terça-feira, 29 de setembro de 2015

Para tentar entender a dicotomia Esquerda x Direita

Continuo a achar o dualismo entre a esquerda e a direita uma simplificação grosseira da atividade política, ainda mais no Brasil, onde tudo é confuso, existindo "direitistas" que defendem o social e "esquerdistas" defensores do livre comércio. 

Porém, é necessário sempre desafiar a zona de conforto, principalmente quando se trata de pensamento. Existem alguns modelos teóricos que tentam definir estas correntes políticas, subdividindo-as em várias categorias. Elas foram reunidas num blog, Esquerda x Direita (esquerdaxdireita.blogspot. com.br). Não descobri ainda o autor deste espaço na Internet. Os gráficos mais sofisticados também foram extraídos de lá. 

Modelo linear: coloca as ideologias políticas linearmente, desde a chamada extrema-esquerda (comunismo e suas facções: leninismo, stalinismo, trotskismo) até a extrema-direita (fascismo, nazismo, absolutismo), passando pelas ideias mais moderadas entre esses dois extremos.



Teoria da Ferradura: é um desdobramento do modelo linear, considerado muito simplista; considera as várias semelhanças entre os extremistas, defensores de um estado controlador e muitas vezes assassino, onde os indivíduos não têm direitos e a oposição é ferozmente combatida; essas correntes são as pontas da ferradura. 



Gráfico de Nolan (clique na figura para ampliar): as correntes políticas são distribuídas não linearmente, mas em uma área quadrada cujos lados são: 

- esquerdo: a esquerda
- direito: a direita
- acima: autoritário
- abaixo: liberal

Este gráfico considera o capitalismo liberal como centrista e na parte de baixo do quadrado, enquanto diferencia bem o esquerdismo populista (pouco autoritário mas também pouco liberal) do comunismo, considerado autoritário, e do anarquismo, considerado liberal. Por outro lado, o nacionalista (pouco autoritário e pouco liberal) é diferente do libertário (liberal de direita) e do fascista (autoritário de direita).

Espectro hexagonal (clique na figura para ampliar): o pensamento político é colocado em um hexágono, polígono de seis lados e seis vértices. Os vértices representam as seis principais tendências, havendo três pares de pensamentos opostos: 

comunismo x darwinismo social (sendo o comunismo posicionado bem à esquerda e o darwinismo social, a sobrevivência do mais forte e a eliminação dos derrotados, colocado bem à direita)

republicanismo x absolutismo

individualismo x totalitarismo


Este é o modelo mais complexo, mas também o mais contraverso, pois aparentemente coloca o pensamento republicano mais próximo à esquerda e o darwinismo social como mais "direitista" do que o absolutismo, considerado o "supra-sumo" do pensamento reacionário, para muitos. É possível considerar cada vértice do hexágono como um pensamento político que se opõe, de certa forma, aos outros vértices, até mesmo aos vizinhos.

Logo, quanto mais complexo um modelo mais a dicotomia Esquerda x Direita parece ser um maniqueísmo simplório.

Mesmo os modelos mais sofisticados parecem não ser totalmente fieis ao pensamento político brasileiro, aparentemente muito dado ao sincretismo. Por isso, é bom fazer uma análise bem cuidadosa destes e de outros modelos teóricos, considerando sempre a política como a arte de administrar poder e interesses de grupos que constituem uma sociedade. 

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