segunda-feira, 25 de novembro de 2024

'Debranding', 'woke', ESG e outras pragas

Quando a tecnologia era mais rudimentar, nos anos 1980, as empresas se esforçaram para caprichar nos logotipos, torná-los com a impressão tridimensional, como se preparassem para o século XXI. Foi assim com a Globo, o caso mais conhecido no Brasil, graças ao Hans Donner. 

Agora, estão fazendo o famigerado debranding, tornando os logotipos das empresas mais simples, e literalmente mais chatos, com a mesma desculpa feita nos anos 1980: tudo em nome do futuro. Também alegam querer facilitar a comunicação com o consumidor, cortando os supérfluos visuais. Isso, na verdade, é para cortar os custos na formulação das marcas. 

Ao mesmo tempo, as fabricantes querem mostrar o seu engajamento às causas ambientais, à defesa das minorias, à redenção de práticas feitas no passado. Grandes corporações, para isso, adotaram o ESG, environmental, social and governance, ou seja, alegam agora defender o meio ambiente, as causas sociais e a governança, para conciliar a racionalidade nos negócios e a ética no ambiente de trabalho. Elas têm condições de implantar essas exigências, mas não as pequenas e médias empresas, que acabam perdendo mercado com isso. 

Esta nova política empresarial, considerada hipócrita por muitos, é acompanhada pela causa woke, ou seja, o alegado ato de acordar para as questões sociais consideradas graves, como o racismo, o machismo e a perseguição aos homossexuais. Isso, como já foi tratado em outros artigos, é um desdobrado do pensamento "politicamente correto" dos anos 1990 e 2000. 

Tais práticas estão alterando significativamente o modus operandi de muitas grandes fabricantes, e uma delas é a Jaguar, a tradicional montadora inglesa de supercarros. Agora não tão inglesa assim, pois agora é uma subsidiária da indiana Tata, junto com a Land Rover. 

Seu último comercial aborda as três "pragas" do título deste texto: tiraram a onça em posição de ataque e os efeitos cromados, para fazer um novo logotipo sem graça. Nada de ofender os negros, as mulheres e os LGBTQIA+ num ambiente todo colorido, asséptico, e... sem carros. Onde estão os carros da marca? Agora, esses "vilões" do meio ambiente sumiram. Vão dar lugar aos veículos totalmente movidos a eletricidade, com as conhecidas baterias de lítio, não poluentes durante a sua vida útil (desconsideremos a mineração para obter o metal e o descarte quando a bateria deixa de reter carga). 

Parece mais um comercial de moda, pastichando aqueles reclames da Benetton, sem a mesma relevância (Divulgação/Jaguar)


A Jaguar se tornou piada nas redes sociais, mostrando que os consumidores não assimilaram as "pragas", próprias de grandes corporações a posarem de paladinas do moderno conceito de "moral e bons costumes". 

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