Para quem acha que na USP tem só filho de papai, 'nerd' ou então desocupado que passa o tempo se drogando, é bom começar a se desacostumar com pensamentos pré-concebidos.
Sou estudante de pós-graduação da USP, na Poli-Elétrica, e a realidade é bem mais complexa do que isso. Existe na comunidade uspiana muita gente bem diferente dos estereótipos citados. Inclusive pessoas que encarnam bem o espírito de quem quer mesmo progredir e enfrenta todo tipo de dificuldades.
É o caso do Enedino Neres da Cruz Júnior, mostrado no portal UOL Educação na semana passada. Ele é um dos alunos abordados na reportagem e se destacava por conseguir aproveitar os seus R$ 11 diários, diante da necessidade de ter de ler muitos livros e se desdobrar na vida acadêmica. Recebe um auxílio educação de R$ 300,00 e veio de uma família de poucos recursos, na periferia da Zona Sul paulista. Não tem dinheiro para os livros: precisa consultá-los nas várias bibliotecas disponíveis no campus. É filho de uma empregada doméstica, e primeiro da família a conseguir cursar o ensino superior. Na USP, ainda por cima.
Detalhe: ele cursa ciências contábeis na FEA, a Faculdade de Economia e Administração. Para muitos, um reduto de jovens das classes A e B que passa os dias falando de dinheiro e ações na Bolsa enquanto saem de carro para namorar e ir nas baladas. Enedino desmente esse paradigma, pois tem de pegar três conduções para ir de sua casa até a USP.
Detalhe: ele cursa ciências contábeis na FEA, a Faculdade de Economia e Administração. Para muitos, um reduto de jovens das classes A e B que passa os dias falando de dinheiro e ações na Bolsa enquanto saem de carro para namorar e ir nas baladas. Enedino desmente esse paradigma, pois tem de pegar três conduções para ir de sua casa até a USP.
A notícia repercutiu até no exterior. Nestes dias ele recebeu livros e até um notebook de um brasileiro que mora em Dubai e havia conversado com ele por meio de um chat. Enedino estava numa lan house, pois integra a maioria dos brasileiros sem recursos para comprar um computador. Outras pessoas se disponibilizaram para ajudá-lo a conseguir um estágio.
Tudo isso é motivo para muita reflexão, e mostra um bom exemplo a ser seguido. Pessoas assim são dignas de respeito e admiração, pois não ficam reclamando da vida sem fazer nada e vão à luta.
Fica a pergunta: o que nós estamos fazendo para melhorarmos nossas próprias vidas?
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