Não é mais uma enquete, mas uma reflexão breve.
Estamos vendo um ataque sem precedentes entre duas potências regionais, cujo poderio militar não é totalmente revelado para o mundo. Israel e Irã guardam muitos segredos, por receio de uma reação capaz de destruir un ao outro, levando países terceiros junto. Os dois possuem conhecimentos e tecnologias, mas não revelam todo o seu potencial. É mais fácil avaliar o poderio de Israel, a única democracia da região, devido à sua transparência bem maior (embora opaca demais para os padrões ocidentais), mas o Irã, tiranizado pelos aiatolás, tem cartas demais escondidas nas mangas destes e de seu pessoal atuante nas usinas de fissão nuclear e nas casamatas.
Vale menos avaliar as razões pelas quais esta troca de mísseis começou, e ela está apenas no começo. É mais valioso o resto do mundo se preparar e agir, para impedir a escalada, ou muitos inocentes morrerão, o comércio marítimo ficará terrivelmente arriscado e a energia necessária para mover o mundo, vinda em boa parte dos derivados de petróleo e gás natural, ficará ainda imais cara.
No entanto, não é só o uso do poder militar inimigo um fator de ruína de uma civilização. É a estupidez de seu povo. No Palazzo Maffei em Verona, um homem se desequilibra ao fingir se sentar numa das obras de arte para uma foto. Ele cai e destroi o objeto, uma valiosa cadeira de cristais feita por Nicola Bolla, inspirada na pintura de Van Gogh.
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Em um museu de Verona, homem viralizou nas redes sociais ao quebrar uma cadeira de cristais (Reprodução) |
Pode parecer engraçado, uma trapalhada qualquer, mas é uma amostra de como um ser humano tem a capacidade de causar prejuízo imenso, aos outros e a si próprio. Pode-se até certo ponto relevar o fato, pois a cadeira foi restaurada. Mas o custo disso foi alto.
O historiador Carlo Cipolla, já tratado neste blog em um artigo, considerava tais tipos mais perigosos do que os canalhas, por serem mais numerosos e ainda mais difíceis de controlar por meio de leis e normas (muitas das quais, ao tentarem penalizar esses indivíduos, se tornam tão idiotizadas e inúteis quanto os seus alvos). Nelson Rodrigues, também citado algumas vezes aqui, preocupava-se com a quantidade de lorpas e entrevados mentais, cujos atos menos danosos é depauperar os recursos para poderem sobreviver, sem uma contrapartida. E inúmeros outros estudiosos apontam a estupidez como a causa da decadência das civilizações, e um exemplo repetido à exaustão é a política do "pão e circo" no poderoso Império Romano, poucos séculos antes de sua total destruição. Não foram os governantes fanáticos e sanguinários os maiores responsáveis, e sim a imensa massa de gente privada de sua capacidade de fazer algo útil. Para piorar, até mesmo o restante da população, supostamente mais esclarecida, não está isenta de cometer atos imbecis.
Nossa atual civilização deve ficar atenta não só aos governantes, mas a muitos desgovernados por natureza.
N. do A.: A tragédia dos mísseis e a comédia da cadeira de cristal quebrada aconteceram na sexta-feira 13. Não se pode atribuir nenhum desses casos ao azar. Será que o planeta Terra é que teria azar em abrigar uma espécie tão capaz de criar problemas sem saber resolvê-los decentemente?