O Egito elegeu seu primeiro presidente, mas ainda tem muito o que fazer para se tornar uma democracia.
Mohammed Mursi é o novo presidente do Egito (Ahmed Jadallah/Reuters)
Antes do pleito, os militares fizeram uma emenda constitucional que praticamente os deixaram controlando o Orçamento, o Parlamento e as Forças Armadas, deixando o novo presidente praticamente sem muito o que fazer. Para o Ocidente, isso é uma má e uma boa notícia. Má porque evidentemente uma tutela militar com essa intensidade não se viu nem no Chile após a ditadura de Pinochet, e obviamente não dá para considerar um país assim como democrático. Boa, porque o presidente eleito, Mohammed Mursi, é filiado à Irmandade Muçulmana, que quer implantar um regime islâmico no país. E uma democracia também não funciona, na prática, quando está atrelada a qualquer religião, seja ela islâmica, cristã, budista ou mesmo ateísta. Para piorar, a Irmandade também foi acusada de fazer muitos atos terroristas, e um deles foi o responsável pela morte de Anwar Sadat, homem forte do país até o momento de seu assassinato, em 1981.
Um de seus países vizinhos é Israel, cujo governo demonstra cautela diante do resultado das urnas. A Irmandade não reconhece o estado considerado 'sionista'. Mursi deverá mudar sua opinião pessoal e conversar com os israelenses, mas será tarefa dura convencer seus aliados. Os generais devem fazê-lo refletir sobre a sua política externa, e não se descarta a hipótese de utilizar a mão de ferro para 'socar a mesa' do novo presidente, com imposições ou mesmo ameaças.
Não se sabe quando os militares vão deixar de ter poderes extras. Isso depende de uma nova Assembléia Constituinte, também controlada pelos militares, e a aprovação de uma nova Constituição. Ou seja, há um longo e difícil caminho até o Egito passar a ser considerado um país que preza a liberdade e o respeito aos direitos humanos.
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