quarta-feira, 7 de abril de 2010

Hábitos alimentares do brasileiro


Depois de Páscoa cheia de chocolate (e uns quilos a mais, ou mais visitas no dentista ou no gastroenterologista, mas isso é outra história), chegou a vez de uma pesquisa sobre os hábitos alimentares do brasileiro, combinada com outras práticas que podem afetar a saúde, feita pela agência Vigitel (Vigilância de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico - já ouviram falar? nem eu!).

Existe uma parte boa e outra ruim desta pesquisa. Como é costume, vamos começar pela parte ruim.

O brasileiro está mais sedentário, come mais comidas gordurosas, como embutidos (linguiças, salsichas, salames, além de outras peças menos sugestivas mas igualmente perigosas quando consumidas em excesso). A diminuição do consumo de feijáo para algo em torno de 65% da população é um hábito preocupante, pois as pessoas, sob o pretexto de não terem tempo de cozinhar este importante componente na nossa dieta, estão deixando de ingerir uma fonte de fibras, vitaminas, minerais (como o ferro) e proteínas. E haja refrigerante: pouco mais de 42% estão bebendo todo dia essa mistura de água, açúcar (ou adoçantes a base de sódio) e gás carbônico - não existe nada menos nutritivo em termos de bebida.

Eu falei dos porcaritos em post recente, e eles estão sim sendo devorados com mais frequência. Fáceis de fazer, têm muita gordura, sódio e colesterol. Aqui no Brasil estamos transformando sanduíches, salgadinhos e doces em refeições principais, principalmente as crianças, cada vez mais sujeitas à obesidade.

Agora, a parte boa: os brasileiros estão comendo mais frutas e hortaliças, alimentos que não podem faltar na dieta. São quase 19% de brasileiros comendo com frequência esses produtos vegetais, segundo os dados de 2009. São 2,6 vezes a porcentagem de brasileiros comendo verdura em 2006. E... é só. Pior: com as chuvas recentes, o aumento de preço das hortaliças foi alarmante e ameaça as metas de inflação para este ano: só o tomate aumentou 117% entre fevereiro e março, e soma-se a isso os aumentos escandalosos nos preços da alface, da batata, da melancia, e outros vegetais - todo(a) frequentador(a) das feiras livres e sacolões sabe disso e sente no bolso o tamanho do estrago.

Em suma, a falta de tempo para preparar a comida, decorrente do trabalho (ou da busca pelo trabalho), foi a responsável por esse cenário preocupante. Por aqui a reeducação alimentar ainda é um privilégio, e a indústria alimentícia ainda investe pesadamente em bombas calóricas, deixando alimentos saudáveis em segundo plano e oferecendo paliativos - cheios de gordura e açúcar - à carência de fibras alimentares.

Gostamos de ridicularizar os americanos glutões, mas estamos ficando cada vez mais parecidos com eles!

Obs.: eu dou a mão à palmatória: com frequência eu também me entrego às tentações dessas porcarias que andam infestando as prateleiras dos supermercados e lanchonetes...

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