado Islâmico, chocou o mundo inteiro. Transmite uma sensação de profunda tristeza e impotência diante da maior crise humanitária do nosso século, provocada pela desídia dos líderes ocidentais e pela crueldade de um grupo fanático cujo poder de destruição e influência sobre mentes enfraquecidas não pode ser subestimado.


Eis um vídeo do Youtube com a Kindertotenlieder.


A música e o episódio do menino sírio expressam a dor de uma vida sendo abreviada na infância. É um fato inaceitável, tido como absurdo, mas infelizmente mais frequente do que gostaríamos. 

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