Com a epidemia de zika que assola o Brasil e está se espalhando para o exterior, provocando pânico, os dias de folia pareceram diferentes dos outros anos. O Aedes não chegou a estragar a diversão, mas boa parte da atenção dada à imprensa foi dada a ele e não aos trios elétricos, blocos de rua e desfiles.
A zika, a dengue e a chikungunya chegaram até a render algumas piadas entre os foliões. No Recife, disseram que o Galo da Madrugada foi picado pelo mosquito, antes de ser erguido na sexta-feira (e agora foi desmontado). No sábado, durante o desfile do Boi Tolo, um dos blocos cariocas, o mosquito apareceu em um cartaz com os dízeres "Xinga o Cunha", um trocadilho com uma das doenças que ele causa. O mosquito, no caso, foi usado para satirizar Eduardo Cunha, o presidente da Câmara. E houve em Olinda um bloco dedicado somente ao zumbidor inimigo do povo, o "Enterro do Mosquito".
Cena vista no bloco "Enterro do mosquito", em Olinda (Danielle Carvalho/G1)
Por outro lado, a notícia sobre a presença do vírus da zika na saliva não impediu a beijação. E nem a grande população dos bichinhos voadores impediu que milhares de turistas viessem ao Brasil. Também não atrapalhou os desfiles na Sapucaí e no Anhembi, nem os percursos dos bonecos gigantes de Olinda (alguns representando políticos odiados como Cunha, Jair Bolsonaro, Lula e Dilma), e nem fez calar o samba e o axé.
Mas, para a mídia e os portais da Internet, o Carnaval não teve a hegemonia de anos anteriores, precisando dividir espaço com as notícias do mundo real, principalmente as referentes sobre o nefasto insetinho. A celebração da vitória da Império da Casa Verde em São Paulo e da tradicional Mangueira no Rio e os "arrastões" de Salvador foram notícias ao lado do primeiro caso de zika na China e de um teste experimental que promete diagnosticar essa doença em cinco horas.
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