quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Entre carnívoros e veganos, o melhor é ter juízo

X


Li algumas polêmicas a respeito do regime alimentar do ser humano, impressionado que fiquei com a absurda comercialização, em Suzano, de carne canina para servir em restaurantes coreanos (carne retirada de cães de rua, bem entendido!).

Muita gente defende o regime vegetariano porque este seria o mais adequado para o ser humano. Existem, porém, pessoas que não fazem isso por motivos de saúde ou de ética, e sim por paranóia. São os veganos, aqueles indivíduos capazes de fazer escândalo só porque alguém usa uma bolsa de couro ou saboreia uma picanha mal passada. Em nome do vegetarianismo radical, eles passam longe não só da carne, mas também dos derivados do leite (pois acham que o leite deve ser alimento dos bezerros), dos ovos (alegam maus-tratos das galinhas poedeiras, obrigadas a botar ovos todos os dias e mortas quando não conseguem mais produzir) e mesmo produtos animais que não são comida, como couro, lã e mesmo a seda (obtida à custa da morte de milhões de indefesas larvas de mariposa, os chamados bichos-da-seda).

Por outro lado, temos os carnívoros. Para eles, alface e capim são tudo a mesma coisa (mato). Falam que deixar de comer carne para comer algo vegetal é fazer o papel de gado. E ficam sujeitos aos males do excesso de carne: colesterol alto, falta de algumas vitaminas (principalmente a vitamina C), hipertensão arterial e maior risco de câncer no aparelho digestório, por falta de fibras na alimentação.

Pois o homem é onívoro. Ou seja, come tanto produtos de origem animal quanto vegetal. E isso faz parte da nossa natureza, sim.

Não temos caninos afiados ou garras para matar presas grandes, mas o nosso estômago, sim, aceita perfeitamente a carne e a digere. O estômago humano é feito para digerir proteína, e ela vem principalmente dos animais. É muitíssimo diferente do estômago de uma vaca, composto de quatro compartimentos para digerir alimentos grosseiros.

Ao mesmo tempo, alface NÃO É capim. O capim tem muito mais celulose que a alface, e por isso nossa salada não tem aquilo que o gado come (nem o mais doente mental dos veganos come capim). Não digerimos a celulose, mas ela sim é importantíssima para o funcionamento do nosso intestino, que não é curto como o dos carnívoros.

Nossos dentes são de todos os tipos: incisivos, caninos, pré-molares e molares. Estes últimos, mais do que os demais, definem o que devemos comer. O formato dos molares humanos é bom para comer frutas, grãos, verduras macias, ovos e algumas carnes. Os anatomistas chamam nosso conjunto de molares de dentição bunodonte, que aceita muitos tipos de alimentos. É bom comparar um molar humano, semelhante ao do macaco mas diferente do cavalo (que só come ervas) e do gato (um carnívoro). Não existe semelhança alguma entre esses dentes.

Nossa língua possui as chamadas papilas gustativas, capazes de captar diversos sabores. As línguas dos herbívoros capta poucos sabores. A mesma coisa pode se dizer de boa parte dos carnívoros, pouco capazes de sentir o sabor doce.

Somos o que comemos, isto é verdade. Mas nós não temos comportamentos pré-definidos (graças a Deus!). Um vegetariano não é sempre uma pessoa pacífica (ou moleirona) nem um carnívoro um indivíduo bravo (ou cruel). Não é possível afirmar que o regime vegetariano evita a formação de indivíduos ferozes (um búfalo selvagem ou um hipopótamo não podem ser classificados como mansos mesmo sendo vegetarianos). Nem pensar que o homem é superior porque está no topo da cadeia alimentar por comer todo tipo de carne (os tigres também, mas eles correm sério risco de desaparecer para sempre).

Por fim, é a capacidade de adaptar-se a diversos alimentos que permitiu a expansão humana. Se o povo inuit do Polo Norte acostumou-se a só comer carne crua, na França apreciam os caramujos, na Itália os fungos e a escarola, no México a pimenta, e assim por diante. A maioria das pessoas fica com água na boca ao ver um frango assado, um churrasco ou um bom peixe (animais), mas também gosta de pipoca, amendoim e arroz com feijão (tudo vegetal).

Quando o assunto é comida, o melhor mesmo é o bom senso, e comer com prazer. Para nós, brasileiros, devemos ficar longe do capim e da carne de cachorro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário