Durante o governo Fernando Collor de Mello, muitas pessoas, entre trabalhadores e empresários, tiveram suas economias confiscadas pelo chamado "Plano Brasil Novo", uma aberração econômica feita sob o pretexto de combater a inflação, que atingia níveis absurdos. Em março de 1990, mês da posse dele como primeiro presidente eleito desde o regime militar, a inflação estava em 84%. Com as medidas, ela se acalmou, mas não a níveis civlizados, à custa do sacrifício de milhões de famílias, ruína econômica de uma parte expressiva delas e até alguns casos de suicídio. Enquanto isso, a corrupção e o tráfico de influência, com a ajuda de PC Farias, tesoureiro da família, motivou um processo de impeachment, concluído em dezembro de 1992 com a renúncia e depois cassação política de Collor.
Podia-se argumentar: houve uma grande abertura para os produtos importados e o Brasil começava a sair do atraso econômico. Mas nada justificava o esbulhamento, atropelando direitos consagrados pela Constituição de 1988, já em curso naquela época.
Na época, muita gente queria ver o presidente na cadeia. Isso só aconteceu agora, por motivos bem diferentes do confisco ou da corrupção naquela época. Ele foi denunciado na Operação Lava Jato, por receber R$ 20 milhões em propinas, entre 2010 e 2014, para fazer indicações políticas para a BR Distribuidora, como senador federal por Alagoas.
Collor pode alegar perseguição política e contestar a forma como foi detido. Afinal, trata-se de uma decisão monocrática de Alexandre de Morais, o mesmo responsável pelas prisões de manifestantes contra o governo Lula. A despeito disso, Collor nunca foi um desafeto político de Lula, embora tenha sido oponente deste na campanha presidencial de 1989, disputando para ver quem despejava mais promessas populistas e demagógicas para seduzir muitos eleitores ou testar a paciência de outros. Lula era inspirado pelo socialismo e Collor, apesar de liberal, sofria influências do peronismo de seu aliado, o presidente argentino Carlos Menem, também enrolado com a Justiça local e falecido em 2021.
O ex-presidente já tinha a sentença definida em 2023, oito anos e dez meses, por corrupção, lavagem de dinheiro e e isso depois da invertenção de Dias Toffoli, que reduziu a parte correspondente à corrupção passiva. A defesa sempre conseguia recursos para deter a prisão, até a última tentativa ser interpretada como um recurso meramente protelatório. Agora, Collor está numa cela de um presídio em Alagoas, onde poderá sair bem antes dos oito anos, devido à sua idade já avançada e outros benefícios.
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