A ponte estaiada que liga a Av. do Estado à Marginal Tietê, inaugurada hoje pelo governador paulista Geraldo Alckmin, é mais um caso de obra destinada a agradar a uma minoria, e nada mais do que isso.
Não resolverá os problemas dos congestionamentos, pois não desvia o trânsito da Marginal Tietê. Muito pelo contrário: contribuirá para colocar mais veículos nesta via, já saturada.
Vai ser destinado somente ao transporte individual e ao transporte de cargas, pois o acesso é pela via expressa, onde não passam ônibus. Não contribuirá para estimular o transporte coletivo, ao contrário das obras do metrô, estas num ritmo bem mais lento.
Será proibido andar de bicicleta ou a pé nesta ponte, o que é um paradoxo para um governo que se diz tão preocupado com o meio ambiente, como o paulista.
Sua estética não é tão chamativa quanto a primeira ponte estaiada da cidade e do país, a Octávio Frias de Oliveira. Talvez por ser "apenas" a segunda ponte construída dessa forma na cidade. Críticos dizem que uma ponte assim tão "pavoneada" era desnecessária na região, e foi construída apenas para chamar a atenção e estimular a especulação imobiliária na região do Anhembi e Bom Retiro, prejudicando o acesso dos mais humildes à moradia. Ou seja, tipica obra faraônica. Custou a bagatela de R$ 85 milhões, em números oficiais. Bem menos da metade do custo da ponte Octávio Frias (R$ 184 milhões), mas um bocado caro, ainda.
A ponte até que é bonita, mas custou R$ 85 milhões para ligar um ponto de congestionamento a outro (foto: Diogo Moreira/Futura Press, pelo portal Terra)
Aliás, ao contrário daquela ponte da Zona Sul, cujo nome homenageia uma grande figura do jornalismo brasileiro, ex-presidente do grupo Folha, falecido em 2006, a ponte da Zona Norte recebeu o nome de Orestes Quércia, o ex-governador paulista acusado de corrupção e enriquecimento ilícito. Por receber um nome desses, muita gente vai querer passar longe dessa ponte. Mas não pode, pois a Marginal Tietê, até a conclusão do trecho norte do Rodoanel, ainda é caminho obrigatório para muitas pessoas.
Para piorar, entre os presentes na inauguração, estava o ex-rival de Quércia e também conhecido por seu apetite pelo NOSSO DINHEIRO: Paulo Maluf, com quem o atual prefeito, Gilberto Kassab, tem boas relações. O vice-presidente da República, Michel Temer, também estava lá. Houve cenas constrangedoras, como a tentativa de expulsar o ex-presidente da Fiesp, Paulo Skaf, da inauguração, por ele ter chegado atrasado e ninguém da segurança o conhecer.
Faço votos que esta obra dure bastante tempo, não dê dores de cabeça para a manutenção (pontes estaiadas precisam de vistoria no concreto, nos mastros e nos cabos de sustentação, periodicamente), e nem haja muitos acidentes por lá. Muito menos tentativas de suicídio.
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